31 de dezembro de 2010

Aniversário de casamento

A maioria de vocês comemora hoje a virada de ano, segundo o calendário gregoriano. Se você é chinês (fevereiro) ou judeu (setembro), por exemplo, a contagem é outra. Mas não é voces que falo.

Também eu, claro, comemoro o final de um ano, no caso o de 2010. A diferença, em relação a maioria de vocês, é que comemoro, também, aniversário de casamento.

Pois foi em 31 de dezembro de 1964 que me casei com Wanda, mãe de meus filhos e até hoje a meu lado.

São, portanto, 46 anos de convívio.

A esta hora em que escrevo, por volta das 16 horas, já estava casado, irremediavelmente, na cerimônia civil.

O ato foi celebrado na casa de meus sogros, em Cachoeiro de Itapemirim - ES, às 11 horas da manhã, quando o Juiz de Paz, “com portas e janelas abertas”, obedecendo a todo o ritual, nos proclamou casados e nos fez assinar o livro de registro civil.

O ato religioso só seria celebrado às 18 horas, na igreja da Consolação, naquela cidade capixaba.

Assim, comecei o ano de 1965 com vida nova, casado e cheio de responsabilidades.

Já falei de meus filhos à exaustão, neste blog. Mas não dediquei, ainda, a Wanda, mãe deles, o espaço que ela merece.

Quando tudo são flores, à mulher (companheira) não se dá o devido valor. É bom viajar juntos, ir assistir um show, jantar num restaurante novo, ir ao cinema, enfim, partilhar bons momentos, mas, como regra geral, não nos leva à reflexão de quanto a mulher (esposa) é importante em nossa vida.

Todavia, nos momentos de dificuldade, de aperto, de saúde comprometida, de obstáculos difíceis de superar, não há como deixar de refletir e reconhecer o quanto a companheira certa, carinhosa, compreensiva, cúmplice, parceira, otimista, estimuladora, amiga e confidente, faz uma enorme diferença.

Este ano que termina d’aqui a pouco, o 46º de nosso casamento, precisei muito da parceria da Wanda, da paciência, do afeto e da palavra otimista.

Comemorar 46 anos de casamento com a Wanda, é um prazer inenarrável.

29 de dezembro de 2010

Trema, palmadas, plutão e outros abolidos

Ainda me policio e sofro quando ao escrever consequência, deixo de colocar o trema. Também meu editor de texto não se conforma e grifa em vermelho a grafia sem trema ou "corrige" automaticamenete. Mas o cinquenta é pior para mim, Sem o trema, perde valor.

Ao longo dos últimos anos, muitas coisas que eu conhecia como verdades absolutas, agora podem me fazer passar por mais idiota e ignorante do que verdadeiramente sou. Por exemplo? Plutão.

Tido e havido como o menor e mais novo planeta descoberto em nossa galáxia, localizado no limite extremo do sistema, agora foi rebaixado, não sei exatamente a que categoria.

Por vezes resisto a estas novidades, fruto de avanço científico ou tecnológico, ou, apenas, da vaidade humana.

E a Igreja, pródiga em besteiras e cretinices maiores (inquisição) ou menores (ritual das missas)? Lembram  o caso de São Jorge? Faz alguns anos, a igreja o cassou, com dois esses e tudo, ou pretendeu faze-lo. Nem me dei ao trabalho de me inteirar das razões. Tem certas verdades que se desmentidas pelos fatos, fica pior para os fatos.

No caso do santo guerreiro, se a igreja insiste na bobagem, pior para ela. Vai perder muitos fregueses. Parece que prevaleceu o bom senso e ela recuou. Cassar São Jorge seria tão tolo e inconsequente (sem trema) quanto abolir o latim da missa ou liberar os trajes dos padres. E a cantoria com palmas nas missas, que as tornaram auditório de Silvio Santos.

