O Museu da Arte Contemporânea pode ser
definido com um antigo adágio popular de origem portuguesa: “Por fora, bela
viola; por dentro, pão bolorento”.
Moro à cômoda pouca distância do MAC, em Niterói. Se as peças
em exposição fossem interessantes seria excelente. Mas, cá para nós, o conteúdo
é muito chinfrim. Sei que arte é arte, e nem sempre é possível entender. Mas
sei também que certas obras tocam meus sentimentos, minhas emoções. Outras
causam irritação.
Foi assim também com a minha primeira bienal, em São Paulo.
Algumas das chamadas “instalações” eram tão bizarras, desinteressantes e
ininteligíveis que não via a hora de acabar o périplo pelas dependências, no
Ibirapuera, e ir para casa. Ou tomar um sorvete para refrescar a cabeça.
O MAC tem um desenho arquitetônico que chama a atenção. Não
por outra razão a imagem corre o mundo. E dezenas, centenas de turistas, do
Brasil e do exterior acorrem diariamente ao local, na subida da Boa Viagem, para fotografar o prédio. Só
fotografar o prédio, que lembra uma nave espacial.
Por fora é atraente, por dentro... deixa p’ra lá, com todo
respeito aos artistas que tiveram o privilégio de ter obras selecionadas para o
acervo do museu.
Boglueiro posando de turista, há três anos |
Falei de imagem e aproveito para manifestar meu desagrado com
a mudança do símbolo da cidade, que estampava desde minha infância os postais e
documentos oficiais. Refiro-me à Pedra do Índio, ali bem próxima ao museu. Não
aprovo a ideia de substituir a pedra, esculpida pela natureza, que desde sempre
foi símbolo representativo da cidade, por uma obra construída pelas mãos humanas,
mesmo que o projeto seja de um Niemeyer.
Inclusive porque o índio tem muito a ver com nossa história.
A pedra, atualmente, perdeu um pouco da aparência de um índio visto de perfil,
por causa da ação do tempo, ventos, sol e chuva. Mas está lá, soberana, perto
da outra não menos famosa (para nós, da cidade) pedra de Itapuca.
Finalizo este posto
sobre o MAC, com outra crítica ao seu interior, mas desta vez ao subsolo, onde
funciona o bistrô.
De bistrô pouco tem o espaço. Em quase nada lembra os famosos
parisienses. Não é aconchegante, intimo.
Tem, é verdade, uma bela vista para a baia da Guanabara. Mas é grande e
espaçoso. Tem uma coisa que é igual aos de Paris: o preço.
21 comentários:
Eu aceito a mudança de símbolo. Visualmente, o MAC hoje é a referência turística de Niterói, e ponto! Eu não aprecio as obras ali expostas, mas confesso que uma vez vi uma absolutamente interessante, composta de 60 lentes circulares de óculos espelhadas, colocadas em 6 colunas de 10. Chamava-se “você faz a imagem” e o visitante era instado a se aproximar bem dela e se mover lentamente. Nossos 60 rostos se moviam em sincronismo e era um efeito cavernoso!
Quanto ao restaurante, podia ser melhor. Creio que a longa disputa pelo ponto terminou com alguém que atendia a requi$ito$ da prefeitura, mas decerto não foi a melhor escolha gastronômica. A vista é limitada porque as janelas são altas.
Externamente, não apenas o próprio museu como o que o cerca é uma vista maravilhosa.
Abraço
Freddy
A sede da Apple, que está sendo construída em Cupertino, no Vale do Silício, em formato de anel, lembrará , também, uma nave extraterrestre.
Quando a cidade foi fundada certamente aquela pedra já estava lá.
Então é mais característica.
Helga
Bom argumento, Helga.
Agora pergunto: O Cristo Redentor, é um dos símbolos da cidade do Rio de Janeiro, por causa do pico, ou pela estátua lá colocada pelo homem?
Em 2011 fui a Paris para uma entrevista de trabalho - cheguei a escrever uma matéria ... Viagem relâmpago .... uma droga de viagem, pois como o Carrano comentou na oportunidade, fui obrigado a beber vinho nacional por 2 vezes ...argh !
À tarde, em um hiper famoso escritório de arquitetura (http://en.wikipedia.org/wiki/Jean-Michel_Wilmotte), com obras espetaculares por todo o planeta, fui entrevistado pelo dono da empresa Jean-Michel, sentado atrás de uma mesa maior que minha suíte em casa ...rsrsrs.
O que tinha atrás dele, na parede, centrado, como principal obra de arte exposta ?
Exatamente o MAC de Nikity !
(pano rápido)
Como mencionei, caro Riva, a imagem do MAC correu o mundo. Na época de sua construção/inauguração, revolucionou a arquitetura.
Serviu de inspiração para muitos arquitetos. Na própria sede da Apple, que comentei acima, foi usado o conceito de Niemeyer.
E o MAC é bacana mesmo.
