19 de junho de 2020

Ficção vai além da realidade ou realidade pouco investigada?


Demorei, mas enfim  assisti ao filme "O irlandês".

O filme, dirigido por Martin Scorsese e estrelado por Robert De Niro, realizado em 2019, foi indicado ao Oscar, tem 3 horas e 30 minutos de duração, e muitas cenas de violência.

Neste parágrafo anterior estão elencadas algumas das razões pelas quais ainda não o havia assistido malgrado elogios que li na crítica especializada e até recomendação de familiares.

Pela ordem: em geral não assisto aos filmes premiados com Oscar; não me agradam os filmes do Scorsese; não acho o De Niro um bom ator; três horas e trinta minutos de duração é muita coisa (só perde para "... E o vento levou", cá para nós cansativo), e não confio na chamada critica especializada. E violência pela violência, fora de contexto, é caso patológico.

Mas esse filme em particular assisti, e até  com interesse, e abstraí a violência presente nos filmes do citado diretor. Por vezes a violência se encaixa para explicitar a realidade.

Cabe a pergunta: se não assiste aos filmes com tais características, porque acaba por assistir, como no caso do supramencionado filme?  Boa pergunta, e a resposta é que varia em razão de alguns fatores.

Vou exemplificar. Demorei muito a assistir "Menina de Ouro". A uma porque o título para mim não continha qualquer apelo; e a duas porque filme sobre boxe ou pugilista não me agrada igualmente.

Mas aí fiquei sabendo que era dirigido por Clint Eastwood. Ora, se como ator ele representa sempre um clichê, como diretor é capaz de ótimas realizações, como por exemplo "Os imperdoáveis" e "As Pontes de Madison"; e em especial "Bird" sobre o saxofonista Charlie Parker.

Aí resolvi assistir e até gostei da história do "Menina de Ouro". Mas o filme sob apreciação aqui é outro e volto a ale.

Quais os motivos pelos quais assisti sem me queixar das três horas e meia de duração, e o sangue quase espirrando em meu colo de expectador?

Dois personagens instigantes: Frank Sheer, o personagem do De Niro e Jimmy Hoffa (na realidade James Riddle Hoffa), interpretado por Al Pacino.

Hoffa
Jimmy Hoffa foi um líder sindical, importantíssimo. Durante 13 anos consecutivos presidiu o sindicato de caminhoneiros, que durante sua gestão alcançou mais de um milhão  meio de filiados.

Foi processado e julgado por fraude, e condenado a 13 anos de prisão. Foi anistiado, mediante acordo, pelo presidente Richard Nixon.

Em 1970 escreveu e publicou o livro "The trials of Jimmy Hoffa", e quando de seu desaparecimento estava escrevendo sua autobiografia com o título "Hoffa: The Real Story".

Foi um protagonista tão marcante, tão presente no cenário político-social -econômico dos USA, que já havia sido personagem de outro filme, em 1992, intitulado "Hoffa", realizado por Danny DeVito, com Jack Nicholson no papel título.

O filme especula o envolvimento da máfia com a política oficial seja no aspeto da leniência desta, seja também no do combate das autoridades ao crime organizado. Os Kennedy são citados e até aparecem em vários momentos, por inserção de imagens reais, resgatadas de arquivos.

Hoffa, turrão, obstinado, capaz de gestos gentis e ações nobres, sabia o que queria e não media esforços sacrifícios. Não tinha limites.

Agora vem a parte mais delicada desta abordagem, que é a iminência do spoiler. Se não assistiu ao filme, e pretende, então mude de blog. A Wikipédia, informa que ele nasceu em 14 de fevereiro de 1913, dado como desaparecido desde 30 de julho de 1975, e finalmente declarado morto em 30 de julho de 1982.

Pacino
Ainda a Wikipédia da conta de que depois de ser visto pela última vez no estacionamento de um restaurante em Detroit, no final de julho de 1975, teve seu desaparecimento investigado exaustivamente inclusive pelo FBI. E nada. Como e porquê sumiu? Quando e onde? Quem e porquê?
Perguntas sem respostas oficiais.

Mas eis que o roteirista Steven Zaillian aparentemente conseguiu penetrar nos subterrâneos da mafia e colocou luz no mistério sobre o desparecimento de Hoffa, e identificou autoria e motivação.

Minhas últimas observações são dirigidas ao elenco, muito bem selecionado. Al Pacino é um absurdo de ator. Ele dá vida ao Jimmy Hoffa e acho que o próprio ficaria impressionado com seu desempenho.

Até Robert De Niro está aceitável em seu duplo papel: o dele mesmo e dando vida ao Frank Sheer, cuja vida é o fio condutor do filme.

Um comentário:

Riva disse...

Não entendo nada da produção de filmes, só sei dizer se gostei ou não da história, fotografia, interpretações, trilha sonora.

Não gostei do O IRLANDÊS. Foi decepcionante mesmo para mim, tendo em vista a "fama", já viu ? ainda não ? não deixa de ver, etc ......

Quem viu O PODEROSO CHEFÃO, o tem como referência para esse tipo de enredo. Anos Luz melhor !!

Achei diminuto o papel das feras De Niro e Pacino, muito pouco para a grandeza dos dois, embora o Blog Manager não considere a grandeza do De Niro.

Fotografia pobre, trilha sonora fraca. Longo demais. Imagina 3h30min no cinema. Ninguém aguenta ... no sofá já é difícil ...

Uma observação : creio que 98% dos assistentes não conhecem ou não conheciam a história do Hoffa, e foram ver o filme sem nada saber.

PS: emocionante ver um avião sobrevoando meu bairro. Que visão .....

PS2: já começou a roubalheira ontem. Penalty escandaloso contra Aquele Time do Mal, nos cornos do juiz, que nada marcou. E estava 0x0. FLUi