Não me venham com a história de que os gospels e spirituals, cantados e musicados nas igrejas americanas frequentadas (sem trema) sobretudo pelos negros, tornam muito bonitos os rituais litúrgicos, pois, no caso,  a tradição e as raízes justificam (ouçam: Mount Moriah Mass C - Harlem Sunday ). Não é definitivamente o caso da igreja católica, onde apenas os cantos gregorianos (lindos; lembro da catedral de Santiago de Compostela) têm sua história.

De todas as novidades e no meio das sandices mais recentes perpetradas por especialistas, está a proibição das palmadas nas crianças. Que será das futuras gerações criadas sem palmadas e puxões de orelhas?

A ditadura do politicamente correto já resultou na proibição de Monteiro Lobato. Durma-se com um barulhos deste!
Vão para o inferno estes modernistas desocupados.



26 de dezembro de 2010

Filhos escolhidos pelos curricula

Faz muito tempo, nem sei precisar, estava assistindo o Sem Censura, programa da TV Educativa (agora TV Brasil).

Para quem nunca assistiu, trata-se de um programa de entrevistas e, eventualmente, debates. Quatro ou cinco convidados por programa, de atividades bem diversificadas.

Entre vários convidados e assuntos interessantes, vez ou outra aparecia um ilustre desconhecido para falar de tema enfadonho ou desinteressante.

No dia a que me refiro, um dos participantes era um cantor/compositor de nome Paulinho Moska, de quem jamais ouvira falar. Num dado momento a Leda Naegle – apresentadora - ia dar início a entrevista com o mencionado convidado. O ato reflexo foi pegar o controle remoto, instrumento utilíssimo. Considerando o nível de programação de TV, indispensável. Isto no mundo todo, não se iludam.

Não sabia quem era o tal e pretendia continuar na santa ignorância, para manter meu padrão seletivo.

Ocorre que a primeira pergunta da Leda, estava relacionada a paternidade, tema que me agrada (família e amizade me interessam). O Paulinho Moska acabara de ser pai. A pergunta foi simples e direta. Como é ser pai ?

O convidado passou a dissertar sobre a emoção e para descrever como o filho era bonito e saudável, usou a seguinte imagem: ele é um bebe de supermercado. E explicou: é como se eu tivesse ido a um supercado que vende bebes e tivesse escolhido. Quero aquele ali, gordinho, rosado...ele é lindo!

Eu simplesmente adorei a definição. Simples e criativa maneira de descrever o quanto seu filho era bonito e saudável.

Refletindo sobre minha vida, família, trabalho, nestes dias que antecedem o final de mais um ano, no decurso do qual completei setenta anos, ao trazer à memória os filhos que tenho, lembrei do Paulinho Moska.

Não é o caso de parafrasear ou fazer analogia, e dizer que foram escolhidos em supermercado. Não; se pudesse agora escolher os filhos que gostaria de ter, o critério seria o de exame dos curricula. E, por este critério, os escolhidos seriam exatamente os mesmos que tenho.

A história de cada um, valores éticos, inteligência, formação moral, firmeza de caráter, senso de responsabilidade, espírito de luta e capacidade de amar, não me deixariam outra escolha.

Sou um homem feliz porque o destino me deu a família que eu escolheria, se pudesse selecionar num universo sem limites.

Jorge e Ricardo são os filhos que qualquer pai dotado de bom senso e formação moral dentro dos padrões convencionais escolheria, sem pestanejar. São meu orgulho.

22 de dezembro de 2010

Foi precipitação de amador

Em 26 de novembro, de forma açodada, arvorei-me em indicar os melhores filmes do ano. Estrepei-me, porque bastaram alguns dias e foi anunciada a entrada no circuito dos filmes “José&Pilar” e “Você vai conhecer o Homem de seu Sonhos”.

Diante deste fato e antes mesmo de assisti-los, apressei-me em incluí-los na lista dos melhores, no post de 10 de dezembro.

E, de novo, queimei os dedos. Fui assistir “A Rede Social”, com roteiro baseado em fatos reais, ou seja, o processso de criação do Facebook, maior rede de relacionamentos, que já conta 500 milhões de usuários.

