A pandemia do coronavírus nos pegou de surpresa duas vezes. A primeira, em março de 2020, quando entrou no nosso vocabulário a expressão “lockdown”. De um dia para o outro, os espaços de Yoga fecharam e uma nuvem de incertezas passou a existir em nossas mentes. Os professores, bravamente, se adaptaram e tentaram resistir, aprendendo a lidar com Zoom, luz, problemas de som, adaptar as aulas etc.
Mas, a segunda surpresa está no fato de que, passado mais de um ano do início da pandemia, ainda estamos no mesmo lugar (talvez, pior) do que antes, e não vamos tratar aqui dos motivos. O que importa, de fato, é que os espaços de Yoga pedem socorro.
Ao longo de 2020, diversos estúdios tradicionais de Yoga fecharam em Niterói. Alguns deles com mais de 30 anos de atividades. Não citaremos nomes, mas sabemos que são profissionais sérios, dedicados ao estudo e ao bem-estar de seus alunos. Mas onde estão esses alunos?
Alguns não podem mais custear as aulas porque perderam emprego. Outros, estão com medo de voltar às aulas presenciais, o que também é compreensível. O vírus não tem apenas o viés do risco para a saúde, mas também para a saúde econômica de inúmeras atividades.
O trabalho de anos está sendo perdido porque a maioria dos espaços de Yoga encontra-se em salas com custos de aluguel, condomínio, IPTU, luz, e tantas despesas. O mesmo raciocínio se aplica também às academias de ginástica, espaços de pilates, massoterapeutas e tantas outras atividades com o mesmo perfil: pequenas empresas voltadas à promoção da saúde e do bem-estar.
Diante desse cenário, muitos espaços preferiram fechar de vez a manter as portas abertas. Agora é um momento de união. Não é esse também um dos significados da palavra Yoga?
União dos alunos com os professores para que os espaços mantenham-se operando, ainda que com receitas reduzidas. União dos proprietários dos imóveis com seus inquilinos (os estúdios de Yoga), para viabilizar as portas abertas. União de todas as esferas do poder – Municipal, Estadual e Federal – abandonando o perverso negacionismo e acelerando a vacinação, única saída eficaz. Enfim, união por um bem comum: a vida.
A ironia é que – justamente por causa da pandemia – precisamos cada vez mais de Yoga. As pessoas estão exaustas do “abre e fecha” das atividades, esgotadas do ambiente online, com níveis de ansiedade e estresse além do normal, e tudo isso aponta para uma necessidade cada vez maior de praticar Yoga. Essa prática milenar, vale reforçar, é uma atividade que faz bem para o corpo (que está sedentário demais após longos períodos em casa), mas atua sobretudo na mente, pois ajuda a combater justamente esses efeitos negativos da pandemia: medo, estresse, ansiedade, insônia.
Para encerrar, fica um alerta importante para você, que é praticante (aluno) de Yoga: se você não voltar logo, quando decidir fazê-lo pode não ter mais o espaço que costumava ou gostaria de praticar, pois ele terá sido mortalmente contaminado pelapandemia. Vamos praticar. Yoga sim. Vacina sim.
Jorge Carrano é idealizador e coordenador do espaço de Yoga e Meditação Dharma Bhūmi, em Niterói. Publicitário e praticante de Yoga desde 1993, fez sua primeira formação no Studio Saraswati de Yoga e Vedanta. Formado também pelo IEPY (Instituto de Estudos e Pesquisas em Yoga), certificado pela Escola de Kaivalyadhama (Índia).
Nota: originalmente publicado em:
http://cidadedeniteroi.com/2021/06/06/os-espacos-de-yoga--pedem-socorro-por-jorge-carrano/