21 de outubro de 2013

Mais santos


Há alguns anos eu tinha uma página num hebdomadário, que ocupava com crônicas do cotidiano. Criticava o caos urbano, decorrente da camelotagem, da sujeira nas ruas; criticava alguns aspectos do judiciário; falava de acontecimentos na cidade;  e aventurei-me até, olha quanta pretensão, a tentar crônicas com viés literário com apoio no humor.

Deixei de escrever um pouco antes do fim do jornal, que era distribuído nas portarias dos edifícios, em algumas bancas no centro da cidade e nos estabelecimentos comerciais de anunciantes.

E deixei de escrever porque fui censurado pelo editor, meu amigo. Sim, porque somente  um amigo me confiaria uma página semanal para perpetrar bobagens. E além de tudo o Carias fazia as ilustrações.  Que colaboração luxuosa, não?

 A censura teve a ver com o prefeito Jorge Roberto (1º mandato), a quem critiquei veementemente numa crônica que acabou  não publicada por pedido/decisão do editor.

Eu dizia, na tal matéria, que o Jorge Roberto não era nem um rascunho de político como foi o pai, que governou o Estado e iria mais longe na política não fora o trágico acidente em Petrópolis. Não era nem um “genérico”, pois era inócuo.

Acontece que o editor, a quem encontrei na quinta-feira, dia 17, na Av. Amaral Peixoto, era correligionário do “Jorginho” e devia alguns favores a ele. Por causa disso pediu-me que amenizasse as críticas. Não concordei e fiz outro texto no qual só falava de pássaros, citando meia centena deles, ou um pouco mais. Só isso, até preencher o espaço (foi publicado). E nunca mais escrevi mais nada para o jornal.

Lembrei desta passagem de minha vida por dois motivos. A primeira haver encontrado o Hermes, a segunda o post sobre santos que publiquei aqui em 2009 e mencionei recentemente.

Relendo o texto sobre os santos, ocorreu-me que não abordei a questão das cotas raciais no Vaticano. Que me lembre  só há um santo negro (Benedito) e nenhum defensor, específico, para outras minorias (?) como homossexuais, lésbica e simpatizantes (o povo GLS).

Bem, agora me ocorre que, salvo engano, a Nossa Senhora Aparecida, pelo menos a imagem dela encontrada nas águas do Paraíba do Sul, é negra também. Mas ainda assim é muito pouco. Acho que pelo menos 20% dos canonizados deveriam ser negros ou afrodescendentes. Afinal a raça negra e assemelhados (mulatos, jambetes, sapotis e outros) é muito expressiva na sociedade brasileira.

Dois ex-Papas estarão ingressando no Olimpo, ou seu equivalente romano: João Paulo II e João XXIII, se lembro bem da notícia. 

Aproveitem para fazer deles seus santos de fé enquanto não têm muitos devotos e pedidos a atender, podendo, em consequência, dar mais atenção aos seus casos.







Já que o Freddy falou de reencarnação comentando post recente, pergunto se santo reencarna. E se na nova vida terrena continua santo ou pode degenerar e cair na gandaia?


Imagens Wikipédia

N.do B: o jornal se chamava Niterói Notícias e tinha o formato tabloide

7 comentários:

Freddy disse...

Carrano, aí tem assunto pra posts inteiros! Não vou comentar o Jorginho nem o pai. Não entendo de política o suficiente para tal.

Essa de cotas raciais para santos foi ótima! Aproveitarei para protestar, porque não incluiu nem índios nem asiáticos! Algo contra eles em favor dos afrodescendentes?
rs rs

Seu chiste sobre reencarnação dos santos é assunto para mesas de teologia, meu caro! Em primeiro lugar porque procede - se eles estão disponíveis para serem chamados a ajudar, é porque seus espíritos ainda rondam. E se ainda rondam, o que os impede de entrar em outros corpos (reencarnar?). Em segundo porque foram eleitos - e isso é um ato importantíssimo no debate. Os espíritos estão aí disponíveis após a morte e, depois de intensos e profundos estudos por um comitê especial, decide-se ou não pela sua beatificação. Significa que são fortes o suficiente para que se possa rezar para eles - daí a necessidade do comitê, para julgar essa força. Outros espíritos são simplesmente descartados, recolhem-se à sua insignificância.

Ei, não estamos falando de Igreja Católica? Que estória é essa de espíritos pra lá e pra cá?
Abraços
Freddy

Incógnita disse...

Os critérios do Vaticano pra santificação se referem principalmente ao dom de fazer milagres e a dedicação aos dogmas e princípios do Cristianismo. Por isso, orientação sexual, raça ou cor não são cogitados. Por este motivo também, os santos pertencem a regiões que seguem esta religião.
Creio, Freddy, que os santos podem, eventualmente, reencarnar. Qual o Centro de Estudos Espíritas que vc frequenta?

Freddy disse...

O fenômeno da reencarnação ainda é difícil de digerir, para mim. Por quê? Porque não lembro de nada de minhas vidas passadas. Simples assim.
Acho também que não devemos misturar Igreja Católica e seus ritos com espiritismo e reencarnação. Não estamos na Bahia.
Abraços
Freddy

Incógnita disse...

Anônimo Incógnita disse...

No Evangelho, ao se referir a João Batista, Mateus reproduz as palavras de Jesus:
“E, se quiserdes dar crédito, ele é o Elias que havia de vir” (Mt 11.14).
Isso, no entender dos Kardecistas, é uma prova que Jesus aceitava a reencarnação.
Bem. Vcs falaram em santos e em reencarnação. Apenas dei minha opinião. Sorry.

21/10/13 16:10

Jorge Carrano disse...

Incógnita,
De minha parte já arrostei minha plena e geral ignorância no assunto.
Obrigado por comentar.

Freddy disse...

Continuo estudando e tentando aprender - ou aceitar. Só vou saber mesmo depois de morto.
O blog é pra isso, para trocarmos opiniões.
Abraços
Freddy

Riva disse...

Por que a reencarnação, de repente, passou a ser importante para alguns descrentes ?