25 de agosto de 2014

Dandelion Wine




Por
Carlos Frederico March
(Freddy)








Prólogo

Quando a gente viaja, principalmente em excursões, costumamos fazer amigos. Vez por outra, com sorte como já aconteceu conosco, uma verdadeira turminha. Legal como a que fizemos uma vez no Chile e com a qual, de Puerto Montt até o aeroporto Ezeiza (passando por Puerto Varas, Peulla e Bariloche), quando nos separamos já em Buenos Aires, saímos juntos o tempo todo. Saudades.

Mas a experiência nos mostrou que, mesmo tentando manter contato, trocando cartas ou  e-mails (como era na época), a gente acaba nunca mais se encontrando. As exceções são isso mesmo: exceções.

Bandas que viajam em turnês pelo mundo também se sentem mais ou menos assim. Tanto em relação a pessoas que os recebem e tratam da estadia, da montagem, dos passeios pela cidade, como também pelos fãs, fugaz interação de 1 a 2 horas, em média.

Poucas vezes as bandas voltam às cidades e palcos mundo afora, de modo que se torna quase que uma verdade absoluta que o que vêem e encontram e se relacionam em cada local onde tocam, raramente vai se repetir. Mas acontece, e aí a chance de reencontros é grande.

Intermezzo

Blackmore’s Night é uma banda que nasceu da interação de Ritchie Blackmore e Candice Night, uma bela história de amor que temos de fazer força para não invejar (é feio isso) e assim sendo eu sempre desejo mentalmente a ambos que curtam muito esse conto de fadas. Como disse um fã num comentário, que eu endosso: Ritchie Blackmore é o músico de rock mais feliz do mundo, a nos guiarmos pelo que vemos nas resenhas e concertos.

Ritchie Blackmore & Candice Night

Ritchie foi o guitarrista da famosa banda de rock pesado dos anos 70 Deep Purple, e por longo tempo considerado um dos 10 melhores guitarristas do mundo (cenário rock). Tocava para dezenas, centenas de milhares de espectadores fascinados e angariou legiões de fãs. Saído do Deep Purple, montou o Rainbow que durou algum tempo também, no entanto sem o esmagador sucesso do Deep Purple.


Ritchie Blackmore

Candice Night era uma bela modelo que tinha 18 anos quando encontrou pela primeira vez Ritchie num jogo de futebol entre bandas e ela, fã do Rainbow, o procurou para um autógrafo. Era 1989 e ele tinha 44 anos. Conversaram um pouco, inicialmente apenas como uma fã extasiada com seu ídolo e ele como um quarentão frente a frente com uma linda jovem que o admirava. Logo descobriram que tinham muito em comum, como o gosto por história medieval, renascença, castelos, filosofia, etc.

Candice Night

Tornaram-se amigos, começaram a sair em 1991, foram morar juntos em 1994.
Candice, que cantava e compunha, foi sendo inserida como coadjuvante eventual no Rainbow mas logo resolveram formar o Blackmore’s Night em 1997, grupo de folk rock com acentos medievais. Foram morar num castelo, acabaram se casando formalmente em 2008 e hoje têm um casal de filhos: Autumn e Rory.

Os antigos fãs do Ritchie Blackmore roqueiro estranharam a mudança de estilo, acharam que ele se deixara enrabichar pela beleza de Candice e que ia acabar se cansando. O fato é que o tempo passa e ele parece feliz em agora encarar pequenas plateias de algumas centenas de pessoas, permitindo sua esposa ficar sob os holofotes e ele apenas dedilhando sua guitarra . Seu mundo mudou e ele parece ter encontrado o caminho da real felicidade.  

Continuam ambos focados nos interesses básicos que os aproximaram, que incluem elementos marcantes de história e cultura medieval. Sempre que podem, nas suas turnês tocam e até se hospedam em castelos, se houver chance. A decoração do palco e suas roupas são medievais, usam eventualmente instrumentos antigos autênticos e os fãs que comparecerem ao show vestidos a caráter têm lugar garantido nas primeiras fileiras.

