11 de novembro de 2016

Clubes e restaurantes

Já escrevi e reitero. Viajar, fazer refeições e passear como pessoa jurídica é outra coisa. Era só pedir a Nota Fiscal para juntar ao Relatório de Despesas.

É evidente que não se podia cometer abusos. O bom senso havia de presidir nossas escolhas. Minha norma era a seguinte: primeiro teria que ter uma compensação pelo fato de estar longe de casa e da família; segundo, não ir jantar em restaurante chinfrim, onde não iria por minha conta; terceiro, escolher um restaurante a la carte, temático, que servisse pratos característico do lugar.

Por exemplo, estando no Recife, ir ao Leite, ou ao Veleiro, e comer lagosta. Sim, lagosta, no Recife, era um prato bem regional.

Este restaurante Veleiro, que ficava no Bairro Boa Viagem, era um point da cidade e chegou a aparecer em filme americano. Soube que foi demolido. Não tenho certeza.

É claro se você era gerente de uma empresa de porte, precisava se vestir adequadamente (com elegância e sobriedade), morar em imóvel (casa ou apartamento) de padrão bom e até hospedar-se e fazer refeições, quando em viagem, em bons hotéis e restaurantes, por causa da imagem da empresa, não necessariamente para lhe proporcionar conforto.

Por conta do exercício de cargos executivos, conheci clubes e restaurantes, que não poderia frequentar se fosse tudo às minhas expensas. Sempre convidado.

Quando, sem ganhar sozinho na loteria, poderia frequentar a Sociedade Harmonia de Tênis, em São Paulo. Entrei pela porta da frente e não fui barrado (rsrsrs). Clube tão exclusivo que não bastava ser rico, tinha que "ter berço" para poder ser sócio.



Pois é, estive neste clube, convidado para um cocktail e para assistir a entrega de prêmios de desenho de estamparia que seriam utilizados na linha mais nobre da Matarazzo.

Eu trabalhava na empresa, e morava em Ribeirão Preto onde ficava a sede.

Outro cube, também chique, um pouco menos, que conheci, em festa de congraçamento de final de ano, foi o Paineiras do Morumby (grafado assim mesmo, com y).



Na foto abaixo, que deixou Wanda enciumada quando viu, que estava olhando de esguelha (soslaio) para outra Wanda, esta da equipe de marketing da Matarazzo Têxtil, estávamos nas festividades de final de exercício.




Em outro estilo, campestre, e mais simples, a Sociedade Recreativa e Esportiva de Ribeirão Preto, tinha bons atrativos e estive lá um par de vezes convidado por sócio. Se eu tivesse continuado a morar em Ribeirão, provavelmente compraria um título da Recreativa, mais pelos filhos. A esta altura já teria cacife para isso, até porque o padrão era inferior ao dos outros citados.




Em matéria de restaurantes, o mais chique que primeiro conheci e experimentei num jantar (pessoa jurídica), foi o Le Arcate, que ficava numa esquina na Rua Avanhadava, nas imediações da sede de O Estado de São Paulo.

Sentei e peguei o menu. Quando estava lendo para escolher o que comer, enquanto tirava um cigarro do maço (fumava na época - até 1982), um garçom, solícito, avançou com o isqueiro para acender.

Já achei um pouco over. Mas, vá lá, confesso que me senti celebridade (rsrsrs). E quando o maitre sugeriu um prato que me ofereceria alternativas, pois teria carne bovina, suina e de ave, achei interessante e aceitei a sugestão.

Veio um carrinho (parecia de prata), e o próprio maitre me serviu, segundo meus desejos em relação ao assado que preferia e os acompanhamentos, basicamente legumes. Aquele carrinho não me saiu da memória durante muito tempo.

Mas o mais surpreendente para mim, na época e sendo minha primeira experiência mais sofisticada, foi a chegada do violinista, que caminhava entre as mesas, fazendo pausa aqui e ali, e parou ao lado de minha mesa, como se estivesse executando para mim.

Fui parar neste restaurante por mero acaso, caminhando pelas cercanias. Estava hospedado no Jaraguá, reservado pela empresa onde trabalhava.

Não sei se o "Le Arcate" existe ainda e se algum dos distintos amigos e amigas que me prestigiam com sua leitura conheceu o restaurante.  Na hipótese afirmativa, comentem porque não vou a São Paulo há anos, depois de ter morado lá, somados os períodos, por cerca de 17 anos.

Antes desta experiência refinada, tinha tido outra quando menino, pré-adolescente, no Hotel Quitandinha, almoçando no salão principal, com meus pais, embora eu e minhas irmãs fossemos crianças (havia um restaurante para as crianças).

Foi minha introdução aos requintes que hoje já não encontramos, como guardanapos de linho, vasilha com água morna e loção para lavar as pontas do dedos, e um suco de tomate ou um consommé entes mesmo da entrada.

8 comentários:

Jorge Carrano disse...

Minha irmã Ana Maria, a caçulinha, talvez não lembre bem desta nossa experiência de passar um final de semana no Quitandinha, nos bons tempos em que o hotel/cassino era um luxo só.

Mesmo ela, pequenininha, comia no salão principal sem deixar cair comida ou entornar a bebida sobre a mesa.

Aprendemos a nos comportar, sem colocar cotovelos sobre a mesa, falar com a boca cheia, a usar os talheres adequados e conversara em voz baixa, porque nossa mãe viveu esta experiência quando foi, na juventude, acompanhante (uma espécie de dama de companhia) de uma senhora elegante, rica, que morava num casarão no final da Rua Ferreira Pontes, no Andaraí, e que era proprietária ada casa onde morava a minha avó.

