30 de agosto de 2012

Voltando ao assunto da união estável poliafetiva


Por
Ana Maria Carrano



A propósito do acontecimento exaustivamente explorado pela mídia, e que gerou o post do dia 25/08/12, gostaria de tecer alguns comentários.

Trata-se do registro em cartório, na cidade de Tupã, interior de São Paulo, do que chamaram de união estável poliafetiva. Não sabemos o inteiro teor da escritura, mas, segundo a escrivã, estabelecia regras para convivência familiar e segundo a OAB, da cidade de Marília (SP) o documento funciona como  sociedade patrimonial.

Na verdade não faz a menor diferença. A hipocrisia de parte da sociedade clama pela moralidade, embora pratique e encoberte adultério  quando cometido pelos brasileiros do sexo masculino. Tudo bem que o cidadão tenha e mantenha amantes concomitantemente a sua esposa legítima, mas consideram absurda a honesta decisão de amparar e regulamentar essas relações múltiplas.

Claro que  este documento não pode ser considerado casamento, visto que a lei não admite a poligamia. Mas, só a lei e só a legalmente poligamia constituída. É um contrato  de validade idêntica a qualquer sociedade.

A mim, pessoalmente, não importa o que fazem as pessoas em seus momentos íntimos. Não me importa a sexualidade de ninguém; a não ser que tenha interesse na pessoa alvo.

Não me preocupa o dia a dia afetivo de quem quer que seja, pois que estes aspectos são de ordem unicamente pessoal. A mim incomoda a hipocrisia, o preconceito, a corrupção, a deslealdade e a infidelidade.

O que essas 3 pessoas fazem e aceitam nas suas vidas não atinge a população, por isso não nos diz respeito.

Fico indignada com  o voto do ministro Ricardo Lewandowski. Fico  escandalizada com as propostas e mentiras do horário político. Fico chocada com as campanhas pró voto nulo e com os cidadãos que dizem que não se interessam por política. E fico surpresa ao constatar  que o número de críticos, censores, moralistas, preconceituosos e fofoqueiros  da vida alheia seja tão desproporcionalmente maior que o número de brasileiros atuantes na vida política da nação.



Notas do Editor: 

2) A imagem de conteúdo político-filosófico está circulando na rede.

11 comentários:

Jorge Carrano disse...

Nos EUA no passaporte dos gays foi alterado o dado sobre a filiação. Ao invés de constar pai e mãe, agora consta filiação 1 e filiação 2, para evitar constrangimentos.
No Brasil, é sabido que em decisão recente o Supremo Tribunal Federal, julgou legítima a relação homoafetiva, admitindo a união estável entre casais do mesmo sexo.
O Superior Tribunal de Justiça foi além e decidiu pela legalidade de casamento.
E a questão dos filhos está sendo enfrentada no judiciário, já tendo havido decisão no sentido de admitir que casais do mesmo sexo registrem filhos, seja advindos de adoção, seja de inseminação assistida, pelos vários métodos de conceptivos.

Gusmão disse...

Não sou muito versado em religião, mas parece que entre os muçulmanos é perfeitamente legal o homem ter mais de uma esposa, desde que consiga mante-las.
E Maomé teve mais de duas.
Abraços

Ana Maria disse...

Isso mesmo,Gusmão. A moral varia no tempo e espaço. E meu comentário quis enfocar a hipocrisia que encobre as relações poliafetivas quando candestrinas, e se surpreendem quando com a iniciativa de torná-la legal.

Freddy disse...

Eu não estou surpreso. Qualquer assunto que se refira a sexo ou coabitação vira comoção pública. Fruto de conceitos retrógrados de religiosidade que, em vez de se modernizarem, vêm preocupando pelo fanatismo crescente com que são disseminados e defendidos.
Ah, em tempo: quantas religiões você conhece que não são machistas?
Abraços
Freddy

Anônimo disse...

Entre os chamados irracionais, existem casos de bigamia ou poliafetividade, como pretendem os homens?
Preciso assistir mais ao NatGeo.

Ricardo disse...

Com a palavra os Srs Advogados. Que tipo de precedente este documento podera' abir no caso deste tipo de uniao ainda nao prevista em lei ?