A versão cinematográfica parece não ter agradado muito ao Mark Zuckerberg, personagem central, idealizador do website, que é retratado como ambicioso e sem escrúpulos.

O filme oferece algumas dificuldades, pelo ritmo e pela linguagem, ininteligível para os não iniciados.

Logo na primeira sequência, numa conversa de bar, Mark, o personagem central, e sua namorada Erica, estão falando de forma quase cifrada. Numa incrível velocidade, mudam de assunto, retornam ao tema e vão variando, mantendo, entretanto,um elo entre eles.

Os letreiros se sucedem de forma rápida, no rítmo das falas das personagens.

Ainda bem que passada esta sequencia, que ocorre antes mesmo da entrada dos créditos de elenco e equipe técnica, o ritmo arrefece um pouco e fica mais fácil acompanhar a história, exceto quanto a alternância das cenas das audiências judiciais, referentes aos dois processos enfrentados pelo Mark. Um movido pelo sócio brasileiro, de nome Eduardo Saverin (associei a Severino, para poder lembrar), passado para trás, e outro ajuizado por colegas de Havard, de quem teria “roubado” a idéia.

Se não se presta muita atenção, é fácil misturar os processos e não se saber a qual deles se refere a sequência de debates.

Em razão do acima exposto, a atenção fica concentrada todo o tempo, mas não chega a provocar dor de cabeça.

O Eduardo, com baixíssimo investimento, financiou o projeto (simples idéia) do Mark.

Os resultados falam por si. Os números são todos mega.

Mark, na vida real, foi eleito o Homem do Ano pela revista Time.

Tornou-se bilionário aos 20 anos, com uma idéia, surrupiada ou não, segundo avaliação de cada qual.

O filme deve abiscoitar alguns Oscars.

Se dividirmos as cifras envolvidas por um número formado pelo algarismo 1, seguido de vários zeros, chegaremos a um fato, também real, ocorrido aqui pertinho. Em minha própria casa. Apostando numa idéia de meu filho Ricardo, que tinha como cúmplice sua então namorada Erika (hoje casados), investi R$ 4.000,00. Com a adesão do outro filho – Jorge – ao projeto, dando ao mesmo outra dimensão, já recebi de volta, a título de dividendos, várias vezes o que investi.

Mais detalhes em www.tauvirtual.com.br

17 de dezembro de 2010

Aniversário do blog

Está completando um ano que este blog foi lançado no universo virtual, graças ao Bill. Temos que admitir que Mr. Gates, se não criou este universo, pelo menos deu-nos muletas para chegar a ele.

Temos que declarar, outrossim que, por vezes, os instrumentos que nos deu se transformam em problemas, em transtornos e nos deixam no meio do caminho. Mas sem eles seria impossível.

Durante este lapso de tempo falei muito de mim, minhas experiências, minhas aventuras e desventuras, minha família, antes e depois de mim e de trivialidades.

Falei mal (parcimoniosamente) e bem (raríssimamente) de políticos e magistrados.

Quando não falei de vivência pessoal e apenas comentei fatos, ainda assim me coloquei explicitando opinião.

Não poderão meus netos lamentar, como eu lamento muito, a falta de informações sobre avós e bisavós,  presentes em minha formação genética, moral e ética, e sobre os quais muito pouco sei.

Pretendo continuar contando casos e coisas, pois em 70 anos de vida acumulei muitas histórias, raivas, amor, frustrações, êxitos e saudade.

Que tenhamos todos um 2011 de paz, saúde e prosperidade.

Até breve. (isto é uma ameaça)

15 de dezembro de 2010

Micos II

Não chegou a ser um grande mico; contarei mais em função do contexto (personagens, empresas) do que da vergonha momentânea que passei.
Fui procurado pela Francisca, encarregada de arregimentar jovens executivos, fumantes, que constituiriam um painel de discussão, como parte do trabalho de pesquisa de mercado, na fase de pré-lançamento de uma nova marca de cigarros.

Eu era fumante, na época, habito que só abandonei em 1982.

