2 de fevereiro de 2017

Era uma vez ...

Ou, se preferirem, face a origem do esporte (ainda) o mais popular do planeta: once upon a time ...

Sim meus queridos amigos e leais opositores, o futebol tal como jogado e arbitrado está acabando.

Vou gravar, numa mídia segura, algumas partidas deste esporte, que envolvam equipes europeias, como Barcelona e Real Madrid, da Espanha; Manchester United, Liverpool, Chelsea, Arsenal e Manchester City, da Inglaterra, para que possa matar as saudades futuramente.

Guardarei, muito especialmente, jogos do Arsenal na temporada 2002/2003 e do Barcelona ao tempo em que era dirigido por Guardiola, antes da chegada do Neymar, e tinha em seu elenco Messi, Iniesta e Xavi.

O Real Madrid teve momentos inesquecíveis, seja há muito tempo, com Puskas, Di Stefano, Kopa, Didi e outros, seja em tempos um pouco mais recentes, com Zidane, Ronaldo (Nazário), Figo e outros, ou, ainda, mais recentemente, com Cristiano Ronaldo,  Bale, Benzema e Toni Kroos.

Seleção 1970
Vou manter também em arquivo seguro algumas partidas da seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1958 e 1970, a fim de que possa em momentos nostálgicos reacender a dúvida: qual delas foi a melhor?



Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe
E do inesquecível time do Santos com Pelé, Coutinho & Cia. Ltda. Imperdível! Já tenho em DVDs os gols de Pelé e Romário.

Estão degradando o futebol, estão desfigurando o esporte em tal magnitude, que nada restará em pouco tempo. Nada que lembre o bom e velho esporte bretão que todo menino jogava nas peladas de rua, nos terrenos baldios, nos campos improvisados nas escolas.

Esse esporte que, nas peladas, nem travessão tinha para delimitar a altura das balizas e nem por isso os gols em bolas altas eram computados ou não, segundo entendimento entre os próprios contendores (uma discussãozinha de nada, vez ou outra).

Toque de mão, saída pela lateral ou linha de fundo eram suscitados pelos peladeiros em ação. E mesmo quando havia dúvida e briga, com meia dizia de tapas, o julgamento acontecia com menos agressões físicas do que nas partidas oficiais, com 5 juízes apitando.

Os técnicos (“professores”) tornaram-se mais importantes do que os jogadores, assim como no cinema alguns diretores são mais festejados do que os atores.

Sim, admito que existiram técnicos, no passado, realmente inovadores, como Zezé Moreira, criador da “marcação por zona”, que tornou o Fluminense vencedor das partidas pelo placar de 1X0.

Outros, como Claudio Coutinho, com o “ponto futuro” e o “over lapping”, jogadas que existiam, que saiam naturalmente do improviso dos jogadores, mas que ele batizou e institucionalizou.

Rinus Michels
Rinus Michels, na seleção da Holanda, inovou com a “laranja mecânica”, na qual os jogadores giravam sem guardar posição fixa, como num carrossel. Foi revolucionário e inovador.

Flávio Costa trabalhou no bom e simples WM, importado.

Em certa medida Guardiola inovou, mas convenhamos, sem Messi, Inieste e Xavi, além do Piqué, Busquets e do Daniel Alves, duvido e faço pouco que conseguiria implantar o tiki-taka dele. Nem o Rinus Miches o carrossel holandês, porque exige onze jogadores inteligentes, e inteligência é coisa rara entre atletas.

Os atletas são os artistas do espetáculo.

O que levará à morte o futebol, este que mencionei, são novidades absolutamente impertinentes, descabidas, incompatíveis com este esporte, com sua essência.

Os defensores de juízes de vídeo, de chips nas bolas, de cartões azuis para afastamento momentâneo do jogador, do fim da linha de impedimento (sacrilégio) e outras ameaças que estão no ar, terão que batizar este esporte que pretendem com outro nome, que não futebol. E este novo esporte lembrará remotamente o futebol que se espalhou pelo mundo, popularizou-se, que despertou paixões e emoções, que lotou estádios, que provocava sorrisos e lágrimas. E discussões nas segundas-feiras, que tinham como temática os erros de arbitragem, as bolas que entraram ou não, os pênaltis bem ou mal marcados.

Tom Brady, quarterback,
 do New England Patriots
O tempero do futebol será pasteurizado. Como no futebol americano, não demora teremos técnicos de linha de frente e outros de defensores. Um estrategista que garanta espaço e tempo ao quarterback. No nosso caso "um Gerson", do passe preciso de 40 metros.

Já temos técnicos dividindo o campo em quadrantes e estabelecendo limites dentro dos quais os jogadores podem se movimentar. São robôs. 

