22 de setembro de 2022

Minhas frustrações e arrependimentos

 

Não, nunca cogitei, sequer sonhei, em aprender a tocar piano.

Sem desmerecer os clássicos, sejam as peças compostas, sejam seus autores ou executores, e o Brasil tem alguns festejados concertistas, foi o  jazz que me acendeu a vontade de aprender a executar piano.

Os responsáveis, muitos, são McCoy Tyner, Bill Evans, Oscar Peterson, Earl Hines, Ahmad Jamal, Duke Ellington, Teddy Wilson, Tommy Flanagan, Ramsey Lewis, Thelonious Monk,  e vários outros. Todos presentes em CDs e outras mídias em minha estante.

Na infância, se tivesse tido este desejo seria  surreal porque minha família era de posses modestíssimas. O  máximo que conseguiria seria provocar em meus pais alguma tristeza e dor por não poderem me propiciar alcançar tal vontade.

Sem nenhuma ordem cronológica de relevância, seria esta uma das minhas frustações.

Outra, mais significativa e doída, foi não ter dado ao estudo do latim a importância que teria em minha  vida, não só profissional.

Corria, a boca pequena, nos corredores das escolas e até em alguns lares, que se tratava de língua morta, portanto inútil. Santa ignorância.

Agora, atingida a idade da razão, invejava o João Ubaldo Ribeiro por dominar não só o latim, como também o grego.

Duas erradas concepções do passado: homens (meninos) tocarem piano era coisa de viado. Meu amigo Ney Gonçalves era tido não como de educação esmerada, como justo e correto, mas efeminado. A outra era que estudar o latim era perda de tempo.

Não ter viajado para o Oriente, quando talvez pudesse, também me trás certo arrependimento. A cultura oriental é foco de meu interesse e respeito. O valor da honra e a reverência e respeito aos mais idosos, são princípios básicos.

O rol de arrependimentos é imenso e não para de crescer. Por casos como o da eleição de Bolsonaro, em 2018,  para a qual contribuí juro que de boa-fé.

Nunca votei no PT ou em Lula, mas o que fazer agora? Não comparecer (nem um, nem outro?) poderá gerar um arrependimento que levarei para o túmulo, sem sublima-lo. Não daria nem para racionalizar.

Arrependo-me de ter sido relapso nos bancos escolares secundaristas. Envolvido em política estudantil, como presidente do Grêmio do Liceu Nilo Peçanha, por dois mandatos,  e Diretor da FESN (Federação dos Estudantes Secundários de Niterói) por três anos.

E, porque não confessar, preguiça, falta de foco.

Perdi dois preciosos anos de formação e aprendizado formal. As causas defendidas eram justas e de alcance social, como por exemplo o combate aos arbitrários aumentos das anuidades escolares; a concessão de passes para transporte público dos estudantes (que pagavam tarifa diferenciada), e até lutas pelo preços dos ingressos nos cinemas.

A mais visível destas atividades extra classe, na época dos "tubarões do ensino" foi a ocupação, pelos estudantes, do Ginásio Jairo Malafaia, na Rua Gavião Peixoto, por causa da mensalidade considerada exorbitante.

A causa foi abraçada, também, por dirigentes da UFE (entidade dos universitários), tendo a frente Claudio Moacyr de Azevedo. Vide matéria da época em http://memoria.bn.br/pdf/386030/per386030_1961_00630.pdf 

Mas estas experiências resultaram em perdas, ou sem proveito prático,  porque não ingressei na política séria, na vida pública, como o fizeram o citado Claudio Moacyr de Azevedo, que veio a se eleger deputado e prefeito de Macaé, e João Kiffer Neto, deputado, por exemplo.

Ainda bem, se analisado por outro ângulo.

Um comentário:

RIVA disse...

Essa de estudar piano ser coisa de viado eu não sabia, nem nunca passei por qqer bullying sobre isso.
Realmente não queria estudar piano, mas porque simplesmente não curtia música clássica.

Mas fui criado numa cultura de "tudo para o primogênito, e faça o mesmo". Fiz Engenharia porque meu irmão já tinha "escolhido" Engenharia, e minha mãe escolheu Medicina para mim. Fui para a Jovem Guarda e o Rock and Roll porque não suportava escutar os discos de música clássica em casa, e adorava Beatles e Stones.

Meu irmão acabou curtindo rock progressivo devido aos teclados utilizados nesse tipo de música.

Em relação a arrependimento, sim, tenho um ... não ter ingressado no Banco do Brasil em 1970. Meu saudoso pai e mestre insistiu, insistiu, insistiu, mas eu estava determinado a fazer Engenharia Civil. Haja arrependimento !