19 de janeiro de 2014

Piriápolis, não Pirinéus

Se eu tivesse escrito que iria falar do balneário Punta del Este, ninguém daria a mínima atenção. Afinal todo mundo já foi a Punta del Este, ou já viu documentário sobre a cidade litorânea do Uruguai, ou pelo menos  já ouviu falar.

Mais para chamar atenção, pelo inusitado, resolvi falar de um lugar “muy cerca” (35 Km), que é pouco conhecido, aqui em Niterói pelo menos.




E pelo jeito fui bem sucedido na intenção. Despertei a curiosidade por mais informações, no blog e junto à família, quando falei do lugar e exibi fotos e postais. Até, como típico turista, comprei uma camiseta alusiva ao local. A nota fiscal ao lado, de compra do souvenir (que serviu para dormir), mostra que paguei 240 pesos. Na verdade paguei em reais (R$ 30,00), o que resultou num cambio muito desfavorável de 1 por 8. Nas casas de cambio variava entre 8,10 e 8,30 por real.



Não questionei na loja o cambio tão ruim, porque a vendedora, além de simpática era muito bonitinha, o que me deixou abobalhado. Porque beleza é fundamental como decretou o poeta.

Dois beliscões depois Wanda esqueceu e ficou tudo por isso mesmo, com prejuízo pequeno no bolso.

Lá a camiseta, bonitinha, serviu para dormir, mas aqui em Niterói servirá para caminhadas no calçadão. Tem uns veleiros estilizados.

Há uma teoria, antiga, formulada por um apreciador da boa mesa, boa prosa e tranquilidade, que se você divulga os lugares bem charmosinhos que conheceu, acaba por transforma-los em mafuá. Todo mundo corre para lá, e pronto, estragou!

Vira  um point conhecido e obrigatório para todos.

Mesmo quando o lugar – cidade, restaurante ou bar – fica no exterior. Nada pior do que uma multidão de turistas, num mesmo restaurante, falando alto e tirando fotos. A cozinha não dá conta e os pratos saem mal elaborados. A carne vem ou dura demais como sola de sapato ou muito crua com o bife mugindo.

As bebidas certamente não estarão na temperatura ideal, e o atendimento dos garçons fica deficiente. Pode ocorrer até de te apressarem para vagar mesas. Tem fila de espera e a rotatividade é fundamental para os lucros.

Em geral a relação custo/benefício fica prejudicada.

Como não pretendo voltar a Piriápolis, posso falar de algumas coisas boas do lugar, dependendo, claro, do gosto individual e áreas de interesse para lazer.

Bem, vamos lá. Para início de conversa, alerto aos mais distraídos que não vou falar dos Pirinéus, cordilheira que faz a divisa entre França e Espanha. E sim de Piriápolis, no Uruguai. Aqui gastamos pesos e não euros como lá. O custo das refeições nem é mais caro e nem mais barato do que aqui em Niterói. E tem boas opções de cardápio, inclusive peixes e frutos do mar.

Piriápolis, numa livre interpretação, é “a cidade de Piria”, assim como Petrópolis é “a cidade de Pedro”.

O balneário foi criado a partir da visão comercial e empreendedorismo de um certo Francisco Piria,  uruguaio descendente de genoveses, que comprou uma vasta extensão de terra improdutiva para cultura, qualquer cultura, e que  resolveu transformar o local num balneário para descanso de europeus endinheirados Pagou barato por uma imensa área. Dos cerros ao litoral.

Construiu sua própria casa e em seguida um hotel. Plantou árvores e meio que urbanizou. Foi para a Europa, onde transitava bem nos meios econômicos e sociais, pois estudou na Itália e tinha raízes familiares por lá, e começou a vender glebas no balneário.

O local era e é ótimo para descanso de empresários e políticos influentes, pois era e é inteiramente sossegado, oferecendo boas praias, calmas e limpas.

A coisa cresceu e ele resolveu construir o que viria a ser  (na época)  o maior hotel da América do Sul, o Hotel Argentinos, cuja foto publiquei em outro post.

Assim, o local foi e ainda é refúgio de europeus. Mais recentemente também de argentinos. Muitas das casas destes europeus ficam fechadas  a maior parte do ano, apenas cuidadas por jardineiro, segurança e arrumadeira/faxineira, para que tudo esteja em ordem se e quando vierem em férias.

O lugar é muito tranquilo, mas tem algumas atividades noturnas, em especial o jogo  pois os cassinos são livres no país. Não posso falar da vida noturna com mais profundidade porque não frequentamos.

Tem vários bons restaurantes e uma cadeia de hotéis surpreendentemente grande. E bons.

Durante o dia quem gosta faz pescaria. Quem gosta faz escaladas, pois Piriápolis é a única cidade do Uruguai que tem cerros um pouco mais elevados. Se não agrada nem uma coisa nem outra, passe protetor solar e bronzeie-se nas praias.

Num dos cerros tem um teleférico que leva e trás as pessoas para a praia.

Cerro San Antônio. Lá em baixo a pequena marina e algumas lanchas
Em resumo, se seu negócio é descansar mesmo, você quer ócio, mas bem acomodado e comendo e bebendo bem, então o local atenderá seus anseios.

Fica a estratégicos minutos de Punta del Este, e a apenas uma hora,  de carro, da capital  Montevidéo.

