20 de agosto de 2016

Vaias & Recordes

Alguns recordes olímpicos foram batidos durante a Rio 2016. Se por um lado isso revela que os atletas estão conseguindo superar seus limites, quebrando índices já considerados fantásticos, por força de muito treinamento, também revela que as condições de nossas pistas, picadeiros, piscinas e demais instalações esportivas foram adequadas obedecendo padrões internacionais.

Tirante ventos indesejáveis durante algumas provas, o rigoroso inverno de 34 graus Celsius em alguns dias, e a programação de disputas para horários inadequados, o que se viu de um modo geral foram boas condições para competições, haja vista os resultados obtidos, com marcas e índices bastante expressivos.

O público compareceu e prestigiou todas as modalidades. Tanto brasileiros quanto estrangeiros fizeram muita festa, com palavras de incentivo e bandeiras acenadas.

A lamentar, embora fosse previsível, as vaias  e ofensas dirigidas a alguns países em esportes coletivos ou atletas nas disputas individuais. O que fizeram contra o saltador francês foi inominável. É certo que ele perdeu as estribeiras e fez sérias declarações sobre o público e o país. Mas com a cabeça quente acho que até um monge budista perde o controle emocional.

O curioso é que o comportamento da torcida não obedece a qualquer lógica aceitável. A Holanda eliminou o Brasil no futebol feminino, mas na partida seguinte foi apoiada pela torcida no jogo contra a Alemanha? Resquícios dos 7X1?

Os argentinos, com os quais temos rivalidade e rixas históricas, tiveram o integral apoio dos brasileiros no jogo entre eles e os americanos no basquete masculino. Por que? Por causa do complexo de terceiro mundo que não nos permite aceitar o sucesso e a grandiosidade dos irmãos do norte? Nem o dream team, cuja possibilidade de assistirmos em ação, ao vivo, teve a torcida brasileira a seu favor. E nosso time já estava solenemente eliminado da disputa. Por que não aplaudir e admirar a excelência dos maiores jogadores de basquete do planeta?

Vaia, como utilizamos, com o objetivo de desestabilizar o oponente é pura falta de educação e respeito. Tá certo apupar um jogador do Flamengo que entre em campo e finca a bandeira do clube no meio do gramado, numa atitude arrogante, como fez o tal de Wallace, mas aí ele deu causa a reação.

Ou o idiota, goleiro do mesmo supracitado time dos urubus, que disse que ganhar roubado é melhor. Vais para ele seriam pouca coisa, deveria haver uma sanção pela falta de caráter,  dignidade e educação. 

Infelizmente os casos do Felipe e do Wallace não são isolados, eles representam uma significativa camada do estrato social do Brasil, que não tem educação, civilidade, respeito ao próximo.

Nada tem a ver com prejudicar o concorrente. Devemos, isso sim, incentivar nosso time e nossos atletas. Mas hostilizar os oponentes é falta de educação. Falta de espírito esportivo.

Precisamos aprender a respeitar e reverenciar as virtudes dos outros.  Sem complexos.

20 comentários:

Riva abrindo os trabalhos etílicos disse...

Não concordo, meu caro blog manager. É uma questão cultural, que não pode ser confundida com falta de educação, que implica em atitudes com práticas universais.

Vaiar faz parte da arquibancada brasileira. Se na Europa é falta de educação, não venham jogar aqui. Franceses peidam em público em alto e bom som, portugueses arrotam em restaurantes, gregos quebram os pratos, chineses dirigem seus carros e bikes como loucos, e por aí vai ...

Fiz em 2006 uma palestra em San Diego (sobre gerenciamento de instalações prediais) exatamente sobre essas diferenças culturais, tendo em vista que na época, os americanos vinham aqui negociar e operar à sua maneira, e voltavam para a America de mãos abanando. Tudo por não entender nem estudar a cultura brasileira de negociação e de operação predial, com nossa mão de obra.

E mais : contra o "governo", vale vaiar, mas deixo xingar também, em alto e bom som.

PS : GoooLLL da Alemanha ? toc toc toc

Jorge Carrano disse...

Por essas e outras é que tenho vergonha da cultura brasileira, Riva.

Nunca terei alegria porque ganhamos desestabilizando emocionalmente o adversário vaiando e xingando num momento em que é necessária concentração.

Acho antidesportivo, falta de respeito.

Isso significa endossar a tese de que roubado é melhor. Tou fora!

E no caso dos americanos, sempre vaiados, é por causa do espírito antiamericanista disseminado pela esquerda arcaica com sua filosofia rançosa. American go home? Para mim é coisa de preconceito de desinformados. Espirito de vira-lata. Complexo de inferioridade.

É como o cara que vê o carro novo do vizinho e torce para ele bater na esquina, ao invés de se empenhar em ter um igual.

E olha que não sou tão fã da América como você. Prefiro a cultura britânica, mais refinada.


GUSMÃO disse...

A vaia como manifestação de desaprovação, descontentamento, é universal.

Mas usa-la para prejudicar o adversário numa competição esportiva são outros quinhentos.

O correto seria fazer como em algumas disputas de atletismo quando os competidores são incentivados com palmas ritmadas. Afinal o que queremos ver são desempenhos fantásticos, superação de forças, quebra de marcas.

As medalhas são consequências. A excelência é que merece aplausos.

Vaiar político ladrão não é antidesportividade. É exercício de cidadania.

Endosso o post.


Jorge Carrano disse...

Acabei de ver, pela TV, a decisão da medalha de bronze no vôlei feminino. O público presente a favor das holandesas, vaiando as americanas.