Entretanto dizem que os prédios do mestre não são funcionais.
O post a que o Riva se refere (viagem relâmpago a Paris), está em
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2011/10/viagem-relampago-cidade-luz.html
(copy and paste)
A Torre Eiffel não estava lá quando Paris foi fundada muito menos o campanário do Big Ben em Londres.
O Cristo levou o título de uma das 7 maravilhas do mundo moderno e representa o Rio de Janeiro, em lugar do Pão de Açúcar que já estava lá.
Portanto, acho que o MAC merece representar Niterói.
Abraço
Freddy
Seus fundamentos são consistentes, Freddy.
Entretanto eu ficaria com a Pedra do Índio. E mais, jamais trocaria o nome da avenida, de "Praia de Icarai" para qualquer outro, com todo respeito ao falecido jornalista que até conheci.
Para voltar para casa, pego o ônibus 47-B, que me deixa na porta do prédio. E embarco na esquina da Rua da Conceição, onde está o escritório. Muito cômodo.
Ele passa defronte ao MAC. Sempre que volto mais cedo para acasa, tem turistas (brasileiros e estrangeiros) indo para o museu.
Exercito bastante meu inglês dando informação. Alguns com mapa nas mãos, outros simplesmente tentando falar "museô". Querem saber onde descer. Se para na porta, estas coisas.
A primeira coisa que fazem (indistintamente), quando descem em frente ao prédio, é sacar a câmera fotográfica. É com o se o museus fosse desaparecer em instantes. Fosse sumir e era preciso documentar logo. Depois, imagino, irão apreciar o entorno, as próprias dependências. O espelho d'água e o interior.
Muito curioso. Fofografar é "obrigação". Depois apreciar.
Uma de minhas filhas já sofreu um "assalto-instrução" no 47. Enquanto um pequeno pivete a assaltava, ainda meio desajeitado, um adolescente atrás dava cobertura, estimulando o "aprendiz".
Já sofri desse mal: fotografar antes de apreciar. Acho que venho vencendo esse mau hábito, ao menos já tenho consciência dele!
Quanto à Praia de Icaraí, o que seria dos vereadores se não houvesse rua pra mudar de nome, às vezes seu único projeto do mandato?
=8-/
Freddy
Freddy,
Existem três ônibus 47. O puro e simples, que trafega pela praia de Icarai e vai até quase o Vital Brasil, num longo percurso, e os 47-A e 47-B (que me servem) e são circulares, num trajeto pequeno. Atendem, basicamente, estudantes da UFF, pois passa no campus da Boa Viagem, visitantes do MAC e moradores do Ingá (meu caso).
Pé de pato mangalô três vezes, Freddy.
Já é a segunda vez, em uma semana, que você me fala de assaltos em programas meus: ficar sentado na praia vendo tartarugas e andar no 47-B.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Te cuida, Latorraca !!
Tb estou com a Pedra do Índio.
KKKKKKKK é só piada Freddy. Fica frio.
Eu morro de medo de passear a pé por ali, do Gragoatá ao início de Icaraí. Gostaria de fotografar (depois de apreciar) mas nem imagino portar uma máquina decente na orla marinha, no máximo meu smartphone Samsung barato! A menos que vá escoltado...
=8-(
Freddy
Os jovens da minha geração que usufruíram do panorama do Alto da Boa Viagem, provavelmente ainda lembram com saudade do trailer, dos encontros e das corridas de submarino. Esteticamente acho de mau gosto a forma do MAC. Assim como a pirâmide de vidro na minha opinião, é um corpo estranho nos jardins do Louvre.
A pirâmide, lá onde está, ao lado do Louvre, é uma aberração.
Aliás em qualquer lugar ela estará deslocada.
Concordo 100% com a Incógnita. E acrescentaria à Boa Viagem a lembrança das descidas com carrinho de rolimã, e mais tarde, os namoros dentro do carro estacionado lá em cima (com segurança) .... rsrs
Caro Riva,
A Incógnita não esqueceu dos namoros aos quais você se referiu. As corridas de submarino o que eram?
Esqueceu ou não está associando o nome à pessoa? (rsrsrs)
A futura sede da Apple, que vi em projeto numa revista, lembra mais um anel de Saturno do que uma nave espacial.
Helga
Eu não conheci a pirâmide do Louvre ao vivo, estive lá antes de sua construção... Mas pelas fotos, é uma agressão ao museu.
Quanto ao MAC, eu sou um fã. Turisticamente Niterói não era ninguém antes dele, portanto temos de agradecer a sua construção. Niterói tem várias construções no centro com projeto de Niemeyer e ninguém lhes dá bola. Talvez a nova Catedral, se for ali construída, possa ser uma referência por conta do apelo religioso.
O que estranhei ontem, ao passar pelo MAC, é a total inexistência de vagas para automóveis! O pouco que tinha recebeu uma ciclovia. É isso aí ou estou enganado??? Por exemplo dependeria de horário???
=8-/
Freddy
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