13 de março de 2015

Colégio Brasil e outros, em Niterói

Um internauta  - Francisco - acessando um post no qual falamos da Niterói do passado, que deixou tantas saudades em nós outros, moradores da cidade nas décadas  1940 e 1950, questionou porque não falamos do Colégio Brasil. Comentário em
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2011/10/onde-esta-niteroi-de-minha-mocidade.html?showComment=1425991331391#c3307478650580347569

Com efeito não falamos do tradicional colégio situado na Alameda São Boaventura, no bairro do Fonseca, como de resto não falamos de nenhum outro senão do Liceu Nilo Peçanha.

Minto e já me apresso em corrigir. O Riva, colaborador do blog falou de duas escolas onde estudou: o Colégio Marilia Matoso e o Externato Halfeld. 

Mas Niterói tinha muitas escolas, públicas e privadas, nas décadas de 1940 e 1950, quando frequentei os bancos escolares do primário ao científico.

Cursei o científico e não o clássico por absoluta falta de um norte. Acabado de ser reprovado no exame médico para ingresso na Escola Preparatória de Cadetes do Ar, então em Barbacena – MG, fiquei meio sem rumo, sem saber o que seguir na chamada vida civil.

Mecanicamente matriculei-me no curso científico. Mas foi uma bobagem, como tantas outras que cometi na área de ensino/estudo. 

Lógico, para quem depois fez o curso de Direito, teria sido mais sensato, prático e eficiente ter feito o curso clássico, lá mesmo no Liceu.

Mas isto não tem o menor interesse para quem está lendo pacientemente até este ponto.

Pode ter algum interesse histórico falar dos colégios, ou escolas, que me lembro de existirem na cidade. Não tenho arquivos, nem dados anotados sobre o assunto. Deixarei a cargo da desgastada memória, traiçoeira como ela quando se atinge a marca de três quartos de século de vida.

Do bairro onde morei (Ponta D’Areia), até o centro da cidade, havia três escolas públicas de razoável para bom nível de ensino. Eram elas o Portugal Pequeno, o Raul Vidal e o Pinto Lima.

Concluído o curso primário nestas escolas, as alternativas, para quem não podia pagar mensalidade de colégio particular, seriam as escolas técnicas profissionais (ótimas na época) Henrique Lage e Aurelino Leal.

Bem, tinha o já mencionado Liceu Nilo Peçanha, que era estadual. Mas nem todos conseguiam vaga. Havia uma prova de ingresso, para avaliar conhecimento. E algumas vagas eram destinadas a filhos de deputado, senador e governador. E outros políticos influentes.

Entre os colégios particulares nesta mesma região central da cidade, havia o Plinio Leite e o José Clemente. Não muito distante, no Ingá e São Domingos, havia o Bittencourt Silva e o Batista.


Colégio José Clemente

No Fonseca tinha o Colégio Brasil e na zona norte da cidade, no Largo do Barradas, tinha o Colégio Nilo Peçanha (não confundir com o Liceu).

Havia, bem me lembro, colégios de orientação religiosa, excepcionalmente com regimes de internato e semi-internato. O dedicado exclusivamente  as mulheres era  o Nossa Senhora das Mercês, na Alameda São Boaventura, não muito distante do Colégio Brasil. O que tinha homens como alunos era o Salesiano Santa Rosa.


Colégio Salesiano

Ambos tinham enorme conceito de padrão de ensino.

O Instituto Abel, hoje um dos mais importantes colégios da cidade, era dedicado apenas a formação de jovens que queriam seguir a carreira sacerdotal. Em suma era colégio dirigido, e voltado para formação de padres.

As meninas que terminavam a curso ginasial tinham como uma boa opção fazer o Curso Normal, que as qualificava para o magistério primário. As normalistas, muito paqueradas pelos rapazes, faziam o curso no Instituto de Educação, gratuito.

Não irei fazer juízo de valor e estabelecer comparações, tipo, eram melhores as escolas unissex? As escolas públicas eram melhores do que as de hoje. O nível de qualificação do corpo docente melhorou nestes últimos cinquenta anos?

Não mencionei o Colégio São Vicente de Paulo, porque com toda a honestidade não tive informação sobre este colégio, também de orientação religiosa, senão quando nele matriculei meus filhos, já nos anos 1980/1990. Parece que na origem a escola só abrigava meninos e somente anos depois virou escola mista, como aconteceu no Salesiano.

