31 de janeiro de 2018

Gabeira, século XXI

Confesso que aderi ao grupo dos que o chamavam de viado. Claro, usar uma sunga de crochê e ainda por cima lilás. Convenhamos que nos anos 80 só poderia ser coisa de bicha. 
http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/a-tanga-de-croche-de-fernando-gabeira-marca-comportamento-dos-anos-80-9224227

Antes, no tempo em que era guerrilheiro, ativo ou da logística, pouco importa, para mim Fernando Gabeira era um criminoso.

Cárcere privado, fruto de sequestro, é um dos crimes mais perversos. Ultrapassa a pessoa da vitima e atinge dolorosamente toda sua família. A incerteza se será liberado, e vivo; se esta sendo alimentado e tomando os remédios por vezes de uso contínuo e obrigatório, Enfim, deve ser muito angustiante para os familiares.

Pois ele - Gabeira - fazia parte do grupo que sequestrou um embaixador americano. Ousadia das grandes.

Tiveram que se exilar no exterior: Chile, Suécia, e outros lugares que os abrigaram.


Com a anista retornaram ao país. Alguns chegaram com os mesmos sonhos/ideais, que possuíam antes. Sonhos deles e pesadelo para a sociedade brasileira, com certeza.

Ao longo do tempo Gabeira metamorfoseou. Agora jornalista, escritor, político, aparentemente deu uma boa guinada. 

Tão explícita que já dá para ler suas colunas semanais em O Globo. O mais das vezes com análises equilibradas, bem articuladas.




Na coluna de domingo, dia 28 de janeiro de 2018, comentando o resultado do julgamento de Lula no TRF 4,  ao tempo em que critica alguns analistas políticos e repórteres que faziam a cobertura, fez uma observação tão aguda quanto óbvia, se estivéssemos em um pais onde as instituições são respeitadas e se fazem respeitar. Coloco aí o STF.

Com ironia, sarcasmo ou simplesmente obviedade,  afirma que para ele uma pessoa condenada a 12 anos de cadeia tem um destino muito bem definido.

Isto em contraponto a algumas observações de comentaristas de que a condenação deixou o destino eleitoral de Lula indefinido. 

Só na cabeça destes analistas comprometidos ideologicamente ou desprovidos de bom senso e lógica. Com muito receio acrescento que também (Vade retro!) em algumas cabeças coroadas de nosso Judiciário.

O futuro nos dirá.


Notas do autor: Ver mais em

30 de janeiro de 2018

Estamos em guerra, é só admitir

Passaram de uma centena as mortes de policiais militares no Estado do Rio, no ano passado. Este ano, ainda nem terminado o primeiro mês, já passam de uma dezena os policias mortos.

Homenagem em sepultamento.  

Assassinados em combates com traficantes em sua maioria. Não divulgam, ou não vi, as estatísticas sobre marginais mortos por policiais em confrontos.

Aposto meus colhões, que ainda prezo muito, inobstante o desgaste pelo tempo de atividade metabólica, que o número de bandidos mortos é bem inferior ao de policias.

Seria muito melhor para a sociedade que as manchetes estampassem, diariamente: “Dez bandidos mortos no dia de hoje.”

E ainda assim levaríamos alguns anos para acabar com eles. Porque eles se proliferam como cogumelos, de forma espontânea. Alastram-se como erva daninha, contaminando as comunidades periféricas e os morros da cidade.

E não será com os meios ora empregados de combate a criminalidade que obteremos um resultado satisfatório.

Precisamos admitir que estamos vivendo num estado de  guerra civil. E se é guerra, precisamos agir como se age numa guerra, sem contemplação com o “inimigo”. Inclusive com suspensão de algumas garantias individuais.

Moradores reclamam contra invasão de suas casas, mas não admitem que são obrigados a acoitar bandidos, dar-lhes  abrigo, para que fiquem a salvo das incursões da polícia. E nem sempre são “obrigados”.

Não há gente honesta, decente e trabalhadora nas comunidades carentes? Claro que há, mas precisariam colaborar denunciando e, principalmente, protegendo seus filhos das influências e das seduções da marginalidade.

