Em fevereiro do ano passado relatei uma caminhada, no
calçadão de Icarai/Flechas, quando constatei duas coisas curiosas.
(http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/02/caminhada-na-praia-com-pombos-e.html)
A primeira, a grande quantidade de pombos, na areia, em busca
de alimentação. Parece que as pessoas, agora mais conscientes, resolveram parar
de alimentar os pombos nas praças e nos peitoris das janelas.
A solução, ou uma delas, encontrada por esta ave de vida
urbana, foi procurar o litoral em busca de alimentos (sedimentos, pequenos resíduos) trazidos pelas ondas e depositados nas areias.
A segundo, mais surpreendente, foi a existência de tartarugas
vivendo nesta baia poluída. O habitat fica num ponto próximo à Pedra de
Itapuca, no trecho em que o calçadão se alarga, bem na divisa entre as praias
João Caetano (Flechas) e Av.Jornalista Alberto F. Torres (Icarai).
No local existem bancos de madeira onde é possível pegar um
solzinho e apreciar a baia, tendo o Rio de Janeiro como pano de fundo. Se a
manhã está clara, como são as de outono, divisa-se perfeitamente os contornos dos
prédios e dá para ver nitidamente os morros do Rio. Pão de Açúcar e Corcovado inclusive.
No domingo passado sentamos, eu e Wanda, alguns minutos para apreciar a paisagem. Havia um sol bonito. E não é que
estavam lá as tartarugas. Ou seja, não foi um caso isolado e episódico a
presença delas bem ali, quase junto ao calçadão, há pouco mais de um ano.
Pedra do Índio |
Os mais jovens pensam que Canto do Rio é apenas o clube da
cidade que até já disputou o campeonato carioca de futebol. Mas na verdade o
finzinho da Praia de Icaraí, quando a faixa de areia é interrompida pois
esbarra no morro onde existe a Estrada Fróes, em direção a São Francisco, que
já perdeu o Saco faz tampo, aquele trecho onde já houve até um bar funcionando
entre as duas pistas, como se fosse uma ilha, chama-se Canto do Rio.
Havia um bonde que circulava com este nome. Era uma linha que,
como todas as demais, iniciava seu percurso na Praça Araribóia, então
denominada Praça Martim Afonso e percorria toda a orla de Icarai.
Boto saltando |
Como sabem os botos são na verdade golfinhos. Dóceis e
sociáveis, que adoravam acompanhar as
barcas e lanchas que faziam a travessia Rio- Niterói, em priscas eras, quando eu,
morador de Niterói, trabalhava do outra lado da baia.
Pedra de Itrapuca |
E de quebra, se calhar, o que é bastante comum também, irá apreciar os assaltos das tainhas, que alcançam mais de 30 cm, acima do mar.
O que dizer sobre o programa de despoluição da Guanabara,
quando vemos nos telejornais aquela imensa quantidade de detritos, objetos em geral, plásticos, e esgoto despejado em quantidade assustadora?
Se os botos e as tartarugas, além das cocorocas fisgadas
pelos pescadores amadores de Icaraí estão sobrevivendo aos 18.400 litros de esgoto não tratado, despejados por segundo na baia, imaginem se realmente o
programa fosse levado a sério e as pessoas que moram nas margens dos rios que
desembocam na baia deixassem de despejar seus lixos nos riachos.
Aconteceria aqui o que os londrinos conseguiram com o Tâmisa,
que de esgoto a céu aberto, durante muito tempo, agora abriga mais de uma
centena de espécies de peixes, inclusive salmão, que como sabemos é muito
sensível à poluição.
Tâmisa com a Torre de Londres |
Depois de ler matéria sobre poluição na Baia de Guanabara e ver foto reveladora de um cenário de sujeira, num local denominado "Buraco do Boi", fui ao Google para localizar onde fica o tal trecho da baia, em Niterói, e encontrei a foto que ilustra a matéria. Ei-la abaixo:
(foto de Custódio Coimbra, em https://www.google.com.br/search?q=buraco+do+boi+em+niter%C3%B3i&newwindow=1&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=yM4AVJCBD8O1ogSNnYDYAQ&ved=0CCsQsAQ&biw=1242&bih=567)
As Olimpíadas estão chegando (2016) e esperemos que as provas que
serão realizadas na Baia de Guanabara não sejam motivo de mais uma vergonha
nacional, frente ao resto do mundo.
Imagens: Google