3 de setembro de 2014

Filmes que apreciei - 3




Por
Carlos Frederico March
(Freddy)










Demais gêneros

Bem, tendo tratado de desenhos, comédias e FC nos posts anteriores, falta falar dos demais, que englobariam uma boa gama de modalidades, como policial, drama, ação, épico, terror, política, costumes, erótico, etc. Reconhecendo-me mais uma vez incompetente para comentar cinema, relatarei algo sobre os poucos que me prenderam a atenção, por um motivo ou outro.

Quando alguém me pergunta qual meu filme preferido e me limita a citar apenas um, eu escolho “The Sound of  Music”, ou “A Noviça Rebelde”. Curiosamente meus pais tinham a trilha sonora em LP, a gente até ouvia o disco, mas só fui assisti-lo mais de 10 anos depois, na TV (já casado). Comprei fita, depois DVD, fui ver a peça quando em cartaz na Broadway e fiquei fã de carteira. Só nunca o vi no cinema!

Cena de "The Sound of Music"
 Como curiosidade, mas que tem bastante a ver com minha habitual rejeição à dura realidade, eu hoje em dia desligo a TV depois da cena do casamento. Não gosto mais de ver o final, já na guerra. Enquanto fantasia e romance, tudo bem. Quando se inicia o drama (até parece outro filme que tenha sido anexado ao primeiro, não acham?), desligo e caio fora.

Olha só a minha ignorância sobre esse filme. Morei 7 meses em Munique, que fica muito perto de Salzburg, onde ele foi filmado. Nem cogitei, na época, de visitar essa belíssima cidade austríaca e lá realizar o tour “The Sound of Music”, que mostra cada locação usada. Existe tudo que apareceu no filme, podendo-se constatar que o lago não fica em frente à mansão e o gazebo fica em outra propriedade. Como filmagem engana!

Gostei demais de uma fantasia rock & roll filmada em 1984 chamada "Ruas de Fogo" (Streets of Fire). Um filme politicamente incorreto bem ao jeitão de gangues de rua com uma trilha sonora muito legal, torna-o mais gostoso de se ouvir do que de se ver, reconheço. Algumas músicas são realmente bonitas, como por exemplo o hit "I can dream about you" e a fantástica e energética "Tonight is what it means to be young" (essa me arrepia). Tem no YouTube, é só procurar.

Cena de "Ruas de Fogo"

Gosto muito de "Xanadu", outra linda fantasia de rock & roll com a deliciosa Olivia Newton-John em grande forma como a musa da música. Na mesma linha, gostei de “Flashdance”, sem no entanto citá-lo como destaque em minha vida. Não assisti nem “Grease” nem “Embalos de sábado à noite”.

Seguindo o tema música, adoro a ópera rock “Jesus Cristo Superstar”, criação de Andrew Lloyd Weber (música) e Tim Rice (letra) que eu considero uma das melhores já escritas no gênero. Tive a satisfação de assisti-la em Londres em 1977, versão teatro, mas só vim a sentir toda a força da peça vendo o filme. Uma trupe cinematográfica chega de ônibus e, extremamente compenetrada, monta o cenário no deserto e começa a encenação da paixão de Cristo.

Esse formato de filmagem, com elementos psicodélicos como aviões de combate e soldados com metralhadoras em plena era de Cristo, acentua o fato de que se trata de uma opinião, não de uma interpretação literal da Bíblia. O papel de Judas (negro) como uma vítima na trama divina é o ponto nevrálgico da polêmica. Eu, mesmo sendo católico e na época era bastante fervoroso, nunca me senti nem um pouco ofendido com a versão apresentada.

Como falar de ópera rock sem citar “Tommy”, obra máxima do grupo de rock pesado The Who? Hoje em dia é bem difícil revê-la sem se incomodar com itens datados. Tommy é a estória do rapaz surdo cego e mudo que veio a se tornar um ás do pinball. Pinball? Alguém ainda lembra das famosas mesas de pinball? É... não dá mesmo. A trilha sonora é, contudo, um dos maiores ícones da história do rock, tendo “Pinball Wizard” tocada por Elton John como um dos destaques na mídia.

The Pinball Wizard, de “Tommy / The Who”

 Top Gun” foi um dos blockbusters que mais me agradou. Assisti-o várias vezes. Em casa, óbvio. Depois, cansei de ver os F-14 Tomcats em ação (ele já foi retirado de serviço nos EUA) e o filme começou a perder a graça. Sim, porque não acham que eu via o filme por causa do Tom Cruise ou de sua então bela namorada (hoje homossexual assumida)...