A Globo, em suas produções, o mais das vezes glamouriza bandidos e dá-lhes  protagonismo. A teledramaturgia, mesmo na ficção, é um espelho da sociedade, sim, mas é preciso ser exibida sempre de forma a valorizar as forças do bem, aquelas que se arriscam para nos proteger. Bandido não pode ser herói. Nem mesmo  Robin Hood.

Errol Flynn, como Robin Hood

Roubar para distribuir com pobres também é condenável. Esta visão romântica, e por vezes hipócrita, é que nos deixa longe de soluções. Tolerância zero não é admitida pela maior parte da população.

Querem exemplos? O que acontece quando a fiscalização tenta apreender mercadoria geralmente de origem criminosa (roubo e contrabando)? Os transeuntes iniciam protestos a favor do camelô, do tipo: "coitado está trabalhando."

O outro rouba no supermercado e a notícia veiculada é: “furtou para comer”.

Não se podem tolerar pequenos delitos. Você levaria para casa um encantador filhote de urso? Ele cresce não é? A impunidade aumenta a atividade criminosa, em número e em audácia.

Para amenizar a crueza e o veneno destilado no texto, encerro com uma piada a respeito de guerra, ou melhor, da expressão guerra é guerra, que justifica todos os atos  reputados inadequados ou condenáveis politicamente.

Consta que numa pequena cidade tomada por tropas inimigas, um soldado agarra a força uma velhinha e tenta estupra-la. Um sargento presenciando o fato grita e repreende o soldado: “largue a velhinha, não se envergonha?”

Ao que a velhinha, carcomida, poucos dentes e fala fraca retruca: “deixe ficar sargento, afinal guerra é guerra.”

Por que não admitir e declarar que estamos em guerra contra traficantes de drogas e armas, contra assaltantes de cargas e caixas de bancos?

Rudolph Giuliani

E como consequência empregar medidas de exceção, tipo “olho por olho, dente por dente”.

Tolerância zero foi um bom nome adotado pelo prefeito nova-iorquino.

28 de janeiro de 2018

De crenças ...




Por
RIVA









Uma leitura sobre o diálogo (aberto e sincero) entre um historiador ateu, intelectual público capaz de ver a poesia e a beleza das religiões, e um padre que crê, mas que como Jesus, dizem (sic), contempla a humanidade do pecador, e que não se encastela na torre inexpugnável e hermética da virtude como ponto de julgamento do mundo. Uma leitura sobre o diálogo entre Leandro Karnal e o Pde. Fábio de Melo intitulado CRER ou NÃO CRER, à disposição nas livrarias – abreviarei-os por LK e FM.




No meu post vou apenas destacar tudo que marquei na leitura desse livro, com  alguns comentários ao final (na verdade o objetivo mesmo é que cada um expressasse o que pensa sobre cada anotação).

Sim, como já escrevi anteriormente, ainda não abro mão dos livros tradicionais em papel (a Mãe Natureza que me perdoe), gosto de folhear, rabiscar, marcar passagens, fazer anotações nas inexplicáveis últimas páginas em branco para pesquisas posteriores, gosto de cheirar os livros. E se não existe possibilidade de releitura ou empréstimos, esqueço-os nas poltronas dos ônibus e catamarãs, com um bilhete desejando uma boa leitura.

Vamos aos destaques :

LK : Parece que Deus fala exatamente o que as pessoas querem ouvir... e o mesmo fazem seus emissários.

FM : Tenho dificuldade em acreditar em um Deus que negocie favores. Alguém promete que atravessará uma passarela de joelhos para que Deus lhe conceda um favor. Há um equívoco por trás dessa compreensão.



LK : Jesus é legal, o que ferra tudo é o fã-clube.

FM : Por que a a fé não aceita o silêncio ? É uma característica do Ocidente ? Não há necessidade de falar, fazer pregações. Seria mais honesto ensinar a reverência, a contemplação.

LK : Quando passei por uma situação de risco de morte, fiquei curioso se eu apelaria para uma oração.. Não aconteceu. Quando vi meu pai num caixão, também imaginei que seria um momento no qual a fé poderia tentar voltar, como memória daquele homem tão católico que eu amava. Não rezei e tive a certeza de que ali acabava tudo. Meu pai existiria apenas em fotos e na lembrança do bem que fez.

LK : Padres quase sempre viram pessoas ressentidas, amargas e sem alegria interna.