Não é o tema deste post, mas vale dizer que Blackmore’s Night tem hoje uma extensa discografia, incluindo CD’s e DVD’s. O YouTube dá acesso a músicas variadas, ao vivo e em estúdio, clipes, eventos da TV alemã e até a concertos inteiros, incluindo um não-oficial, bastante antigo (gravado em 1997-8). O mais recente DVD foi lançado em 2012 e no momento estão em turnê de divulgação do último CD Dancer and the Moon.


Blackmore’s Night, formação de 2014

 Dandelion

Por conta do sentimento descrito no prólogo, a dupla Blackmore / Night compôs uma linda e singela canção chamada “Dandelion Wine”. Pessoas que se vêem e se separam por terem se conhecido em viagens - e no caso deles, turnês. Se, quem sabe, um dia acontecer o ansiado reencontro, regozijarão passando uma tarde relembrando os velhos tempos, como se conheceram, o que fizeram juntos. 

Enquanto não acontece, revendo álbuns antigos e fotos amareladas, suspiram por esse reencontro erguendo um brinde aos amigos distantes acompanhados de uma ou duas taças de vinho Dandelion (receita caseira à base da flor do dente-de-leão).

Link de “Dandelion Wine”, versão estúdio com letra
https://www.youtube.com/watch?v=NvlnP3y_QQ4

Link de “Wind in the Willows / Dandelion Wine”, singela versão tocada em 2006
https://www.youtube.com/watch?v=MDmAuYKYFLo

Link para o último DVD "A Knight in York" (concerto integral)
https://www.youtube.com/watch?v=tnqzUuZRbmo
Neste concerto, eles tocam Dandelion Wine logo após receberem sinal do teatro de que o tempo havia se esgotado (por volta de 1:19:00 de show).  

Dandelion (dente-de-leão)


DANDELION WINE
Tradução adaptada do Google Translator

Onde está o tempo passado... parece ter voado tão rápido...
Num momento você está se divertindo, no próximo se tornou passado
Dias se transformam em tempos idos
Velhos amigos encontram seu próprio caminho
Até o momento de vocês partirem... desejei que pudessem ficar...

Então isto aqui é pra vocês, pra todos os nossos amigos
Com certeza nos encontraremos novamente
Não fiquem muito tempo longe desta vez
Vamos levantar um copo, talvez dois
E estaremos pensando em vocês
Até que nossos caminhos se cruzem novamente...
Quem sabe da próxima vez...

Vamos rir das memórias, e conversar toda a tarde
Vamos lembrar dos momentos que nos deixam cedo demais
Vamos sorrir para as imagens ainda persistentes em nossas mentes
Quando se está recordando, tudo que se precisa é de tempo...

Revendo fotografias desbotadas, um charme dos livros antigos
Flores prensadas e sonhos que tivemos, nossa impressão digital no tempo
O primeiro momento em que nos conhecemos,
Quando seus olhos encontraram os meus...
Lembro-me dos verões de vinho Dandelion...

Então isto aqui é pra vocês, pra todos os nossos amigos
Com certeza nos encontraremos novamente
Não fiquem muito tempo longe desta vez
Vamos levantar um copo, talvez dois
E estaremos pensando em vocês
Até que nossos caminhos se cruzem novamente...
Quem sabe da próxima vez...

Blackmore's Night

9 comentários:

Jorge Carrano disse...

Perdão pela minha ignorância. Mas jamais ouvi falar de Richie Blackmore ou Candice Night. Do repertório deles menos ainda.
Assim como a Candice também gosto de história medieval, renascença e castelos. Filosofia não.
A história da dupla daria um folhetim do Manoel Carlos, no horário nobre.
Acessei o link https://www.youtube.com/watch?v=MDmAuYKYFLo e achei a Candice bem bonitinha.

Freddy disse...

