Há alguns anos eu
tinha uma página num hebdomadário, que ocupava com crônicas do cotidiano.
Criticava o caos urbano, decorrente da camelotagem, da sujeira nas ruas;
criticava alguns aspectos do judiciário; falava de acontecimentos na cidade; e aventurei-me até, olha quanta pretensão, a
tentar crônicas com viés literário com apoio no humor.
Deixei de escrever um
pouco antes do fim do jornal, que era distribuído nas portarias dos edifícios,
em algumas bancas no centro da cidade e nos estabelecimentos comerciais de
anunciantes.
E deixei de escrever porque
fui censurado pelo editor, meu amigo. Sim, porque somente um amigo me confiaria uma página semanal para
perpetrar bobagens. E além de tudo o Carias fazia as ilustrações. Que colaboração luxuosa, não?
A censura teve a ver com o prefeito Jorge
Roberto (1º mandato), a quem critiquei veementemente numa crônica que acabou não publicada por pedido/decisão do editor.
Eu dizia, na tal
matéria, que o Jorge Roberto não era nem um rascunho de político como foi o
pai, que governou o Estado e iria mais longe na política não fora o trágico
acidente em Petrópolis. Não era nem um “genérico”, pois era inócuo.
Acontece que o editor,
a quem encontrei na quinta-feira, dia 17, na Av. Amaral Peixoto, era
correligionário do “Jorginho” e devia alguns favores a ele. Por causa disso
pediu-me que amenizasse as críticas. Não concordei e fiz outro texto no qual só
falava de pássaros, citando meia centena deles, ou um pouco mais. Só isso, até preencher o espaço (foi publicado). E nunca mais
escrevi mais nada para o jornal.
Lembrei desta passagem
de minha vida por dois motivos. A primeira haver encontrado o Hermes, a segunda
o post sobre santos que publiquei aqui em 2009 e mencionei recentemente.
Relendo o texto sobre
os santos, ocorreu-me que não abordei a questão das cotas raciais no Vaticano.
Que me lembre só há um santo negro
(Benedito) e nenhum defensor, específico, para outras minorias (?) como homossexuais,
lésbica e simpatizantes (o povo GLS).
Bem, agora me ocorre
que, salvo engano, a Nossa Senhora Aparecida, pelo menos a imagem dela
encontrada nas águas do Paraíba do Sul, é negra também. Mas ainda assim é muito
pouco. Acho que pelo menos 20% dos canonizados deveriam ser negros ou
afrodescendentes. Afinal a raça negra e assemelhados (mulatos, jambetes, sapotis
e outros) é muito expressiva na sociedade brasileira.
Dois ex-Papas estarão
ingressando no Olimpo, ou seu equivalente romano: João Paulo II e João XXIII,
se lembro bem da notícia.
Aproveitem para fazer
deles seus santos de fé enquanto não têm muitos devotos e pedidos a atender,
podendo, em consequência, dar mais atenção aos seus casos.
Já que o Freddy falou
de reencarnação comentando post recente, pergunto se santo reencarna. E se na
nova vida terrena continua santo ou pode degenerar e cair na gandaia?
Imagens Wikipédia
N.do B: o jornal se chamava Niterói Notícias e tinha o formato tabloide
Imagens Wikipédia
N.do B: o jornal se chamava Niterói Notícias e tinha o formato tabloide
7 comentários:
Carrano, aí tem assunto pra posts inteiros! Não vou comentar o Jorginho nem o pai. Não entendo de política o suficiente para tal.
Essa de cotas raciais para santos foi ótima! Aproveitarei para protestar, porque não incluiu nem índios nem asiáticos! Algo contra eles em favor dos afrodescendentes?
rs rs
Seu chiste sobre reencarnação dos santos é assunto para mesas de teologia, meu caro! Em primeiro lugar porque procede - se eles estão disponíveis para serem chamados a ajudar, é porque seus espíritos ainda rondam. E se ainda rondam, o que os impede de entrar em outros corpos (reencarnar?). Em segundo porque foram eleitos - e isso é um ato importantíssimo no debate. Os espíritos estão aí disponíveis após a morte e, depois de intensos e profundos estudos por um comitê especial, decide-se ou não pela sua beatificação. Significa que são fortes o suficiente para que se possa rezar para eles - daí a necessidade do comitê, para julgar essa força. Outros espíritos são simplesmente descartados, recolhem-se à sua insignificância.
Ei, não estamos falando de Igreja Católica? Que estória é essa de espíritos pra lá e pra cá?
Abraços
Freddy
Os critérios do Vaticano pra santificação se referem principalmente ao dom de fazer milagres e a dedicação aos dogmas e princípios do Cristianismo. Por isso, orientação sexual, raça ou cor não são cogitados. Por este motivo também, os santos pertencem a regiões que seguem esta religião.
Creio, Freddy, que os santos podem, eventualmente, reencarnar. Qual o Centro de Estudos Espíritas que vc frequenta?
O fenômeno da reencarnação ainda é difícil de digerir, para mim. Por quê? Porque não lembro de nada de minhas vidas passadas. Simples assim.
Acho também que não devemos misturar Igreja Católica e seus ritos com espiritismo e reencarnação. Não estamos na Bahia.
Abraços
Freddy
Anônimo Incógnita disse...
No Evangelho, ao se referir a João Batista, Mateus reproduz as palavras de Jesus:
“E, se quiserdes dar crédito, ele é o Elias que havia de vir” (Mt 11.14).
Isso, no entender dos Kardecistas, é uma prova que Jesus aceitava a reencarnação.
Bem. Vcs falaram em santos e em reencarnação. Apenas dei minha opinião. Sorry.
21/10/13 16:10
Incógnita,
De minha parte já arrostei minha plena e geral ignorância no assunto.
Obrigado por comentar.
Continuo estudando e tentando aprender - ou aceitar. Só vou saber mesmo depois de morto.
O blog é pra isso, para trocarmos opiniões.
Abraços
Freddy
Por que a reencarnação, de repente, passou a ser importante para alguns descrentes ?
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