23 de janeiro de 2014

Minha foto número 1




Por
Carlos Frederico March
(Freddy)








Dos personagens de Walt Disney, um dos que mais me agradava era o Tio Patinhas. Não pela avareza e mau humor, mas pela inteligência, perspicácia e pelo espírito empreendedor, além de ser agradável aos olhos vê-lo imerso naquela fortuna incomensurável. Os mais atentos perceberão que suas melhores aventuras eram com os 3 sobrinhos do Pato Donald - Huguinho, Zezinho e Luizinho - que também eram sagazes, honestos e trabalhadores, como Patinhas gostava.

Patinhas, afora sua capacidade inata, tinha um lado místico e julgava que sua boa sorte nos negócios era fruto da posse de uma moeda de 10 cents que ganhou engraxando sapato: a “Moedinha Número 1”. Muitas de suas aventuras se baseiam na tentativa de sua principal inimiga, a bruxa Maga Patalójika, de roubar-lhe a moeda da sorte, na esperança de se tornar, ela mesma, tão rica e famosa como Patinhas.




Falemos agora de fotografia, em vez de dinheiro. Começo revelando que sofri um trauma que me persegue desde meus 8 anos. Minha mãe, hoje falecida, teve descolamento de retina e depois de diversas tentativas e operações, veio a ficar cega num lento processo que acompanhei de perto, muito imaturo ainda.

Eu, que sempre fui muito ligado a ela, desenvolvi diversas atitudes  que visavam minimizar-lhe o sofrimento de não mais ver o mundo. Inconscientemente passei a me afastar de, no sentido de praticar ou enfatizar, tudo que se referia a imagens: cinema, TV, fotografia... Criei hábitos nesse sentido que ficaram arraigados: não curto cinema e raramente assisto TV, fatos que volta e meia aparecem nos comentários deste blog.

Fotos minhas e da família há em bastante quantidade na década de 50, em preto & branco, tiradas por meus pais ou parentes. No entanto, o trauma da cegueira de minha mãe deve ter influenciado porque há um hiato fotográfico em nossa vida e se tenho 5 ou 6 imagens de 1959 até 1977 é muito.

Adentrei a adolescência com atividades lúdicas diversas, depois vieram as festinhas e interesses amorosos. Sofri em 1968 o grande acidente que me deixou com sequelas na mão direita, um divisor de águas em minha vida pessoal... Noivei uma primeira vez, frequentei um grande círculo católico, estudei na PUC-RJ, entrei na Embratel em 1974... Nada disso foi registrado por mim e se imagens há feitas por outrem, agradeceria que me mostrassem.

Eventualmente noivei uma segunda vez e tudo se encaminhou para um casamento em março/77. Isso se desdobraria numa lua-de-mel e já estava agendada pela Embratel a nossa viagem à Alemanha a partir de maio daquele ano, com duração de 7 meses. Seria legal se eu registrasse isso tudo, não?

O tempo corria contra, de modo que joguei para o alto todos os meus traumas quanto a imagens e comprei uma pequena câmera fotográfica, uma Olympus Trip 35, através de um colega de Embratel que trazia equipamentos de fora, nessa época em que era tão difícil e caro consegui-los por aqui.

Como primeira meta na pele de fotógrafo iniciante, empenhei-me em aprender o básico o mais rápido possível, dado que já corria o mês de fevereiro/77. Para tal foi-me emprestada uma Olympus Trip 35 igual à que estava a caminho pra mim, para que eu pudesse treinar.

E lá fui eu, com a incumbência de aprender a fotografar faltando um mês para o casório!  A locação escolhida para minha estreia foi a praia da Barra da Tijuca e a modelo foi minha noiva, logo a seguir esposa, Mary. E dela foi a primeira foto que tirei, numa composição que incluiu minha Brasília apenas como suporte.

A seguir vieram mais de 12.000 em filme convencional ou slides, sendo que hoje em dia todo mundo conta também aos milhares as fotos digitais que se tira sem nem saber por quê. No meu caso, a maioria já ganhou a lata de lixo, física ou virtual.

Onde entra Tio Patinhas nisso tudo? É que, estimulado pelo personagem, eu julguei que essa primeira foto poderia se tornar um talismã para quando eu me tornasse um fotógrafo rico e famoso! Para tal, preservei ambos, negativo e cópia original, e os guardo até hoje!







Bem... Não me tornei rico nem famoso, muito menos exerci profissionalmente a carreira de fotógrafo, apesar de ter me formado como tal no New York Institute of Photography. Já se perdeu no tempo o sonho acalentado desde aquela tarde ensolarada na Barra da Tijuca, por diversos motivos.

No entanto, ainda olho com carinho para esta foto esmaecida e avermelhada pelos anos, meio fora de foco e carecendo de boa composição, pois ela é a minha “Foto Número 1”. E, não menos importante, é de minha amada esposa Mary na flor de seus 22 anos.




Desenho do Tio Patinhas:

http://www.gpdesenhos.com.br/paginas/disney/tiopatinhas.htm


17 comentários:

Jorge Carrano disse...

