13 de abril de 2017

Valem quanto pesam?

Não sei quais eram (são?) os critérios adotados por empreiteiras para avaliar a importância dos políticos que “compravam” (compram) .

Pelo menos de uma das empreiteiras favorecidas em negócios, segundo colaboração premiada de seus dirigentes, os critérios eram muito subjetivos e aproveitavam os “preços” de ocasião.

Ou a necessidade do momento - como um copo d’água no deserto - elevava muito o “preço” da autoridade. Uma grande licitação, envolvendo bilhões, claro que justificava pagar ao corrupto de plantão até um pouco mais do que valeria.

Esta situação me remete à antiga piada que sintetizarei. Numa viagem pela ponte-aérea, o cavalheiro sentado ao lado de uma bela mulher, depois de algumas palavras trocadas propõe que jantassem juntos em São Paulo. Ela hesitava e ele deu um cheque mate: você vai encontrar um anelzinho de brilhante debaixo do guardanapo. Ah! Disse a mulher, assim fica tentador.

O homem fez uma alteração no mimo e indagou: e se for um cordãozinho de ouro com medalhinha de Nossa Senhora? A mulher indignou-se: “está pensando que sou prostituta?”

Tranquilo e sereno o homem respondeu: “isso já vimos que você é; agora é só questão de preço”

Se não valiam quanto pesavam, como o conhecido sabonete da década de 1950, no século XX, acho que pelo menos o slogan deste produto de higiene era adotado: “grande, bom e barato”.


Para mim é incompreensível a tabela praticada. Seria relação custo/benefício? Seria a relevância do cargo público? Seria o prazo de validade do político em vias de vencimento? Não, penso que não.

Ex-presidentes foram comprados por valores diferentes, bem diferentes. Pelo noticiado e pelas imagens liberadas de algumas delações, verifiquei que Lula, Fernando Henrique e Fernando Collor tinham cotação bem diferente.

Será que Fernando Henrique e Collor fizeram uma “promoção comercial” de seus apoios para fazer capital de giro mais rapidamente? Lula parece ter sido especial a julgar pelo montante pago a ele, em espécie e em favores.

Uma mesada para o irmão aqui, uma ajuda nas obras de um sítio alí ou a compra de um terreno acolá.

Entre os ex-futuros-presidentes (candidatos derrotados) igualmente os valores divergiam. Não era um cartel. Serra e Aécio tinham preços diferentes.

Presidentes de casas legislativas também foram adquiridos a preços módicos, assim como ministros  de estado e governadores.

Por que Renan custava tanto? Comparado a Jucá, o que fazia diferente? Na casa da Eny Cezarino, em Bauru, a Cassandra era mais requisitada pelo diferencial que oferecia.



A visão empresarial dos empreiteiros era elogiável. Compravam alguns políticos pensando no futuro, na possibilidade de utiliza-los lá adiante. Reserva técnica.

Nota do autor: é possível que alguns dos citados no texto sejam inocentes. Como não fui eu que liberei as delações, apenas li e ouvi os conteúdos, se for o caso peçam reparações aos caluniadores.

15 comentários:

Riva disse...

Na antiguidade a moeda era a simples troca de necessidades. Eu preciso de um jumento para carregar minhas coisas, e você precisa de um pente para se pentear. Seu jumento está disponível e meu pente também está. Pronto, negócio fechado.

E as coisas foram mudando, tendo seu valor cunhado, etc. Temos pipas d'água como moeda de troca por votos, temos pessoas agitando bandeiras nas ruas por 10 reais, tem de tudo, e nada a fazer para impedir.

E numa escala quântica, temos bilhões cobrados/roubados do Tesouro Nacional e do bolso dos brasileiros, devido à troca de favores. Não conheço nenhum segmento não envolvido com corrupção, atualmente.

Duas considerações para terminar :

1) Roubar do sistema de saúde deveria ser considerado crime hediondo, com pena de morte em praça pública. Eu participaria do concurso para carrasco.

