27 de dezembro de 2016

As intenções mal entendidas ... ou não

Tive como vizinho e cliente, um português esclarecido e que fora muito bem sucedido em negócios na África.

Uma revolução ou guerra civil em Angola obrigou-o  a fugir praticamente com as roupas do corpo, tendo o cuidado de nelas ocultar algumas joias de valor, e com duas filhas menores.


E veio dar com os costados aqui no Brasil.

Se eu pretendesse, isso daria uma tese e um post. Alguém pode, partindo de Portugal, pretender chegar ao continente africano  e se afastar tanto, na busca por ventos favoráveis, que vem parar no Brasil.

Mas igualmente alguém pode precisar, partindo da costa africana, retornar a Portugal e pelo caminho resolve vir para o Brasil, em busca de calmaria, exatamente o que assustou Cabral.

Enfim, aceitando o que me relatou, o patrício veio para o Brasil porque constava que era o país do futuro, assim como a África ainda tinha muita coisa para ser realizada.

Inclusive uma Copa do Mundo da FIFA, muito tempo depois.

Quando nossa conversa resvalou para os guetos ele enrubesceu, não por vergonha que não tinha nem um pouco se o assunto fosse a segregação de negros em suas próprias terras de origem.

A questão da raiva era o conceito de gueto.

Quando se aquietou, percebendo que não o acusava de coisa alguma como colonizador, narrou-me o que verdadeiramente aconteceu e não foi devidamente explicado e compreendido por historiadores e antropólogos.

Europeus, civilizados há anos, tendo migrado para a África não só em busca de aventuras, senão também de riquezas e oportunidades comerciais, a horas tantas se deram conta que era difícil, dispendiosa e  pouco eficiente a ajuda humanitária que queriam – e precisavam – dar aos trabalhadores a seus serviços nas empresas que lá foram instalando; planejaram e organizaram os chamados guetos.

Na verdade o que inspirou os colonizadores, ou a maioria deles, foi maximizar os serviços de água e esgoto, e, mais ainda, o atendimento médico especialmente para as crianças que conviviam com toda sorte de doenças.


Claro que dar atendimento médico aos empregados com cada um deles morando a longa distância da sede da firma e muito longe uns dos outros, dispersos naquela enorme área geográfica, era difícil e cansativo para os dois ou três médicos e enfermeiras, obrigando-os a longas jornadas em estradas poeirentas.

O mesmo se diga em relação ao encanamento de água potável. Seria absurdamente custosa e ineficiente uma rede tão vasta de encanamentos para atingir as casas de todos, que como já mencionado moravam em pontos remotos e distantes entre eles mesmos.


A solução encontrada a partir de uma ideia de alguém isoladamente ou coletiva, num brainstorming – e sobre isso não havia provas – era juntá-los todos num mesmo local a ser urbanizado.

E com isso tornar mais fácil, menos dispendioso e mais eficaz o serviço de abastecimento de água potável, escola e assistência médica num posto de saúde, nas mesmas condições das desfrutadas pelo patrões/colonizadores.

Poetas e comunistas, em suma gente que não tem contato com realidade, que acreditam em nirvanas e paraísos, vivem no mundo da lua, e enxergam em cada situação uma exploração do homem  pelo homem, uma escravidão, uma subjugação, começou a alardear que brancos construíam guetos na África, onde confinavam os negros, isolando-os dos arianos, cultos e educados. E rotularam estes colonizadores de imperialistas, num sentido pejorativo.

Meu amigo Gusmão, em conversa antiga, tentou me alertar que os colonizadores não estavam preocupados com o bem estar dos negros, seus empregados. A postura era egoísta, interesseira.

Na verdade pretendiam tê-los mais próximos do local de trabalho podendo explorar mais ainda suas atividades laborativas, e se ficavam menos doentes não faltavam tanto e tinham mais vigor para executar tarefas mais penosas, como extração de pedras preciosas e metais nobres.

Imagens: Google.

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