10 de setembro de 2012

WELTENBURGER KLOSTER - parte 2





Por
Carlos Frederico March
(Freddy)






Abadia de Weltenburg e Rio Danúbio

Não, hoje não falaremos da Abadia de Weltenburg e seu visual de sonho e sim das cervejas que são fabricadas no Estado do Rio de Janeiro pelo Grupo Petrópolis. Como comentei no post passado, dos 10 rótulos existentes na Alemanha a Weltenburger Kloster escolheu 4 para lançar no Brasil:
- 2 claras (Urtyp Hell e Anno 1050)
- 2 escuras (Barock Dunkel e Hefe-Weissbier Dunkel)

Todas, menos a weissbier (trigo) estão sendo distribuídas em 3 formatos: latão de 473ml, garrafa de 500ml e barrilzinho de 5 litros, chamado por eles de “keg”.

Comecemos pelas claras. Até pouco tempo atrás o brasileiro consumia preferencialmente cervejas claras e leves, que o mercado popularizou recentemente com o nome de Pilsen. O modo de fabricação das pilsen foi descoberto em 1842 pelo alemão Joseph  Groll quando chamado a desenvolver novos processos de fabricação de cerveja para o condado de Pilsen, hoje localizado na República Tcheca. Uma cerveja límpida foi finalmente produzida e é a conhecida Pilsner Urquell, a primeira pilsen do mundo.

O processo de fabricação de cervejas límpidas, filtradas, não significa que elas sejam pilsen, mas o nome vende... Bom, a Weltenburger Kloster efetivamente produz uma Pils, mas não aqui. A mais leve escolhida por eles para nós foi a Urtyp Hell. Em português pode ser livremente traduzida como “cerveja clara fabricada de acordo com métodos originais”.

Urtyp Hell

Não pretendo dar aula de cerveja, não tenho conhecimento para isso. Limitar-me-ei a tecer meus modestos comentários pessoais. Curiosamente, o sabor da Urtyp Hell me transporta mentalmente à minha infância, quando a gente experimentava a espuminha da cerveja que nossos pais bebiam. Com o tempo os fabricantes nacionais deixaram de lado esse método tradicional de produção, só retomado recentemente. Acredito que a Antarctica Original seja uma delas.

A Urtyp Hell é leve, com teor alcoólico de 4,9%, bem adequada ao nosso clima tropical. De todas as cervejas trazidas para nós pela Weltenburger Kloster, é a mais próxima do que um brasileiro imaginaria como cerveja para acompanhar um churrasco ou tomar quando estiver com calor, numa praia por exemplo.

Como toda cerveja alemã, alguém poderá vir a reclamar de um discreto amargor, mas é característico das melhores cervejas do mundo. A propósito, a Weltenburger Kloster Urtyp Hell ganhou o 1º lugar na categoria Münchner Helles (cervejas claras tipo Munique) na World Beer Cup de 2012, em San
Diego, California/EUA. Obviamente foi a original alemã, mas esperamos que a de Petrópolis seja um perfeito clone da mesma, já que é produzida sob rigorosa supervisão da matriz.

Anno 1050


A outra cerveja clara introduzida no Brasil pela Weltenburger Kloster é a excelente Anno 1050. De acordo com a propaganda oficial, segue a mesma receita dos monges medievais da Abadia de Weltenburg desde 1050, daí o nome. É uma cerveja tipo abadia de puro malte, na Alemanha classificada como “märzen”, que até pouco tempo atrás era produzida apenas nos meses de março de cada ano (daí o nome märzen: de março). Nem clara nem escura(cor de mel), nem forte nem fraca (5,5m,% de teor), esse tipo é bem apropriado para o início da primavera.

Farei uma pausa para informar que os alemães tinham o hábito saudável de beber as cervejas certas para cada época do ano. Fortes no inverno, leves no verão, tipos intermediários nas meias estações. Hoje nem tanto, de sorte que as märzen são fabricadas atualmente no ano inteiro.

A Anno 1050 é, pois, uma märzen clássica, com sabor marcante, ligeiramente adocicada mas com o já conhecido amargor residual, nela bem discreto. Para não deixar de fazer uma tosca comparação tupiniquim, lembra o jeitão da Bohemia Confraria - que também recebe aqui a classificação abadia. Eu a considero uma cerveja de degustação, ou seja, não adequada para se sentar e descer um engradado dela enquanto jogamos uma conversa fora, bem entendido?

No próximo post, falarei das 2 cervejas escuras. Deixo vocês com uma imagem do interior da igreja da abadia de Weltenburg.


Tubos do órgão da igreja da Abadia de Weltenburg

6 comentários:

Helga Maria disse...

Muito bonito passeio, como disse comentando a primeira parte.
Muito melhor um passeio, mesmo virtual, pelas maravilhas existentes no mundo, do que ver as Carminhas que são péssimos exemplos de conduta humana.
Helga

Gusmão disse...

Como falei em comentário na parte 1, utilizei o link informado lá, para conhecer o local. É lindo. A natureza ao redor, a Abadia, tudo muito bonito.E tem a cervejaria, que no dizer do Freddy produz 10 tipos de cervejas.
Eu, amador, só conhecia dois tipos de cerveja: a clara (Antartica ou Brahma) e a escura (Caracu).
Aos poucos irei provando as disponíveis aqui, motivado pela curiosidade.
Quem sabe passo a apreciar.
Abraços

Jorge Carrano disse...

Não sou, caro Gusmão, um apreciador de cerveja. E muito menos um connoisseur como o Freddy.
Mas já tomei boas no Brasil, na República Tcheca e na Alemanha.
Minha preferida, como já mencionei repetidas vezes no blog, é a irlandesa Guinness (tomada em pub londrino) pois não estive (ainda) na Irlanda.
Os posts do Freddy sobre o assunto poderão ajuda-lo a se iniciar (só não dirija depois de beber).

Freddy disse...

O gosto do Carrano por acaso é o do Barack Obama. Eu também aprecio Guinness e volta e meia tomo uma, mas confesso que é uma cerveja difícil. A que consigo comprar aqui é uma draught stout preta e turva, com baixo teor alcoólico (cerca de 4,2%) mas que precisa de orientação de conhecedores para ser servida corretamente. Na Irlanda há outros tipos mais fortes, mas não vi ainda por aqui pra vender.
Abraços
Freddy

Anônimo disse...

A faixa branca no leito do rio, na margem ao lado da abadia, é um banco de areia?

Freddy disse...

É um banco de areia.
Volta e mais o Danúbio sofre cheias como todo rio. Li que em 2005 a cheia foi tão forte que a abadia pensou em suspender definitivamente a fabricação de cervejas nesse local. Mas parece que se recuperaram, graças a Deus!
Abraços
Freddy