As imagens constantes do texto, foram atualizadas pelo autor em março de 2022. Verifiquem em https://jorgecarrano.blogspot.com/2022/03/o-sudario-de-maria.html
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O que poderia ser
o verdadeiro rosto da Virgem (por Átila Soares a partir de arte elaborada pelo também
designer Ray Downing).IMAGEM: Átila Soares/Ray Downing. |
O SUDÁRIO DE MARIA
Em busca do verdadeiro rosto da mãe
de Jesus
por Átila Soares da Costa Filho
Não encontrada, até os dias atuais,
nenhuma referência mais detalhada, textual ou artística, sobre como seriam os
rostos de Jesus ou de sua família - os personagens mais celebrados da
Civilização Ocidental -, cabe à nossa geração, valendo-se de ferramentas
contemporâneas, lidar com os escassos fragmentos sobre possíveis evidências que
nos restam. Assim, é importante salientar que este experimento que propus, um
exercício de especulação, toma em consideração a hipotética legitimidade do
Sudário enquanto relíquia cristã, assim como do próprio Catecismo e Teologia de
Roma. Também se deixa claro que a Igreja nunca declarou oficialmente a chancela
divina do Santo Sudário, apenas considerando-o como uma peça de grande importância
enquanto promovedora de profundas manifestações de fé por parte de seus
seguidores.
Meu ponto de partida (e base
principal para o resultado que seguiria) é a face do homem na mortalha, obtida
em 2010 pelo designer gráfico vencedor do Emmy, o americano Ray Downing e seu Studio
Macbeth. Este, com a mais avançada tecnologia forense, produziu a que é
considerada, até hoje, a mais verossímil aproximação para o que deve ter sido
aquele rosto impresso, quando em vida.
Com a ajuda de um software de
inteligência artificial e alta tecnologia de redes neurais convolucionais para
mudança de gênero, outro para ajustes faciais e alguns retoques artísticos manuais
de minha parte - a fim de melhor definir um rosto étnico e antropologicamente
feminino -, alcanço o resultado de uma mulher de semblante forte, em torno de
seus 25 anos de idade. Com efeito, nada que lembre uma Madonna renascentista ou
barroca, assim construída para melhor estabelecer uma conexão de serenidade e
interiorização com seus devotos, segundo os cânones artísticos antigos. E, com
a mesma tecnologia pôde-se chegar à adolescência da Virgem quando,
supostamente, teria dado à luz. Vale observar que as conclusões deste
experimento foram aprovadas pelo maior sindonologista do mundo, o pesquisador e
conferencista Barrie M. Schwortz, fotógrafo oficial do histórico Projeto STURP.
Barrie também é fundador do SHROUD.COM, a maior e mais importante fonte de
informações sobre o Santo Sudário que já existiu – e que já incluiu o presente
estudo em suas indicações de leitura. Este material também se encontra como
matéria de capa na revista italiana “MARIA CON TE” (Milão), com o selo
“Famiglia Cristiana” (Roma) – um dos grupos editoriais de cunho religioso mais
tradicionais ainda existentes.
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Uma suposta aparência de Maria na adolescência (por Átila Soares a partir de arte elaborada pelo também designer Ray Downing). IMAGEM: Átila Soares/Ray Downing.
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Nisto tudo, entretanto, há que se
perguntar: como se chega a uma definição considerável tomando-se apenas o rosto
do filho como base? A resposta é muito simples: segundo as Escrituras, José,
por ser pai adotivo de Jesus, não teve participação biológica na formação
carnal do Messias. A natureza desta consubstanciação (como defende a Igreja
Católica) se traduz por uma concomitância teológica cuja consequência foi o Cristo-homem
como reprodução biológica exclusivamente da mãe – já que, também sendo Ele
Deus, se fizera carne através da "união hipostática da natureza divina e
humana". Então, restaria somente à Maria, sua mãe, esta atribuição no que
tange a natureza humana. Ora, seguindo o milenar pensamento católico, Jesus
teria recebido 50% do DNA de Maria, humana, e os outros 50% do Espírito Santo, imaterial,
numa concepção completamente imaculada – sobre isto, o Papa Pio IX, no ano de 1854,
proclamaria a bula Ineffabilis Deus, definindo a doutrina da Imaculada
Conceição de Maria. Cabe aqui também lembrar que Cristo era comumente referido
como da “descendência (ou Casa) de Davi” por parte de mãe, “de linhagem real”,
o que nos leva a considerar esta condição genética para o Jesus-homem em
relação à pessoa de Maria.
Discussões a este respeito são
infindáveis, mas é bem razoável supor que o material biológico que definiria a
aparência de Jesus, ao achar sua herança genética apenas em Maria (por ser
humana e, não, imaterial), teria definido a aparência daquele - o “fruto do
ventre” - muito similar ao desta, sua única progenitora carnal.
Partindo disto, mais uma versão do
rosto de Maria nos é permitida obter pelos pincéis dos pixels e dos bytes, de
algoritmos, de mais matemática, de algumas considerações antropomórficas e de
um toque artístico final. Quando a surpreendente tecnologia do século XXI
aborda temas tão controversos como os da fé e do invisível, entendemos por quê
tanto esta como a Ciência jamais deveriam ter sido separadas.
NOTA: Átila Soares é professor
e autor de 4 livros. Com referências em mais de 30 países, é graduado em
Desenho Industrial e especialista em História, História da Arte, Igreja
Medieval, Filosofia, Sociologia, Antropologia, Arqueologia e Patrimônio. Também
é colaborador na revista “Humanitas” (Ed.Escala, São Paulo) e no site “Italia
Medievale” (Milão). Ainda integra o comitê científico na Mona Lisa Foundation
(Zurique), na Fondazione Leonardo da Vinci (Milão) e no projeto L’Invisibile
nell’Arte (Roma).