2) Como será o Executivo e o Legislativo formado em 2018 ? Existem possibilidades para tirar o Brasil do balão de oxigênio ?

Paulo Bouhid disse...

Bom dia, Jorge. A piada no meio do texto, a ouvi pelo Juca Chaves, algumas dezenas de anos atrás...

Abs.

Jorge Carrano disse...

O maior valor de mercado era o do Lula, mas Sergio Cabral foi o mais caro.

Jorge Carrano disse...

Foi dele (Juca Chaves) que ouvi também, Paulo.

Jorge Carrano disse...

E o Judiciário, Riva? uSerá que interessa a delação do Cabral sobre o Judiciário aqui no RJ?

Riva disse...

O Judiciário talvez seja o nosso ponto vital ..... a ser remodelado.
Mas não votamos nele ... entonce ...

GUSMÃO disse...

Das possibilidades ainda pendentes de negociação com a PGR, a delação do Palocci é a que mais teria relevância.

Jorge Carrano disse...

Seria bom, pois o "italiano" tem muitas informações.

Ana Maria disse...

Talvez a diferença entre Lula e Cabral sejam a forma de pagamento e o número de dependentes beneficiados.
Lula, segundo dizem, recebia também através prestação de serviços (reformas), pagamento de despesas pessoais (guarda volumes, aluguel de jatinhos e etc) para citar algumas, alem das diversas mesadas e ajudas em negócios dos muitos dependentes. Esposa, 4 filhos, sobrinhos,irmão, amante são os já divulgados.
No caso do Cabral parece que havia preferência por pagamento em espécie e para menor número de deendentes. Isso fez do ex governador o campeão em volume de dinheiro arrecadado. Triste situação do Brasil.
Sim, Riva. Roubar dinheiro público deveria ser crime hediondo. O próprio juiz Moro já se manifestou a favor.
Interessante o caso do Juiz Moro. Ele é um cidadão comum, profissional competente, que, por cumprir seu dever sem se corromper é considerado fenômeno.Triste Brasil.

Jorge Carrano disse...

Barbalho pede R$ 30 milhões e leva R$ 1,5 . Tá desvalorizado.

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2017/04/14/helder-barbalho-chegou-a-pedir-r-30-mi-diz-delator.htm

Jorge Carrano disse...

No endereço abaixo, valores pagos a alguns denunciados:

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/04/1875573-delator-diz-que-odebrecht-usou-notas-frias-em-sitio-usado-por-lula.shtml

(Copy and paste)

Jorge Carrano disse...

Como disse no texto, os preços variáveis de cada político são um mistério para mim. Quia eram os critérios objetivos?
Garotinho valia R$ 12 milhões. Por que?

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/delacoes-da-odebrecht-garotinho-e-rosinha-sao-suspeitos-de-receber-r-12-milhoes-de-caixa-dois.ghtml

Jorge Carrano disse...

Denunciado por haver pedido propina de R$ 150.000,00 para alterar uma emenda em tramitação no Senado, Romero Jucá fez piada: "alteração de emenda por 150 mil reais, nem na feira do Paraguai".
Está n'O Globo de 15 de baril.

Os critérios enigmáticos de remunerar favores (ou compra de consciências) adotados pela Odebrecht, permitem este tipo de piada.

Quanto vale uma Emenda? Jucá sabe.

Jorge Carrano disse...

Eu não hesitaria nem um pouco se confrontado com as alcunhas atribuídas aos corruptos.

Lendo Flamengo seria remetido de imediato ao PT. Eles têm identidades semelhantes.

http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/pt-e-chamado-de-flamengo-e-psdb-de-corinthians-em-planilhas-da-odebrecht.ghtml

Jorge Carrano disse...

Riva,
O Fluminense era o DEM. KKKK

http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/pt-e-chamado-de-flamengo-e-psdb-de-corinthians-em-planilhas-da-odebrecht.ghtml