Se entre os caros leitores tiver alguém que tenha conhecido melhor estas escolas pode e deve me corrigir se cometo algum engano. Refiro-me aos sexagenários e septuagenários.

Antes de encerrar, numa homenagem ao internauta Francisco, que com seu comentário provocou este post; falarei do Colégio Brasil.


Colégio Brasil

Neste colégio respeitado e respeitável havia sabatina. Provavelmente poucas pessoas aqui devem saber do que se trata. Ou não ligam o nome a ... atividade.

Era o seguinte: em alguns sábados havia aulas, apenas para aplicação de testes de avaliação de aproveitamento do que foi ensinado no período entre um e outro. E reforço para os mais atrasados.

Nenhum outro colégio, que eu saiba, utilizava este método de sabatina. E porque eu sei disso? Porque o Danilson e o Décio, meus amiguinhos e vizinhos da vila onde morei, estudavam no Colégio Brasil, e em alguns sábados não podíamos jogar nossas peladas ou soltar cafifas juntos porque eles tinham aula.

Pé no saco!

Nota do editor: as fotos foram pinçadas através do Google. Não conheço as crianças que aparecem na imagem.

20 comentários:

Jorge Carrano disse...

Estudei um semestre no Colégio Pinto Lima, ali no Jardim de São João. Depois das férias de julho fui matriculado no Plinio Leite, onde concluí o curso primário.
Do Pinto Lima lembro apenas do cheiro bem ativo da banana d'água (nanica para os paulistas), que exalava das lancheiras na hora da merenda (recreio).
Já aos oito anos de idade passei a ser chamado de Carrano, por professora e colegas, porque havia um outro Jorge na turma, que era o Jorge Rodino Landeiro.
Naquela época a professora acompanhava a turma até a 4ª série primária. Apenas na 5ª série (ou admissão), mudava de professora.
A minha professora do primário chamava-se Consuelo.
Eu fui o melhor da classe, entre os meninos. Entre as meninas a melhor era a Suely.
Não sei porque fui trocado do Pinto Lima para o Plínio Leite. Nós eramos pobres o o Pinto Lima era escola pública.

Freddy disse...

Complementando, eu também já escrevi sobre escolas:
01/06/2014: Alzira Bittencourt
29/07/2014: Marília Mattoso

O Instituto ABEL, originalmente só para meninos, passou a aceitar meninas no início da década de 70 (ou seria no final da de 60?). Por acaso, minha primeira namorada foi de lá, pertencente ao grupo religioso católico Encontro Jovem de Niterói. Ela era dirigente de grupos, muito atuante, e eu fiz muitos amigos no ABEL. Muito mais que no Liceu, onde estudei 6 anos!

Meu codinome era Charlinho, pelo qual muitos deles ainda me conhecem até hoje, quando eventualmente nos esbarramos por aí.

Foi no ABEL também que minhas filhas estudaram 1º e 2º graus completos (11 anos cada).
=8-)
Freddy

Jorge Carrano disse...

Sobre o Instituto Abel, reitero que conheci com obras inacabadas, quando eu deveria ter 8 ou 9 anos de idade. Era dirigido pelos Irmãos Lassalistas e prioritário para meninos com vocações sacerdotais.
Lembro que foi feita uma "vaquinha" para compra do enxoval de um menino que seria internado lá (isso mesmo, internato). E no dia em que ele foi se apresentar fui com minha mãe.

Verdade, Freddy, você também escreveu sobre escolas pelas quais passou. Escrevi tudo de memória e não me ocorreu na hora.

Jorge Carrano disse...

Os posts dos irmãos Carlos e Paulo March, referindo colégios de Niterói, estão em:
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2014/07/experiencias-escolares.html

http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2014/06/meus-tempos-de-escola-cap-1.html

(copy and paste)

Riva disse...

Não, nunca tive um amigo ou colega que estudasse no Colégio Brasil.

Creio que todos que moravam por ali no Pé Pequeno e arredores estudavam ou no Figueiredo Costa, Liceu, Centro Educacional, Abel ou Salesiano.

As distâncias que hoje nos parecem muito curtas, na época eram vistas como "muito longe". E os pais colocavam seus filhos por perto.