FM :Concordo com você sobre isso ... frequentei o meio acadêmico e a desilusão que vi por lá é muito semelhante à que vi nos bastidores da Igreja. O amargor quando revestido de arrogância amarga ainda mais.

Pio IX
LK : Uma pessoa célebre disse certa vez : “Eu sou tão católica que em outra encarnação devo ter sido freira”. Ou seja, ela se anuncia católica e esquece que a reencarnação é definida como heresia desde o Papa Pio IX.

FM : Sim, crer na reencarnação é um obstáculo à crença na ressurreição. Não é possível ser católico e kardecista. É um ou outro !

FM : Eu n nunca me senti atraído pela idéia de um Deus atrás de um balcão negociando milagres. Acreditar que Deus necessite de nosso sacrifício voluntário para nos conceder graças é no mínimo atribuir a Ele um desequilíbrio emocional.

LK : O Nélson Rodrigues falava que, quando um imbecil se acha solitário, ele sai à rua e encontra outro idiota. Como não estava mais sozinho, ele passava a se perceber como maioria.

FM : Eu creio na proteção divina, mas olho para os dois lados antes de atravessar a rua. Eu não preciso abrir mão da minha inteligência para crer como creio. E, quando me deparo com algum aspecto que considero nebuloso, eu optp por contemplar, em vez de responder. Se um dia o esclarecimento chegar, tudo bem ; se não, sem problemas, sigo assim mesmo, pois eu já tenho o essencial.

Céu
FM : De vez em quando alguém me pergunta : “Como é o céu, padre?”. Honestamente eu respondo : “Não sei, querido, porque eu ainda não morri. Estou na mesma situação que você, sem saber como é.”

FM : sobre o CD de poemas da Adélia Prado, que é um registro do livro Oráculos de maio ..... aquilo me arrebata sempre que ouço. Eu não sei explicar, mas sou assim desde menino, a arte me toca profundamente. As paredes me falavam mais sobre Deus do que as pregações dos padres. O órgão, a música, tudo sensibilizava minha alma. A música me ajudou muito. Já quebrei muitas vezes a dureza da realidade com a música. E preciso sensibilizar minha alma diariamente. Sou assim, faz parte da minha constituição humana a necessidade de buscar o que me toca, me emociona.


Adélia Prado

FM : Às vezes, por necessidade pastoral, tornamos a missa um acontecimento duro, didático, cansativo. Sobra pouco espaço para o silêncio. Abandonamos muito da simbologia tradicional. Quisemos ser modernos, mas não medimos as consequências ou o prejuízo que essa decisão poderia trazer.

LK : Sartre disse que o judeu é uma invenção do antissemita. O herege é uma invenção do ortodoxo. O que significa isso ? A cultura dominante determina numericamente, o mainstream estabelece o espaço e o gueto em que o outro vai ter que se enquadrar.

LK : “Se você é ateia, o que vai fazer se tiver câncer?”. “Vou fazer quimioterapia.” “ Mas, e se não der certo?”. “Eu vou morrer como a senhora.” Enfim, quando a morte for, eu não serei ; enquanto eu for, a morte não será.

LK : Como diz Fernando Pessoa num lindo poema, se quiser se matar, se mate. Tens medo do desconhecido ? Ninguém conhece nada (risos). Achas que vais fazer falta ? Duas vezes por ano, aniversário de vida e aniversário de morte, e cada vez menos. Então se quiser se matar, se mate !

FM : Luto para ser cristão, diariamente. A vida cristã me oferece um amparo existencial diante da impermanência das coisas. Esse amparo me chega pela mística do desprendimento. A morte me faz inevitavelmente pensar nas pretensões que carrego. E assim ela pode me simplificar. Vivo morrendo, mas sob a dinâmica da ressurreição. Do wu que sou nascem outros. Eu lido com aquilo que é permanente em mim, mas o tempo todo eu preciso experimentar a impermanência do permanente. Eu antecipo o meu morrer quando morre alguém próximo de mim.

FM : Acho o velório um acontecimento absolutamente mórbido. Expor um corpo em sua indigência final pode nos dificultar uma visão positiva da morte.

LK : Mas curiosamente foi essa “piedade barroca” que produziu em Évora, na Capela dos Ossos , a célebre inscrição “Nós, ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos.”

