6 de outubro de 2020

UM POUCO DE FUTEBOL

                                           




Por
RIVA




Sorry meninas, sei que vocês não curtem muito futebol, mas de repente se interessam em discutir o contexto.

Vamos lá … Não vou falar do que não entendi, ou seja, das recentes derrotas do Manchester City de 5 e do Liverpool de 7 !! Bem como não entendi o Barcelona tomar de 8 e o Brasil de 7 em casa numa Copa do Mundo. Mas se me apertarem muito eu diria que, tendo jogado 21 anos de futebol Master, e a diferença é a dimensão dos campos, pode ter sido um mix de soberba com desatenção com falta de estratégia e com desânimo natural diante de um dia ruim. O futebol proporciona isso, coisa rara num time de basquete.

Mas meu foco hoje aqui é a grande diferença do futebol arte das décadas anteriores a 90 e o futebol praticado hoje.

Nós brasileiros assistimos durante pelo menos uns 40 anos nossos habilidosos jogadores desequilibrarem partidas de futebol, e até ganharem Copas do Mundo com atuações individuais espetaculares, como Pelé em 58, Garrincha em 62, com o timaço de 70. Vimos Maradona dar uma Copa à Argentina. Clubes de futebol também tiveram suas grandes conquistas devidas aos craques dos seus times.

Timaço de 1970

Não é mais assim. Não existe mais essa de “gringo de cintura dura”. Existe sim uma enorme diferença de dedicação/estudo/treinamento/profissionalismo principalmente no nível dos treinadores europeus. É simplesmente um massacre a diferença de nível de um treinador europeu e um brasileiro.

Jürgen Klopp
Estou lendo o livro do Klopp, alemão famoso por sua dedicação a treinamentos e estratégias de futebol. Já assisti entrevistas de alguns jogadores brasileiros que saíram do Brasil pra jogar na Europa, e contaram como é o trabalho deles por lá. Um exemplo ridículo do que estou falando … o elenco do Fluminense treina ou de 10h ao meio dia ou de 15:30h às 17:30h, e não trabalha às 2as. feiras. Os jogadores na Europa entram pra treinar às 9 ou 10h da manhã e só voltam para casa no início da noite. Eu trabalho pelo menos 8 horas por dia !

Jorge Smpaoli
No Twitter chamam nossos atletas daqui de vagabundos, sem noção do que é trabalho, do que é ser profissional. Treinadores cospem fogo quando se insinua a qualidade dos treinadores europeus, atestada recentemente com o sucesso "Daquele Time do Mal" em 2019, e com o Sampaoli esse ano no Galo.

A obsessão do time do Galo pela posse da bola e por atacar é intensa os 90 minutos de uma partida. E o elenco não tem estrelas, tem guerreiros, incentivados e orientados por um profundo conhecedor de futebol, por um cara que exerce liderança sobre todos, que joga com a faca nos dentes. Mas acima de tudo, um estudioso do que faz. Atualizado, dedicado à sua profissão.

Dizem, e é verdade, que um jogador afastado por algum motivo por um bom tempo, perde o tempo da bola, fica perdido em campo.

Pergunto : Há quanto tempo o Tite (treinador do Brasil) não sente o cheiro da grama ?

Isso não faz diferença ? Caiamos na real …. não somos mais protagonistas de nada, muito menos em futebol.

A Amazônia ainda é nossa, por enquanto ….

14 comentários:

Jorge Carrano disse...


Nossa! Esta postagem comporta tantos comentários que nem sei por onde iniciar.

Bem, nas décadas mencionadas, futebol, clubes e jogadores eram assim mesmo chamados.

Hoje chamam-se, na mesma ordem: produto, marcas e ativos.

Continuamos exportando a matéria prima (jogadores) e importando o produto final (os jogos pela TV).

Dinheiro faz, e muito, a diferença. Mas a mentalidade dos dirigentes faz muita também.