Eu, em casa, torcendo muito pela equipe dos USA. As americanas ficaram, mui justamente, com a medalha, pois inobstante a torcida contrária, jogaram melhor.

Viva a competência, viva o mérito!

Jorge Carrano disse...

No canal 30, da SKY, Leicester X Arsenal pelo campeonato inglês. Está no final e o jogo ainda empatado: 0X0.

O jogo é em Leicester, cidade do campeão da temporada 2015/2016.

Jorge Carrano disse...

O Barcelona, sem Neymar, claro, meteu 6X2 no Betis, com dois do Messi e três do Luizito Suarez.

O futebol na Europa continua insuperável.

Jorge Carrano disse...

O Vasco só empatou com o Sampaio Correa, pela série "B" do brasileirão (1X1)

Ana Maria disse...

Eu penso que em parte é passionalidade comum aos latinos mas em outra é pura falta de educação. Principalmente no futebol, onde as rivalidades chegam a atitudes criminosas de agressões físicas. O que não dizer de vaias? Aqui neste Pub existem times que são alcunhados de "do mal" e alguns dos frequentadores , possivelmente vaiariam com objetivo de desestabilizar.
Mesmo a escolha do lado a torcer não tem nada de racional.
Conhecendo o gosto britânico do manager, não podemos esquecer os arruaceiros denominados hooligans. Nada civilizados.

Riva disse...

Grande conquista do ouro no futebol, apesar de ser nos penalties. O time tem muitas falhas mas lutou muito, e a Alemanha jogou com 11 na defesa 99% do jogo. Merecemos.

Ainda sobre as vaias, a desestabilização emocional de um jogador devido a vaias demonstra seu despreparo. O equilíbrio emocional é parte fundamental da formação de qualquer atleta, em qualquer modalidade.

Como dizia Didi .... finge que a vaia é para o outro time ...! #simplesassim

Jorge Carrano disse...

Não me referi especificamente a jogador de futebol.

Ficou demonstrado que o Brasil cobra penalidades melhor do que os alemães, não que jogamos melhor. Duas bolas na trave e uma defesa do nosso goleiro mais importante do que a da penalidade.

Que fique claro que torci muito para nossa seleção e estou contente com a medalha que, finalmente, conquistamos.

Mas parimos um ouriço para ganhar de um time fraco da Alemanha. Gol de bola parada (do Neymar) e ótima defesa do goleiro nos salvaram.

# foibommasfoisofrido



Ana Maria disse...

Sem falar que nos classificamos em cima de Honduras que é 84° no ranking da FIFA.

Riva disse...

Ana, a alcunha de "do Mal" que dou ao Flamengo é 100% brincadeira, para sacanear meus amigos rubro-negros. Vou parar para não ser processado rsrsrs.

Sempre dissemos, desde garotos (quando não era preconceito sacanear o próximo), que torcedor do Mengo é assaltante, negão, desdentado, e muitas outras coisas, e sempre foi divertido, assim como eles sacaneavam o nosso lado, como tricolores pó de arroz, etc.

Tenho um filho torcedor do Flamengo, cresci entre vascaínos e sobrevivi. Depois encarei 400 torcedores do Vasco, da família da minha esposa.

Não apóio hooligans, nem torcidas organizadas. Apóio torcida de arquibancada, de sofá, que vaia, xinga o juiz (é normal, para quem nunca jogou bola), chora e se emociona com derrotas e vitórias.

Em resumo, sou um torcedor brasileiro, típico, normal. Passional. Apaixonado pelo meu time.

Infelizmente trouxeram (à base de corrupção) esse modelo europeu para os estádios do nosso Brasil, onde não se pode nem entrar com bandeiras.
Coisa de teatro de ópera austríaca.

Só a corrupção mesmo para deixar isso acontecer entre nós, estuprando a nossa cultura de torcidas ... e agora, estão babando vendo pela TV a alegria contagiante dos torcedores do Brasil, que torcem até por juiz brasileiro !!

Nós somos assim, somos demais mesmo ! Com todo o merdalhal que nos contorna.

E a carruagem deve virar abóbora na 2ª feira .... se cuidem.

Jorge Carrano disse...

E dois empates na fase de grupos o que prova que não sabemos jogar contra times retrancados.

Riva disse...

Samuel L. Jackson em seu Twitter :

Neymar strikes Gold for Brazil!!! Host country gets what's most important for a soccer religious culture!!

Perceberam como sabem o que o FUTEBOL representa dentro da nosso cultura ?

Como não vaiar, gritar, espernear, numa arquibancada ? É o nosso DNA.

Jorge Carrano disse...

Futebol, caipirinha e samba. Nossa cultura.

Riva, já gritei, já esperneei, já briguei em arquibancada, mas cresci, ou melhor, como preconizava o Nelson Rodrigues, envelheci.

GUSMÃO disse...

Calma gente. Todo mundo tem razão.
Sob o ponto de vista político foi ótimo. Precisamos de espírito vencedor neste momento. Precisamos de otimismo.

Riva disse...

Tenho complexo de Peter Pan, segundo Freddy .... deve ser isso rsrsrs

Jorge Carrano disse...

O bonito papel dos britânicos:

http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2016/08/legado-e-investimento-de-r-13-bi-garantem-marca-historica-britanicos.html

Jorge Carrano disse...

Recordes:

http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2016/08/thiago-braz-ledecky-schooling-os-recordes-mundiais-e-olimpicos-no-rio.html

Jorge Carrano disse...

Não restava outra alternativa.

http://globoesporte.globo.com/atletismo/noticia/2016/08/fabiana-murer-anuncia-fim-da-carreira-e-vira-dirigente-eu-nao-compito-mais.html