4 de abril de 2017

Emprego está difícil, mas trabalho tem

Estas pessoas, tecnicamente, estão desempregadas. Não têm carteira assinada, não cumprem horário controlado, não têm patrão.

E sobrevivem bem.  Com dignidade e prestando serviços úteis, embora pudéssemos fazer algumas restrições quanto uma ou outra destas informalidades.

Economia informal, dizem os economistas e pesquisadores do IBGE.


Começo pelo engraxate. A cadeira dele fica bem ao lado do Fórum Trabalhista, em Niterói. Tem, entre advogados, clientes fixos. E tem os eventuais, transeuntes, ou partes nos processos. E eu, que vou lá vez ou outra, especificamente para engraxar sapatos.

Ele cobra R$ 7,00. Engraxa, em média, 15 pares por dia. Se considerarmos cinco dias úteis na semana, ele “fatura” R$ 2.100,00 por mês: 15XR$7,00X20 dias úteis no mês.
E descansa sábado e domingo.


Os vendedores de coco, na praia de Icaraí, num bom final de semana, vendem 150 frutos. Como o preço atual é de R$ 6,00, isto lhes rende R$ 900,00 em cada final de semana.

Como são 4 por mês, estamos falando de R$ 3.600,00.

Ainda não contabilizei as vendas, menores, de segunda a sexta-feira. E nem considero que em certos eventos realizados na praia, as vendas aumentam bastante: torneios de vôlei, shows, réveillon, etc.

Sabem que eles têm uma Associação de Vendedores de Coco?


Ainda no calçadão, tem um enfermeiro aposentado que mede a pressão arterial e os níveis de glicose, a preços variados.

Ele fica sentado num dos bancos e tem um tabuleiro que trás de casa, onde coloca o material e instrumentos necessários.

Nunca perguntei quanto ele fatura, mas estou seguro que não será menos de R$ 2.000,00 por mês. Para um aposentado e como reforço do orçamento está muito bom.

Trabalha somente pela manhã e descansa, ou não, à tarde.

Quem caminha no calçadão conhece o personagem.

O último caso que vou relatar hoje é um pouco mais delicado, pois envolve uma atividade que combato aqui sistematicamente. Falo de vendas ambulantes (camelôs).

Especificamente meu personagem executa serviços variados em relógios: troca bateria, troca pulseira e faz limpeza da máquina.

Também utiliza um pequeno tabuleiro e pode mudar de ponto a qualquer momento. Em geral fica na rua Cel. Gomes Machado onde há uma concentração de vendedores ambulantes. Mas já o encontrei numa esquina da Av. Amaral Peixoto. Quanto será que ganha por mês? 

Isto depende um pouco da procedência das baterias e pulseiras que vende e coloca. Se vêm do Paraguai o lucro é maior, com certeza. 


Nota: 
https://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2017/03/31/desemprego-e-de-132-e-atinge-135-milhoes-de-trabalhadores-diz-ibge.htm

13,5 milhões de desempregados em fevereiro de 2017.
http://g1.globo.com/economia/noticia/desemprego-fica-em-132-no-trimestre-terminado-em-fevereiro.ghtml

5 comentários:

Riva disse...

Não captei ... vc é a favor da informalidade, do não pagamento de impostos, da não emissão de NF pelos serviços prestados ?

Não estou criticando, estou querendo entender seu posicionamento. Sim, porque também conheço diversas pessoas do BEM que se viram para sustentar suas famílias.

Mas como fica quem paga, e muito, para estabelecer seu negócio ?

Além disso, sabemos também que atrás de um simpático vendedor de serviços informal pode estar uma mega estrutura de negócio.

Assunto complicado esse ....

Eu, de minha parte, acho que se o Governo tornar a vida de qqer um de nós viável para se estabelecer e pagar suas obrigações, a informalidade será mínima. Sim, porque acabar jamais ...

Riva disse...

De que adianta você pensar em emprego, em chuva ou sol, em carro do ano, em Amsterdam, em amigos, na SKY e na VIVO, no saldo bancário e no IR, na evolução da política, nos restaurantes que vc curte, de que adianta tudo isso se você está indo embora de tudo isso ?
Só importa quem vc ama ..... o resto é o resto.

Jorge Carrano disse...

A propósito de atividades predadoras, parasitárias, ilegais ou meramente informais:

http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2010/03/camelos.html

Penso que neste post ressalvei num trecho:
"Com dignidade e prestando serviços úteis, embora pudéssemos fazer algumas restrições quanto uma ou outra destas informalidades".

Mais importante do que pregar é agir, fazer. Quem compra de ambulante está estimulando a prática.

Mas quem resiste ao conforto de ter uma cervejinha gelada e uma empadinha de camarão quentinha servidos por um camelô estando sentadinho na areia de Camboinhas ?

Quem, engarrafado no trânsito, não compra um pacote do biscoito "Globo" ?

E coisas piores que aceitamos e até estimulamos quando nos servimos de produtos e serviços informais.

É hipocrisia combater no discurso, mas usar o serviço informal. Se, por exemplo, você precisa que lhe apliquem uma injeção, você vai se internar num hospital ou procurar um posto de saúde, ou vai chamar em casa um enfermeiro autônomo ou até mesmo um balconista da farmácia?

No fundo, no fundo, Food Truck e UBER são atividades com vieis informal e que concorrem deslealmente com profissionais, e restaurantes e lanchonetes regularmente estabelecidos, com alvará e fiscalização oficial.

Aos domingos, na esquina da Presidente Pedreira com Paulo Alves,forma-se fila para comprar empadinha de um ambulante. Quem resiste àquela massa fininha, leve, com um generoso e úmido recheio de palmito ou camarão?

Eu resisto!

Riva disse...

Desculpem a mensagem acima. Reli agora, com calma, e a escrevi numa espécie de desabafo por causa da situação do meu irmão Freddy no hospital. Estava nítido para mim que ele estava partindo.

Vida que segue !

Jorge Carrano disse...

A propósito de venda de coco, leiam:

https://economia.uol.com.br/empreendedorismo/noticias/redacao/2017/05/24/ele-formou-duas-filhas-e-comprou-quatro-apartamentos-vendendo-coco-na-praia.htm#fotoNav=3