12 de maio de 2018

Emponderamento

Você caro amigo ou amiga, que tanto quanto eu não está no nicho dos chamados intelectuais, que não é rotulado de erudito, que não escreve em estilo e com o vocabulário da assim denominada língua culta, por certo já ouviu, ou leu, a palavra emponderamento.

Mas isso aconteceu há relativamente pouco tempo. Um ano? Ou pouco mais do que isso provavelmente.

Esta palavra, como outras tantas, consta dos dicionários há muito tempo, mas não frequentam as conversas coloquiais, as missivas hoje tão em desuso, ou as mensagens eletrônicas que estão na modo.

Nem de longe imagine que me refiro ao Twitter. Esta rede social é uma lástima a julgar pelo que ouço. As palavras comuns são violentadas. Ninguém mais fala ou escreve está. Tá de acordo?

Ao longo de minha vida, em diferentes momentos e situações, vi-me diante de palavras desconhecidas, vernáculas, mas inusuais no meu circulo.

Não mencionarei em ordem cronológica, por não confiar na memória já no  volume morto, e sim de forma aleatória.

Uma delas foi cimeira (reunião de cúpula, conferência com presença de chefes de Estado). Li-a, pela vez primeira, em 1992 quando da realização da "Eco-92", ou "Cúpula da Terra" ou "Cimeira de Verão", ou "Rio-92", que foi  a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada aqui na Cidade Maravilhosa, naquele ano.

Já contava 52 anos de idade. Já era bacharel em Direito, exercia cargo de nível gerencial em empresa privada e tinha dois filhos universitários.

Duas palavras pouco usadas repito, em meu meio, surgiram em provas durante o curso secundário. Pasmem mas poucos alunos na turma de 3º ano colegial sabiam o significado de eutanásia, tema da prova de redação.

Quando estava fazendo os testes psicotécnicos para ingresso na Escola Preparatória de Cadetes do Ar, havia um formulário a ser preenchido previamente pelos candidatos reunidos numa sala.

No aludido formulário perguntas básicas do tipo: você fuma? Costuma ficar gripado? Tem alguma alergia? E coisas que tais.

Entretanto um das perguntas deixou em dúvida e depois encabulado, pelo menos um dos rapazes ali presentes, de idades entre 14/16 anos. Ele ergueu a mão e indagou ao monitor que acompanhava a tarefa: "o que é masturbação?"

Uma pequena, discreta mas perceptível risada tomou conta do ambiente. A pergunta era: "você se masturba?"

Pois é, um jovem, candidato a oficial da Força Aérea Brasileira, nos anos 1950, nunca ouvira falar em masturbação. A pergunta para ele, e outros que se mantiveram silentes (provavelmente), deveria ter sido mais direta: "você bate punheta?".

O tempo corre, e chegado a José Saramago, em meio a leitura de "O homem duplicado" encontro lá, às horas tantas, que o personagem estava esgargalado. Tive que me socorrer no Aurélio, o tio do Chico. Não sabia do que se tratava. E eu já  era burro velho, com algumas obras lidas e digeridas.

Já que falei no Chico, encerro com uma palavra pouco utilizada, que encontrei escrita por ele, em "Budapeste" se não me engano. Trata-se de glabro. Não conhecia.

É a tal coisa, como me diziam que latim era uma língua morta e era perda de tempo estudar  e decorar as declinações, não pude decifrar a origem latina do termo. 

E querem saber? Se nunca ouviram ou leram que corram ao dicionário de sinônimos. Ler faz muito bem, não engorda, não tem contraindicações e nem efeitos colaterais danosos. Só benéficos.

4 comentários:

Jorge Carrano disse...

Esqueci, e só agora me ocorreu, que ainda no curso primário, um coleguinha de nome Otávio (levado da breca mas bom aluno), disse em sala de aula que nosso inspetor de alunos era um bucéfalo.

Fiquei escandalizado. Céus!!! Como pode ousar?

À noite, cheio de dedos, sondei meu pai e mencionei que ouvira uma palavra que supunha indecente. Ele me estimulou a dize-la: "diga, qual foi a palavra?"

Devo esclarecer que meu pai tinha um bom vocabulário, muito mais fruto de suas atividades como linotipista e, mais tarde, revisor de textos, do que por formação acadêmica.

Meio encabulado mencionei a palavra. Ele calmamente me responde: não se trata de palavra obscena, e informou o significado.

Nos dias de hoje ele teria a missão facilitada. Poderia simplesmente dizer que era um adjetivo adequado ao Lula. Mais ainda a Dilma.

Ou me remeteria ao Google: "pessoa ignorante, mente curta, que não tem noção, não tem cultura, é um escroto, só fala besteiras, inoportuno, vexatório."

A historinha é real.

Riva disse...

Recordo que certa vez, em um post de sua autoria, você escreveu esgargalado ... acho que falava do seu avô ... eu fui correndo ao Aurelio ! Rsrsrs

Jorge Carrano disse...

Pois é, Riva. Pretensão literária. Ousei cometer o que pretendia ser uma crônica. O mais simples dos gêneros literários.

Fracasso de crítica e de público (rsrsrs).

É de 2010 e está em:

https://jorgecarrano.blogspot.com.br/2010/04/esgargalado.html


(copy and paste)

Riva disse...

Não sei se já comentei, mas sou "fissurado" em canetas e lapiseiras.

Compro mesmo, principalmente de fora ou em minhas viagens. Nos USA é uma loucura, principalmente em NY, onde existem (ainda) lojas maravilhosas, onde encontro material da minha infância para comprar !!

Pois bem, constatei nessa viagem à Europa a extinção dessas lojas. A Alemanha é a principal fabricante de canetas e lapiseiras, acompanhada de perto pela Espanha, e a China, claro, que copia tudo.

E por que escrevo sobre isso ? Porque o post me ligou ao assunto .....SUMIRAM essas lojas de papelarias, canetas e etc por onde passei. E olha que pesquisei antes de viajar, e realmente as que existem não têm nada diferente das tradicionais canetas do dia a dia para vender.

A explicação é simples, segurem o badejo :

1) vendas 95% pela web. Não vale a pena ter uma loja física para essas vendas.
2) cada vez se tecla mais, se escreve menos !!

(pano longo)

SUPER DIA DAS MÃES PARA TODOS(AS) DO PUB DA BERÊ !! TIM TIM !!!!!!!