Estou viajando, por isso meu acesso ao blog estará limitado nesta semana.
A maioria dos roqueiros conhece Ritchie Blackmore, que por mero acaso aniversaria junto com minha esposa Mary (14 de abril).
Por ter sido um dos ídolos dos anos 70 é que muitos não aceitaram a radical alteração de rumo que ele deu à sua vida quando resolveu assumir seu romance com Candice. Uma mera aritmética mostra que eles foram morar juntos quando ele tinha 49 anos e ela apenas 23. Teria sido uma decisão correta? Trocou plateias ululantes de mais de uma centena de milhares de fãs por pequenos palcos em lugares de sonho e uma vidinha legal num castelo. Nos shows, ele a deixa tomar o lugar central no palco e fica ali, meio no fundo, dedilhando sua guitarra/violão e eventualmente sendo permitido executar alguns dos longos solos que o fizeram famoso.
Quase não sorri, mas dizem que é feliz. Toca cerca de 6 horas por dia, como se o violão e a guitarra fizessem parte de seu corpo. A idade já aparece nas fotos e filmes mais recentes, mas Candice ainda resiste, afinal ainda tem 43 anos e deve se tratar muito bem.

Quem tiver curiosidade, entre no link do concerto em York, o mais recente. A qualidade de imagem e de som mesmo no YouTube é boa (escolhendo HD nas opções de imagem)) e pode-se ter uma boa ideia de qual é o som da banda.
Não, Dandelion Wine não é representativo do repertório.
Abraços
Freddy

Jorge Carrano disse...

Poia é, caro Freddy, não sou roqueiro por isso minha ignorância é muito grande neste particular... e em outros também, admito (rsrsrs).

Meu rock, via filhos, iniciou e acabou com Supertramp, Dire Straits e Pink Floyd.

Podem rir, eu mereço!

Ana Maria disse...

Não sou roqueira mas conheço Blackmore's_Nigh através de pessoas ligadas a religião antiga e esotéricas. O CD deles fazia parte da trilha das minhas viagens de carro. Lembro que no início dos anos 2000, os fãs brasileiros precisavam importar os Cd's da banda.
Mudando de assunto, sem sair do post, estive conversando aqui em casa a respeito do assunto em pauta, antes da postagem.
Pessoas que entram e saem das nossas vidas, deixando e levando lembranças. Comparo a vida a um trem, onde pessoas entram em uma estação e pouco tempo depois, mudam de vagão ou simplesmente, desembarcam.

Ana Maria disse...

À propósito, do repertório deles, a minha preferida é Home again.

Freddy disse...

3 grandes ícones do rock.
Pink Floyd é a expressão máxima do período, eu considero particularmente superior aos Beatles no quesito importância musical, mas é uma opinião pessoal, portanto sujeita a críticas.
Dire Straits foi outra banda de enorme expressão artística. Mark Knopfler é até hoje considerado (junto com Ritchie Blackmore e mais uns 10) como um dos mais importantes guitarristas da era rock. Mixa rock comum com progressivo e o "Brothers in Arms" foi um dos discos mais vendidos na história.
Supertramp foi um supergrupo dos anos 70. Eu tive a honra de assisti-los no Olympiahalle em Munique em 1977 e eles têm uma coleção de hits nas costas.
Portanto o "pouco" que você conhece de rock é de grande qualidade, podendo portanto opinar sobre os demais.
Grande abraço
Freddy

Freddy disse...

Boa lembrança, Ana Maria. Home Again fala do sentimento de júbilo quando, depois de um tempo fora, a gente volta pra casa. É uma coisa muito forte e presente na vida de músicos em turnê.
Muita gente me relata esse sentimento depois de uma viagem apenas um pouco mais longa, mesmo que seja de férias!
Abraços
Freddy

Alessandra Tappes disse...

Gosto de "perpetuar" sentimentos bons mas também gosto de conhecer o que um dia foi ou ainda é bom. Mesmo que para muitos não caia da mesma forma, ré sempre bom conhecer...

Por isso gosto muito desse blog. O tema abordado por Freddy é bem interessante pois ele dá as respostas que simplesmente nunca existiram. Porque perdemos contato? porque nada é mais como antes? Simplesmente porque não existe um porquê.

A vida é doce, maravilhosa (urrun!) vamos vivendo um dia de cada vez, aproveitando as ondas, os ventos, os sorvetes de doce de leite, o beijinho no canto da boca. Carpe Diem!

Riva disse...

O filme Encontros e Desencontros demonstra com muita sensibilidade esse tipo de encontro do Richie, e os sentimentos desencadeados. Já assisti umas 5 vezes !