Como em todo local turístico vendem artesanato. Tem muitos brasileiros, mas não somos a maioria. Os argentinos são mais numerosos, mas tem também muitos europeus, de várias partes do velho continente.

Para encerrar informo que cheguei lá graças a consultas e conversas com agente de turismo. No caso a firma Daniel Reyes, operador de turismo, que está no sitio http://www.danielreyes.com.uy/

Não pretendo voltar, mas gostei de ter ido lá.

Nota do blogueiro: outras fotos de Piriápolis, além das já publicadas, estão  num cartão que se esgotou. O dito cartão está perdido. Atrasei a publicação deste post exatamente na esperança de poder publicar boas fotos da cidade. A imagem do teleférico, no Cerro San Antônio, está na internet.

6 comentários:

Freddy disse...

O amigo está muito minucioso quanto a câmbio desfavorável. Em Bariloche no ano passado, demos de cara com diferenças que iam de 2,28 pesos p/ real na loja do aeroporto até 3,00 pesos p/ real em algumas casas de câmbio do centro de Bari e na maioria das lojas, sendo que algumas cotavam-no a 2,80. Soubemos que no Brasil a cotação oficial era de 2,56. Isso sim é que é variação!

Sobre beleza feminina, dei de cara com uma alternativa à frase do Vinícios. Eis como a postei no Facebook:
VINÍCIUS DE MORAES: As feias que me desculpem, mas a beleza é fundamental.
NELSON RODRIGUES: Numa mulher interessante, a beleza é secundária, irrelevante e até mesmo desnecessária. A beleza morre nos primeiros quinze dias, num insuportável tédio visual.
Qual o seu voto?

Por ser menos agressivo, ficarei com Nelson.

Sobre estadia no Uruguai, esse seu post abriu possibilidades. Pode ser que eu escolha Piriápolis em vez de Punta del Este. Em Punta me parece que aquele hotel famoso mais visitado por brasileiros (Conrad) monopoliza as atenções por lá.
Abraço
Freddy

Jorge Carrano disse...

Caro Freddy,
Você menciona e compara duas personalidades nacionais.
Vinicius, de muitas mulheres e muitos amores, como na letra do samba interpretado pelo Martinho da Vila, foi um diplomata que se deu ao luxo de sentar no meio-fio, de uma rua em Paris, da maneira mais natural. Conviveu com nos meios artísticos e culturais com a mesma desenvoltura, no Brasil e no exterior. Parceiro de Tom Jobim (quer mais?), e que cunhou o verso “que seja eterno enquanto dure”.
Nelson. Jornalista, cronista, frasista e um dos maiores, senão o maior, dramaturgo nacional. Também transitava nos meios artísticos e culturais. Sociólogo, sem carteirinha, é referência respeitada.
Cunhou frases definitivas, como “Deus está nas coincidências”.
Agora vem a heresia (para muitos). No terreno literário prefiro o Nelson ao Vinicius. A uma porque prefiro a prosa à poesia. E depois porque as crônicas que escrevia, quer as associadas ao futebol (uma paixão), quer aquelas de cunho sociológico quando invade a alma e o comportamento humano, são (estão aí) muito boas em estilo e conteúdo. Isso para não falar de suas peças teatrais, que continuam e continuarão a ser encenadas ainda por muitos anos, como as de Shaskepeare.

Helga Maria disse...

Dois beliscões é? (risos)
Helga

Jorge Carrano disse...

Sempre levo beliscões quando fico assanhado com mulheres (rs).
Se um dia eu fizer exame de corpo de delito, consigo justa causa para me separar. (rs)

Freddy disse...

Caro Carrano, eu já me sentei num meio fio em Paris, como Vinícius, mas lembrando de Nelson porque minha vontade era de chorar lágrimas de esguicho! O motivo não vem ao caso.

Ms vamos lá:
Vinícius se fixou na beleza, que é um conceito estético, externo, sem necessidade de conteúdo. Uma mulher linda passa rebolando e passa a ser alvo de fantasias e sonhos. Não interessa, ao menos em princípio, se é volúvel, vulgar, burra. Chama a nossa atenção pelas formas e ondular do corpo, jeito dos cabelos, meneio da cabeça, olhar dengoso ou flamejante.

Nelson usa o termo “interessante”. Uma mulher interessante não precisa ser necessariamente bela mas provavelmente é agradável aos olhos, vamos admitir. No entanto, o ponto principal de uma mulher interessante é o que ela é por dentro, o que ela demonstra por ações, na conversa, no convívio, no modo de ser. É algo bem mais profundo e sólido que o mero visual externo.

Talvez seja fácil se apaixonar por uma mulher bonita.
Mas certamente a gente só vai amar uma mulher interessante.

Abraços
Freddy

Jorge Carrano disse...

Em Goiás tem uma cidade chamada Pirenópolis.
Tirei na Wikipédia:
Pyrenópolis (ortografia arcaica), posteriormente Pirenópolis, significa "a Cidade dos Pireneus". Seu nome provém da serra que circunda a cidade que é a Serra dos Pireneus. Segundo a tradição local, a serra recebeu este nome por haver na região imigrantes espanhóis, provavelmente catalães. Por saudosismo ou por encontrar alguma semelhança com os Pirenéus da Europa, cadeia de montanhas situada entre a Espanha e a França, deram então a esta serra o nome de Pirenéus, mas mais tarde, devido à pronúncia da língua portuguesa no Brasil, surgiu a grafia sem acento.