Em 1970 comecei efetivamente a frequentar o Fonseca em função de namoro firme. Quando adolescente não ia para lá, e mais tarde, entre meus 16 e 18 anos, frequentava para ir nos bailes do Caixote e do Marajoara.

Mas sei que com certeza, o Colégio Brasil foi um dos mais importantes da época, assim como o Mercês (acho que nesse o uniforme era grená ou vinho).

Jorge Carrano disse...

Boa lembrança, Riva, esqueci de mencionar o Colégio Figueiredo Costa.

Freddy disse...

Putz... daqui a pouco vão reclamar de não termos citado Maia Vinagre (R. Noronha Torrezão, entre Pé Pequeno e Cubango), ou São José, na R. 5 de Julho, Santa Rosa (hoje Jardim Icaraí para aumentar IPTU)...

Tá bom: Escola da Luluzinha, falou? Foi lá que minhas filhas fizeram o pré-escolar, tendo sido bem preparadas para entrar no Abel, que na época tinha seu "vestibulinho"...

Jorge Carrano disse...

Não Freddy, desculpe mas você extrapolou. O Francisco, que com seu comentário provocou o post, cobrou o Colégio Brasil (fechado há anos), numa postagem de reminiscências.
Então a ideia era revisitar as décadas de 1940 e 1950, e não listar todas as escolas e jardins de infância ou creches da cidade.
Limitemo-nos a memória de antigas escolas e suas histórias e curiosidades, como citei a da sabatina no Colégio Brasil.

Freddy disse...

Registrado.
Assim não preciso revelar o que eu pensava na época acerca de um monte dos colégios citados.

Ana Maria disse...

Vou refrescar a memória do "blog manager".
Nossa prima Teresinha foi aluna do Colégio Brasil.
O Instituto Abel funcionava no regime de semi-internato. Os meninos estudavam de segunda à sexta, e passavam o fim de semana em casa.
Um nosso vizinho -Luis Fernando- filho da Dona Maria do Carmo,estudou naquele instituição com o objetivo de ser padre, porém, nosso primo "Nereu" conseguiu uma bolsa de estudos embora objetivasse apenas o ensino laico.

Ana Maria disse...

Antes que eu esqueça. Foram esquecidas duas instituições.
O Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho, (Escola Normal pública) e o Colégio José Clemente do nosso vizinho Prof. Raposo.
Ainda bem que vc tem uma irmã mais nova para refrescar sua memória. kkk

Jorge Carrano disse...

Algumas, como uma certa Ana Maria, entram na conversa sem saber o que está sendo conversado. No caso dá pitacos sem ter lido o texto que originou a conversa em comentários.
É claro que o Colégio José Clemente foi citado, assim como o Instituto de Educação, no qual estudavam as normalistas que os liceistas paqueravam.
Peço perdão aos demais, mas reproduzirei os parágrafos em seguida, porque Ana Maria não leu o post é fica palpitando:

"Entre os colégios particulares nesta mesma região central da cidade, havia o Plinio Leite e o José Clemente. Não muito distante, no Ingá e São Domingos, havia o Bittencourt Silva e o Batista."

"As meninas que terminavam a curso ginasial tinham como uma boa opção fazer o Curso Normal, que as qualificava para o magistério primário. As normalistas, muito paqueradas pelos rapazes, faziam o curso no Instituto de Educação, gratuito."

Por fim, o menino cujo nome omiti, no terceiro comentário acima, mas que por causa dele foi feita uma vaquinha entre amigos e parentes, para compra de enxoval, era o Nereu que Ana Maria menciona.
A família se cotizou porque os pais deles eram os mais acarentes de uma família de pobretões (nós no meio, claro).

Certamente não era obrigatório seguir a carreira eclesiástica, pois ao fim e ao cabo o fator vocação era essencial.
O importante é que os Lassalistas impunham rigor disciplinar e muita dedicação aos estudos. Exatamente porque ele ficava internado de segunda a sexta é que era necessários ter um enxoval (escova de dentes, cuecas e meias, toalhas, etc).

Freddy disse...

Dúvida intrigante...
Algo vai mal na maneira atual do Instituto ABEL conduzir o estudo de religião.
Muitos dos alunos saem de lá ateus de carteira, abominando qualquer coisa relacionada com religião, especialmente a católica (que é a orientação do ABEL).

Riva disse...

Minha esposa estudou por muitos anos no São José, ela e muitas meninas do Pé Pequeno. Esqueci dele, que é ali em Santa Rosa. Colégio de irmãs e freiras, sacramentinas.

