30 de setembro de 2020

Niterói, no futuro

 

Muito já publiquei sobre a Niterói no passado. De minha infância e adolescência nos anos 1940 e 1950.

Hoje trato do futuro. O projeto parece bom. Muito provavelmente não estarei aqui para confirmar.

Não é obra para dias ou meses. Anos, talvez muitos. E pela ordem natural das coisas pode ser que não desfrute. Aos oitenta posso aspirar chegar a que idade, hígido (ou quase), com as funções cognitivas conservadas e visão em funcionamento.

Sem contar que governos não costumam dar continuidade a projetos de seus antecessores.

Mas vamos ao plano para o futuro da cidade onde me criei:


25 de setembro de 2020

MUDANÇAS, um post sem fotografias, sem cor

 


Por 

RIVA




Sim, resolvi e decidi mudar mesmo. Chegando aos 70 anos, construí uma linda família, estruturada, tive e ainda tenho uma vida profissional rica em experiências e realizações, que me permitem até hoje pelo menos pagar minhas contas e viajar de vez em quando, que é a melhor coisa da vida. 

Não dá mais para sofrer com a esculhambação que o Brasil se tornou, com a inversão dos valores que meus pais e avós nos ensinaram. Eu não tenho a menor capacidade de mudar o que está aí, simplesmente porque minha única arma é o voto, e o voto não muda o DNA de pessoas ruins, más, que é a maioria que infestou os poderes no país – em todas as esferas. 

O BEM nada mudará enquanto não aprender a praticar o MAL, de vez em quando. E o MAL sabe disso. 

O que quero dizer é que já não assisto mais telejornais, debates políticos. Minha vida será tentar curtir ao máximo tudo que existe de legal, que me dá prazer, bem estar. 

Isso exclui também o Fluminense Football Club, cujo modelo de gestão e diretoria me dão nojo. Não faz sentido torcer mais por um clube de futebol que não tem futebol, que entra em campo derrotado, que perdeu o protagonismo que exerceu por décadas no cenário esportivo. O que mais representa minha atual repulsa pelo futebol é o salário de 300 mil reais de um medíocre jogador que não consegue jogar 1 hora e meia por semana. Vocês sabem o que representa 300 mil por mês para 99,99% da população do Brasil ? 

Enfim, chega, vamos às mudanças, que incluem revisão de seguidos e seguidores no Twitter, seleção rigorosa de programas de TV, fuga de bate-papos deprimentes. 

Não vou tentar NADA para mudar o que não posso mudar. Tem já até um livro, super vendido, sobre tudo isso, intitulado A ARTE DE LIGAR O FODA-SE. 

Então, foda-se tudo. 

Vamos ser felizes e alienados.

Gastronomia, fotografia, viagens, música, sexo quem puder, natureza, álcool e bons livros.

21 de setembro de 2020

Maravilhas da natureza e da arte humana

Enquanto não me animo a escrever, vou mantando vivo este espaço com imagens que obtenho ao usar meu notebook Samsung, da linha "Essentials". Periodicamente mudam a imagem.

Alguns dos locais são badalados e bastante visitados; outros nem tanto mas deveriam ser incluídos em roteiros turísticos.





Verona

Verona é uma cidade italiana da região do Vêneto, com cerca de 258 765 habitantes. Estende-se por uma área de 206,63 km², tendo uma densidade populacional de 1 182 hab/km². Faz fronteira com Bussolengo, Buttapietra, Castel d'Azzano, Grezzana, Mezzane di Sotto, Negrar, Pescantina, Roverè Veronese, San Giovanni Lupatoto, San Martino Buon Albergo, San Mauro di Saline, San Pietro in Cariano, Sommacampagna, Sona, Tregnago, Villafranca di Verona.





Castelo de Beaumaris em Beaumaris, País de Gales

No século 13, o rei Eduardo I conquistou o norte do País de Gales e, em seguida, ergueu um cinturão de castelos em torno de seu novo território para defendê-lo de invasores. O castelo de Beaumaris é um deles – ou, mais precisamente, quase um deles. Antes de concluída a sua construção, o rei reinvestiu suas finanças e atenção em uma campanha militar na Escócia. Embora a robusta fortaleza nunca tenha sido inteiramente acabada, seu design concêntrico, que coloca muros dentro de muros, sempre foi aclamado pelos historiadores como um triunfo da arquitetura militar medieval.

