5 de agosto de 2012

Fracasso e decepção

Tinha outra coisa em mente quando resolvi sentar e escrever o post. Mas uma piada que li na internet e uma manchete no jornal de hoje, levaram-me as duas palavras que dão título a estas mal traçadas.

A piada, de gosto duvidoso, um pouco amarga, é que na busca pelo ouro olímpico, nossos atletas não deixam de conseguir o amarelo: amarelam na piscina, amarelam no salto com vara, amarelam no basquete feminino e assim vamos marelando.

A manchete é “E o vento levou...” numa clara alusão a Fabiana Murer, que abortou o último salto “por causa do vento”.

Os nossos atletas são bons de improviso nas desculpas, nas justiticativas. Esquecem da lição de Hubbard, muito pertinente: “Nunca te desculpes. Os teus amigos não precisam de desculpas. Os teus inimigos não acreditam nelas.”

Para nós o vento está sempre contra, o cavalo sempre refuga, a bola bate no aro e não cai na cesta, bate na trave não entra, o cansaço atrapalha, enfim, a culpa é sempre do fortuito, das circunstâncias, do imprevisível.

O Cielo nadou dois dias antes uma prova de 100m, na qual chegou em sexto lugar, um vexame. Ainda sssim na prova do 50m supostamente sua especialidade, ficou com o bronze, sob alegação de cansaço.

Meu Deus! E o Phelps que nadou várias provas individuais e outras de revezamento, por equipe, e ganhou quase todas? Algumas no mesmo dia. Ora, vai te catar.

Não pensem que não vejo méritos no nadador. Afinal o terceiro lugar é honroso e imagino o sacrifício que fez até chegar ao ponto de competir em Olimpíadas. O que pretendo ressaltar é que poderia nos poupar da desculpa. É inaceitável. A desculpa significa confessar  despreparo.

A Fabiana em Pequim perdeu as varas e a medalha; desta feita tinha as varas mas não tinha o vento a favor. “Não existe vento favorável para quem não sabe onde quer ir”. Este aforismo, cujo autor não me recordo, emoldura à perfeição o caso da saltadora.

E os Hypólitos ficam zangados com as criticas. Agora me socoro em Vincent Peale: “O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica.”

Atletas como Cesar Cielo, Fabiana Murer, Diego Hypólito e vários outros frustram as expectativas e tiram nosso tesão.  Quem torce por perdedores? O Vasco tem uma enorme torcida na faixa etária entre 65 e 75 anos, porque na década de 1940 e início da seguinte, ganhava muitos títulos. Eu inclusive fiz minha opção pela equipe da Cruz de Malta aos 9 anos de idade (1949) porque criança valoriza heróis e vencedores.

Por falar em Vasco, o projeto olímpico do Flamengo fracassou mais do que o nosso. Quem chamou a atenção para o fato foi um rubro-negro apaixonado, o cronista esportivo Renato Mauricio Prado. Deve ter sido duro para ele admitir resultado pífio no projeto do urubu. O Cielo foi uma das decepções.

Acho uma vergonha um pais com quase duzentos milhões de habitantes, oitava economia do mundo não conseguir formar bons atletas nas diferentes modalidades.

Como nossa formação é multiracial, fruto da miscigenação de diferentes etnias, marca registrada do país, temos biotipos adequados para todas as modalidades esportivas.

Nos últimos anos temos tido empresas que adotam atletas e patrocinam esportes. Temos importado técnicos estrangeiros de boa qualificação para treinar várias modalidades esportivas. Temos participado de competições internacionais para propiciar experiência aos atletas. Fazemos intercâmbio.

E no quadro geral de medalhas ficamos atrás de países que não têm nossa população, nossa diversidade racial e nem nossas riquezas.

Em posts anteriores sobre as Olimpíadas, tivemos alguns comentários que apontavam as causas.

Pessoalmente não acredito em causas. Em tudo há apenas uma única causa, o resto é consequência.

5 comentários:

Jorge Carrano disse...

Phelps e Bolt não tremeram e confirmaram favoritismo.
Conseguiram manter alta performance em duas Olimpíadas.
Por isso são ovacionados pelo público todo.
Outra coisa. Nas finais dos 100m rasos, prova mais esperada da competição olímpica, os oito corredores eram negros. Não faltam no Brasil, e com a mesma origem africana. O que falta para nós? Três americanos e três jamaicanos. Vá lá que os americanos sejam favorecidos por maior apoio e infraestrutura melhor, mas e os jamaicanos? Por que são melhores do que os nossos corredores ?

Edemar Rosas disse...

Grande post. O brasileiro é um povo extremamente vitimista. Não é de supreender que nossos atletas também sejam. Como se desculpas fossem capazes de justificar o fracasso... Tenho o mais absoluto desprezo a atletas brasileiros. Ilustram com exatidão como o nosso povo é covarde, pusilânime e estúpido. Indo de encontro aquela baboseira que o PT propagava: "Brasileiro não desiste nunca". Babaquice.

Gusmão disse...

Com pequenos reparos, atenuando o "desprezo" que acho exagerado, subscrevo a opinião manifestada no comentário acima e a do autor externada no post.
Abraços

Anônimo disse...

Cacbamos de ganhar outro ouro, nas argolas. De onde menos se espera, mais conseguimos.
:D Fernandez

Jorge Carrano disse...

Sugiro que leiam o post encontrável no endereço a seguir:
http://www.pontoparagrapho.com.br/detlahes/12-08-07/medalhas.aspx