Grumman F14 Tomcat
 Sobre filmes que sofreram refilmagens polêmicas, citarei minha preferência por “Lolita” na versão mais moderna (lançado em 1997, comprei até o DVD), enquanto que os cinéfilos preferem a versão P&B de Stanley Kubrick (lançado em 1962). Apesar de Peter Sellers fazer um excelente Quilty, não vejo em Sue Lyon a Lolita original... Na adaptação de Kubrick, Lolita teve sua idade aumentada, além de outras alterações de roteiro que se fizeram necessárias por problemas de censura dos anos 60.

Já Dominique Swain sim, fez o papel de uma jovem adolescente na casa dos 12 anos, como reza o texto original (apesar de ter uns 16 quando da filmagem), e tem um desempenho pra lá de convincente. A cena em que ela sobe correndo as escadas e se joga no colo do pobre professor, deixando-o totalmente desnorteado, é o ponto alto do filme, pra mim. Contudo, como demonstração de que parece que não entendo mesmo nada de cinema, li por aí que essa versão que me agrada foi um fiasco nas telas...

Dominique Swain - Lolita 1997

Outro filme alvo de refilmagem polêmica foi “Pearl Harbour”. Muito cinéfilo prefere “Tora! Tora! Tora!”, que é sobre o mesmo tema mas é uma curiosa produção dupla (americana e japonesa), com metade do filme relatado do ponto de vista nipônico, tornando-o historicamente mais fiel. É preto & branco, com algumas cenas reais inseridas. Como eu dou preferência à tecnologia e efeitos especiais, acho “Pearl Harbour” é bem mais efetivo na dinâmica e na apresentação das cenas.

Sobre “Titanic” eu não gosto muito de falar. Desde “Somente Deus por Testemunha” (A Night to Remember) eu já resistia a assistir esse drama, não me perguntem por quê. Mantive um VHS duplo em casa fechado, lacrado por mais de 1 ano. Até que um dia eu resolvi ver. Gostei, bem filmado, efeitos muito bem realizados, enredo já adaptado ao que se conhece do naufrágio hoje em dia, mas há algo nessa história que me incomoda e eu não pretendo revê-lo.

Não gosto de filmes de terror, ou suspense. Não é diversão, se bem que “A Dança dos Vampiros” foi interessante (pobre Sharon Tate...). “Terror Cego” é absolutamente angustiante pra mim, filho de mãe que ficou cega. Jamais o veria de novo, nunca!

Vi alguns policiais, westerns, épicos, de ação. Vi alguns “filmes cabeça” como “Cenas de um casamento”, “Voar é com os pássaros”, “Pele de Asno” ou “O conformista”, mas nenhum me encantou a ponto de inserir num rol de preferidos.

Assisti vários dramas, destacando “Doutor Jivago” (do qual gostei) e “A escolha de Sofia” (li o livro, vi o filme). Gente, o grito da filha de Sofia na cena da escolha é aterrorizante, macabro, sinistro, desumano, inesquecível... Como alguém pode gostar de ver e rever uma coisa dessas?! 

Há um drama erótico que gostaria de ressaltar: “O Império dos Sentidos”. É uma produção franco-japonesa e apesar do conteúdo explícito (alguns o classificam exageradamente de pornô), baseia-se em história real e se desenrola como um drama de amor possessivo, com um final trágico.


  
Resumo

Há de haver mais filmes que eu tenha visto e talvez valesse a pena incluir aqui, mas deixarei outras pessoas opinarem e posso entrar na cola com comentários, se por acaso eu conhecer as referências, o que infelizmente é pouco provável dada a minha ignorância na área.

Para fechar minha trilogia de posts, e dentro do espírito que todos esperam neste blog - que é destacar algo que nos marcou de fato, gostaria de dizer que há 4 dos filmes citados nos 3 textos que eu poderia resumir como ícones cinematográficos em minha vida:

- Desenho animado: Os 101 Dálmatas.
- Ficção científica: Duna.
- Rock Opera: Jesus Cristo Superstar
- Mais significativo de todos: A Noviça Rebelde.


7 comentários:

Jorge Carrano disse...

