11 de setembro de 2012

WELTENBURGER KLOSTER - parte 3





Por
Carlos Frederico March
(Freddy)







Nos posts anteriores eu apresentei a Abadia de Weltenburg, falei por alto das 10 cervejas que são fabricadas pela matriz alemã e já no 2º post apresentei as 2 cervejas claras que o Grupo Petrópolis está fabricando sob supervisão direta da Weltenburger Kloster Bräuerei, num total de 4 rótulos.


Tivemos a oportunidade de, em 2011 em Nova Friburgo/RJ, nos reunirmos em família para degustar esses 4 tipos de uma só vez, as 2 claras e as 2 escuras. A foto apresentada mostra 4 garrafas vazias (uma de cada tipo das diversas degustadas) e apenas um copo, o da hefe-weissbier dunkel por questões didáticas, dado o seu formato característico.

Degustação Weltenburger Kloster em família

Nesse 3º post completarei a apresentação falando das 2 cervejas escuras: a Hefe-Weissbier Dunkel e a Barock Dunkel. Em primeiro lugar, deixe-me esclarecer que há uma distinção sutil entre uma cerveja ser “dunkel” ou “schwarz”. A primeira é “escura”, a segunda é “preta”. Até recentemente não tínhamos nenhuma dunkel no mercado brasileiro, apenas pretas. As mais conhecidas eram as Malzbier (preta doce encontrada sob diversas marcas) e a venerável Caracu (tipo stout). Conhecedores vão me apontar uma ou outra preta fabricada por aqui em alguma época passada, mas nenhuma dunkel.

Lembro-me, sim, de uma exceção: faz já algum tempo a Antarctica fabricou a München, que era efetivamente uma dunkel. Hoje em dia o mercado floresceu e além das pilsen (preferência nacional) temos não só schwarzbier e dunkel como também ale irlandesa, bock, indian pale ale (IPA), weissbier, etc etc etc.

Digamos que estamos vivendo um renascimento mundial das cervejas, tendo alcançado até os EUA, pífio reduto há anos atrás e hoje um dos maiores mercados do planeta. Lá é realizada de 2 em 2 anos a Copa do Mundo de Cervejas (World Beer Cup) em San
Diego, California, onde em 2012 houve concorrentes em nada mais nada menos que 95 categorias diferentes! E você achava que difícil era entender de vinhos...

Cervejas de trigo (weissbier ou weizenbier) chegaram ao conhecimento do brasileiro recentemente com a fabricação da Bohemia Weiss. Aos poucos caíram no gosto de parte da população. Vários fabricantes de pequeno ou grande porte já a produzem. Por conta de que a quase totalidade das weissbiers não são filtradas e apresentam um depósito de leveduras no fundo da garrafa, deve-se seguir o padrão de serviço tradicional, ou seja:
verter quase todo o conteúdo da garrafa no copo característico alto (ver exemplar na foto acima), balançar a garrafa com o final do líquido e terminar de servi-la.

A versão escura é muito pouco conhecida por aqui e foi para mim surpreendente que a Weltenburger Kloester tenha feito sua opção pela Hefe-Weissbier-Dunkel (escura) em detrimento da Hefe-Weissbier-Hell (clara). Em termos de mercado nacional a torna
única, já que as demais weissbiers escuras que eu conheço são importadas (Erdinger, Paulaner, Weihenstephaner, Franziskaner, entre outras).

Tem boa espuma, cremosa e persistente, seu teor alcoólico é mediano (5,3%). Seu sabor ligeiramente torrado (como as dunkel em geral) apresenta notas leves de lúpulo, levedura, pão, caramelo, um quê de chocolate amrgo, grãos de café, cravo e especiarias.

Para entendedores, mais uns 15 tipos de paladares (rs rs).

Isso nos traz à Barock Dunkel, para mim o melhor rótulo que a Weltenburger Kloster trouxe para o Brasil. Classificada como sendo uma cerveja de puro malte escura tipo Abadia, ela é um exemplar diferenciado dessa classe, sendo uma das mais antigas dunkel fabricadas no mundo e digna representante da elegância da era barroca, tendo conquistado o 1º lugar em sua categoria na citada World Beer Cup no ano de 2008.