As pessoas alegam que no tênis tem o challenge, no voleibol a suscitação de dúvida, no futebol americano os juízes de vídeo, mas a pergunta que não quer calar é: por que estes defensores destas tecnologias, destes auxílios externos, não são aficionados destes esportes dados como exemplos? 

Voltarei exclusivamente à música e à leitura, atividades que alternava com o futebol na TV (preferencialmente o jogado na Inglaterra, Espanha e Alemanha).

Vasco e Arsenal serão vagas lembranças dentro de pouco tempo.

I've had enough.

11 comentários:

Ana Maria disse...

Futebol não é nada se comparado a degradação da música brasileira. Bom tema para post.

Jorge Carrano disse...

Mãos à obra, Ana Maria.

GUSMÃO disse...

Sugiro que batizem o novo esporte, que lembrará vagamente o futebol, com o nome de tecnobol, tendo em vista que a tecnologia será a estrela do espetáculo.
Não podem esquecer de colocar na margem do gramado uma mesa de controle, tal como existe no basquete, por causa do entra e sai de jogadores e do tempo de jogo.
Noutro dia um comentarista da rádio Globo sugeriu parar o cronômetro em toda interrupção do jogo: atendimento médico, cobrança de pênaltis, etc, para que tenhamos 90 minutos de bola rolando.
Ora, desde 1871 é disputada a Copa da Inglaterra (FA Cup), com estas regras. Desde o século XIX.
As tradições precisam ser mantidas. A Igreja católica aboliu o latim nas missas, liberou os padres da batina e se estrepou. Os evangélicos cresceram e se multiplicaram.
No Judiciário a toga ainda é mantida e os advogados que conheço (inclusive o blog manager) usam paletó e gravata. Por que?
As forças armadas de todos os países do ocidente preservam suas tradições. Por isso elas são (as FA) uma instituição milenar.
Abaixo casuísmos.

Jorge Carrano disse...

Obrigado pela solidariedade, Gusmão.

É a tal coisa. Por que, por exemplo, mudar a embalagem da Maizena ou do Polvilho Antisséptico Granado?

Quando se entrava no supermercado e batíamos o olho na gôndola, era fácil identificar a caixa amarela da Maizena.

A fórmula do futebol foi testada e aprovada, haja vista que se alastrou mundo afora e se tornou o esporte mais praticado no planeta.São poucas as regras e fáceis, embora alguns lances das partidas comportem interpretações subjetivas. Mas futebol não é matemática.
Minha opinião aqui é subjetiva (claro, por definição) as contrárias também o são.
Vamos acabar com o subjetivismo em nossas vidas?
Recorro a Thomas Jefferson e sua famosa frase: "o cavalo já foi um erro".

GUSMÃO disse...

Não entendi a citação da frase do Jefferson.

Jorge Carrano disse...

Gusmão,
Já foram feitas algumas concessões, como por exemplo admitir gramado artificial (um crime para quem joga). É duro, cria bolhas na sola dos pés. E nas quedas arranha. Tem mais, mas não vou entrar no mérito.

Algumas das ideias que não comprometem a essência foram bem-vindas: sete bolas em uso; regular o recuo de bola para os goleiros; cortar a grama bem rente e molhar o gramado, dá mais velocidade ao jogo.

Riva disse...

....e no entanto ainda tem gente que defende a regra do impedimento, que só gera injustiça, e não existe no racha de rua, no futebol society, no de salão, no de praia, em lugar nenhum.

Quem defende essa m...... nunca chutou nem uma bola de meia na vida !!! Ou era "café co leite" na hora de dividir um time de futebol ....

Riva disse...

Gusmão, pelo visto vc nunca jogou num campo de grama sintética. Se vc levar um tombo não arranha não ..... é QUEIMADURA, meu caro, de grau a avaliar.

Joguei 21 anos em campos de grama, de brita corrida, de areia e de grama sintética. Só isso .... e sem a porra da regra do impedimento, defendida por quem nunca rachou uma dividida na vida.

O saco enche ....

Riva rs disse...

errata .... Gusmão não, Carrano

Riva disse...

Acho que pelo andar da carruagem, com dizia o meu pai, já podem colocar as faixas no Chelsea, com 225 rodadas de antecipação !! kkkkkkkk

Neymar e Messi massacraram o Bilbao hoje. O placar não diz a realidade do jogo, que poderia ser uns 6x1 tranquilamente.

Passarei a chamar de hoje em diante de MRI a Maldita Regra do Impedimento.

Jorge Carrano disse...

Início do fim:

http://www1.folha.uol.com.br/esporte/2017/02/1856375-cbf-quer-testar-uso-de-arbitro-de-video-no-brasileiro-deste-ano.shtml