23 de outubro de 2017

Leituras fundamentais

É preciso ler. Ler o que soma, o que enriquece, o que faz crescer, o que informa e o que forma, o que eleva o espírito, o que alegra o coração, o que nos ajuda a amadurecer. A leitura, como a luz solar, é essencial para a vida.

Borges, o celebrado escritor argentino Jorge Luiz Borges, autor de vasta e importante obra literária, já deixou consignado que se jactava muito mais do que lera, do que escrevera.

Não tenho coisa alguma a acrescentar sobre a relevância de se ler.

Pela minha estante já passaram obras que reputo fundamentais, como por exemplo algumas destas abaixo. Seus autores devassaram a alma humana, deixando-nos  nus. 

Escreveram em diferentes períodos históricos, em diferentes países, em línguas diversas (exceto Saramago e Nelson), estilos diferentes, mas todos mestres no ofício de observar e analisar o comportamento humano.

Dostoiévski


Shakespeare                                  


Nelson Rodrigues                                   


José Saramago                                  


Escritores que espargem filosofia através da boca de seus personagens.

A mesquinhez, a torpeza, a vilania, o egoismo, a maldade, a traição e outras deturpações humanas reveladas de maneira subliminar, ou cifradas ou simbolizadas. 

O primeiro livro que li e me levou à reflexão foi "O Pequeno Príncipe". Alguns ensinamentos transmitidos nos diálogos entre personagens são definitivos.

Foi um pecado o livro ficar tisnado como sendo o preferido de misses. Isto porque, malgrado a beleza física,  proporção e equilíbrio das medidas de busto e quadris e de peso e altura, a maioria não primava pela cultura geral.

Assim como um determinado carro fabricado pela Volkswagen, no passado, com várias qualidades, ficou estigmatizado como carro de praça - táxi.

Uma pena, nos dois casos, do livro e do automóvel.

Aprendi, com Saint-Exupéry, a não pedir e a não alimentar expectativas de que seria atendido pedindo o inexequível, o absurdo, como lecionou o rei que não determinava o por do sol antes do final da tarde e tampouco que seus generais voassem de flor em flor como borboletas.

Ele era o soberano e tudo podia, menos exigir o absurdo. Deveria preservar sua autoridade e não cair em descrédito e ser desrespeitado com ordens inexequíveis.

Isto vale para, por extensão, não esperar de algumas pessoas mais do que elas são capazes de dar.

Nelson e Shakespeare, dramaturgos, escreveram peças nas quais nos enxergamos, ou aos nossos filhos, pais, amigos e inimigos. Chefes, empregados, canalhas, todos desnudados, radiografados.


NOTAS:
1) os livros citados são meros exemplos que não esgotam a obra, vasta e importante de todos eles. Saramago foi minha última realmente boa descoberta. Depois de Eça de Queiroz e Machado de Assis.
2) https://jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/11/bibliotecas-publicas-e-privadas.html

Um comentário:

Jorge Carrano disse...

Manuel Maria Barbosa du Bocage, grande poeta português, ficou rotulado de imoral e reconhecido como autor de piadas de sacanagem, muito provavelmente não por sua obra literária, mas por sua vida "desordenada nos costumes".

O nosso Nelson Rodrigues foi taxado inicialmente de obsceno, vulgar, até vir a ser reconhecido pelo público mais esclarecido, pela crítica, por atores e atrizes consagrados como grande dramaturgo, senão o maior até hoje, em língua portuguesa.