23 de março de 2010

Refllexões aleatórias e ininteligíveis

No início de 2009, certamente num momento relax, naquela hora em que temos dever profissional a cumprir, mas quando se torna mais difícil raciocinar do que o habitual, escrevi estas reflexões que agora localizo na pasta "Rascunhos", de meu diretório "Pessoal", neste computador. Perdão por publicar.

Chineses e franceses têm uma coisa em comum. Ambos os povos gostam de cachorro em restaurante. Os primeiros sobre a mesa e dentro do prato; os franceses os preferem sob a mesa, refestelados. Qual destes povos gosta mais de cachorro?

Sob a tutela romana, os judeus crucificaram Jesus. Os mesmos romanos que agora, vários séculos depois, acreditam que Jesus veio a mundo para nos salvar. Quando é que os romanos estavam certos, há dois milênios quando lavaram as mãos ou agora no século vinte e um. Jesus foi mesmo o messias salvador ou era um precursor do Gentileza (personagem famoso das ruas)?

Há não muitos anos, indianistas embrenhados na selva, buscavam identificar e atrair tribos indígenas, oferecendo-lhes bugigangas. Sou vivido o suficiente para lembrar de enormes reportagens na revista O Cruzeiro, relatando as aventuras dos irmãos Vilas-Boas, que se arriscavam para atrair e catequizar os índios. Vez ou outra, conseguiam fotografar um rosto em meio a mata e o retrato ilustrava a matéria da revista. Os índios deixaram-se seduzir por espelhinhos e miçangas, pois eram atrasados. E desocupados. Muito atrasados e indolentes. Eram selvagens em estado bruto e preguiçosos por natureza. Preguiçosos ainda são. O que e onde os índios cultivam, com sucesso, em suas vastas extensões de terras? Se as terras indígenas pertencessem a um homem branco ou negro qualquer, não filado ao PT, já estariam incluídas na reforma agrária, sob o rótulo de improdutivas.

E agora? Deveríamos apoiar e cultivar as tradições indígenas, o que significaria mante-los no estágio de selvageria e de indolência? Ou atribuir aos mesmos os direitos e obrigações inerentes a todos os cidadãos, sem tutela ou protecionismo, considerando-os capazes para a prática de todos os atos da vida civil? Índio não quer mais apito. Agora arrendam suas terras para madeireiros e garimpeiros.

Eu achava uma coisa horrível aquelas figuras de índios nas estampas do sabonete Eucalol (décadas de 40 e 50) ou que ilustravam os livros de história e geografia. Gravetos espetados nas orelhas e no nariz. Cunhas de madeira nos lábios para que ficassem bem protuberantes. Corpos pintados com urucum e outras tintas extraídas da vegetação. Enfim, cá para nós, eram bem ridículos aqueles índios, não é não? Pois bem, cala-te boca, pois corro o risco de ver um neto (será que mereço este castigo?) usando piercings nas orelhas e no nariz e ter seu corpo tatuado com figuras grotescas. Quem sabe, ainda, se comunicando por grunhidos tipo huga-huga. Na Internet, o vocabulário e a grafia que utilizam já são ininteligíveis para mim.

Falar em índios, lembro que durante muito tempo oscilei entre ama-los e odia-los. Tanto torci para que o Gal. Custer os eliminasse da face da terra, não restasse um só chyenne ou sioux vivo, como aspirei para que Touro Sentado acabasse com toda a 7ª Cavalaria americana e ocupasse o Forte comandado pelo genro do General. Meu coração pendia ao sabor do enfoque dado pelo diretor cinematográfico. Assim, num filme eu era contra, no outro a favor. Na vida real, sou contra os privilégios outorgados aos índios. Está na hora de atribuir deveres e dar obrigações, como outra face da moeda dos direitos e prerrogativas, os mesmos que são cobrados e atribuídos aos brancos, negros e amarelos.

Já que falei nos negros, me pergunto porque o quilombo, qualquer deles, é cantado em prosa e verso e o gueto é condenado? Qual é a diferença? Os guetos tinham melhor infra-estrutura dos que os quilombos. A diferença é a liberdade? Liberdade para quê, cara pálida? Passar fome? Matarem-se uns aos outros de forma selvagem? Os guetos surgiram como solução de problemas e benefício social. E hoje a palavra tem caráter pejorativo.