Cheguei ao local combinado e me incorporei a um grupo que já estava sentado ao redor de uma mesa retangular. Seríamos oito participantes, no tal grupo de discussão.

Numa das cabeceiras, Mario Castelar*, meu amigo até hoje, para minha alegria, iria moderar os debates. Ele era expert na área de pesquisa de mercado, e estava vinculado a uma firma do ramo chamada Marplan, que por sua vez havia sido contratada pela Cia. de Cigarros Souza Cruz, dona da marca a ser lançada**.

Feitas as apresentações de praxe e explicada a mecânica do painel. Teve início a discussão.

Como eu era o primeiro à direita do moderador, e a palavra seria dada aos participantes obedecendo o sentido anti-horário, recebi dois maços de cigarros, no tamanho clássico.

Ao me entregar os dois maços o Castelar me pediu que dissesse qual a diferença, entre os dois, que me chamava a atenção desde logo.

Peguei os dois maços, olhei, olhei, girando-os nas mãos em busca de diferenças, e nada.

Depois de provavelmente um minuto, que pareceram uns dez, finalmente respondi: não vejo qualquer diferença. Silêncio absoluto. O moderador, me olhando fixamente, indagou: nenhuma mesmo? E eu, convicto, respondi que não.

OK, então passe os maços para o Fulano, que era o participante  logo a minha direita.

Mesma pergunta e o participante ao meu lado, sem vacilar, respondeu: um é marron e o outro verde.

Eu, daltônico, não consegui diferençar os dois maços pelas cores. Fiquei muito encabulado por não ter podido contribuir, pelo menos até aquele ponto, para o objetivo do painel. Pedi a palavra para justificar meu mico, explicando que tenho discromatopsia.

A discussão continuou, e quando foram abordados outros pontos pude participar com minhas opiniões.

O cigarro era o Richmond, e deveria ser posicionado no nicho acima do Luiz XV, por exemplo, outra marca já consagrada da empresa. Lembro bem que havia uma preocupação com o fato de que poderia haver dúvidas entre os consumidores, sobre a correta pronúncia do nome. Ao que alguém retrucou que o automóvel Galaxie (primeiro supercarro brasileiro), passou por esta prova, da pronúncia, sem maiores problemas, por causa do público a que se destinava. O nome Richmond pretendia fazer associação com a cidade do estado da Virgínia, onde era disputada uma prova clássica na época.

Enfim, o nome foi aprovado, a cor do maço escolhida foi o verde forte (bem escuro), o cigarro foi lançado e não aconteceu. Não sei quanto tempo ficou no mercado, pois eu mesmo nunca fui consumidor da marca. Mas durou pouco.

* também citado no post Mico, em 18 de novembro.

** Também participei do grupo que discutiu na fase de pré-lançamento da revista VEJA. Ter amigos bem posicionados, tem entre outras, a vantagem de propiciar oportunidades e experiências.

10 de dezembro de 2010

Os melhores do ano II

Tem um ditado popular que define bem minha situação: afobado come cru.

Açodadamente, arvorei-me em apontar os melhore filmes do ano, mês passado, no pressuposto de que dificilmente o ano ainda nos reservaria bons lançamentos.

Ledo engano.

Estão nas telas da cidade:  “José&Pilar” e “Você vai conhecer o Homem de seu Sonhos”.

O primeiro é um documentário sobre a vida e a obra de José Saramago, um dos maiores escritores em língua portuguesa de todos os tempos. O filme tem início quando Saramago escrevia seu penúltimo romance “O Caminho do Elefante”, que felizmente conseguiu concluir contra todos os prognósticos, em face de seu precário estado de saúde. E ainda escreveu “Caim”, na sequência, fechando com chave de ouro sua primorosa carreira literária.

O filme termina com o escritor acompanhado de sua mulher Pilar Del Rio (jornalista espanhola), no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, alguns dias após o lançamento do livro ( Caminho do Elefante) no Brasil.

O filme já seria imperdível pelo personagem retratado. Acontece que deve ter uma cena, segundo li em algum lugar (ainda não assisti), na qual o Saramago dá uma olhada de soslaio na bunda da própria mulher. Vou perder isto?