FM : Mia Couto diz que “morto amado nunca para de morre.”  É verdade. O amor nos coloca na dinâmica de um morrer que nunca termina. Nem tudo pode ser sepultado. Fica eternamente em nós. Fica vida na expressão da memória, mas também fica morte. Na morte do outro, morremmos também. Quanto do outro que morreu está morrendo também em mim ? Interessante pensar sobre essa abrangência da morte.

LK : Nós não vemos nenhumdocumento absoluto de que Jesus tenha existido historicamente, fora os Evangelhos e uma passagem muito obscura – e de provável inserção posterior – no Flávio Josefo.

Sobre a imagem de Michelangelo no teto da Capela Sistina, de Deus criando o homem :

LK : Os dedos não se tocam. Adão estica a mão e ... para o religioso que vê da direita para a esquerda, é Deus criando o homem. FM : E o historiador vê da esquerda para a direita, o homem criando Deus.

FM : Somos afeitos às questões humanas. Não fugimos dos desconfortos que elas nos provocam.

Comentário final : um diálogo muito interessante. Recomendo para quem quiser a leitura completa, para muita reflexão, debate, mas com certeza sem conclusões sobre certo e errado. Isso não existe. O que existe é o que conforta cada um de nós. Cada um é cada um, como disse recentemente o falecido Chorão, vocalista da banda Charlie Brown.

Para quem quiser, o Pub está aberto, sem horário para fechar. “James, mais um por favor.”




Nota do editor: este blog tem um nome, digamos, mal comparando, uma razão social (Generalidades especializadas), mas tem um nome fantasia, criado no decurso do tempo através de um debate entre os frequentadores/debatedores mais assíduos. O nome fantasia é "Pub da Berê", daí porque o autor da postagem o menciona no último parágrafo. James é o nosso garçom. Alguns o tratam por Jimmy.


27 de janeiro de 2018

Metendo o bedelho e dando pitacos


DEFESA DE LULA
       1)  Estratégia
           2) Quem paga?

Não atuo na área criminal. Melhor dizendo, sem talento e sem vocação para defender criminoso, nunca me aventurei no ramo do Direito Penal. Nomes como Ferri (Enrico) e Carrara (Francesco), ficaram na minha memória porque foram exaustivamente citados pelo prof. Álvaro Sardinha, professor da matéria na UFF, ao tempo em que me graduei bacharel.

Mas não me lembro de suas teorias ou princípios. Evandro Lins e Silva e Heleno Fragoso, todo mundo ouviu falar e eu também. Assim como Romeiro Neto (João) que foi uma referência no campo criminal, acusando e defendendo.

Pronto, esgotei meus conhecimentos e noções a respeito do tema.

Então, como mero palpiteiro, com todas vênias devidas ao ilustre causídico que comanda a defesa do ex-presidente, diria que jamais adotaria a estratégia por ele concebida e levada a cabo, de tentar desqualificar o Ministério Público Federal, o Magistrado de primeiro grau e até mesmo os Desembargadores que compõem o TRF 4 e que julgaram o processo em segunda instância.

Confrontar, abrir briga direta e explícita contra Magistrados, não me parece um bom caminho.

Já me insurgi (no cível) contra despachos e até sentenças equivocadas, a meu juízo, interpondo os recursos cabíveis, mas sempre com o cuidado de não personalizar a discordância, de não colocar em dúvida a cultura jurídica e a idoneidade do Juiz. Meia dúzia de “concessa maxima venia” e referência ao “MM. Juízo” permitem vergastar decisões contrária aos nossos interesses, sem melindrar, sem deixar em cheque  o Juiz.

O grande charme do Direito, enquanto ciência, é a hermenêutica, a exegese. Portanto podem haver discordâncias interpretativas. Entre ministros, no STF, ocorrem com frequência.

A postura do Dr. Zanin, tentando, nas audiências, desestabilizar emocionalmente o Dr. Sergio Moro, e tira-lo do sério, a par de não produzir o efeito desejado resultou em perda do foco dos pontos fortes, digamos assim, da defesa. Se é que havia pontos fortes, mas presumindo que sim.

Outra questão que me intriga é quem está bancando as despesas, e garanto que não são poucas, da defesa de Lula?