Depois de trocar de mãos várias vezes nos séculos subsequentes, Beaumaris entrou em decadência até, por fim, cair em ruína. Mas quem visitar o castelo hoje provavelmente não notará nada de errado, já que ele ainda parece impressionante depois da reforma iniciada em 1925. E, como podemos ver na foto, Beaumaris é um pacote completo, pois vem até com o indefectível fosso medieval.





Litoral da ilha do Cabo Bretão, Nova Escócia, Canadá

Um dos maiores centros populacionais das Províncias Marítimas canadenses é o da ilha do Cabo Bretão. No entanto, a sensação da grandiosidade da natureza está sempre presente nas pessoas que vivem aqui. Talvez a melhor forma de apreciar a costa aparentemente infinita da ilha seja percorrendo a estrada panorâmica conhecida como Cabot Trail. Também digno de menção é um prolongamento das Apalaches chamado de Highlands, que se ergue ao norte. Tendo em vista todos os parques naturais, bosques e praias, é fácil esquecer que, até recentemente, a costa leste desta ilha era sacudida pelo clamor de minas de carvão e usinas siderúrgicas, já que foi o coração da região industrial da Nova Escócia durante a maior parte do século 20. 



Campos de arroz, aldeia de Dazhai, Longsheng, China

Os arrozais em socalcos de Longsheng ou Longji da região autônoma de Guangxi, no sul da China, são maravilhas da engenhosidade agrícola. Criados há mais ou menos 500 anos, eles têm camadas cuidadosamente entalhadas que sobem como degraus pelas encostas dos morros. No fim da primavera, os agricultores inundam os socalcos e plantam as sementes. O nome "Longji", que significa "coluna do dragão", deve-se ao fato de as camadas parecerem escamas quando vistas a distância. Os arrozais de Longsheng ficam perto de Guilin, cidade que possui uma rica herança cultural e uma belíssima localização entre as espantosas colinas de carste aninhadas às margens do rio Li.




Ponte Shinkyō, santuário Futarasan, Nikkō, Japão

Alardeada como uma das três mais belas pontes do Japão, Shinkyō, esta ponte pintada com laca vermelha, significa "sagrada". Ela cruza o rio Daiya no interior de um santuário xintoísta fundado em 767. A ponte em si não é assim tão antiga, já que foi originalmente construída no século 17 e, desde então, já foi reconstruída diversas vezes. A ponte Shinkyō é considerada a porta de entrada de Nikkō, cidade rica tanto em belezas naturais quanto em tesouros históricos. Além desta ponte e do santuário Futarasan, a cidade abriga também o templo xintoísta Tōshō-gū, onde há um entalhe do século 17 que se acredita ser a origem do provérbio dos Três Macacos Sábios.




Oberägeri vista do lago Ägeri, Suíça

As margens plácidas do Ägerisee (lago Ägeri, em alemão) atraem muitos visitantes interessados em passar um dia agradável em meio ao verde dos morros e sob o azul do céu da parte central da Suíça. A área em torno do Ägerisee tem sido pacífica há muito tempo. Mas, no início do século 14, aconteceu aqui uma coisa que mudou o curso da história de duas maneiras importantes. Primeiro, o pequeno contingente da Antiga Confederação Helvética derrotou o exército bem maior dos Habsburgos às margens plácidas deste lago na batalha de Morgarten. Isso promoveu uma coalizão que geraria o núcleo da nação suíça moderna. Além disso, durante o conflito, as forças suíças criaram uma formação tática conhecida como "terço", considerado a origem do moderno escalão "regimento" em infantaria.



Moinhos de vento em Consuegra, Castilla-La Mancha, Espanha
A cavalaria não está morta em La Mancha, onde as pás dos emblemáticos moinhos de vento que inspiraram o escritor espanhol Miguel de Cervantes Saavedra ainda giram ao sabor da brisa. Alçados à fama pelo romance do século 17 "Dom Quixote", esses moinhos ainda estão na vila de Consuegra, perto de um antigo castelo que já abrigou a Orden de San Juan. Os grandes moinhos de vento da região central da Espanha eram usados para moer grãos. Atualmente, muitos estão restaurados e constituem grandes atrações turísticas.