O primeiro sutiã (soutien) as mulheres não esquecem... mas não guardam não é Freddy?
A pergunta que não quer calar é a seguinte, e que a Mary não nos ouça (ou leia): A primeira moeda do Patinhas gerou muitas outras; e a primeira foto com mulher bonita como modelo, gerou muitas outras depois?

Freddy disse...

Sim, gerou muitas.
No entanto, tive de abandonar a carreira (de fotógrafo de modelos). Nessa semana mesmo, por conta de ter de descartar milhares de fotos por falta de espaço, foram-se praticamente todas as que ainda tinha comigo.
=8-/
Freddy

Jorge Carrano disse...

Posso saber o que você guardou no espaço onde poderiam estar as fotos? Não pode faltar espaço para mulheres (rs).

Freddy disse...

Não tem espaço sobrando, Carrano! Esse é o problema!
A palavra que mais ouço hoje em dia é "desapego". Há que praticar desapego, me recomendam. Isso se resume em jogar fora todas as minhas lembranças, guardando apenas uma ou outra - até quando tiver que me desapegar novamente.
=8-/
Freddy

Helga Maria disse...

Foi falta de espaço ou a esposa policiou?(risos)
Helga

Jorge Carrano disse...

Helga,
Minha irmã está curiosa sobre a amiga dela que teria sugerido a você visitar este blog, há algum tempo, como você mencionou.

Freddy disse...

Se o negócio é ver moças ao natural, recomendo um dos inúmeros sites disponíveis:
http://www.photokonkurs.com/index.php?lang=en

Esse é um seríssimo site de concurso de fotos, onde você pode postar e votar (se cadastrado) ou apenas apreciar.
Recomendo as categorias NUDE ou EROTIC GLAMOUR, mas quem gosta pode ver crianças, bichinhos, paisagens, esporte, etc. São centenas de milhares de fotos gratuitas, pode baixar à vontade!
Ah, sim, se quiser pode treinar suas habilidades em russo, pois o site é apresentado tanto em inglês como russo.
Não precisa de espaço físico pra guardar fotos, tá certo? Só alguns gigabytes se quiser baixar algo. Se não, apenas aprecie no site!
<:o)
Freddy

Jorge Carrano disse...

Freddy,
A Helga provocou e você deixou por isso mesmo. Que mudança!

Jorge Carrano disse...

Freddy,
Tem um tal de Alexander Grinn que é fera no assunto. Belas fotos.

Freddy disse...

Carrano e Helga, não é mudança. Vocês sem saber tocaram num assunto sério e o trataram como piada. Fiquemos por aqui.
Abraços
Freddy

Riva disse...

Patinhas era (é) um fdp ! rsrsrs.
Vivia sacaneando o Donald, até humilhando mesmo.

Mas foi minha revistinha/gibi preferida por muitos anos. Era grossa, vinha com muitas histórias legais. Patópolis era a "cidade ideal" pra se viver !

Com o tempo, além de ficar mais fina, perdeu também a qualidade nos desenhos dos personagens ...e então abandonei totalmente.

Riva disse...

Isso é um blog ou um divã ?

Agora ficamos curiosos sobre o "assunto sério" .... ajoelhou, rezou !!

<:)

Jorge Carrano disse...

Shiiii! Caro Riva, não cobrei do Freddy, porque sou (era) polivalente no futebol; multimídia nas mensagens (web, revistas, jornais), mas nulidade em psis (psicologia, psicanalise, psiquiatria) e não saberia botar os parafusos no lugar, se o Freddy surtar (rsrsrs).

Freddy disse...

Patinhas era muito inteligente, por isso enriqueceu. Querem um exemplo? Talvez vários de vocês o conheçam.

Patinhas e Patacôncio, o nº 2 na Forbes de Patópolis, brigavam pela clientela de suas estradas de ferro que cruzavam os EUA. A cada semana, o preço de um deles baixava. Numa, Patinhas oferecia o menor preço. Na semana seguinte, Patacôncio reagia e baixava. E a coisa foi ficando feia, a ponto de em determinado momento ficar abaixo dos custos, apenas para derrubar o concorrente. O que Patinhas fez? Comprou TODA a capacidade da linha de Patacôncio a esse preço ridículo, repassando a seus próprios clientes com uma tarifa maior, igual à que voltou a praticar em sua linha!

<:o)
Freddy

Riva disse...

Enrolou, enrolou, e não contou ....rsrsrs

Jorge Carrano disse...

rsrsrs
Vai nos deixar na curiosidade Freddy?

Freddy disse...

Não acho que Patinhas fosse um sacana, por humilhar Donald. Donald faz papel de vagabundo sem profissão definida, vive de bicos e de ajuda, atrapalha-se até com a sombra, mais do que merece as repreensões do tio.
Já os 3 sobrinhos têm a simpatia do velho, que sempre se agradou da maneira correta, honesta e dedicada com que eles se empenham em suas tarefas e responsabilidades.

<:o)
Freddy