Por
RIVA
Tenho evitado
escrever sobre o tema há muito tempo, na verdade desde o falecimento do Freddy,
que ainda me impacta demais.
Nunca havia refletido
sobre esse tipo de ausência eterna, não sei porque, apesar de ter vivenciado o
falecimento de pessoas muito amadas … as que mais senti foram minha avó
materna, meu pai e minha sogra.
As caminhadas são
bons momentos de reflexão, mas não só. No busão, sempre na janela, fico
contemplando a paisagem no ir e vir e imaginando o que não mais pertence ao
mundo do Freddy – não me perguntem porque, porque não sei o que não sei … só
sei que fico pensando sobre todo esse pós existência dele, o que ficou, o que
não ficou, para mim, para nós, e para ele.
Olho pela janela e
vejo tantas pessoas no calçadão, na praia praticando esportes, aquela vida
intensa que simplesmente acabou para o Freddy, e tudo continua como se nada
tivesse acontecido.
Percebo também que a sua
ausência já foi naturalmente absorvida no dia a dia dos mais próximos, nas conversas,
nos encontros, nas datas marcantes de cada um, simplesmente ele não está mais
lá. É assim. Vai ser assim também.
Confraria do Freddy |
Meu violão não toca
mais como antes, meu piano também não, minha voz não sai mais da garganta como
antes, inexistem nossas jam-sessions, mas os violões e os pianos lá
estão, como se nada tivesse acontecido.
Suas paixões, por
onde andarão ? Foram com ele ou simplesmente deixaram de existir ?
Freddy ainda está
muito vivo para mim, graças ao Generalidades Especializadas, relendo tudo que escrevia
e comentava, e também nas fotografias dos diversos encontros que fazia na sua
casa – adorava receber as pessoas, criava degustações diversas, festas de
Halloween, chegou a criar uma mini boate em sua cobertura só para realizar esses
encontros.
Halloween |
Nada mais faz sentido
pra ele – viagens, violões, pianos, musicais, esposa, filhas, cachorro, céu
azul, chuva e sol, contas pra pagar, mar, aviões, trabalho, whisky, automóveis,
dinheiro, política, Vasco da Gama, restaurantes …. foi-se e acabou, e assim
será com todos nós.
Em 2005, passeando com
a MV pelo Lake Tahoe na California, deparei-me com uma paisagem deslumbrante
nas margens, e lembro como se fosse hoje da percepção que tive da minha
pequenez diante daquilo tudo. Daqui a 1000 anos não faria nenhuma diferença se
eu tivesse ou não existido ... #simplesassim
Se a vida ainda é, e
deverá ser por muito tempo, um grande mistério, imagina a morte então .... esse
é o meu incômodo hoje. Tudo vai acabar inevitavelmente um dia, simplesmente
assim, e tudo continuará como se nada tivesse acontecido, como se não tivesse
importância, o mesmo que uma formiga pisada na calçada, um cachorro atropelado,
e milhares de outras pessoas que falecem diariamente.
Reencarnação não
existe (haja vista a “queima de arquivos” global), e mesmo que exista, tudo é
deletado, dão um “boot” na sua memória.
Não tem graça voltar,
voltar pra que, se não for para reencontrar sua amada família, seus amigos,
seus hobbies, seu time do coração, suas músicas, etc ?
Então acabou mesmo,
Freddy, infelizmente. Mas deve ter valido a pena, eu espero. Por mim, valeu
demais termos nos encontrado por aqui, nesse lindo Planeta Azul.
Fica sim, com
certeza, uma saudade monstruosa de tudo isso que passou por mim durante seus 66
anos, e simplesmente passou …
E as amêndoas
continuarão a cair no calçadão de Icaraí. Como se nada tivesse acontecido.
8 comentários:
Para os que não são assíduos neste espaço, que tem como nome fantasia "Pub da Berê", informo que o autor da postagem é irmão do Freddy, que nos deixou nesta vida e, segundo minha crença, segue seu caminho no Universo infindo.
Percebe-se o amor fraternal, a emoção e a saudade em cada palavra. E toca nossos sentimentos.
O Freddy foi provavelmente o mais ativo, combativo e fiel frequentador deste espaço virtual.
Ademais, com seus valiosos posts sobre música, viagens, fotografia e astronomia, que eram paixões ao lado da família, enriqueceu muito o blog.
Vou além, foi graças ao seu apoio e insistência que o blog se manteve ativo e no ar, quando num momento de desânimo tinha decidido descontinua-lo.
Certamente meu nível de saudade, respeito e admiração não se comparam ao que Freddy deixou em sua família. E que bela família. As fotos dizem mais do que eu poderia escrever.
Estivemos em polos opostos, e não foram raras as vezes, em debates aqui nos comentários, mas certamente com resultados positivos. Respeitosos, mesmo quando irônicos e mordazes.
Freddy faz falta, muita falta. Que em sua jornada seu espírito tenha sempre muita luz.
Portanto , cuide -se para evitar este momento pra gente...rs
Boa Rodrigo!!!
Conselho sensato, oportuno e bem-humorado.
👍
Por isso sempre hesitei em escrever sobre tudo isso ... as pessoas não gostam de expor-se nesse assunto.
Compreensível.
Ontem, num churrasco em Camboinhas, conversamos sobre as dimensões infinitas do Universo, como se pode compreender algo que não tem fim, se a vida tem.
O debate foi longe, e voltei para casa com algumas dicas boas de posts do YouTube sobre o tema.
A imagem da Terra pendurada no NADA, vista de uma nave ou satélite, é perturbadora ... ou não é ? A vida e a morte também. Por que acaba, Freddy ? Ou não ?
Não vou me aventurar a comentar teorias espiritualistas neste momento.
Enveredo por outro caminho para reforçar que nada é em vão.
Todos os seres deixam suas marcas, mormente os que criaram vínculos afetivos e utilizaram seus dons através da escrita ou da música para expressar sentimentos.
Carl Jung nos explica que cada ato, cada pensamento criativo expressado é "arquivado" no inconsciente coletivo.
Freddy permanece na carga genética e na carga energética que gerou.
Ah, Riva. Entendo sua saudade. Também passai por isso faz pouco tempo e a ferida ainda esta aberta.
Mas pensa comigo: nós também vamos.
Freddy foi precipitado e deixou esse vazio. Vazio? Não! Deixou lembranças de abraços e sorrisos. Deixou lições de vida.
O que sobra pra quem ainda está por aqui e se juntar no Pub e beber a Freddy.
Viva em nós, Carlos Frederico. Tim Tim
Ashuashuashua
Grato a vcs, muito.
Bjs e abraços
Postar um comentário