12 de outubro de 2019

O nome




- Nome?
- Jorge Carrano
- Só? Mais nada?
- Só isso mesmo.

Este diálogo, que coloco aqui em livre versão, mantive quando de matrícula escolar, quando de preenchimento de ficha de crediário, internação hospitalar, entrevista de emprego, e sempre que precisei declinar dados de qualificação pessoal.

A mim nunca incomodou carregar um nome tão reduzido, tão simples. Tem suas vantagens.

Verifico, neste passo, início deste escrito - e por isso abro este parêntesis - que alguns amigos que têm nomes pomposos, charmosos, elegantes, que impressionam e causam impacto, acabam por simplifica-los.

Vejam o caso do Paulo Ricardo Marques Barroso March, primeiro cliente e depois amigo, que para minha alegria frequenta este blog. Ele prefere utilizar um  nickname, em suas intervenções.

Aqui, e parece que também no Twitter, ele é o Riva, apelido que ganhou nas quadras esportivas.

E  Esther Maria Duarte Lúcio Bittencourt? Jornalista, escritora, assina e se apresenta, sinteticamente, como Esther Bittencout. Suficiente para que seja identificada e reconhecida como autora laureada, pertencente à Academia de Letras de Caxambu - MG.

Trabalhei numa empresa multinacional que era presidida por Jules Michel Leon Ponsinet. Sabem o que acontecia? Nas escrituras públicas, procurações e outros documentos oficiais, ao ser qualificado, logo após seu nome por extenso, era preciso acrescentar "que também se assina Jules Ponsinet".

Era assim que se apresentava e ara tratado. Com um nome e um sobrenome. Eu era do departamento jurídico, por isso lembro do fato.

Dei ao meu primogênito meu nome, suprimindo o nome de família da mãe dele e acrescentando o Junior. Se fosse registrado com o sobrenome da mãe não precisaria ser Junior, que é o diferencial.

Ele, meu filho, não assina o Junior ou Jr, sob alegação de que não se trata de nome e sim "patente".

E por causa disto, ou não, vivi e ele também, situações se não embaraçosas, pelo menos bizarras.

Estava insatisfeito na empresa onde trabalhava. Por isso me coloquei no mercado. Procurei um headhunter e respondi a um par de anúncios classificados.

Meu filho, ainda solteiro e recém-formado morava comigo.

Numa terça-feira ao chegar em casa minha mulher me passa o recado, fruto de ligação telefônica, de que deveria comparecer no dia seguinte, em determinado endereço, munido de um currilum vitae.

Claro que logo associei a minha carta resposta a um anúncio fechado (sem identificação do anunciante), veiculado no Jornal do Brasil.

No dia seguinte, curriculum na mão, fui ao endereço recomendado. Era da Companhia Vale do Rio Doce, antes de sua privatização. Fiquei todo pimpão, a imagem da empresa era muito boa no mercado.

Nem demorei na espera pois fui logo chamado. Ao entrar na sala percebi o ar de desapontamento, de surpresa, da jovem psicóloga que faria a entrevista.

Ela indagou, você é Jorge Carrano? Sim, respondi. E ela emendou: tem certeza que está se candidatando? Penso que sim, por que?

Já vou ao ponto crucial: ela explicou que a vaga era de estagiário e eu parecia um pouco idoso para tal atividade.

Rarrarra! Sorri contrafeito e ainda sem entender o que havia acontecido, pois estava seguro de que o  anúncio que respondi era de posição de nível gerencial.

Desculpas de parte a parte, pelo mal entendido, voltei para casa. 

À noite, durante o jantar , o assunto veio à tona e meu filho, já aflito com o fato, informou que provavelmente era atras dele que estavam pois se candidatara atendendo convocação para estagiários.

Final feliz, pois no dia seguinte ele foi ao local e esclareceu o engano. Foi selecionado e cumpriu o estágio ao cabo do qual foi contratado e efetivado.

Para encerrar, outro engano, confusão de nome. 

Certo dia Jorge Carrano, meu filho, recebe a ligação de uma amiga que demonstra surpresa dizendo ignorar que ele era expert em Leste Europeu.

Queria umas dicas pois estava planejando viajar para aquela região europeia.

Quando ela declinou que lera na coluna do Artur Xexeo comentário sobre sorvete húngaro, degustado por Jorge Carrano em  Budapeste, logo associou à recente viagem que eu fizera ao pais dos magiares.

KKKKKKK, contou-me depois que gargalhou, e disse à amiga que a citação na coluna do Xexeo só poderia ser coisa de seu (his) pai. Eu é que tinha o hábito de escrever para os articulistas, cronistas e  fórum de leitores de jornais e revistas.


Do Facebook

2 comentários:

Ana Maria disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Ana Maria disse...



Nomes compostos e muitos sobrenomes levam as crianças ao desespero na alfabetização.

Já pensou ter que escrever o nome completo, todos os dias no cabeçalho? Quando o coitado termina a tarefa já está na hora do recreio. Rs