O autor e sua preferida: Barock Dunkel

Vendida em garrafas de 500ml, latão de 473ml ou "keg" de 5 litros, seu teor alcoólico é relativamente baixo (4,7%) o que não diz nada do sabor marcante e típico das dunkel. Um quê de torrefação, caramelo, pão, há quem perceba notas de café e até de chocolate. O inevitável mas presente amargor é discretíssimo pois vem acompanhado de uma sensação adocicada do malte que persiste ao final.

O aroma é um dos pontos altos dessa excelente cerveja e posso testemunhar fato curioso. Um dia, tendo tomado uma no escritório, enquanto digitava no meu desktop, comecei a sentir um cheirinho agradável, como se fora um sachê no cômodo. Não demorou e achei o motivo: a taça vazia de Barock Dunkel que eu havia deixado sobre a mesa!

Bom, só nos resta agora sonhar com uma visita à matriz, onde além de conheer o deslumbrante sítio onde a Abadia de Weltenburg e cervejaria anexa se encontram instaladas, poderemos nos sentar num glamuroso biergarten e degustar todos os 10 tipos de cerveja ali fabricados (hic!), acompanhados de quitutes típicos da culinária alemã!

Abadia de Weltenburg e as falésias do Rio Danúbio

9 comentários:

Gusmão disse...

Família bonita, Freddy.
Você funciona bem como guia turístico e também como critico de cervejas.
Gostei da série.
Abraço

Freddy disse...

Obrigado, Gusmão.
Cabe aqui um esclarecimento: a moça da esquerda é minha filha mais nova - Flávia. A da direita é Brenda, concunhada de Flávia. Ao fundo, minha esposa Mary. Minha filha mais velha, Renata, não estava nesse dia em Friburgo.

Por coincidência, hoje é aniversário de Renata. A gente brinca dizendo que ela tem sorte em não morar nos EUA, dado que seria muito mal vista se fizesse uma festa todo ano justo no dia do atentado às torres...

Abraços
Freddy

Jorge Carrano disse...

Gusmão,
Tanto quanto você, Gusmão, imaginaria que eram pai, mãe e filhas.
Conheci a Mary muito rapidamente cruzando com o casal em rua do centro de Niterói.
Flávia e Renata conheço de nome. Já foram mencionadas aqui no blog. A Flávia, estou seguro, torce pelo Vasco. Quanto a Renata não tenho certeza.
A família é assim: pai simpático, bem humorado e gourmet; mãe elegante e chic (gosta de espumantes) e filha muito bonita e inteligente (afinal é vascaína).
Com efeito é uma bela família.

Anônimo disse...

O tema do post permite discutir cerveja, turismo, religião (Abadia), Alemanha, natureza, etc.
Mas já deram uma guinada para o futebol e para mulher bonita.

Jorge Carrano disse...

Tem razão, Anônimo.
A propósito, o que você tem a dizer sobre cervejas, turismo e religião?

Jorge Carrano disse...

Meus cumprimentos a Renata, pela data natalícia. Em nome do blog formulo votos de saúde, paz e pro$peridade. Como se dizia antigamente, numa síntese absoluta, tudo de bom.
Peço ao Freddy que seja portador dos votos, na hipótese dela não ser visitante deste espaço virtual, nem mesmo quando o papai publica seus posts.
PARABÉNS!!!

Papos e Grãos disse...

Parabéns Freddy!
Como sempre, uma bela aula!

Freddy disse...

Repassarei os votos, Carrano.
Renata também é vascaína, a mais fanática de toda a família e responsável pela "virada de casaca" de Mary. Sim, se não sabem, casei-me com uma flamenguista, mas por volta de 1996 Renata conseguiu o milagre e hoje Mary é vascaína ferrenha!
Abraços
Freddy

Incógnita disse...

Ouvindo a conversa do aposentado.....

- “Muitos me perguntam, que fazem as pessoas depois de aposentadas ?” -
- “Bom, eu tenho a sorte de ser graduado em engenharia química e uma das coisas que mais me agrada fazer é transformar cervejas, vinhos e outras bebidas alcoólicas em urina.”
- "E estou indo muito bem!"