Jorge Carrano disse...

Segundo uma primeira interpretação, que certamente não esgota o assunto, este documento produz apenas efeitos patrimoniais, especificamente partilha de bens na sucessão por óbito ou na dissolução da sociedade. Aliás que seria, mal comparando, isso mesmo, a constituição de uma sociedade.
A matéria original é encontrável em
http://www.conjur.com.br/2012-ago-23/cartorio-tupa-sp-reconhece-uniao-estavel-entre-tres-pessoas

Gusmão disse...

Parece não haver divergências entre nós, quanto aos aspectos filosóficos e sociológicos (ciência) destas uniões.
Se as pessoa são felizes, porque não?
Restam as questões relacionadas a aceitação da sociedade (vizinhos, parentes) e famílias respectivas.
Uma mãe já aceita sua filha vivendo com um homem e outra mulher sob o mesmo teto?

Freddy disse...

Há aspectos sociais determinados pelo local e época, afetados também por religião. Não precisamos ir tão longe: quando é que eu, nos tempos idos de minha adolescência, ia imaginar que um dia iria aceitar minha filha com seu namorado fechados no quarto ao lado? E mais: aliviado porque ela estava dentro de minha casa e não pela madrugada num motel? Não demorou e já debatemos casamento gay. Por que estranhar bi ou poligamia? Antes às claras e com respaldo legal do que às escondidas e sujeito(a)s a retaliações e processos.

Há aspectos da Natureza, muito bem levantados pelo Anônimo. Há todo o tipo de comportamento, monógamo e polígamo. Dentro da monogamia, o mais comum é relacionado com um determinado momento de procriação. Os biólogos se surpreendem é com uniões monógamas e estáveis pela vida toda, parece-me que são raros os casos.

Gusmão levantou o caso de muçulmanos, polígamos (os homens). Li que o comportamento deriva de que, no passado, muitos homens morriam em disputas e guerras, e a poligamia teria sido uma maneira daquela sociedade amparar as mulheres que sobrariam - já que a elas não era permitido quase nada por lei/costume/religião. O tempo passou e o costume perdurou.

Quer exemplo de algo que repudio até o fundo de minha alma? Não é bigamia, nem poligamia, nem casamento gay. É a prática dos pais, na China, matarem as filhas recém nascidas (ou as abortarem, que dá no mesmo) porque o governo impõe sanções a quem tem mais de uma criança e, como aquela sociedade é machista, todo casal só quer ter filho homem!
=8-/ Freddy

Riva disse...

Minha capacidade de absorção da minha própria indignação já chegou ao limite. E como sou impotente diante de tanta coisa ruim, estou me reeducando em relação a tudo isso, que faz muito mal à minha saúde.
Estou me afastando de coisas, fatos e pessoas (hipócritas e/ou desonestas) que não me fazem bem. E levando uma vida mais "lenta", mais observadora/contempladora.

Não quero ir, não vou.
Não quero ouvir, não ouço.
Não quero compartilhar, não compartilho.
Não quero ver, não vejo.
Quero abraçar, gritar, beijar, correr, então nada me impede : abraço, grito, beijo e corro.

E tenho me sentido bem melhor.

Adotei o lema do CALVIN ...

Sds
Riva

Jorge Carrano disse...

Recebi este mail/circular de Ênio José Toniolo eniotoniolo@sercomtel.com.br

"31, agosto, 2012
Centenas de pessoas se uniram por meio das redes sociais, como Twitter e Facebook, para defender a liberdade de expressão do colunista, Carlos Ramalhete, professor de filosofia que publica artigos semanais no jornal paranaense, Gazeta do Povo.
Em seu artigo mais recente, “Perversão da Adoção” (http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?id=1292008&tit=Perversao-da-adocao), Ramalhete criticou o abuso de autoridade do Estado em conceder certidão de nascimento em que constem como “pais” duplas do mesmo sexo, como recentemente foi noticiado pela imprensa brasileira a respeito do casal de lésbicas que ganharam na justiça o direito de serem reconhecidas como mães biológicas na certidão de nascimento de duas crianças.
O colunista classificou o abuso como impossibilidade biológica e afirmou que a prática tem como mera intenção a descontrução da família tradicional."