Estava fora de cogitação fazer um post sobre cinema.
Mas tendo em vista as diferentes preferências manifestadas, ao invés de ficar apenas dando pitacos isolados, colocarei num só texto como e o que vejo no cinema.
Amanhã publico.

Freddy disse...

Pessoas que gostam de cinema deveriam se manifestar através de posts, como você fará. Seria uma contribuição bem mais efetiva para os leitores do blog que minhas toscas preferências. É um assunto rico e complexo, certamente haverá muito o que comentar.
<:o)
Freddy

Freddy disse...

Um pouquinho mais sobre Ruas de Fogo.
O personagem Billy Fish é interpretado pelo ator comediante Rick Moranis, mundialmente conhecido pelo personagem na série que começou com “Querida, encolhi as crianças” (e depois encolheu tudo), além de “Caça Fantasmas I-II” e outros. A atriz que fez o papel da soldado McCoy (Amy Madigan) ganhou um prêmio na Espanha por sua excelente atuação. Ela também ostenta um Globo de Ouro na carreira, ganho em 1989 (melhor atriz coadjuvante). Willem Dafoe, que faz o vilão, participou de alguns filmes conhecidos como Platoon, Nascido em 4 de Julho, O paciente inglês, A última tentação de Cristo.

Michel Paré fez um bom Tom Cody, mas teve pouca projeção nas telas depois disso. Fiquei sabendo que ele protagonizou Tom Cody novamente numa continuação não-oficial de Ruas de Fogo, chamada Road to Hell (2008), pelo qual ganhou um prêmio em 2012. A conferir.

Diane Lane é a atriz que fez a cantora Ellen Aim, mas sua atuação foi ruim (segundo críticos). A voz nas canções é dublagem com uma banda que também só existiu para esse filme (Fire Inc.). Por curiosidade, são as que mais gosto de toda a trilha sonora de Ruas de Fogo. “Nowhere fast” é a que inicia o filme e “Tonight is what it means to be young” (a música que me arrepia) é a que termina. Ambos os links abaixo mesclam cenas de Ruas de Fogo:

https://www.youtube.com/watch?v=8knq1RLWEgo
https://www.youtube.com/watch?v=wCIrPJ6SBl4

Dan Hartman é o autor do hit “I can dream about you”. Pra quem gosta de pop anos 80 cantado por negros (e suas vozes características), é prato cheio:

https://www.youtube.com/watch?v=auLyfd49-UE

<:o) Freddy

Ana Maria disse...

Cada vez que ouço falar em um filme, me vem a mente outros que gostei. Isso é complicado demais.
Acho melhor citar o que não assisto de modo algum. Caso de filmes de terror e declaradamente biográficos.

Jorge Carrano disse...

Pois é, Ana Maria, no post de amanhã estarei dizendo algo parecido.
É mesmo mais fácil listar o que não gostamos.

Freddy disse...

Foi o meu caso com música...
=8-/
Freddy

Freddy disse...

Lembrei! Tem um filme "cabeça" que me agradou muito. Jamais imaginei ficar vendo 3 pessoas conversando por quase duas horas, não cansar e ainda assistir outras vezes! Falo de "O Ponto de Mutação" (Mindwalk), filme de Bernt Kapra baseado no livro "The Turning Point" de seu irmão Fritjof Kapra, autor do famoso "O Tao da Física".

Pra aguçar o interesse, ele se passa inteiramente no Monte St. Michel, com imagens e diálogos dentro da famosa abadia. Acho que só isso já vale metade do filme. Os atores são Liv Ullmann, John Hearst e Sam Waterston e a conversa é toda sobre um presidenciável que procura razões para reacender sua decadente candidatura. Aí entram o amigo confidente e uma cientista que largou tudo porque usaram suas pesquisas para fins militares. É política do início ao fim. Até sobre o Brasil (devastação da Amazônia) eles falam.

Houve uma época em que era difícil de encontrar, só na produtora. Quem mo ofertou tinha como hobby fazer cópias e distribuí-lo para amigos e formadores de opinião só pra fomentar reflexão - já havia presenteado mais de 2.400 pessoas quando chegou a minha vez. Hoje em dia é fácil assisti-lo. Tem no YouTube, link com subtítulos em português:

https://www.youtube.com/watch?v=7tVsIZSpOdI

Claro, tem também versão sem subtítulos, é só procurar no YouTube por Mindwalk.
Abraços
Freddy