Aqui o Flamengo só pensa nele. Na Premier League, por exemplo, a distribuição das receita é feita de forma racional, inteligente, equitativa, de sorte que mesmo os clubes mais modestos podem manter bons elencos. Os jogos são interessantes e a competição fica acirrada. Claro, numa ou outra temporada surge uma surpresa ou uma anomalia: Leicester campeão. Liverpool abrir 15 pontos de frente para o vice, e outras situações fora da curva.

Nossos técnicos tiveram boas oportunidades em clubes europeus de ponta: Luxemburgo no Real Madrid e Felipão no Chelsea, por exemplo. Fatores como idioma, mas sobretudo falta de disposição para o trabalho, frustraram o sucesso.

John Terry - ou Terry - zagueiro e capitão da equipe do Chelsea e da seleção inglesa, considerado um dos melhores da história na sua posição, depois da demissão do Felipão explicou em poucas palavras o porquê do fracasso: pouco trabalho, treinávamos pouco.

Terry, agora assistente técnico do Aston Villa, está provando sua teoria: é preciso trabalhar duro. E, claro, ter talentos a disposição. Luxemburgo e Felipão tiveram os melhores, o que faltou então?

Jorge Carrano disse...


A seleção brasileira de 1970 foi o melhor time que vi jogar. Atendia a todos os requisitos.

Muito melhor, na minha opinião, do que "carrossel holandês", de 1974, criado pelo treinador Rinus Michels. Um sistema bonito de ver e de certo modo eficiente.

Este selecionado holandês, por sua vez, superou a famosa seleção húngara de 1954, de Puskas e outros bons jogadores.

Tanto a húngara quanto a holandesa não conquistaram o troféu mais cobiçado. Já o nosso selecionado de 1970, encantou e conquistou o título em disputa.


RIVA disse...

Esse desequilíbrio financeiro aqui é uma tragédia. Não se permite isso nos esportes dos EUA, na Alemanha a diferença de verba distribuída ao 1º colocado e ao 20º é regulamentada, e as falcatruas são severamente punidas.

Tudo isso se soma ao que vc comentou, falta de trabalho, que no TT dizem vagabundagem mesmo. Treinamentos são rachões de 2 horas, com instruções pontuais, Uma vergonha.

Nunca imaginei um dia apreciar o futebol inglês, e hoje é o único que tenho prazer de assistir, até jogos de times lá de baixo da tabela, sua determinação, intensidade, atletas completos, sem marra sem questionar arbitragem.

Aliás esse outro ponto a ser consertado por aqui. A profissão de árbitro de futebol, com curso, treinamento, aprimoramento físico constante, remuneração regulamentada, nunca um "bico". Uma tragédia esse cenário de arbitragem no Brasil.

Outro ponto, os gramados ..... nem vou comentar, basta olhar pela TV.

Enfim, detonamos um protagonismo por soberba, por acharmos que seríamos eternamente os melhores, e estamos longe disso. Não adianta dizer que Copa do Mundo é um mata-mata, que não premia o melhor. Numa boa .... time bom , o melhor(com raríssimas exceções) , ganha torneios.

PS: fui lá na portaria pegar nosso rango, e o rapaz que entrega estava revoltado, pois foi multado por parar a moto na calçada do prédio. Uma aberração, em momentos como esse de delivery total, desses caras que embaixo de sol e de chuva nos atendem nos pedidos de farmácia, alimentação, etc. Que país de merda !!!

PS2: o rango é o famoso COZIDO do MOZART do Barreto. Pedimos o maior para 2/3 pessoas, 65 reais, pois será almoço e janta.

Riva disse...

Li o livro do Cruiff, já falecido infelizmente, e lá ele conta como perderam aquela final para a Alemanha. SOBERBA.

Depois de terem passado pelo Brasil, que eles temiam demais, entraram de salto alto na final, contra um time (Alemanha) aplicado e bem treinado com regulamento embaixo do braço - afinal, perderam propositalmente aquele jogo para a arquirrival Alemanha Oriental, para não cruzarem conosco.

O Brasil de 70 foi encantador, mas aquele time da Holanda era espetacular !

Jorge Carrano disse...


