Desde
ontem Londres tem uma atração a mais, temporária, por pouco mais de duas semanas
(27 de julho até 12 de agosto): as Olimpíadas.
Maratona
de competições com a participação de 204 países, disputando 39 modalidades
esportivas, reunindo 10.400 atletas, em números redondos.
Nem todos disputam todas as modalidades, obviamente, porque existem
índices pré-estabelecidos que devem ser alcançados para inscrição, e em outras existe número fechado de
participantes, como nos esportes coletivos de um modo geral, cujas vagas são
decididas em eliminatórias.
A delegação dos USA, com pouco mais de 600 atletas é maior do que a do país sede. Querem retomar a liderança no quadro geral de medalhas. Principalmente as douradas. A propósito foi interessante a mensagem de despedida ada Michelle Obama. Teria dito para os atletas: divirtam-se... e vençam!
Terminada
a competição, Londres volta (espero) a sua rotina de tradições, pubs, London
Eye, Abadia de Westminster, Museus, Big Ben, etc.
Falar
em tradição – e Big Ben - eles levam tão
a sério esta coisa que para poder abrir uma exceção e o famoso relógio soar (badalar) por três minutos, foi necessária a
oitiva e aprovação do Parlamento. Desde os funerais de George VI, em 1952, tal
não acontecia.
A
solenidade de abertura foi um show, cansativo, mas belíssimo.
A
história da formação do Reino Unido em encenação, sem diálogos, apenas ao som
de músicas.
Por
falar em música, que profusão de ritmos e estilos. E as bandas? Chega a ser
covardia, pois a Grã Bretanha é berço das maiores de quantas já aparecerem.
Tivemos Shakespeare, Mr. Bean, James Bond e McCartney, drama, cinema, humor, musica erudita, popular (até hip hop), rock e muita utilização de
efeitos especiais e recursos tecnológicos que garantiram resultado magnífico. Talvez
melhor para os mais de 1 bilhão de telespectadores no mundo todo, do que para
os cerca de 80.000 presentes ao estádio.
E
o encerramento em alto estilo, com Paul McCartney botando o público presente e
mais as delegações para cantar. E regeu o grande e inusitado coral como um
maestro. Para a idade mostrou que conservou os cabelos e a vitalidade para
cantar e se esgoelar em agudos bem altos.
Coisas que
chamaram minha atenção, independentemente da ordem de importância:
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A serenidade da rainha. Impassível e "majestosa". E que energia, afinal foram 3
horas e pouco de solenidade. E ela impávida.
-
Chefes de Estado e de Governo, Monarcas, Membros de algumas casas monárquicas , representantes
diplomáticos, autoridades públicas e primeira dama americana, tiveram seus
cinco segundos de visibilidade aplaudindo o deswfile de suas delegações.
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Nos desfiles algumas delegações com mais dirigentes do que atletas, todos com seus
poucos segundos de fama nas imagens da transmissão pela TV.
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Sharapova (cadê meu anti-hipertensivo?) levando a bandeira da Rússia.
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Muitas mulheres bonitas, em delegações tão improváveis quanto as do Azerbaijão
e da Jordânia, para citar apenas duas.
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Mas também muito tribufu, barangas de várias cores de pele e vestimentas
estranhas. E banguelas.
- A Siria, praticamente em guerra civil estava lá representada e com atletas inscritos nas competições. Assim como o Haiti, falido e em situação de penúria. E também como os Palestinos que ainda brigam por um território para nele fixar a pátria.
-
Aula de história e, principalmente, geografia para ninguém botar defeito.
Quando estudante primário e ginasiano, nas aulas de geografia tive algumas obrigações
implacáveis, como aprender os afluentes do Amazonas, nas duas margens e que o
Pico da Bandeira era o mais alto em nosso território (depois mudaram). Isto na
geografia nacional porque na parte geral, o negócio era aprender as capitais
dos grandes países europeus, asiáticos e americanos do norte e do sul. Dos
africanos nem tanto, apenas Angola e Moçambique. Hoje a tarefa de decorar os
países existentes já se revela inatingível, imagine as capitais. Dou trinta
minutos ao caro leitor para lembrar o nome dos 204 países que se apresentaram
no desfile de abertura.
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O desfile, mais do que de atletas, possibilitou a apreciação de raças e etnias
as mais diversas, de países de língua e religião as mais variadas. E bandeiras
nacionais muito coloridas. E o colorido das vestimentas dos africanos é bonito
de ver.
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Chamou a atenção a alegria com que as pessoas desfilam, seus sorrisos francos,
suas danças e acenos de bandeirolas com justo orgulho nacional.
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A confraternização espontânea de praticamente todas as nacionalidades do
planeta, sem ódios e rancores, sem preconceitos ou intolerâncias, cantando
juntos “Hey jude”.
Olha
gente, cheguei, por breves instantes, a achar que o ser humano é viável e, ao
contrário do que afirmou o genial Millôr, deu certo.