E o Woody Allen hein!? Depois de nos brindar com “Tudo Pode Dar Certo”, lançado este ano, volta às telas com realização mais recente, com o título de “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus sonhos”(You Will Meet a Tall Dark Stranger). Não importa se utiliza velhos clichês, como diz a crítica. E o molho à La Woody Allen, não conta? O tempero é o que o diferencia.

Estes dois, sem receio de errar, incluo na lista dos melhores filmes do ano, ainda mesmo sem tê-los assistido.

8 de dezembro de 2010

Inglaterra

As primeiras informações que tive sobre a Inglaterra, se me não falha a memória saturada, davam conta da pontualidade dos ingleses. Desde menino ouvia falar da pontualidade britânica.

A seguir tomei ciência da existência de um grande relógio, a que chamavam big ben e fazia parte da reputação de pontualidade. Desde que o vi, pela primeira vez, em foto de revista, passei a admirar aquele exemplar de relógio, que, ademais, fica num prédio imponente.

Com o tempo, e a cronologia a partir deste ponto não é seguida à risca, vieram as informações sobre Robin Hood, que na floresta de Sherwood, roubava dos ricos para dar aos pobres. Grande herói, representado nas telas pelo galã Errol Flynn. Tempos do Ricardo Coração de Leão, que me empolgou pelas histórias a seu respeito, principalmente como um dos líderes da 3ª Cruzada, a mais importante de tantas quantas foram organizadas.

E a Carta Magna e o João Sem Terra.

Já mais crescidinho, e nas aulas de história geral, aprendi sobre as infindáveis guerras contra a França, chamando minha atenção, em especial, a dos 100 anos. E foi aí neste momento que fiquei sabendo  que o padroeiro do país é São Jorge. Se já não bastassem os outros motivos, este, por si só, já me colocaria ao lado dos ingleses naquelas medievais e em quaisquer outras disputas.

Os Tudors, com Henrique VIII destacando-se como grande monarca que enfrentou a poderosa Igreja, e dela se afastou, criando o anglicanismo e fazendo-se chefe da nova religião, impressionou o adolescente. Do citado rei, vale lembrar, guardo na memória o fato de haver casado inúmeras vezes e de ter vivido muitos anos (no momento está sendo exibido um seriado sobre este período histórico), bem acima da expectativa de vida na época, sem contar as traições e assassinatos por envenenamento, que faziam com que a sucessão no trono ocorresse em curtos períodos de tempo.

Alguns anos mais tarde outro líder inglês chamou minha atenção e a do mundo, quando ao assumir as funções de premier disse nada mais ter a oferecer senão sangue, suor e lágrimas.

Os ônibus de dois andares, vermelhos como as cabines telefônicas me encantavam.

No terreno esportivo o Arsenal, de Londres, se destacava como uma das melhores equipe de futebol no mundo. E mais, veio ao Brasil para uma partida amistosa com o Vasco da Gama, que venceu com goal de Nestor. No longínquo 1949. Meu coração, até hoje, fica repartido entre estas duas equipes.

Ouvia falar, com certo encantamento, dos pubs e dos clubes fechados (only for men), com toda aquela tradição, pompa e circunstância.

Shakespeare era encenado em todo o mundo e alguns de seus personagens e seus bordões se popularizaram logo: to be or not to be?

Sonhava então em um dia ter um mordomo, que eu achava ser o sumo da sofisticação e elegância e seu nome seria Thomaz, numa homenagem ao homônimo, escritor e ex-chanceler do Henrique VIII, por uma associação de idéias. Era uma utopia eu um dia poder me dar ao luxo de ter um mordomo inglês. O motorista seria James.

O menino cresceu e um dia pode ir conferir, in loco, algumas das coisas atribuídas aos ingleses. Seus hábitos e tradições. Sua história.
Nâo precisei de mais do que um dia, para me certificar que a Inglaterra é o país e Londres a cidade onde moraria com o maior prazer.