No caso dela, minha esposa, era até complicado, porque ela morava na Ponta D´Areia e no Fonseca. Começou no Raul Vidal e depois, São José. Por que ? Não sei os motivos da escolha.

Quando eu ingressei no ABEL no 1º ano do Ginasial, em 1963, tinha realmente alguns alunos "internos", em formação religiosa. 99% dos professores eram irmãos lassalistas, de batina, com nomes fantasia.

Quando permitiram mulheres como professoras (isso mesmo !), descacetou a cabeça dos irmãos lassalistas, e vários largaram a batina para namorar e casar com as professoras.

Em seguida, acho que em 1969, permitiram o ingresso de meninas como alunas, a partir do 1º ano Científico.
Aí descacetou geral ! Tenho algumas histórias pra contar sobre o "caos" que se gerou ! rsrsrsrs

O ABEL se transformou num grande negócio $$$$$$. Inclusive, por possuir mais de 4.000 alunos, passou a ser cobiçado por pessoas interessadas no nicho político da cidade.
Façam as contas de quantos votos residiam por ali, com o grande envolvimento de pais e parentes com o futebol, queimada, atividades diversas escolares, enfim, um grande nicho para vários interesses.

O cunho religioso ? Não sei para onde foi .... nem sombra do que era há muitos anos. Mas isso ocorre com tudo em nossas vidas. Ou não ?

Ana Maria disse...

Foi mal. Não vi o José Clemente. Quanto ao Inst. de Educação, eu o procurei junto às escolas técnicas.
Minha leitura dinâmica está falhando.

Marcelo Sobroza disse...

Só uma ressalva, o Instituto Abel nunca foi colégio direcionado a formação de padres, bem como de Irmãos Lassalistas que lá davam as aulas e o administrava.

Jorge Carrano disse...

Marcelo,

Antes de mais nada grato pela visita virtual e pelo alerta. Quanto a este, até prova em contrário, não restando sequer dúvida razoável, continuarei mantendo o que escrevi com base na memória juvenil.

Tivemos como vizinhos um casal de mineiros, sem filhos. Um sobrinho deles tinha vocação sacerdotal e este casal trouxe o aludido sobrinho para que ele conseguisse ingressar no colégio lassalista.

Claro que o Instituto Abel não formava padres ou frades, mas o ensino era com viés religioso e funcionava como um pré-vestibular para tantos quantos pretendessem seguir adiante e ingressar em um seminário.

Houve um outro caso, na mesma época, em que parentes e amigos do candidato ao ingresso no Abel, fizeram uma cotização (vaquinha) para comprar o que seria o enxoval.

Marcelo, agora irei pesquisar e voltarei a este espaço para me redimir se for o caso.

Saudações cordiais.

Jorge Carrano disse...

Fui a Wikipedia e pouco esclareci, porque parece que na origem o objetivo seria criar escolas para crianças carentes.

Mas como explicar que o enxoval para os admitidos tivesse que ser bancado pelo aluno? No caso que vivenciei, como se tratava de pessoa carente, houve uma "vaquinha" para compra do essencial.

Veja o texto da Wikipedia:

A Rede La Salle (também conhecida como Irmãos das Escolas Cristãs, Irmãos Lassalistas ou Irmãos de La Salle) é uma rede de escolas presente em 80 países. Fundada em 1680 por São João Batista de La Salle. A Rede La Salle é um empreendimento do Instituto dos Irmãos Lassalistas. Sua proposta educativa é baseada nos princípios de São João Batista de La Salle, sacerdote francês (1651 -1719) que renunciando a todos os privilégios da sua condição de nobre, dedicou-se à criação de escolas para as crianças das classes menos favorecidas. Sua primeira escola foi fundada em 1679. Da França, a atuação dos Irmãos espalhou-se pelo mundo.[1]

J.C. Santiago disse...

Acho que todos estão com razão.

Tenho vaga lembrança que o prédio localizado na então Av. Estácio de Sá, abrigava uma espécie de seminário menor.

Antes dos lassalistas.

Jorge Carrano disse...


Incêndio destruiu o antigo prédio que abrigava o Colégio Brasil, em Niterói.

https://oglobo.globo.com/rio/casarao-historico-destruido-por-fogo-em-niteroi-viraria-centro-cultural-21450370