1 de fevereiro de 2021

As calçadas

 

Em comentário, um Unknown que provavelmente não reside em Niterói, indagou o que é o calçadão a que tanto me refiro no blog.

O comentário não está publicado porque violentaria a regra de não publicar comentários de Anônimos, a qualquer título.

Ademais é tão elogioso que a modéstia (sempre falsa) me impediria mesmo de publica-lo. 😀

Caro desconhecido. Passamos a chamar de calçadão, após seu alargamento, o trecho de calçada que margeia as praias de Icaraí e Flechas.

Tem início na subida da Estrada Froes, em direção a São Francisco,  e final na subida para o MAC, já no Ingá, na Praia das Flechas.

Seu piso, é inteiramente em pedras pequenas, pretas e brancas, assentadas no estilo português, formando desenhos geométricos clássicos conforme poderá ser visto nas fotos a seguir.

Ao logo do calçadão amendoeiras, obedecendo seu tempo, revestem-se de folhas verdes que vão amarelando e depois avermelhando até que despencam sobre a calçada. Assim como seus frutos, que crescem verdes e ao longo do tempo, também obedecendo ao ciclo da própria árvore, tornam-se maduros variando do amarelo ao vermelho até que caem ao solo.

Nas manhãs, em certa época do ano, obediente ao ciclo de acasalamento, ouvimos sabiás e sanhaços cantando, aparentemente, alegres e felizes.

Isso é o calçadão, em apertada síntese. O mar de um lado e de outro um conjunto de prédios, nos quais os moradores pagam foro anual, porque os terrenos onde construídos são acrescido de marinha.

Em contrapartida a vista a que têm direito é deslumbrante: Pão de Açúcar, Corcovado, Sumaré (onde se localizam as antenas de TV), e as fortificações, de um lado e de outro da Baia da Guanabara. Nas manhãs ensolaradas deveria ser pago para contemplar.

As fotos traduzem melhor o que narrei, observe:








Do outro lado da avenida, os prédios a que aludi, e a calçada, no mesmo estilo e material, que chamamos de "pedra portuguesa", mas que em verdade apenas o estilo de assentamento é português.



A Rua Paulo Alves, cujo processo de alargamento venho acompanhando, em seu lado par, tinha a calçada toda neste estilo. Foi inteiramente destruída, desde seu início, na Praia da Flechas, até a confluência com as Ruas São Sebastião, Tiradentes e Fagundes Varela.

Consta que era necessária a retirada de toda calçada para fins de preparar o aterramento da fiação. Com efeito foram abertos buracos através dos quais colocaram os condutores da fiação e outros equipamentos de transmissão.

Em substituição às pedras, a prefeitura colocou horríveis blocos de concreto.

Caro "Desconhecido", espero ter dado a você uma visão, mesmo que pálida do que é o calçadão. Um espaço democrático onde pessoas caminham ou se exercitam correndo; pegam sol os idosos com seus cuidadores; alguns moradores levam seus cães; casais caminham de mãos dadas; belas mulheres desfilam sua pernas torneadas; e crianças de todas as idades são lavadas a respirar ar puro, mal grado a fumaça expelida pelos veículos (rapidamente dispersa), especialmente os ônibus que trafegam na pista de rolamento.

3 comentários:

Jorge Carrano disse...


O trecho mencionado, entre a subida da Estrada Froes, em direção a São Francisco, e a subida para o MAC que leva até Gragoatá tem, estimativamente, dois quilômetros.

Ou seja, caminho, regularmente, quatro quilômetros. Preciso ir cedo, porque o sol fica inclemente a partir das 8 horas no verão.

Não enfrento mais a subida até o MAC. Já foi tempo.

Ter um apartamento de frente para o mar, ou morar em um de aluguel, não é para qualquer um não.

Os preços de aquisição são altos, o IPTU é um dos mais caros e ainda tem o foro, porque os prédios ocupam terrenos acrescidos de marinha. E as taxas condominiais são caras igualmente.

Se de um lado a vista é privilegiada, de outro lado tem as agruras.
Se tem passeata é lá que acontece. Festa de réveillon, com foguetório e pessoas urinando na rua, também é lá. Enfim morar defronte ao mar tem um preço a pagar.

Durante um período de vacas menos magras residi na Miguel de Frias, ao lado do prédio do Casino Icaraí, agora ocupado pela UFF, em apartamento alugado. O condomínio se chama Santos Apóstolos.

A visão da baia, com um outro veleiro (na época eram muitos) e as gaivotas com seus rasantes num mar azul, era de tirar o folego.

Riva disse...

Duas observações ...

"alguns moradores levam seus cães" ... eu diria que em muitos casos é ao contrário.

Quanto ao pagamento do Foro, não tem mar em Friburgo e pago Foro anualmente, ou seja, não é apenas pelos acrescidos de Marinha, mas por proprietários da Era Paleolítica que nos cobram taxas até o ano 5.555 !!!

Construí um imóvel pensando que seria meu, e na verdade tinha um sócio que não me ajudou em nada na construção, somos 2 donos, eternamente, ou até que a CF acabe com isso.

Brasilidades, trazidas da Terrinha.

PS: somos todos Sport hoje.

Jorge Carrano disse...


Com efeito por vezes é difícil distinguir qual é o irracional.

Quanto ao foro (conceito jurídico amplo), é devido por ocupantes de de patrimônio da União das áreas de marinha (aquelas situadas à 33 metros da linha média litorânea do preamar de 1831 (média das marés altas deste ano), bem como áreas da igreja Católica. Ao longo da história, e bota história nisso, passamos a ter como credores do foro (anual de 2% ou 5%):
1. A União, quanto às áreas de Marinha;
2) O município, quanto aos imóveis de sua titularidade, originários de terras indígenas.
3) A Igreja Católica, sobre os bens imóveis sob seu domínio e utilizados por terceiros.
4) Em alguns casos até particulares, quanto aos bens gravados pelo direito real de enfiteuse constituídos até a vigência do Código Civil de 2002.

Só mencionei o foro relativo aos terrenos de Marinha porque tratava do calçadão, defronte ao mar da baia da Guanabara.