Nem vou falar, porque seria covardia, de minha visita a Oxford.

Vou me limitar a dizer que no dia seguinte a minha chegada a cidade, como não poderia deixar de ser, resolvi remeter cartões postais para amigos e parentes. Comprados os postais e os selos, localizei a caixa coletora de correspondência numa esquina nas cercanias do hotel. Uma plaqueta presa na lateral chamou minha atenção. Apontava os horários de passagem das viaturas que recolhem a correpondência depositada na citada mail box. Eram 3 diferentes horários e um deles, o primeiro, apontava 9h:32seg. Ri comigo mesmo pela absurda precisão de 32 minutos e resolvi, como faltava pouco tempo, cerca de 20 minutos, esperar e conferir. Fomos, eu e minha mulher, para aproveitar o tempo faltante até as 9:32h, até uma  daquelas pequenas praças que são particulares, fechadas, e cuidadas e administradas como um condomínio por moradores do local. Um charme.

As 9:32, nós e a viatura dos correios chegamos até a esquina onde estava a caixa coletora. Tenho foto.

Preciso dizer mais alguma coisa? Para quem como eu é amante da pontualidade nos compromissos, como respeito às pessoas e como dever social, aquilo foi um prato cheio.

Poderia citar que lá se toma a verdadeira e incomparável Guiness, mas não o farei porque ela é irlandesa. Só está mais próxima.

Tenho uma nora que também gosta muito de Londres, cidade onde viveu por breve período, estudando. Se ela vier a visitar o blog e ler este post, é provável que meta a colher, porque quando falei aqui da derrubada das bananeiras, criticando, ela se manifestou. E, sendo o caso, poderá me corrigir ou reforçar minha opinião.

7 de dezembro de 2010

Argentinos

Senhoras e senhoritas, o assunto aqui hoje é futebol, se não gostam tentem outro blog.

Os argentinos, no Brasil e no mundo, estão brilhando. Messi é, inquestionavelmente, o melhor jogador do mundo, em atividade. É, depois de Pelé, o melhor que já surgiu no mundo do futebol. Eu o comparo a Maradona, seu patrício. Tem uma série de virtudes, tais como o incrível domínio de bola e a garra com que disputa cada lance. Para ele não tem bola perdida.Mas o que mais me impressiona é a sua objetividade. Não dá um só toque na bola que não tenha como finalidade manda-la ao goal, ou pessoalmente ou servindo a um companheiro em melhores condições. Não faz malabarismos, como fazem as focas amestradas conhecidas pelos nomes de Robinho e Ronaldinho Gaúcho, por exemplo.

Cada dribling do Messi tem como obejetivo leva-lo ao goal. Se me permitem a licença poética, o objetivo dele, no campo, é o goal. Nenhuma jogada é supérflua, desnecessária. Tudo que faz visa o objetivo que é a essência do jogo de futebol: botar a bola dentro das redes dos adversários. Não o chamo de fenômeno, para evitar comparações com o outro Ronaldo quem embora tendo este epíteto, mesmo no auge de sua carreira, não era tão completo. Nas jogadas aéreas, por exemplo, era um fracasso.

Se Messi brilha no cenário mundial, aqui no Brasil, outro bom jogador argentino, tem um futebol inversamente proporcional ao seu tamanho. Falo do Conca, que acaba de ser eleito o melhor jogador do campeonato brasileiro, ganhando mui merecidamente o troféu Bola de Ouro. Jamais perdoarei o idiota do Eurico Miranda, que não reteve este jogador no Vasco da Gama, que foi seu primeiro clube no Brasil.

Além do citado Conca, dois outros argentinos brilharam neste último campeonato nacional: Montillo, do Cruzeiro, e D’Alessandro, do Internacional. Numa hipotética seleção dos melhores do campeonato, os três estariam na escalação.

Não é de hoje que os argentinos me encantam. Lembro do Di Stefano que juntamente com o brasileiro Zizinho eram, até surgir o gênio Pelé, os dois maiores jogadores que vira jogar. Então o que temos? Messi, argentino na Espanha, melhor do mundo e Conca, argentino no Rio de Janeiro, melhor do Brasil.