Templo de Mussenden perto de Castlerock, Irlanda do Norte
Em termos arquitetônicos, a palavra "folly" designa uma estrutura construída mais para decoração que pela função. Mas, além disso, em inglês o termo ainda pode significar "capricho", "contra-senso" ou "besteira", e o templo de MEussenden parece encarnar todos esses significados. Sem dúvida, a estrutura é uma visão sublime: construída em 1785 pelo conde de Bristol, tinha como modelo o antigo templo de Vesta em Roma. Mas destinava-se a abrigar a biblioteca do conde e, para isso, era preciso manter em seu subsolo um fogo sempre aceso para impedir que a umidade danificasse os livros.

Quanto ao quarto significado, besteira, a foto mostra claramente a precariedade do local escolhido para construir o templo. Embora um par de séculos de erosão tenha colocado a face do precipício cada vez mais perto da estrutura, o próprio conde mandou construí-la a menos de 10 metros da beira, para começar. Desde 1997, o National Trust, instituição responsável pela preservação do patrimônio natural e histórico da Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte, tem trabalhado para estabilizar o terreno, de modo que o templo ainda vai continuar pendurado dramaticamente na costa norte-irlandesa por um bom tempo.



A Península de Iucatã ou Iucatão (do castelhano Yucatán) é uma grande península do continente pan-americano que adentra ao oceano Atlântico na América Central, constituindo-se no extremo sudeste do território do atual México, a oeste da Cuba e a nordeste da Guatemala.




  • O Cabo da Roca é o ponto mais ocidental de Portugal Continental e da Europa continental. Situa-se na freguesia de Colares, concelho de Sintra e distrito de Lisboa. As suas coordenadas geográficas são N 38º46'51", W 9º30'2". O local é visitável, não até ao extremo mas até uma zona à altitude de 140 m.

  • 18 de setembro de 2020

    A idade e a mudança

    Ana Maria Carrano  (repercutindo)


    Por um dos acasos do destino, me deparei com este texto de Lya Luft.

    Nele, a consagrada escritora (81 anos) aborda a ideia do envelhecimento. Embora o "start", o "mote", o "gancho" tenha sido um evento entre mulheres, o tema pode ser entendido e refletido por pessoas de todos os gêneros ora existentes ou que venham a existir.





    Lya Luft




    "A idade e a mudança"


    "Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.


    Era um bate-papo com uma plateia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.


    E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.


    Foi um momento inesquecível...


    A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.


    Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'


    Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.


    Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.


    Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.


    A fonte da juventude chama-se "mudança".


    De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.


    A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.


    Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.


    Mudança, o que vem a ser tal coisa?


    Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.


    Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.


    Rejuvenesceu.


    Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.


    Rejuvenesceu.


    Toda mudança cobra um alto preço emocional.


    Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.


    Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.


    Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.


    Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.


    Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.


    Olhe-se no espelho..."


    14 de setembro de 2020

    ARROZ




    O preço do arroz disparou.  O Brasil terá que importar um dos dois principais itens de consumo em nossas mesas.

    O governo (sempre ele) acusa os supermercadistas pela alta acelerada do preço.


    Eles, neste caso, são inocentes. A valorização do dólar tornou muito mais atraente e lucrativo exportar. Sem cotar que a área plantada foi reduzida e substituída por outra lavoura que tem mais mercado e preço: soja. 

    Leiam:


    O caso, como não poderia deixar de ser, virou memes, acabou gerando piadas, como em tudo no país. Algumas bem criativas como estas abaixo:





    11 de setembro de 2020

    NITERÓI - século XX

     

    O Cícle São Bento era um dos patrocinadores do cinema de rua. A tela era colocada num cavalete e este sobre o veículo. 

    Filmes das duplas "O gordo e o magro" e "Abbott & Costello" e ainda os faroestes do "Zorro".

    Oliver Hardy e Stan Laurel (o gordo e o magro) eram mais engraçados na minha opinião.

    Ficávamos - as crianças - de pé assistindo, mas as pessoas  idosas levavam um banquinho ou cadeira para maior conforto.

    Trechos das ruas São Diogo ou Visconde de Uruguai eram interditados ao trânsito por um período.

    O jingle da casa de bicicletas era mais ou menos assim:

    "Pedalando, pedalando

    A favor ou contra o vento,

    Tenha sua bicicleta

    Compre no Cicle São Bento"






    O detalhe interessante na foto a seguir é a carrocinha da Kibon. 


    Aqui abaixo outra carrocinha, tendo ao fundo a Ponte Rio-Niterói ainda em construção.


    Na via litorânea desta praia abaixo, fica localizado (agora) o campus da UFF e também o Museu de Arte Moderna (MAC).