Os negros, na África, antes da chegada dos europeus, viviam divididos em centenas de tribos, cada qual mais atrasada que a outra e em luta permanente. E faziam seus escravos os integrantes das tribos vencidas. Tal qual os romanos faziam há mais de dois milênios. E também os macedônios e os persas, e todos os vencedores. Os negros viraram escravos não por sua cor, mas por serem divididos entre eles mesmos, disputando miséria em conflitos mortais. Eram vulneráveis. Em Benim, a grande maioria dos escravos enviados para o Brasil e para Cuba e Haiti, foram vendidos pelos vencedores, mais fortes.

Voltando aos guetos, eles surgiram quando os europeus se fixaram no continente africano, em busca de riquezas naturais e ajudavam os habitantes locais, oferecendo água encanada, escolas, assistência médica e outros benefícios. Estes serviços oferecidos aos negros africanos, não eram fruto exatamente de compaixão humana, vá lá, e sim interesse em manter seus serviçais fortes e saudáveis para o trabalho. Mas e dái? Nos anos 70, quando em São Paulo grassou um surto de meningite e as vacinas eram raras, o Conde Matarazzo utilizou seu prestígio e seu poderio financeiro para conseguir muitas doses de vacinas, que foram aplicadas em todos os seus empregados, que direta ou indiretamente pudessem ter contato com ele. Não havia sentido humanitário na iniciativa do Conde em vacinar seus empregados. O que ele pretendia era se preservar.

De novo, voltemos aos guetos. Como os africanos moravam espalhados e em lugares afastados e até de difícil acesso, os colonizadores decidiram reuni-los, para facilitar o atendimento médico num posto de saúde, ter uma escola funcionando perto do local de moradia, oferecer um mais eficaz suprimento de água corrente e potável, e outros serviços, pois estariam todos concentrados em alguns poucos locais. Era mais fácil levar água até alguns poucos pontos de concentração, do que leva-la aos diferentes e muitos pontos onde residiam os trabalhadores. Seria necessária uma enorme rede de distribuição, inviável aquele época. Com o tempo, o gueto virou apartheid.

Fico pensando num mundo no qual todas as mulheres fossem como a Rose Di Primo (homenagem aos mais idosos), ou como a Vera Fisher (dos anos 80) ou como a Luma (este como aí corresponde a semelhante à, não ao verbo). Os homens iriam trabalhar? Claro que não, seria um desperdício. Lembram do personagem criado pelo Jô Soares, que se chamava Padilha e tinha uma mulher bonita e sensual? Pois é, o personagem não se conformava que com uma mulher daquelas o Padilha ficasse na rua jogando conversa fora. Faz sentido. Digo que os homens não iriam trabalhar, mas esqueci que cabeleireiros e carnavalescos homossexuais assumidos ou enrustidos, trabalham para as mulheres dos Padilhas ficarem atraentes e desejáveis. Diferentemente do que ocorre em alguns países do oriente, onde os homens podem ter várias mulheres ao mesmo tempo, nós aqui só podemos ter, oficialmente, uma mulher de cada vez. Daí porque não têm amparo legal os versos do poeta popular, que cantou que o homem não pode viver somente com uma mulher: “uma é para o pensamento, outra para o coração; uma é mulher de verdade , a outra é a inspiração”.

Em que madre Tereza foi igual a esta Suzane que freqüenta as páginas dos jornais por ter planejado e participado do assassinato dos pais? Só pode ser por ambas serem bípedes. Mas se também os ursos e os gorilas conseguem ficar eretos sobre duas patas, é mais correto comparar esta Suzane com um animal irracional. Em alguns países ela seria executada com injeção letal, ou tiro na nuca.

Circula na Internet uma piada antiga, que quando apareceu há vários anos, tinha como personagem um Lord inglês. Contava-se que ele estava deixando a Inglaterra antes que o homossexualismo virasse compulsório, já que na era vitoriana era combatido, depois passou a tolerado e mais recentemente passou a ser aceito oficialmente.

O meu bife preferido se ficasse um minuto a menos na frigideira, viria com o mugido do boi. Há quem prefira comer a carne turricada como uma sola de sapato. Eu sou cheio de contradições. Gosto do bife quase cru, mas não gosto de carpaccio, nem de quibe cru e nem de sushi ou sashimi. Coisas do complexo ser humano.

Com certeza não sou um ariano puro. Devo ter um pé na cozinha, como diria Fernando Henrique Cardoso, ou, quiçá, numa tribo tupi ou tapuia. Verdade que este sangue negro ou índio, está diluído em sangue italiano e português, mas ainda assim, impuro. Logo, não procurem qualquer manifestação racista nas minhas opiniões. Meu preconceito limita-se a burrice.

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