Nem embalagem precisa mudar. A não ser, claro, mudanças determinadas por custos e praticidade.
As embalagens de expedição, feitas de papelão, acomodam melhor latas retangulares do que as redondas. Ganha-se espaço. Volume, espaço ocupado, influi no frete.
O vidro foi substituído pelo plástico, talvez por redução do peso, outra das variáveis na composição de preço do frete.
Na verdade estão exagerando com a espessura do plástico utilizado em algumas embalagens e em copinhos para cafezinho.
Existe um detergente líquido, utilizado na pia da cozinha, para lavar louças e talheres, cuja embalagem ficou tão fina e flexível, que ao pegar o frasco, já espirra um bocado do líquido pelo bocal.
E cafezinho? Como tomar sem usar pelo manos dois copinhos? O mesmo se dá com os copos descartáveis para refrescos, utilizados nos bares e botequins.
Pessoalmente implico com as embalagens de creme dental feitas de plástico. Dificilmente você aproveita todo o conteúdo. Diferentemente de quando eram feitas em alumínio com revestimento interno. Dobrávamos e amassávamos bem a bisnaga para retirar todo o produto.
Mas tirante estas razões ditadas pela redução dos custos, que me perdoem os designers, alterar forma e cor das embalagens tradicionais é estelionato.
Voltando ao custo das embalagens, pude acompanhar a evolução deste item em supermercado. As sacolas disponíveis nos checkouts, em papel resistente, tinham até alça tipo barbante enrolado; eram sacolas mesmo. E nada custavam.
Por razões de custo (chegaram a apontar como sendo de cerca de 2% do custo de operação de uma loja), tiraram as alças e deixaram somente o saco, ainda em papel resistente, como se via nos filmes americanos, sacos abraçados pelos consumidores até o automóvel no estacionamento, ou retirando do bagageiro ao chegarem casa.
Substituíram o papel encorpado por plástico, colocaram alças virando sacolas, mas agora pagamos por elas. E servem para descartar lixo.
Com tradição não se brinca. Alguns produtos, marcas registradas, como Cotonete, Gillette e Maizena, respectivamente haste flexível, lâmina de barbear e amido de milho, acabaram se transformando em substantivo.
Até a cerveja Brahma virou sinônimo da bebida. Sim, teve até piada de "braminha" da Antártica, como teria dito Vicente Mateus, presidente do Corinthians.
Quando o produto é bom, eficaz, resolve seu problema, funciona, não precisa ficar mudando de cara. Mudar cor, formato, material, é coisa de marketing, que pode ser desastroso.
Mal comparando, seria como eu encher as petições de citações latinas para valorizar meu trabalho e cobrar mais 😂😂😂.
Vejam os exemplos abaixo:
Certamente vocês lembrarão de outros produtos, mas as exemplos acima são suficientes para ilustrar minha tese.
Por que mudar o que já nasceu feito?
2 comentários:
Wanda me questiona porque não citei o óleo de soja marca "Liza", cuja embalagem de plástico é uma porcaria. Mal se pega e já tem óleo derramando nas mãos, de tão fina e flexível.
Disse que não sabia e ela retrucou: "como não? Já comentei várias vezes".
Perguntei porque não troca demarca e ela respondeu que a outra, igualmente tradicional, que é o Soya, está a mesma coisa.
Perguntei porque não compra então óleo de milho, ou canola, ou girassol, e ela respondeu: "esqueceu que estamos falando de embalagem?"
Saudade das latas.
Tenho ouvido coisas assim: "eu usava 4 gotas do adoçante ZERO-CAL, agora preciso usar 6, para obter resultado".
E outro: "Meu perfume "Stiletto", permanecia quase o dia todo; agora meia hora depois da aplicação o aroma já desapareceu".
E outras coisas do gênero, o que comprova que estão reduzindo matérias-primas para reduzir custo, mas sacrificando a qualidade e comprometendo o conceito da marca.
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