    A praia de Icaraí, abaixo, ainda tinha o trampolim.








    Esta ponte, na foto a seguir,  permite acesso à igreja da Boa Viagem. O mar circunda a ilha e se encontra debaixo da ponte na maré alta. Fica bem próximo do MAC, o que permite matar dois coelhos com uma só cajadada, se agendar a visita.


    No cinema da imagem a seguir, os homens só entravam trajando paletó. Acreditem!!! Ficava na Praça Arariboia (antiga Martim Afonso). Vide a foto logo a seguir da do cinema.









    Era o mais confortável dos cinemas da cidade. Não tínhamos os shoppings



    Abaixo, prédio de arquitetura elegante, vistosa, abrigava os Correios. Aparece também na foto da Praça Martim Afonso, retro publicada.




    Antes da inauguração da Ponte Rio-Niterói a travessia de veículos, na Baia da Guanabara,  era feita através de barcaças (balsas) deste tipo abaixo.


    Concorrente da Frota Carioca, com cais de embarque e desembarque no lado de Niterói, no bairro da Ponta D'Areia, a Valda era, salvo engano, uma empresa de portugueses. Ver abaixo:

                                                            


    NOTAS:
    1) Postagem semelhante em:

    2) Fotos recebidas de amigos/parentes, através dos meios digitais.

    2 de setembro de 2020

    O ser humano conspurca tudo que toca




    Por
    Ana Maria Carrano





    Acho que nunca comentei que gosto muito de poesia. Outro ponto em que, eu e o blog Manager,  discordamos. Outro dentre muitos.
    Atualmente a maturidade me leva a aceitar com maior tranquilidade as diferenças, salvaguardados meus direitos.

    Cada um pode fazer e  pensar o que quiser, desde  que suas ideias e ações não venham a me causar dor ou prejuízo.

    Acontece que esse meu estado de aceitação vem sendo minado pelo excesso de informação. Os meios de comunicação instantâneos graças a internet, nos colocam por demais atualizados sobre ideias contrárias.

    Absurdos são divulgados por conta do crescimento das redes sociais . O que podia ser excelente, se tornou péssimo pelo mal uso que fazemos dele.

    Dizem que Santos Dumont não suportou assistir sua invenção, idealizada para o bem, ter sido utilizada na guerra para causar destruição e morte.

    O ser humano conspurca tudo que toca. 

    É claro que o cerceamento da liberdade, nossa responsabilidade para com o outro, nossa preocupação com nossas vidas, quando aliados a esse bombardeio de informações e desinformações nos deprimem, nos desanimam. 

    Creio que é o que tem acontecido comigo e com muitos amigos e contatos. Por isso entendo o Riva nessa lassidão e por isso estou aqui escrevendo um monte de palavrinhas meio sem conexão.

    Fernando Pessoa
    Resumindo. O comentário do Riva sobre precisar de um dia de folga, me recordou um poema de Fernando Pessoa que trata magistralmente do tema.

    Falar em poesia me fez pensar que meu irmão não é chegado a esse estilo literário,  o que me fez refletir sobre as muitas diferenças de pontos de vista, o que me levou à situação atual, estresse e pandemia.

    Entenderam?

    Ótimo, porque agora, eu mesma fiquei meio confusa.

    Pra disfarçar, colo abaixo o poema Adiamento, do Pessoa, através de Álvaro de Campos, um de seus heterônimos.

    FERNANDO PESSOA
    Poesias de Álvaro de Campos

    "Adiamento"

    Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
    Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
    E assim será possível; mas hoje não...
    Não, hoje nada; hoje não posso.
    A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
    O sono da minha vida real, intercalado,
    O cansaço antecipado e infinito,
    Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
    Esta espécie de alma...
    Só depois de amanhã...
    Hoje quero preparar-me,
    Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
    Ele é que é decisivo.
    Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
    Amanhã é o dia dos planos.
    Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
    Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
    Tenho vontade de chorar,
    Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

    Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
    Só depois de amanhã...
    Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
    Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
    Depois de amanhã serei outro,
    A minha vida triunfar-se-á,
    Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
    Serão convocadas por um edital...
    Mas por um edital de amanhã...
    Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
    Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
    Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
    Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
    Antes, não...
    Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
    Só depois de amanhã...
    Tenho sono como o frio de um cão vadio.
    Tenho muito sono.
    Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
    Sim, talvez só depois de amanhã...

    O porvir...
    Sim, o porvir...

    Álvaro de Campos