Soberba foi também apontada como causa de perdermos em 1950, em pleno Maracanã, para o Uruguai, podendo até mesmo empatar para ficar com o título, pois o regulamento na época era diferente.

Só não chamamos de soberba, a imprensa cunhou o "já ganhou".

Jorge Carrano disse...

As "meninas" foram desafiadas, melhor, provocadas, pelo Riva.

Sei que Maria Cecília e Ana Maria acompanham o blog. Acho que a Kayla talvez não por seu estilo de vida atual.

Quem sabe a Maria Cecília responda por ela e opine sobre aKayla até onde está informada.

RIVA disse...

Sim, elas com certeza poderiam opinar, debater, por que apesar dos exemplos serem no futebol, se aplicam a qualquer situação em nossas vidas, socialmente e profissionalmente.

James, mais um, enquanto aguardo elas !

Maria Cecília disse...

Não posso falar por mim que não acompanho nem gosto deste esporte.
A Kayla porém, ao que saiba, gostava. Comentou certa vez que achava de uma beleza plástica grega, aqueles homens correndo atrás de uma única bola.

Atualmente se dedica a assistir e praticar esportes mais raiz, tipo bocha e caça à galinhas. RS

Ana Maria disse...

Já gostei de futebol e ainda considero um esporte bonito de se ver. Quando bem jogado. A mercantilização acabou com a graça dos jogos.
Nem a Copa do Mundo de anima.
Apesar disso, continuo torcendo pelo Fluminense, sem expectativas, com beleza e paciência. Se ganhar, beleza; se perder, paciência.

Ana Maria disse...

Riva, eu percebi que vc está lendo a vida do Klopp. O livro está em destaque na postagem. 😆
Quanto ao tema, evitei analisar a decadência do futebol e a falta de empenho nos treinamentos porque acabaria falando em política. Com certeza tudo está relacionado.

Riva disse...

Hmmmmm... antes de mais nada desculpe o "por que" ao invés do "porque" no comentário anterior.

Mas pensei que elas (vcs) iriam sair da "caixa do futebol", e analisar esse contexto sob a visão da soberba, da falta de profissionalismos por aqui, da nossa perda do protagonismo em tantas esferas - menos na da corrupção, essa está de "vento em popa" !



Riva disse...

Mas Ana Maria, vc pode expandir sua análise, sem envolver a política (difícil, rsrsrs).

Como esses fatores de ... nossa ausência de profissionalismo, de treinamento, de soberba, de falta de foco, etc ....nos atingem em nossos objetivos e/ou em nosso dia a dia.

Esses dias estava assistindo os videos no YouTube de um casal de brasileiros que viajam de motor home pela Europa. A série deles se chama TRAVEL AND SHARE.

Fiquei muito impressionado com o capítulo/episódio onde eles contam como tudo começou, com sua determinação, demissão dos seus empregos, aprendizados em função do que queriam, seus fracassos e conquistas até hoje.

Super recomendo ver, uma história bonita, regada a estudo, companheirismo, amor, determinação. Não sei se é preciso ser jovem pra encarar o que eles encararam, mas ..... acho que não precisa ser jovem.

Bj

PS: Kayla, kd vc ?

PS2: Maria Cecília, estava deitado no seu divã, mas você não apareceu kkkkkkkk !! Paguei a consulta !!!

RIVA disse...

Acrescentando tardiamente meus agradecimentos ao Carrano pela inserção das fotografias no texto, muito bem selecionadas e adicionadas por ele.

PS: e o VAR continua o mesmo de 2019 ...... uma vergonha o gol anulado do Vasco.

Jorge Carrano disse...


O VAR é uma excrescência no futebol.

O que fazer agora no estádio? Comemorar o gol? Só depois que o árbitro confirmar dois, três ou quatro minutos depois? E a emoção do momento, onde fica? Ou comemora como um idiota e depois se frustra se não é confirmado?

Tô fora, vou jogar videogame.

PS) Um dos significados de excrescência: 2-Coisa desnecessária ou inútil que desequilibra a harmonia de um todo.