28 de setembro de 2010

Rotina

Nada tenho contra a rotina. Antes pelo contrário. A rotina tem suas vantagens.

Querem um exemplo? Cortar o cabelo. Se este ato é praticado no mesmo salão e com o mesmo barbeiro, você não terá que responder às indefectíveis perguntas: "o pé o senhor quer reto ou disfarçado? Com que máquina o senhor quer que apare, um ou dois? Acerto o bigode? E as sobrancelhas?"

No mesmo salão, com o mesmo profissional, você só responde a estas perguntas uma vez. Depois é só sentar e relaxar, ou ler seu jornal em paz. E não sai do salão aborrecido, porque ele cortou mais curto do que deveria e o penteado não dá acerto.

Quando trabalhei em São Paulo, no bairro do Belenzinho (podem rir à vontade), comia diariamente num mesmo restaurante, sentando na mesma mesa, atendido pelo mesmo garçom, com inúmeras vantagens: ele não me aconselhava a provar a dobradinha e já sabia que meu bife vinha diretamente do abatedouro, com o sangue escorrendo.

Vejamos o que originou minha rotina. Iniciaria com os ensinamentos recebidos de meus pais, na infância. Nesta fonte, estariam alguns hábitos, tais como lavar as mãos antes das refeições e escovar os dentes pela manhã e antes de dormir, pelo menos.

São da mesma origem, os hábitos de conferir, antes de sair de casa, se levo comigo tudo que possa precisar. Lembro de minha mãe, antes de eu sair para escola, perguntando, diariamente: “pegou a caderneta, está levando a merenda, tem lenço limpo”, e coisas do gênero. E emendava, “São Jorge te acompanhe”.

Em função disto, faço uma checagem diária, antes de sair, algumas vezes auxiliado por minha mulher: óculos, chaves de casa e do escritório, celular, algum trocado etc.

E nunca esqueço de pedir a São Jorge que me acompanhe.

É óbvio que a rotina extremada é desaconselhável, pois não permite novas experiências que poderiam ser benéficas e, bem no extremo, é risível.

Exemplo clássico disto, é o que ocorria com um amigo, que tinha dia e hora pré-estabelecidos para transar com a esposa. Por inconfidência da mulher dele, que contou para a Wanda (minha mulher), fiquei sabendo que ele programava, informando a mulher: sexta-feira, às 21:30h vamos para a cama? Se é mentira é da mulher pois, Wanda não inventaria uma história desta.

O resumo da ópera é o seguinte: mantenha os hábitos básicos, mas experimente, ouse, surpreenda.

Um comentário:

Riva52 disse...

Sou um "viciado" em processos, rotinas, mas para as coisas mais simples do dia a dia, ou para uma viagem, por exemplo.
Tal qual vc, na saída pela manhã, checo chaves, celulares, documentos, $. Na verdade já até os tenho no mesmo lugar, sempre, para pegar quando sair.
Viajar ? Planejo a vg em minúcias. Estudo a cidade e as dicas intensamente na internet. E quando lá chego, parece até que já estive antes por lá.
Pegando carona no seu post, lembro da minha mãe (que estava cega) e minha avó sempre me perguntarem quando eu já estava quase no portão : "Lavou as orelhas ? " rsrsrsrs.
Minha sogra, por exemplo, tinha uma rotima interessante na cozinha (que graças a Deus a Isa não deu continuidade).... o cardápio dos dias da semana eram religiosamente iguais. Exemplo : 3ª feira bifes a milanesa, 4ª feira filé de peixe com purê de batatas, etc ...E lá comi maravilhosamente bem por mais de 6 anos.
O único ponto que discordo do seu post é o exemplo do CORTE DE CABELO hahahaha .... essa, amigo, nem me lembro a última vez que entrei num barbeiro/cabeleireiro .... a tesoura é lá de casa mesmo, e mesmo assim, raramente se aproxima do meu cabelo.
Abração