Quem me conhece de perto, sabe que da argentina reverencio o futebol, as mulheres, os Malbec e os tangos.

Para encerrar este post dedicado aos talentos argentinos, que no momento se destacam no Brasil e no mundo, vou contar um caso verídico, mas que parece piada. Principalmente por envolver um português.

Manoel Joaquim Lopes era o presidente do Vasco da Gama, na década de 1960. O Vasco promoveu, num evento festivo, uma visita do Benfica, então maior clube português, para uma partida amistosa. Para valorizar a importância do clube português e a relevância de sua vinda ao Brasil, o citado Manoel Joaquim Lopes afirmou para os jornalistas que se tratava do maior time do mundo. Ora, ele presidia o Vasco, e já dissera em outras entrevistas se tratar do maior time do mundo.

Deu-se então que quando fez a afirmativa de que o Benfica era o maior do mundo, um repórter comentou, “mas presidente o senhor já disse que o Vasco é o maior time do mundo.” O Lopes saiu-se com a seguinte pérola: “pois!, o Benfica é o maior do mundo em Portugal e o Vasco o maior do mundo no Brasil”

Juro que não é piada.

2 de dezembro de 2010

Raízes

Tenho raízes na comuna de Tramutola, que pertence à província de Potenza, capital da Basilicata. Segundo consta, os Carranos (do meu ramo) são de lá. Muito chiques, temos até brazão. Quem entra em meu website (http://www.carrano.adv.com.br/) encontra o dito brazão e correndo o cursor do mouse sobre o mesmo, sabe mais detalhes.

Um primo, Pedro Henrique, fez um belo trabalho de pesquisa e com o título de “Encontro com os Ancestrais” publicou a origem histórica da família, remontando ao início do século XVI. Na rede tem trechos do aludido livro. Em Tamutola nasceu meu bisavô, Carlo Michele Carrano, que veio para o Brasil e se fixou na cidade de Piraí. O processo de inventário dele é documento histórico do município e está arquivado na prefeitura. O filho dele, meu avô, José Carrano y Segovia, dá nome a uma rua na cidade de São Gonçalo.

Mas uma porção de meu sangue, vem da península ibérica, de Portugal, mais precisamente da cidade de Vizeu, pronunciado por minha avó materna, que lá nasceu, como Vigeu. Fica no distrito de mesmo nome, na região de Trás-os –Montes.

Hoje a cidade é referência vinícola, pois lá estão localizadas algumas quintas importantes. Quando minha avó deixou a cidade, as plantações importantes eram de castanhas.

Lembro perfeitamente que certa feita, relatando como era sua casa e sua vida por lá, ela me disse: "M’o neto, ainda hás de lá ire, para ver como andam os castanheiros que por lá deixei."*
Eu tinha algo como 9 anos de idade. E a previsão que ela fez ainda não se concretizou. Já estive por perto.

O pai dela, meu bisavô, segundo relatava, era “construtor”. Com boa reputação profissional. Fazia casas predominantemente de pedras. Esta avó, de nome Ana, teve e criou, seis filhas e um filho, de dois casamentos.

Já a outra avó, do ramal paterno, era bem brasileira. Chamava-se Etelvina, e nasceu em  Campos, cidade de origem de seus ancestrais.

Este fato, se aprofundado, me levaria a uma senzala ou a uma tribo, quem sabe dos Goytacazes.

Fernando Henrique Cardoso já asseverou que os brasileiros temos um pé na cozinha. No meu caso os indícios, como se vê, são consistentes.

* Outras expressões comumente usadas por minha avó, ainda estão na minha memória e ouvidos. Eu gostava sobretudo do : "anda cá ao pé de mim", quando me queria por perto. Usava muito ,também, a palavara consoante, com significado de conforme, mas pronunciado de forma peculiar, qualquer coisa como "cons'ante". E as comidas típicas? Um dia falo delas.