Nosso complexo de colonizados, que há anos é alimentado pelos
discursos rançosos da esquerda caviar, acabaram por fazer com que a torcida
brasileira hostilizasse as equipes americanas nas disputas dos jogos olímpicos.
Aquela velha história das palavras de ordem mais velhas do que
andar p’ra frente: Yankee go home. Li em algum lugar que esta frase de protesto
teve origem no México, quando a população queria os americanos fora do território
e empunhavam cartazes com a inscrição “Green go home”, por conta da cor dos uniformes
verdes dos norte-americanos. O “green go” virou “gringo” e passou a designar
estrangeiros em outros países.
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Jordan, o Pelé do basquete |
As exceções, no caso das torcidas brasileiras, ficaram por
conta de dois atletas que conquistaram o respeito por seus próprios méritos:
Michael Phelps, da natação, e Simone
Biles, da ginástica. De minha parte assisti, também, com muito prazer, aos
jogos do dream team que embora de nível um pouco inferior ao original de 1992, que disputou a edição de
Barcelona, ainda assim um belo time.
Aquele dream team era realmente dos sonhos, tanto que até hoje, mesmo
sem ser aficionado pelo esporte, lembro dos nomes de Michael Jordan, Magic Johnson, Charles Barkley e Scottie Pippen,
entre outros, que esqueci.
Programa bem-sucedido, a meu juízo, foi o da parceria firmada
entre o Ministério dos Esportes e o da Defesa, para patrocínio de atletas de
alta performance, de excelência. Na delegação brasileira, 145 dos atletas (cerca
de 1/3) eram militares temporários, que recebiam (ou recebem) um soldo
equivalente ao de 3º sargento (cerca de R$ 3.200,00) além de acompanhamento de instrutores
militares, uso das instalações e assistência médica/fisioterápica, para poderem
se dedicar aos treinamentos.
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Thiago Braz |
O resultado foi muito bom e minha torcida é para que haja
verba para que seja dada continuidade ao programa, porque considero a prática
de esporte parte importante na formação
do homem, e incluída na área de educação. E são os bons resultados obtidos por
atletas que servem de incentivo para a garotada praticar algumas modalidades de
pouca tradição no país.
Acho que o desempenho do Thiago Braz, por exemplo, acabará
por incentivar meninos e meninas a prática do atletismo, seja ou não no salto
com vara.
Há uma preocupação com o destino das instalações utilizadas durante
a olimpíada. Elas são de cara manutenção e se não forem utilizadas restarão
deterioradas, sucateadas e degradadas em pouco tempo.
O velódromo, por exemplo, segundo reportagem que ouvi no
rádio, é um dos mais modernos do mundo e sua pista bem construída foi
responsável pelas diferentes quebras de recordes e índices na modalidade.
Todo o ceticismo, a descrença de que seríamos capazes de organizar e sediar uma olimpíada,
acabaram por se transformar em orgulho e prazer pelo que apresentamos ao mundo.
Com efeito, no geral, tirante uma ou outra falha, que ocorreram em outras
edições, em cidades mais ricas, tudo transcorreu segundo os padrões exigidos
pelo COI.
O esquema de segurança funcionou, foram batidos vários
recordes, índices superados, foram levadas ao mundo belas imagens da cidade, o
que poderá render dividendos na área de turismo (vem aí Réveilllon, com a
queima de fogos, e logo depois o Carnaval 2017).
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Queima de fogos em Copacabana - réveillon |
Não vamos falar de legado porque esta palavra pelo emprego
excessivo ficou esvaziada e contestada, mas o fato é que algumas conquistas dos
cariocas (e sou um deles, do Andaraí), como o Boulevard Olímpico, a linha 4 do
metrô, algumas ótimas instalações desportivas, enfim a cidade recebeu uma boa
repaginada.
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Boulevard Olímpico, recuperação da zona portuária e da Praça Mauá. |
E se vierem as prometidas escolas fruto do desmanche de
instalações provisórias especialmente projetadas, melhor ainda.
Sabem o que mais? Gostei! Depois da experiência exitosa com a
organização, em 1992, da “Cúpula da Terra”, quando chefes de estado e de governo
(172 países representados) reuniram-se na cidade para debater questões
relacionadas ao meio-ambiente, à sustentabilidade e especialmente ao
aquecimento do planeta; e da Copa do Mundo de 2014, acho que mostramos que
apesar de nosso complexo de vira-lata a que aludia o Nelson Rodrigues somos competentes (a nosso modo) desrecalcamos nossos complexos.