26 de janeiro de 2017

No meu tempo e outras expressões

Para referir um caso antigo, uma história vivida, uma cena presenciada, um costume ultrapassado, costumava dizer que “no meu tempo era diferente”, e iniciava a narrativa.

Um dia, nas caminhadas pelo calçadão, meu filho ponderou, “mas seu tempo é este agora, você está aqui, vivendo este momento”.

Deixei ficar. Agora evito falar “no meu tempo”, assim como evito a expressão “via de regra” desde que alguém observou que via de regra é vagina. Agora, se o desfecho é previsível, o caso é comum ou banal, prefiro dizer que “no mais das vezes, ou habitualmente”.

No terreno das palavras o que me surpreende é como consegui viver mais de 50 anos sem saber da existência, fazer uso, ou conhecer o significado de bullying, tsunami e cimeira.

Tsunami
Com efeito estas e algumas outras palavras foram agregadas ao meu vocabulário não faz muito tempo. Como pude viver sem elas tantos anos?

No campo dos modismos, como não poderia deixar de ser, tudo é passageiro. Portanto, há esperança de que as abomináveis mochilas saiam de moda. Como é que nós, nascidos no século passado, durante a segunda grande guerra, pudemos viver tantos anos sem mochila? Sim, claro, elas eram encontráveis no mercado e as usávamos eventualmente para pequenas viagens.


Quando surgiram as “pochetes” até aderi porque o maço de cigarro, a caixa de fósforos, as chaves e os documentos ficavam volumosos nas calças muito apertadas então usadas. A calça era apertada até os joelhos, mas daí para baixo alargava e virava boca de sino. Ufa! Que bom que passou.


A mochila substituiu a pochete. Como o cartucho de áudio (ao lado) substituiu o vinil, para logo em seguida ser substituído pela fita cassete, que por sua vez um dia saiu de moda com a chegada dos CDs. Estes estão com os dias contados. Quem ainda compra CD? O barato de agora é playlist.




Quando comecei a trabalhar o office-boy da empresa perdia um tempão na fila para fazer fotocópia de documentos. Em geral nos cartórios. Aí surgiu o meio reprográfico, de vida curta, chamado thermofax que, com o advento da copiadora xerox sumiu do mercado.


Nada se fazia, profissionalmente, sem precisar “tirar uma xerox”. Era para instruir um processo, ou preservar o original, ou para duplicar documentos, enfim, a cópia xerox era fundamental em nossa vidas. Embora durante anos, séculos, a humanidade tenha vivido sem ela. Os monges copistas agradeciam aos céus por ninguém haver inventado o sistema de reprodução.

Se você tiver curiosidade para conhecer a evolução dos sistemas de reprodução, das copiadoras, acesse o link a seguir. A explicação é bem didática e ilustrada.


Não sei como concluir esta postagem. Vim lincando (ou linkando) os assuntos e vim parar aqui.

Nota do editor: o post estava publicado quando o Paulo Bouhid alertou que a grafia de tsunami estava errada, fazendo uma blague, um chiste, uma pilhéria. Se você acessou antes da 8:00 horas deve ter percebido o equívoco, a não ser que seja um distraído como eu.

10 comentários:

RIva Fluindo disse...

1
Uso pochete até hoje. Super prática. Dizem que é cafona, mas como Calvin diz ....F..... O importante é que me serve, e bem.

2
Tsunamis eram e são incomuns. Tivemos alguns mais recentes, no Havaí, no Chile e na Ásia (esse arrasador), mas na verdade tem que ser um terremoto extremamente violento e raso para provocar um com proporções assustadoras.

Hoje com a mídia existente, imagens em tempo real, etc, virou palavra comum. Eu monitoro diariamente terremotos e alertas de tsunamis pelo Twitter, pois gosto do assunto e me preocupo com o que pode acontecer.

Para vcs terem uma idéia, somente ontem houve mais de 40 tremores,entre 2 e 5 na Escala Richter, a maioria no Chile.

3
No meu tempo eu gostava de assistir a uma partida de futebol. Vejam como mudou : ontem comecei a ver Brasil e Colombia, e desisti com 15 minutos do 1º tempo. Mudei para a National Geographic.

No meu tempo eu gostava de sair toda noite com meus amigos pelas ruas de Niterói. Ontem assaltaram um restaurante na Ary Parreiras, cheio, com troca de tiros.

No meu tempo no verão fazia no máximo uns 40/41º. Hoje ando pela sombra, devagar.

4
Resumindo ...ando devagar porque já tive pressa.

Mas essa geração de hoje, tipo meus filhos, não gostam de conversar sobre isso, simplesmente porque não têm parâmetros comparativos como nós temos.

Resumindo .... saudade do meu tempo na época da ditadura militar .... não da ditadura (cuidado ao interpretar), estou falando da minha qualidade de vida e paz como criança e adolescente naquela época.

Freddy disse...