Deslocamentos, por via aérea, entre as idades de São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, hospedagem nas cidades fora de São Paulo, transporte urbano, refeições. E são vários os advogados, sem contar o staff.

A julgar pelo noticiário, até agora foram dezenas, muitas, de recursos os mais diversos, nos diferentes graus de jurisdição. Produzir este petitório todo e produzir as provas necessárias para instrui-las custa dinheiro. Poderemos conjecturar que atingiriam a casa dos milhões.

Seria uma cortesia, uma gentileza, um favor, do renomado escritório “Teixeira,Martins Advogados”?
 ( http://www.teixeiramartins.com.br/site2/pt/ )

Ou seria uma contrapartida por favores recebidos ou a receber do ex-presidente? Ou Lula tem acumulados muitos milhões de dólares e  euros no exterior? Ele está sendo investigados em outros processos por corrupção.

Um advogado “engomadinho”, que é segundo a revista VEJA como Lula se referia ao seu advogado (vejam abaixo), custa muito dinheiro. Quem está pagando tudo isso?

Trecho de matéria da supramencionada revista semanal, e a seguir o link para a íntegra:

“Até os idos de 2013, quando começou a advogar para a família Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins era mais um entre centenas de advogados endinheirados de São Paulo a usar ternos Ricardo Almeida com abotoaduras e circular em carros importados pelas ruas dos Jardins. “Engomadinho demais”, dizia Lula sempre que Roberto Teixeira — seu compadre e hoje parceiro de acusações na Lava-Jato — indicava Zanin como interlocutor para algum assunto jurídico. O primeiro caso importante que ele assumiu na família foi o episódio do passaporte diplomático concedido a Luís Cláudio Lula da Silva, o filho caçula do ex-presi­dente, em 2013. A posse indevida de passaportes diplomáticos era, até então, o caso judicial mais ruidoso a rondar o clã.




Notas: 

1) Iniciei o post mencionando que não tenho talento para defender criminoso. Bem, há um outro motivo, pois é assim que muitas pessoas enxergam os criminalistas: "são bandidos que estão de nosso lado". Sim, exceções confirmam a regra.

2) Outro link com matérias sobre o advogado.


http://www.imprensaviva.com/2017/02/voce-sabia-cristiano-zanin-o-advogado.html

25 de janeiro de 2018

Lula condenado - parte II

Não param de chegar fotomontagens, piadas, charges, cartuns, etc. sobre a confirmação da sentença condenatória de Lula.

Por isso, publico uma parte II, da postagem que está em 








Abaixo espaço reservado para as próximas que cheguem na CP do blog.



















Sol nascente





Está tímido, ainda, na linha do horizonte. Mas a esperança, que segundo o filósofo é o sonho de quem está acordado, é bastante grande.

Afinal, com Lula quase alijado da disputa eleitoral; com Eurico Miranda fora da presidência do Vasco;  e Cristiane Brasil impedida de ser empossada, são boas as perspectivas para este ano.




24 de janeiro de 2018

Edição extraordinária - Lula condenado

O brasileiro é espirituoso, extremamente criativo e rápido no gatilho.

Antes da 21 horas já entravam em minha caixa postal as imagens publicadas:













Natureza

Como consequência do post anterior, tendo sofrido alguns questionamentos (in off), avançando em minhas reflexões chego a conclusão de que algumas pessoas se colocam fora da natureza, como se não fizessem parte da mesma.

O fato de termos um cérebro um pouco mais complexo e desenvolvido, não nos coloca acima e além das regras da natureza, tornando-nos meros expectadores. 

Não chega a dois por cento a diferença entre nosso DNA e o dos chimpanzés. E isso, pergunto, durante quanto tempo mais?


Nós, humanos, poderemos desenvolver uma calda, e de novo voltarmos às árvores. A natureza poderia operar isso de algumas formas. Mas a provável, em meus devaneios, seria a colisão do planeta com um enorme meteoro.

E teríamos o destino dos dinossauros, tendo que evoluir de novo, da estaca zero. Talvez por outros meios e motivos.

Somos inteligentes e nos jactamos de saber controlar a natureza e até modifica-la, através da genética.

Isso porque ela - natureza - nos permitiu a evolução/adaptação, até o estágio atual. Que não é definitivo. Ou será? Vamos estacionar neste ponto evolutivo?

