9 de fevereiro de 2017

Fidelidades

Noutro dia, meio na pilhéria, meio à vera, escrevi em comentário que lamentava o fim, a retirada do mercado, do Fusca 1200 cc.

Para quem está casado, com a mesma mulher, há 52 anos, não causa estranheza este apego a coisas tradicionais que nos atendem à perfeição.

KKKKKKKK (rs) (lol)

Não estou comparando minha mulher com um Fusca. Ela é um trator, um tanque de guerra, um off-road pesado, que nunca se assustou com os obstáculos dos caminhos. Para ela não tem, nunca teve, estrada ruim.

A alusão só faz sentido para demonstrar meu apego às coisas de que gosto. E gostava do Fusca 1200. Só me envergonho porque o ex-presidente Itamar Franco também gostava.

Até mesmo meu vocabulário coloquial é conservador. Desde há muito os assentos sanitários são feitos de outros materiais que não madeira. Mas ainda falo em levantar a tábua do vaso.

Era uma tranquilidade ter um fusquinha na garage, porque você podia decidir, de uma hora para outra, viajar até Salvador, e não precisar “fazer revisão”, ou seja, calibrar pneus, colocar água no radiador, verificar nível de óleo, estas coisas todas que eram de praxe. Bastava ter um pouquinho de gasolina, o suficiente para chegar a um posto, abastecer e entrar da BR 101, viajando 16 ou um pouco mais quilômetros com um litro de combustível.

Parecido com o meu, que entretanto era verde
As peças, quase todas, eram encontradas em feiras livres. Até mesmo em Eunápolis onde, além de tudo, quando o distribuidor apresentou um probleminha, o “mecânico” local pediu uma lixa de unhas de minha mulher, lixou os contatos e ... voilà!

Claro que eu era mais jovem do que sou hoje, no físico. Na cabeça sou tão novo quanto na década dos anos 1970, do século passado.

Aquele carro fez tanto sucesso que até mesmo os americanos, amantes de carrões viciados em  combustível (tipo Cadillac), se apaixonaram por ele. Hollywood fez filme: “Se meu fusca falasse”.

Quando um amigo, colega de trabalho, pediu dinheiro emprestado, deixou comigo, em uso, como uma caução,  seu Dodge Charger na cor vinho com teto de vinil preto. Um transatlântico.

Sabem a piada do cara que entrou no posto de abastecimento com uma banheira daquelas e pediu para encher o tanque? O frentista retrucou pedindo “então desliga o motor”. Era quase isso mesmo.

Achei na internet um Dodge Charger bem parecido com o que “foi meu” por breve período de tempo, tanto quanto três meses, porque o amigo saldou o empréstimo. Que alívio não ter que "comprar" aquele carrão.


O fusquinha tinha pouco espaço para bagagem, mas era possível colocar um bagageiro sobre o teto e resolver o assunto, nele colocando malas, bicicleta, caixas e o que mais fosse necessário transportar.

Cabra macho. Desconfortável? Sim, mas confiável. Meus problemas com automóveis só começaram quando, já então diretor de empresa, tive a minha disposição carro com injeção eletrônica.

No mesmo supramencionado comentário sobre Fusca, aludi também à tradicional garrafa de Coca Cola, de design exclusivo. Disse o Riva que ainda existe à venda. Vou correr atrás.


12 comentários:

Kayla disse...

Meu velho teve um Fuscão. Poderoso o carrinho. Meu irmão ficava dentro dele na porta de casa pra tirar onda. Ashuashuashua

Freddy disse...

Não dei sorte com mu Fusca 64. Algumas vezes me deixou na mão em situações dramáticas, que só não foram piores porque estávamos viajando em caravana e os outros carros me deram guarita. Uma das vezes larguei o dito cujo num sítio que não conhecia de uma amiga de alguém da turma, numa viagem a Rio das Ostras. Só fui pegar o "possante" depois do feriadão, quando papai me levou até o sítio junto com um mecânico.

Ana Maria disse...

Meu primeiro carro foi um fusca. Consegui compra-lo em 1972, na Mesbla veículos, em Niterói. Era um fusquinha 67 considerado um ano péssimo para o modelo, depois de sucesso do 66 modelinho. acontece que a VW resolveu neste ano aumentar a potência da bateria de 6 para 12 volts, sem a devida estrutura da parte elétrica. Eram panes constantes.
Como fui a primeira dentre meu grupo de amigos a me motorizar, tive bastante braços para empurrar o Rocinante cada vez que enguiçava.Lembro inclusive da placa 3337.
Depois tive dois outros fuscas e aprendi a regular o motor para economizar combustível. Grande carro.

Jorge Carrano disse...

E teve uma época em que você possuiu não um, mas dois fusquinhas. Se não me engano um sorteado em consórcio.
Até me vendeu um deles, que comprei para Wanda.
Bons tempos, né?

Jorge Carrano disse...

O dono do Charger era um americano, de origem portuguesa, nascido em New Bedford que fica localizada no estado de Massachusetts.
Ele precisava se capitalizar porque era cambista (comprava e vendia dólares), numa época em que o mercado estava super aquecido.
Esta atividade era exercida sem prejuízo do emprego na empresa onde ambos trabalhávamos. Por coincidência fomos também vizinhos no bairro do Brooklin Novo, em São Paulo.
Quando ele me pagou, recebi em dólares. Mas ele teria preferido que eu tivese ficado com o carro.

Ana Maria disse...

Sim. Fui sorteada no consórcio e vendi o meu fusquinha branco. Excelente carro. Lembro que vc se gabava que em trechos da estrada com aclive, o fusca ultrapassava outros modelos mais caros e modernos.
O carro do consórcio foi meu primeiro carro zero. Depois só em 2010 adquiri o Fox novinho em folha. Estou até hoje com ele.

GUSMÃO disse...

Acho que o Fusca foi o primeiro automóvel da maioria dos brasileiros. Pior foi o Gordini que apareceu depois.

Riva Anos 60 disse...

Nada pode ser pior do que um DKW Vemag queimando óleo ....

Ana Maria disse...

Realmente, Riva. Pior que o Gordini, bem lembrado por Gusmão, foi o DKW. Ele era apelidado de Leite Glória, aquele que desmancha sem bater. Rs

GUSMÃO disse...

Já que o negócio é falar de carros antigos e confessar besteiras que fizemos, admito que tive um Aero Willys, projeto americano que havia sido desativado por fracasso lá nos EEUU.

Só que este fato, do insucesso lá, não foi divulgado quando ele foi lançado aqui. E como era maior fui seduzido.

Freddy disse...

Na época do Aero Willys foi lançado junto o Simca Chambord. Dizem os mecânicos que o Aero era muito melhor, mas a beleza do Simca 60 nos seduziu: saia e blusa em tons de azul. Lindo.

Riva disse...

Gusmão, meu pai vendeu o Simca Chambord 60 e comprou um Aero Willys Itamaraty 67, zerado, vinho metálico.

Dirigi esse carro por uns 4 anos, pesadão, mas adorava ele.
3 marchas à frente, e para a ré era necessário apertar um botão na alavanca de câmbio - e o DKW tinha a alavanca de câmbio no painel frontal !! rs

Uma pena o blog manager ainda não nos permitir comentar com fotos, pois ia ficar bem mais bacana.