9 de março de 2012

O ANTIDIA DA MULHER






Por
Ricardo dos Anjos


O ANTIDIA DA MULHER


mulher:
o arquétipo
a sentença
o fruto  pelo
fruto impróprio
mascado
no Jardim.
o incômodo
serpenteia
a cômoda
o espelho.
a face verificada
vitrificada
por olhos atentos
em close
cá e lá
em pêndulo
sem êmulo.
lento descobrir-se
em rugas  em rusgas
sugada  suada
tentada a sugar o tempo
mas é o tempo
que a suga
sem açúcar
nem afeto.
de fato  nada
a comemorar.
apenas comer
e morar  e dormir
na virtual rede
sem parede
sem face
nem book.
(turva curva
da humana
idade.)


8 comentários:

Jorge Carrano disse...

Ricardo e Esther, queridos amigos:
Não demora vou poder editar uma coletânea de poemas extraídos do blog.
Vão em frente!
Beijos e abraços.

Freddy disse...

Gente, a coisa tá ficando séria!
Abraços
Carlos

Gusmão disse...

"lento descobrir-se
em rugas em rusgas"

Inspirados versos, Ricardo.
Abraço

esther disse...

O tipo da sentença
fruto do incômodo
book antiqua sido
pode ser fonte, estilo,

como descobrir-se
e estar vestida: rugas
êmulo para cerzir
o suor do sulco.

Ah, é o tempo
da idade turva?
E antes, em riste
havia a fisga do mirar

nem face nem look
só hábito de curva
cadência :visgo
a romper sendas.

Hoje em pêndulo
o olhar oscila ...
não. O fato, mortalha
da virtude dorme

e come frente ao espelho
a fome que outrora sede
confraterniza outro olhar.
Mas tudo bem. Hoje serve

a carne flácida, na fresta
lenta suga o tempo.
Recuperar o intenso
é se perdoar. ajustar prudência.


(até carrano nos expulsar, continuaremos a pelejar ) bjs

Gusmão disse...

Se o Carrano ousasse, mas não o fará porque tem bom senso, bom gosto e, acho eu, educação, expulsa-los do blog, a José Olympio, a Saraiva, a Sextante, a Companhia das Letras, a Record, a Intrínseca, a Agir, a Nova Fronteira, qualquer delas acolheria vocês dois de braços abertos, com o peito em festa e o coração a gargalhar.
Bom final de semana.

Ricardo dos Anjos disse...

Não há necessidade de o Carrano nos expulsar. Expulso-me. Com algumas razões até irrazoáveis.

entendam-me a esther
ou quem mais quiser:

ajusto-me em justa
prudência:silencio
a pendenga o lítero
lenga-lenga. jogo
fora o metafórico
virótico das palavras
concretas ou ocas.

não estendo o desafio
a pelea a porfia
tenho limites avoengos
artrite cardiopatia
impaciência dialética
e mais cansaço cansaço
como aquele cantado
por Pessoa, o Fernando.

meu cansaço é de bronze
e o silêncio é de ouro.

Jorge Carrano disse...

Tá todo mundo louco?
Expulsar, censurar, limitar, podar, restringir, interferir, impingir aqui neste blog, seria inaplicável, inaceitável e improvável em relação a pessoas queridas e amigas de muitos anos. Esther e Ricardo: a arena é de voces. Nós aplaudiremos intuindo a mensagem mesmo que incompreensível para nossa percepção.
Beijos e abraços.
Obrigado poetas e prosadores que me honram com suas presenças neste espaço.

Freddy disse...

Depois de meia hora no Houaiss tentando traduzir o Ricardo, lembro-me de meu texto sobre caligrafia e dos comentários sobre a inutilidade do bem falar ou bem escrever nesse mundo que ora evolui sobre as ondas do Facebook e do Twitter.
Como serão as poesias e mesmo as prosas daqui a 10, 20 anos?
Abraços
Carlos