Tirar xerox era tão importante que tinha um controle empresarial de quantidade de cópias permitidas por cada órgão, quantidade essa devidamente homologada pelas chefias e item importante no orçamento anual.

Tão importante quanto o carimbo.
Você podia escrever laudas e laudas para troca de informações entre departamentos, mas de nada o conteúdo valeria se não houvesse o famigerado carimbo com a rubrica da chefia autorizando a mensagem.

Guardo até hoje uma caixinha com os meus carimbos na Embratel, testemunha dos períodos em que exerci cargo de chefia e, portanto, tinha o poder de validade ou não dos documentos emitidos.

Voltando à xerox, ainda hoje há controvérsias sobre a validade (necessidade) ou não de xerox autenticada em cartórios. Boa parte da renda dos mesmos é oriunda desse famigerado documento.
Isso em plena era da cópia fotográfica por smartphone, tirada e enviada imediatamente por aplicativos de redes sociais, como WhatsApp.

Ana Maria disse...

Se nós que nascemos no século XX sentimos essas mudanças resultantes dos avanços da ciência, tecnologia e costume, imaginem o que diriam nossos avós?
Além dos neologismos e gírias, como bem alertou o Riva, incorporamos vocábulos que, mesmo que já existentes, não faziam parte de nosso dia a dia.
Algum de vocês, na década de 70 chamava os mosquitos pelo nome científico? Eu não. Hoje em dia compramos remédios citando o princípio ativo, com uma intimidade de um farmacêutico.
Além disso a cada avanço corresponde uma gama de componentes colaterais que incluem terminologia, habilidades manuais, e aplicativos indispensáveis, os quais desconhecíamos e que nunca nos fizeram falta.
Controle remoto, forno de micro-ondas, air bag, smart TV, pen drive, I food, delivery, internet.....
Fui feliz mesmo sem essas novidades, mas já que existem, vamos aproveita-las.

GUSMÃO disse...

Boa, Ana Maria. Desfrutemos e rápido porque tudo que existe já está superado e será substituído não demora.

Jorge Carrano disse...

Parabéns Gusmão.
Li ou ouvi quando atuei na área administrativa, uma citação de um dos respeitáveis mestres: "tudo que está na prancheta já está superado".

É nesta velocidade que as coisas estão acontecendo. Muito especialmente no campo da alta tecnologia.

Alessandra Tappes disse...

O que mais me impressiona e assusta é a total falta de conhecimento gerada por toda invasão tecnológica. Invasão, isso mesmo! No meu tempo, e não faz muito, pra fazer pesquisa de escola, tínhos que nos deslocar até a biblioteca do bairro, muitas vezes do seguinte. Hoje, o jovem tem na sua mão o mundo... Mas choca simplesmente porque não usa!!! Nada é pesquisado a não ser pág de face, instagram e whatysAAp. Pesquisar pra quê? Como saber se a grafia está correta? Que isso, o próprio teclado do seu celular corrige... Seu word também... O que veio para facilitar está sendo o grande atrofiador de massas cinzentas.

Outro exemplo nessa área irei dar. No meu tempo, era luxo aquele tal de walkman, nossa, sonhava com o Natal para ter o meu. Hoje em dia você faz sua playlist direto no seu celular. O pobre do CD, foi substituído por Pen drive.. O que dizer e fazer com as centenas de disquetes que temos em casa?

Mas o mais chocante realmente é ver esse efeito de mentes ambulantes atrofiada pela cidade. Você não recebe mais a educação que seus pais lhes deram. Isso é coisa do passado. Tão incomum um atendente ser educado, tão incomum deixar seu celular em casa.. No meu tempo eu não saía com a linha telefônica pendurada na bolsa...

Triste realidade, estamos nós virando peça de museu, nossa educação virou coisa do passado e é cada vez menor o grupo que sente falta.

Faço uso de toda essa tecnologia, uso dando minhas aulas, baixo bulas de remédio, consulto curriculum de médicos... Mas não deixo de lado meu bom senso e educação. Embora, muitas vezes eu fique constrangida quando tento manter um diálogo de pelo 10 minutos com a recepcionista do consultório. Pego meu celular e jogo.

P.S. se tiver erro de português, a culpa é da tecnologia...

Jorge Carrano disse...

Se me permite, subscrevo sem ressalvas.

Freddy disse...

Em tempo...
A foto do tsunami é uma montagem grosseira como outras que grassam na internet. Não existe onda desse tamanho a menos de uma queda de asteroide com destruição global da maioria das cidades costeiras na Terra.

Jorge Carrano disse...

Obrigado Freddy. A foto pinçada na rede é meramente ilustrativa, sem valor documental.

Freddy disse...

Sim, sim, eu sei, você não cairia nessa...
É que volta e meia aparece na internet foto de tsunami similar e muita gente, desconhecedora do assunto, acaba aceitando-a como uma possibilidade real.