14 de fevereiro de 2020

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DA MORTE




Por 
RIVA



Tenho evitado escrever sobre o tema há muito tempo, na verdade desde o falecimento do Freddy, que ainda me impacta demais.

Nunca havia refletido sobre esse tipo de ausência eterna, não sei porque, apesar de ter vivenciado o falecimento de pessoas muito amadas … as que mais senti foram minha avó materna, meu pai e minha sogra.

As caminhadas são bons momentos de reflexão, mas não só. No busão, sempre na janela, fico contemplando a paisagem no ir e vir e imaginando o que não mais pertence ao mundo do Freddy – não me perguntem porque, porque não sei o que não sei … só sei que fico pensando sobre todo esse pós existência dele, o que ficou, o que não ficou, para mim, para nós, e para ele.

Olho pela janela e vejo tantas pessoas no calçadão, na praia praticando esportes, aquela vida intensa que simplesmente acabou para o Freddy, e tudo continua como se nada tivesse acontecido.

Percebo também que a sua ausência já foi naturalmente absorvida no dia a dia dos mais próximos, nas conversas, nos encontros, nas datas marcantes de cada um, simplesmente ele não está mais lá. É assim. Vai ser assim também.

                                                              Confraria do Freddy

Meu violão não toca mais como antes, meu piano também não, minha voz não sai mais da garganta como antes, inexistem nossas jam-sessions, mas os violões e os pianos lá estão, como se nada tivesse acontecido.

Última jam session

Suas paixões, por onde andarão ? Foram com ele ou simplesmente deixaram de existir ?

Freddy ainda está muito vivo para mim, graças ao Generalidades Especializadas, relendo tudo que escrevia e comentava, e também nas fotografias dos diversos encontros que fazia na sua casa – adorava receber as pessoas, criava degustações diversas, festas de Halloween, chegou a criar uma mini boate em sua cobertura só para realizar esses encontros. 

Halloween
Nada mais faz sentido pra ele – viagens, violões, pianos, musicais, esposa, filhas, cachorro, céu azul, chuva e sol, contas pra pagar, mar, aviões, trabalho, whisky, automóveis, dinheiro, política, Vasco da Gama, restaurantes …. foi-se e acabou, e assim será com todos nós.

Em 2005, passeando com a MV pelo Lake Tahoe na California, deparei-me com uma paisagem deslumbrante nas margens, e lembro como se fosse hoje da percepção que tive da minha pequenez diante daquilo tudo. Daqui a 1000 anos não faria nenhuma diferença se eu tivesse ou não existido ... #simplesassim

Lake Tahoe

Se a vida ainda é, e deverá ser por muito tempo, um grande mistério, imagina a morte então .... esse é o meu incômodo hoje. Tudo vai acabar inevitavelmente um dia, simplesmente assim, e tudo continuará como se nada tivesse acontecido, como se não tivesse importância, o mesmo que uma formiga pisada na calçada, um cachorro atropelado, e milhares de outras pessoas que falecem diariamente.

Reencarnação não existe (haja vista a “queima de arquivos” global), e mesmo que exista, tudo é deletado, dão um “boot” na sua memória.

Não tem graça voltar, voltar pra que, se não for para reencontrar sua amada família, seus amigos, seus hobbies, seu time do coração, suas músicas, etc ?

Então acabou mesmo, Freddy, infelizmente. Mas deve ter valido a pena, eu espero. Por mim, valeu demais termos nos encontrado por aqui, nesse lindo Planeta Azul.

Fica sim, com certeza, uma saudade monstruosa de tudo isso que passou por mim durante seus 66 anos, e simplesmente passou …

E as amêndoas continuarão a cair no calçadão de Icaraí. Como se nada tivesse acontecido.

8 comentários:

Jorge Carrano disse...


Para os que não são assíduos neste espaço, que tem como nome fantasia "Pub da Berê", informo que o autor da postagem é irmão do Freddy, que nos deixou nesta vida e, segundo minha crença, segue seu caminho no Universo infindo.

Percebe-se o amor fraternal, a emoção e a saudade em cada palavra. E toca nossos sentimentos.

O Freddy foi provavelmente o mais ativo, combativo e fiel frequentador deste espaço virtual.

Ademais, com seus valiosos posts sobre música, viagens, fotografia e astronomia, que eram paixões ao lado da família, enriqueceu muito o blog.

Vou além, foi graças ao seu apoio e insistência que o blog se manteve ativo e no ar, quando num momento de desânimo tinha decidido descontinua-lo.

Certamente meu nível de saudade, respeito e admiração não se comparam ao que Freddy deixou em sua família. E que bela família. As fotos dizem mais do que eu poderia escrever.

Estivemos em polos opostos, e não foram raras as vezes, em debates aqui nos comentários, mas certamente com resultados positivos. Respeitosos, mesmo quando irônicos e mordazes.

Freddy faz falta, muita falta. Que em sua jornada seu espírito tenha sempre muita luz.

Rodrigo March disse...

Portanto , cuide -se para evitar este momento pra gente...rs

Jorge Carrano disse...


Boa Rodrigo!!!

Conselho sensato, oportuno e bem-humorado.

Rodrigo March disse...

👍

Riva disse...

Por isso sempre hesitei em escrever sobre tudo isso ... as pessoas não gostam de expor-se nesse assunto.

Compreensível.

Ontem, num churrasco em Camboinhas, conversamos sobre as dimensões infinitas do Universo, como se pode compreender algo que não tem fim, se a vida tem.

O debate foi longe, e voltei para casa com algumas dicas boas de posts do YouTube sobre o tema.

A imagem da Terra pendurada no NADA, vista de uma nave ou satélite, é perturbadora ... ou não é ? A vida e a morte também. Por que acaba, Freddy ? Ou não ?

Ana Maria disse...

Não vou me aventurar a comentar teorias espiritualistas neste momento.
Enveredo por outro caminho para reforçar que nada é em vão.
Todos os seres deixam suas marcas, mormente os que criaram vínculos afetivos e utilizaram seus dons através da escrita ou da música para expressar sentimentos.
Carl Jung nos explica que cada ato, cada pensamento criativo expressado é "arquivado" no inconsciente coletivo.
Freddy permanece na carga genética e na carga energética que gerou.

Kayla disse...

Ah, Riva. Entendo sua saudade. Também passai por isso faz pouco tempo e a ferida ainda esta aberta.
Mas pensa comigo: nós também vamos.
Freddy foi precipitado e deixou esse vazio. Vazio? Não! Deixou lembranças de abraços e sorrisos. Deixou lições de vida.
O que sobra pra quem ainda está por aqui e se juntar no Pub e beber a Freddy.
Viva em nós, Carlos Frederico. Tim Tim
Ashuashuashua

Riva disse...

Grato a vcs, muito.

Bjs e abraços