Claro que não lembro desta fase de minha mãe, mas conheci o casarão, ao qual se tinha acesso através de uma escadaria. No primeiro nível da escada havia um pomar, continuando a subida chegava-se ao jardim e à casa enorme, construída em estilo clássico.

E a senhora que lá morava ainda era viva, bastante idosa e presa ao leito.
Fora da casa havia uma construção que abrigava as casas de banho (sanitários e chuveiros) e os tanques para lavar roupas.

Riva disse...

Viajei muito, mas muito mesmo a trabalho, tentando me enquadrar nas normas de cada empresa em relação às despesas.

Mas é muito bom, por diversos motivos : conhecer as cidades e as pessoas, bons restaurantes (mesmo os caros, porque eu completo com minha grana, vale a experiência, o momento), bons hotéis,etc.

A única vez em que me aborreci foi quando uma das empresas cismou de colocar 2 no mesmo quarto, e não consegui mudar o esquema deles. Fui obrigado a dividir o MEU espaço com outra pessoa, e cá entre nós, não consigo. Só com minha esposa. Felizmente isso só aconteceu uma única vez em dezenas ou mais de uma centena de viagens a trabalho.

As melhores, claro, sempre foram as internacionais. Especialmente NY, Philadelphia, San Diego, Paris viagem relâmpago (já escrevi sobre essa), New Orleans, Houston, Buenos Aires, Fort Lauderdale, Raleigh, Miami, Chicago, Mineápolis, Newport e Dallas.

Nada melhor do que viajar para o exterior com TUDO pago. E ainda fazer umas comprinhas. Imaginem como deve ser a vida dos políticos de Brasília, com aquela verba toda que fornecemos !!

Por aqui no Brasil, viajei muito também, mas 90% delas para São Paulo, uma cidade incomparável em termos de gastronomia. Simplesmente a melhor do planeta ! E com ótimos hotéis. Andei por Laguna, BH, Salvador, Recife, Fortaleza, Brasília, Porto Alegre, Ribeirão Preto, etc. Sempre aproveitei bem as estadas, e fiz muitas amizades pelo Brasil afora, que mantenho até hoje, contato permanente via Facebook e Whatsapp.


Ana Maria disse...

Apesar de ser mais nova, lembro perfeitamente das estadias no Quitandinha. Recordo claramente que em uma dessas vezes, lá estava hospedada a família Vargas Amaral Peixoto. As áreas que utilizavam eram privativas, mas consegui ver, à distância Celina, a filha do casal.
Lembro também do casarão da Dona Emília, onde, em cômodos desmembrados da casa principal, morava nossa avó materna. No tal platô que vc chamou de pomar, lembro do imenso pé de sapoti.
Também viajei bastate à serviço. Só que apenas no Rio de Janeiro e com diária fixa. Me restava dormir em hotéis de viajantes e comer onde fosse barato.

Jorge Carrano disse...

Em tempos mais prósperos, no apogeu do casarão na Rua ferreira Ponte, nas fraldas do morro, a quele pomar deveria ser muito bem cuidado. Entretanto, quando o conheci, menino, estava um pouco abandonado.

Estou pasmo de você lembrar que o Comandante Amaral Peixoto e sua esposa Alzira (filha de Getúlio Vargas), estavam hospedados no Quitandinha. A Celina, filha do casal, foi casada com o Moreira Franco, ex-prefeito de Niterói.

Viajar com diária fixa é bom quando o valor é alto e aí você pode, querendo (ou precisando) economizar, e juntar um dinheirinho. Nunca tive esta experiência.

Riva disse...

Diária Fixa para mim é igual a sacrifício, para juntar uma grana. Muito amigos tb passaram por isso, acho que o Freddy também.

Acho que dei sorte em relação a isso. Gastava o que queria, com certos limites, para comprovação. E tinha verba de representação, que significa poder gastar em contatos comerciais. Se quisesse, gastava mais por minha conta. E no exterior, eu queria conhecer = gastar.

Freddy ganhou uma grana nessa de 7 meses no exterior por conta da empresa. rsrsrsrs. Salário protegido, mais a verba para ficar fora !!

Riva disse...

.... e sobre o Quitandinha, marcante em nossas infâncias - minha e do Freddy - creio que Freddy já escreveu sobre ... não tenho certeza.

Jorge Carrano disse...

Sim, Riva, o Freddy escreveu dois posts sobre o carnaval no Quitandinha. Ver em:

http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2014/03/carnaval-no-quitandinha.html

Freddy disse...

Minha experiência empresarial me fez ter as 2 visões. Por um tempo, recebíamos dinheiro e com ele fazíamos o que queríamos. foi uma época em que juntar dinheiro era importante, recém casados e ainda montando casa. Em compensação, conheci algumas boas espeluncas em Sampa (até na Rua Aurora me hospedei) e comia só em biroscas.
Depois a Embratel passou a nos dar hospedagem e pagar a alimentação através de recibos. Passei a frequentar restaurantes e hotéis mais qualificados, principalmente no Nordeste.
No geral, pouco usufruí apesar de ter viajado muitas vezes. A Embratel é uma empresa de âmbito nacional, mas minha área de atuação foi inicialmente SP (capital), MG (Juiz de Fora) e ES (Vitória). Depois tive uma fase nordestina (de BA ao CE - capitais), com acréscimo de MG (Uberaba, Uberlândia, além de BH), quando já estava em voga a hospedagem paga pela Embratel.

No exterior morei em Munique com diárias pagas - e a gente gastava como queria - ficando o salário inteiro guardado no Brasil. A maioria ficou hospedada em pequenas quitinetes para economizar e gastar em outras áreas, viagens, compras...