Não tive uma boa iniciação nas letras, nem lembro qual foi o meu
primeiro livro, só estou seguro de que não
foi nenhuma obra de Monteiro
Lobato, o que deve ter sido meu primeiro pecado, a julgar pela importância dada
a este autor por críticos literários,
educadores e intelectuais.
Tampouco os livros didáticos fizeram parte de minhas leituras.
Cinema era a minha diversão.
Revistinhas infantis, se e quando conseguia emprestadas gostava de ler. Com mais regularidade lia as
histórias em quadrinhos publicadas em “O Globo”, que chegava em casa com meu
pai, no início da noite.
Eram várias tirinhas e eu lia quase todas, acompanhando as
histórias. As que ficaram em minha memória foram: Família Buscapé (Ferdinando e
Violeta); Vida apertada (Pafúncio e
Marocas), o Fantasma (com sua namorada
Diana Palmer e o cachorro/lobo Capeto), e
os detetives Nick Holmes, Dick Tracy e o celebrizado (por várias razões)
Mandrake, com seu fiel escudeiro Lothar.
Ferdinando Buscapé |
Casamento do Fantasma com Diana |
Mandrake e Lothar |
Cheguei ao curso científico, parte do que hoje é chamado de
ensino médio, e ao Liceu Nilo Peçanha. Lá a maioria dos alunos era mais
intelectualizada e seus gostos mais sofisticados. No cinema os nomes de Orson
Welles e Alfred Hitchcock eram endeusados. E mais os cultuados Luchino Visconti, Jean-Luc Godard, Federico Fellinni e Vincente Minnelli
Na literatura os nomes mais falados eram de escritores russos
e franceses. Alias que houve um grupo (principalmente formado por alunas) que
criou um “Clube de Francês”, tal era a importância da língua de Molière,
Voltaire, Flaubert, Victor Hugo e outros, como os Dumas (pai e filho), naquela época.
Para minha sorte e comodidade, era só atravessar a Praça da República e chegava à Biblioteca Pública Estadual, onde não só era possível ler as
obras disponíveis na sala de leitura da própria biblioteca, como tomar
emprestado, por 15 adias, o livro de nosso interesse.
Foi desta maneira que conheci, pegando e levando para casa, alguns clássicos da literatura mundial.
Fico por aqui, hoje, ainda no Liceu, citando o inoxidável “O Pequeno
Príncipe”, antes de ser “descoberto” e citado pelas misses e sobre o qual corria a lenda de que eram
necessárias, pelo menos, duas leitura para que se pudesse captar o contido nas
entrelinhas.
Li o livro e amei. Dei para meus filhos (assim como Fernão Capelo Gaivota), e não faz muito
tempo peguei emprestado o exemplar de minha neta porque queria repassar o contexto de “Tu te tornas eternamente responsável
por aquilo que cativas”.
Imagens: Google
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