Quem assiste Animal Planet, ou outros canais de programação similar, sabe que no reino animal outras espécies são capazes de coisas fora de nosso alcance, com toda evolução que conseguimos. Em especial nos sentidos.

Avalanches de neve, tsunamis, vulcões em erupção, aumento da temperatura do planeta, ainda são incontroláveis, como foi a era glacial.

Podemos muito pouco e o mais prudente seria aprendermos a conviver com as regras da natureza.

E principalmente não afrontá-la com atitudes tolas sem qualquer relevância para o destino de nosso planeta e do universo.

Exemplos? Proteger de fratura uma rocha onde por meios naturais brotou e cresceu uma espécie vegetal (vide https://jorgecarrano.blogspot.com.br/2018/01/e-pau-e-pedra.html)


Mandar "limpar" a árvore onde vivem algumas "ervas de passarinho", que chamamos de pragas, algumas das quais produzem substâncias capazes de curar várias doenças.


A maioria das orquídeas, coitadas, seriam condenadas, porque vivem como parasitas.

Deixemos em paz o reino vegetal, as espécies se entendem. E se não convivem harmoniosamente, excepcionalmente,  é porque a lei é esta mesma. Como entre os animais, o destino de uns é alimentar outros.


21 de janeiro de 2018

É pau, é pedra ...

Pedindo licença ao festejado dramaturgo, cronista e jornalista Nelson Rodrigues, diria que até as pedras que compõem o calçadão de Icaraí já sabem e se acostumaram com minhas caminhadas.

Por vezes sozinho, mas geralmente acompanhado. Nesta cujo episódio vou narrar, estava acompanhado de meu filho Ricardo.

Paramos para a água de coco. Ouço o dono, mal-humorado, o de folhas e alguns pedúnculos de flores das amendoeiras sobre a cobertura do quiosque: “amendoeiras aqui são um absurdo, deveriam plantar coqueiros como no nordeste. Todo dia cai alguma coisa e tenho que limpar.”

Ora vejam só, ao invés de ser grato pela localização de seu quiosque ser debaixo da amendoeira, o que lhe garante sombra e frescor, fica maldizendo a árvore.

Árvore que já estava ali muito antes dele pensar em ter ali um ponto de venda de água de coco, o que por si já é uma privilégio, negado a muitos outros. Ademais disto as amendoeiras conferem à orla um charme especial, com o qual nós moradores nos acostumamos e valorizamos.

Ignora por completo o “quiosqueiro” que as praias do nordeste, e outras paradisíacas mundo afora, têm coqueiros por obra e graça da natureza. As correntes marítimas se encarregam do trabalho.

Contestei a opinião dele por força do hábito, mas tinha assuntos mais relevantes a conversar com meu filho e atalhei o assunto indo sentar para beber em paz a água do coco, geladinha e refrescante. Além de absolutamente saudável.

E como um assunto em geral puxa outro, por falar em natureza, uma das minhas muitas idiossincrasias é o respeito e o amor a natureza.

Ateu não praticante, se fosse o caso de escolher uma divindade para adorar, seria a natureza.

Se o Deus bíblico é onipresente, a natureza também é. Suas regras são tão ininteligíveis quanto as de Deus. Afinal se Ele escreve certo por linhas tortas, a natureza destrói com vulcões, tsunamis e outras manifestações incontroláveis, mas que também conduzem à evolução, de um modo ou outro.

Suas regras são engenhosas, com mutações e adaptações/evoluções frequentes que estão em sua essência, para não escrever em sua natureza.

E não é que um ambientalista destes xiítas faz um comentário e pede uma providência contra um ato espontâneo (perdão pela redundância) da natureza?  Escrevo ambientalista por não lembrar exatamente o que o faz na vida o inconformado com manifestações da natureza.

Seria botânico, engenheiro florestal, geólogo, ou o quê? Algo do gênero para se outorgar o direito de fazer recomendações à administração municipal. Poderia ser um mero palpiteiro, mas se bem me lembro da matéria publicada, trata-se de alguém com um canudo de papel.

Pedra de Itapuca, com Icarai ao fundo
Mas vamos aos fatos. Sabemos todos que as pedras de Itapuca e do Índio, entre Icaraí e Flexas (sic), eram referências, símbolos da cidade, antes da inauguração do MAC, na Boa Viagem.

