6 de setembro de 2019

Quase, quase


A rua Bulhões de Carvalho, em Copacabana, é um caso típico de quase, quase. Ou por pouco.

Houve um tempo em que brincávamos de que se tratava de um erro de imprensa. O linotipista foi pudico.

O ano de 2019 está quase acabando. O que aconteceu, tirante as tragédias? Não, não estou pensando na posse do Bolsonaro. Estava pensando nos incêndios no Museu Nacional, na Catedral de Notre Dame e na Amazônia.

Não se mede desastres desta natureza, os três são de grandes proporções.

Voltando ao quase, este blog está prestes a completar 10 anos. Aproximou velhas  amizades, mas afastou também antigas camaradagens e parcerias. A política e a religião, e em menor medida o futebol, criaram barreiras e destruíram pontes.

Não convenci ninguém e também não fui influenciado por quem quer que seja. Minhas posições estão solidificadas porque são frutos de uma vivência diversificada - diria também rica - de observação do comportamento humano, de leituras seletivas, de tentativas e erros.

A síntese, apertada, seria: sem religião, a favor da pena de morte, contra as esquerdas, aversão à burrice. Devoto de São Jorge e torcedor do Vasco.

Pois não é que com duas linhas de posicionamento  consegui afastar pessoas pelas quais nutria muita simpatia?

Também estou quase com 80 anos de idade. Fico matutando se a esta altura de minha vida certas coisas ainda fazem diferença. 

Aceitação e reconhecimento, que estariam quase no topo da pirâmide dos fatores motivacionais aos quais se referem Abraham Maslow, Douglas McGregor ou Frederick Herzberg, ainda têm peso nas minhas fontes de ambição?

Maslow

McGregor
Herzberg










Estou estacionado na autorrealização. Se considerada a hierarquia das necessidades a que alude Maslow.



And last but not least, chego ao final desta postagem sem dizer coisa alguma que me coloque  no Panteão dos grandes pensadores, filósofos, cientistas sociais ou sociólogos.

Mas estou contente comigo mesmo. Contentar-se com pouco exige sabedoria. O desajuste é fruto do abismo entre o nível de ambição e o de realidade.

Como lamentar se eu me limitei?

7 comentários:

Jorge Carrano disse...



Notas:
1) não há contradição entre não ter religião e ter fé em São Jorge.
2) enquanto estudante fui presidente de grêmio, diretor de federação de estudantes, tenho algumas horas em torno de mesa de sinuca, outras tantas de frequência na "geral" do Maracanã, escrevi para jornais, fui co-produtor e apresentador de programa de rádio, trabalhei em chão de fábrica e em head office, administrador e advogado, soltei pipa e joguei bola-de-gude, viajei menos do que gostaria, mas ainda assim o bestante para ouvir outras línguas e conhecer outras culturas.
3) fui coroinha em igreja católica, mas assisti a cerimônia de casamento em igreja protestante, estive em centro espirita e também em templo budista.
4) estudei um pouco e li algumas obras de cientistas sociais ao tempo que fui gerente de recursos humanos.
5) foram 4 anos entre namoro e noivado antes de me casar em Cachoeiro de Itapemirim, morando em Niterói.
6) convivi com gente culta, muito culta, empresários, ricos e pobres durante minhas atividades profissionais.
7) assim como não convivi com meus avôs, deles não tendo lembranças, meus netos não convivem comigo. Perdas nos dois casos.



Jorge Carrano disse...


Parceiros nas atividades estudantis, no grêmio e na federação de estudantes, e também no rádio e jornais: Hermes Santos, Carlos Lopes, Irapuam P. Lima Assunção, Alódio Santos, Eugênio Lamy, Esther Lúcio Bittencourt, Sergio Mauro V. Belém.

Outros não podem mais referendar pois não estão mais entre nós: Fernando Autran, João Jorge Bazhuni, Vantelfo Garcia.

E outros mais, vivos e mortos, cujos nomes agora me escapam.

Jorge Carrano disse...


O saudoso amigo (irmão) Mario Castelar da Silva, foi meu parceiro nas idas ao Maracanã (e até ao Morumbi, quando ambos morávamos em São Paulo), e também no trabalho (juntos no Grupo Matarazzo).

Péricles Sodré e Alvaro Cardoso de Oliveira, na mesa de sinuca e Eurico César R. da Costa na mesa de bilhar (uma vez com o pai dele, que jogava bem).

Jorge Carrano disse...


Neste dia de primavera chuvosa e fria, céu cinza, feio, estou reconstituindo fases de minha vida.

Ah! Sim. Consertei a edição do texto.

Riva disse...

Estou na área, lendo tudo, mas ando .... meio desligado.

Baita gripe, eu e a MV, daquelas de arriar mesmo (apesar de ter tomado a tal vacina), arriado futebolisticamente, trabalhando muito (engenharia financeira diária).

Quanto ao FLU, já era. Para não cair, precisa ter a performance que os líderes tiveram no 1º turno.
Dá pra imaginar, com um elenco desses, e um retrógrado de treinador ?

Quanto ao Bolsonaro, caraleous ! O cara está chutando tudo, sem classe nenhuma. Distante anos-luz de um presidente, em termos de postura. Mas de qualquer forma, melhor te-lo do que o Haddad.

Tenho aproveitado minha "arriada" pra jiboiar defronte à TV, assistindo videos do YouTube sobre a Holanda. Sonhando com um retorno .... já imaginei até o roteiro - Delft, Gouda, Utrecht, Giethoorn, Hoorn e Amsterdam.

Well, bom fim de semana a todos do Pub da Berê.

PS: ah, sim, estou lendo AS AVENTURAS DE ANETTE, escrito por mim e Freddy durante alguns anos. Uma espécie de autobiografia, mas com novos personagens criados em substituição aos verdadeiros da nossa infância e adolescência.


Jorge Carrano disse...


Olá, Riva.

Está havendo um andaço de gripe. Muita gente com tosse e indisposição. Cuidem-se, você e a MV, para não permitir agravamento.

O dia de hoje, vamos combinar, foi de baixar mesmo o astral. Nem a capital paulista, em seus piores dias, jamais ofereceu um cenário tão triste, durante os 10 anos em que lá morei. Dia cinza, frio e chuvoso. ARGH!!!

Videos do YouTube e Netflix foram boas alternativas.

Alódio Moledo dos Santos disse...

Carrano
Que vida rica tem sido a sua, principalmente pelo seu caráter e sua honestidade. Obrigado pela sua referência a mim.
Do amigo de sempre
Alódio