1 de abril de 2017

Rotina no calçadão

Dia 1º de abril, um solzinho mentiroso intercalado com chuvinha fina, quase garoa, e por causa disso muito pouca gente caminhando ou correndo no calçadão.


Para minha surpresa o coco estava a R$ 5,00, e disse o dono do quiosque que era preço promocional. Mas em todos o peço estava em cinco ratas. Acho que manterão durante o outono/inverno.

Apenas vinte e um cachorros conduzidos com guias e coleiras e nenhum carrinho de bebê, provavelmente em função o tempo instável.

Algumas folhas amareladas, caídas das amendoeiras, estavam sendo varridas e recolhidas pelo pessoal da Clin. Ainda são poucas, por enquanto. As verdes, ainda em seus lugares nos galhos, brilhavam porque livres da poeira por causa da chuva que caiu na sexta-feira.


Esta chuva deixou o calçadão com muitas poças por causa das depressões. Alias que o afundamento das chamadas pedras portuguesas, em muitos pontos é um problema antigo e aparentemente insolúvel. O calçamento parece oco em alguns pontos, afundando bastante e soltando as pedras.


O trabalho de recuperação nem sempre é bem feito, obedecendo à técnica correta de assentamento das pedras de calcário, nas cores preto e branco, que permitem a formação de desenhos que remetem às ondas do mar.

Calçamento em Lisboa

Utilizam até nata de cimento, o que violenta e descaracteriza o estilo lusitano.

Dois meninos, aparentando idade em torno dos 13 anos, cabelos compridos, cada qual levando uma prancha, caminhavam lentamente em direção a Pedra de Itapuca, local onde é possível praticar o esporte quando o mar está favorável.

O que me chamou a atenção é que caminhavam devagar,  conversando. Pensei com meus botões que minha ansiedade natural não me permitiria caminhar daquele jeito. Estaria aflito para chegar ao local e não perder um só minuto da diversão.

No mar, no ponto que mencionei já havia três outros rapazes, que ignoravam as pequenas ondas porque inadequadas para surfar. Acho que por essa razão os meninos no calçamento não aparentavam nenhuma pressa.

Imagino que pelas redes sociais eles vão se informando e combinando. Da mesma forma como hoje são combinadas as manifestações de rua, as passeatas e comícios.

O sol, ainda que timidamente, acabou por prevalecer e o chuvisco acabou.

Vou-lhes confessar uma coisa: temo que minha implicância com o verão, que este ano ultrapassou os limites do civilizado, não demore muito.

Achava que poderia me arrepender das reclamações e de ter amaldiçoado o verão, dizendo ter deixado de ser minha estação preferida, mas estava longe de imaginar que o descontentamento durasse pouco tempo. E ainda nem esfriou para valer. 

2 comentários:

Riva disse...

Belo texto !

Às vezes você nos surpreende, com um viés Gabriel Garcia Marquez ... rsrsrs ...

Muito bom mesmo.

#voltaKayla

PS : foi-se o tempo em que o Rio de Janeiro parava por um Fla-FLU no Campeonato Carioca.

Jorge Carrano disse...

Rechaço a comparação, por remota que seja.

Na verdade a generosidade do confrade Riva ultrapassou os limites do aceitável mesmo com falsa modéstia.

Do ótimo escritor colombiano, colhi uma frase irretocável que reproduzo desde a primeira versão do meu codicilo, no trecho em que me refiro aos meus filhos: “Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo de seu pai, o tem prisioneiro para sempre”.