Não é que nasceu e vem se desenvolvendo um arbusto da pedra de Itapuca.  Ora, brotar e crescer sobre uma pedra, não é coisa para qualquer espécie vegetal.

Arbusto na pedra de Itapuca, visto de frente
O mencionado “profissional” acha que são necessárias providências porque o tipo de rocha, assim ou assado, poderá sofrer fratura, comprometendo sua integridade.

Não é muita falta do que fazer não? E ainda exigir da municipalidade que deixe de lado outras intervenções,  estas sim importantes, para agir na disputa entre uma rocha (pedra) e um arbusto?

E aí chego ao seguinte ponto: cabe valorizar se a preservação da pedra é mais importante do que a vida do arbusto? Ele quer que seja cortada a pequena árvore, um ser vivo, em prol da pedra inanimada?

E por derradeiro, será que ele tem uma sugestão para evitar a erosão provocada pela ação mecânica  do movimento do mar (ondas) e do vento (eólica)? 

Este desgaste natural, a erosão provocada pelos fatores mencionados - ventos e ondas do mar - foi responsável pela descaracterização da vizinha Pedra do Índio, que hoje não nos remete à imagem do perfil de um índio, como no passado mais remoto, quando foi batizada.

  

Nota do autor: Icaraí, Flexas e Boa Viagem são praias contíguas em Niterói. E MAC é o Museu de Arte Contemporânea. 

É pau, é pedra, são as palavras iniciais da antológica "Água de março", do Tom Jobim. Apropriadas no caso colocado no texto.

18 de janeiro de 2018

De músico, poeta e louco ...




Por
Ana Maria Carrano




Sinto que o tempo vai...
O relógio da vida está marcando 
de forma regressiva, e se esvai
o pouco que decerto esta faltando.

Não sei se o que vivi foi relevante, 
se cumpri a missão que me cabia.
Nada fiz grandioso ou importante
e errei todos os erros que podia.

Hoje vejo que o tempo está escasso
para as faltas cometidas resgatar, 
pois tantos desacertos ainda faço

E assim, só me resta na verdade, 
esgotar cada instante que restar, 
seguindo em busca da felicidade.


Nota do blogueiro: minha irmã, autora do (soneto?), é uma das pessoas, de minhas relações, que mais leu (agora um pouco menos). 
Por conta disso, e da vocação inata,  tem o melhor texto da família.
Em tempos idos, escreveu peça teatral (encenada no Municipal de Niterói).
Fez palestras e lecionou.
Foi  reticente ao autorizar a publicação, estranhando o fato de eu haver guardado o texto que julga pobre (modéstia, não é ?).
                     

14 de janeiro de 2018

Never say never

Tentarei responder ao caro amigo/cliente/seguidor do blog e colaborador bissexto do mesmo; and last but not least, o último dos frequentadores do Pub virtual em que idealizamos transformar este espaço onde trocamos ideias como se estivéssemos entre amigos bebericando num local agradável.

A pergunta do Riva está em meio a um de seus últimos comentários: "Confesso que tenho comentado pouco, embora leia os posts diariamente. Será que o mesmo ocorre com todos os frequentadores do PUB ? "

Pois é caro Riva, para responder terei que remontar às origens, as motivações que resultaram no Generalidades especializadas. Em 2009.

Estávamos, meus filhos e eu, empenhados em resgatar nossos vínculos com ancestrais italianos, com propósito de obtermos cidadania italiana.

Dei-me conta de que pouco ou nada sabia sobre os mesmos. Nas décadas em que nasci e me tornei adulto, não havia o hábito de nossos pais e avós fazerem alusão aos seus próprios pais e avós. Não para crianças e adolescentes.

As informações mais remotas que tinha, eram do ramo materno - português - pois minha avó Ana fazia vez ou outra referência a sua cidade natal (Lamego), ao seu pai, construtor de casas em pedra, que era usual na época, e aos castanheiros que possuíam em sua propriedade.

Dos italianos, ascendentes de meu pai nada sabia. Isso dificultava em muito nossa empreitada, que era ter passaporte da União Europeia, em face da cidadania italiana, que estava, teoricamente, garantida dada à proximidade dos vínculos.

Já se torna clara uma das razões para o blog. Deixar registrado para os pósteros, da família, informações a nosso respeito. Nossa história - hábitos e costumes - de forma absolutamente informal e pontual.

Os primeiros post tinham este propósito fundamental, e atingiram a meta. Parentes (irmã, filhos, sobrinhas, cunhadas e até neta), liam e comentavam.

O nome Generalidades, indicava que abordaria temas de ordem geral, e seriam especializadas (as generalidades) posto que seriam referentes à família. Esta seria a especialização.

Em face deste viés, pouco ou nada importava ter comentário de terceiros. Nunca houve esta preocupação. Os comentários de outros leitores fora do ambiente familiar, vieram com a abertura do espaço para postagens de terceiros.

Neste meio tempo um primo - Pedro Wilson Carrano - publicou um livro intitulado "Encontro com os ancestrais", um precioso trabalho de pesquisa sobre os Carrano.

Achei bobagem continuar falando exclusivamente da família. O assunto se esgotou. Não seria conveniente entrar em detalhes. Poderia, esporadicamente, ao tratar de determinado assunto, fazer um link com alguém da família. 

As contribuições de terceiros enriqueceram o conteúdo do blog. Foi aberto um enorme leque de assuntos, alguns até novidades na época em que publicados, como por exemplo drones e agricultura orgânica.

Esportes, até mesmo o curling, pouco conhecido no Brasil país tropical onde não praticamos esporte de inverno; teatro, cinema, música, política, religião, literatura, gastronomia, são alguns dos assuntos sobre os quais conversamos aqui, em mais de 2.400 postagens.

É muita coisa, se considerarmos o amadorismo do blogueiro e da maior parte dos colaboradores.

Nunca tivemos uma legião de seguidores (são 70 fieis e bravos) e tampouco uma enxurrada de comentários. Mas tivemos bons momentos de debates,  e participações esporádicas de internautas pesquisando por assunto na rede.

Bem, Riva, vamos aos fatos  reais e conjecturais que afugentaram outros participante:
- Redes sociais : Facebook, Twitter e demais catalizaram as atenções na rede.
- WhatsApp faz com que as pessoas fiquem de olho na telinha o tempo todo.
-  Já foi o tempo em um blog senão raro, poderia ser interessante. Atualmente todo mundo tem amigos que têm blogs de variados temas e não há tempo e paciência para visitar todos eles.
- Algumas críticas (procedentes), nos acusam de sermos machistas, anti-petistas, e anti-flamenguistas. Graças a Deus!!! Já emendo.
- Muita gente deixou de nos visitar por que o blogueiro é um herege não praticante (sou agnóstico). Amigos católicos fervorosos sentem-se desconfortáveis aqui.
- Somente um flamenguista (excepcionalmente) foi admitido no blog como colaborador e debatedor, e por nepotismo: foi meu primo Rick Carrano.
- Somente um petista, ou melhor, um amigo que tinha um amigo petista, foi aceito aqui. Foi seu irmão Freddy.

Por falar em Freddy, o blog tem uma grande dívida com o Carlos Frederico e por isso é um capítulo a parte. Ele foi dos poucos que tiveram a coragem, o desprendimento e dignidade para encarar os debates em assuntos os mais sensíveis e polêmicos. Colocava-se e defendia com galhardia seus pontos de vista. Saudades!

Esposa e uma das filhas, no Quitandinha
Quem se der ao trabalho de pesquisar no blog, rastreando postagens antigas, encontrará muitas matérias assinadas pelo Freddy. Era  astrônomo diletante e sabia muito sobre fotografia, outra de suas paixões. E foram muitas, muitas, participações em comentários.

As intervenções dele incentivavam a participação de outras pessoas, em especial mulheres. Ele foi uma voz dissonante aqui, defendendo sempre as mulheres. Fazendo reverências especiais a sua esposa e as duas filhas. 

Por derradeiro acho que os blogs, que brotaram como cogumelos nos últimos anos, estão condenados. Assim como a imprensa. Não me vejo lendo jornal dentro em breve.

Em apertada síntese é isso aí, Riva. 

Sobre o título é uma pista para eventual desaparecimento do blog, em função da carga de trabalho que se avizinha. 

Significa que não direi nunca mais voltarei.