13 de setembro de 2012

O ETERNO REI DO BLUES


Por
Ricardo W Carrano
Greenville - SC - USA



Como muitos dos virtuosos, Robert Johnson (8/5/1911-6/8/1936) teve uma vida conturbada, e sem reconhecimento.

Morreu pobre aos 26 anos de idade, mas deixou uma obra que é referência para os principais musicos de Blues & Rock'n Roll até hoje, como BB King, Eric Clapton, Keith Richards (Stones), Robert Plant (Zeppelin) dentre muitos outros.

Seu estilo incialmente chamado de "Missisipi Delta" ou "Delta Blues Style" é também chamado "Blues de Raiz" onde se usam apenas instrumentos acusticos e a Slide, que é aquele tubo que se coloca em um dos dedos para que obtenha aquele som metálico deslizante, característico do blues.

Reza a lenda que Johnson teria feito numa incruzilhada na area rural de Dockery, no Mississipi, um pacto com o diabo ou um de seus emissários, com obejtivo de se tornar o Rei do Blues, fato que invariavelmente acabou por se tornar realidade, a partir dos anos 60 apenas, quando suas musicas foram popularizadas, por gravações feitas por músicos famosos como os citados acima.

Johnson consegiu vender um numero minimo de discos durante sua breve vida, e costumava tocar por uma ninharia em bares de guetos e festinhas, para sobreviver.

Assim, entregue a bebida, brigas e a confusões amorosas, vagou de bar em bar até a sua morte a qual até hoje existem duvidas da real causa, única certeza é que não foi nada natural. Conta-se que poderia ter falecido devido a ferimentos de faca após uma briga de bar, ou mesmo ferimentos a bala, e existe ainda a teoria de que teria sido envenenado por um marido ciumento de uma mulher a qual cortejava.

De sua vida e de seu trágico destino, também se deriva um pouco do sentimentalismo bucólico do blues as vezes até mesmo depressivo, onde se expressam as dores da alma nos solos de guitarra.

Robert Johnson, recebeu postumamente dois Premios Grammy 1990/2006 que foram entregues a seu filho Claude e tem seu nome no Rock and Roll Hall of Fame como precursor de estilos de Rock'n Roll.

Dentre suas músicas mais famosas estão "Sweet Home Chicago", "Crossroad Blues", "Love in Vain" também regravados por muitos músicos de renome.

O título deste post é referência a uma musica do Celso Blues Boy, um dos principais "bluesman" brasileiros, falecido recentemente, canção esta que teve a participação de BB King em sua gravação original e conta na sua letra a saga e a lenda de Robert Johnson. 


Foto de R.Johnson em 1933, fonte Google


16 comentários:

Freddy disse...

É interessante observar como nas artes uma enorme quantidade de expoentes teve uma vida totalmente desregrada e morreram jovens.

Na verdade, mais difícil é tentar se lembrar de nomes que nasceram em bom berço, tiveram uma vida normal e chegaram aos píncaros da fama, morrendo de velhos.

Franz Liszt? Michelangelo Buonarroti? Dorival Caymmi?
Abraços
Freddy

Jorge Carrano disse...

Bem observado, Freddy. E nesse universo do blues/jazz/gospel é quase uma regra geral.
Uma exceção (devem existir outras) talvez seja o Bill Evans, que nasceu branco, em família bem estruturada, iniciou cedo estudos de piano e fazia sucesso.
Veja como são as coisas, para poder integrar a banda do Miles Davis, todos negros e viciados, teve que parecer ser um deles para ser aceito. Ficou pouco tempo no sexteto, mas o suficiente para se envolver com drogas.

Caro primo Rick,
O que me causa espanto é como um branco, inglês, como o Eric Clapton, consegue se exprimir no blues como se fosse um negro trabalhando nos campos de fumo na Georgia. Poderíamos dizer que se trata de um branco com alma negra?

Abraços

Anônimo disse...

Assisti um filme baseado na lenda do pacto com o Diabo.
Para quem gosta de guitarra é um prato cheio o duelo no final.
:D Fernandez

Gusmão disse...

Gosto da banda "Blues Etílicos", que existe há muitos anos, aqui no Brasil.
Assisti a um show do BB King no qual eles fizeram uma participação.
Abraços

Ricardo disse...

Big Jorge e amigos,
Clapton e' sem duvida um branco de alma negra, interessante e' que Jimmy Hendrix (negro) costumava dizer que aprendeu a tocar e teve Clapton como sua principal influencia, assim como BB King quando perguntado sobre Clapton (os dois sao amississimos) costuma dizer "the liitle white boy plays all right" ou esse garotinho branco toca direitinho, brincando com Clapton.
Ainda sobre a vida breve e desregrada de estrelas da musica, existe tambem a chamada maldicao dos 27 anos ou The 27 Club: Jimmy Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison (The Doors), Bryan Jones (primeiro guitarrista dos Stones), Curt Cobain (Nirvana) e mais recentemente Amy Winehouse, todos faleceram aos 27 anos e suas mortes estao invariavelmete relacionadas a problemas com alcoolismo e/ou drogas. Isto me leva a uma errata: Robert Jonhson na verdade morreu nao em 1936 como escrito acima, mas em 1938, aos 27 anos de idade, o que o torna tambem um membro do 27 Club. Abracao !

Ricardo disse...

Como nosso amigo Anonimo bem falou, o filme em questao chama-se "A Encruzilhada" ou "Crossroads" e tem como tema central o pacto feito nao so' por Johnson, mas tambem por um dos personagens principais, que foi na historia, contemporaneo e parceiro de Johnson, ate' mesmo no pacto. Este senhor no filme, entao na casa dos 70, (o filme se passa nos anos 80), tem como discipulo um jovem bluesman (aquele ator do Karate Kid que eu esqueci o nome), com quem ele faz outro pacto : ele ensinaria ao jovem a cancao perdida de R. Johnson, o que o tornaria famoso, (outra lenda do filme : Johnson oficialmente gravou 29 musicas, a musica em questao seria a tringesima), se este jovem o ajudasse a chegar a tal encruzilhada onde tentaria desfazer o contrato com o diabo, que obviamente nao aceitou, fazendo entao outro pacto que foi o desafio de guitarras entre o jovem e um outro guitarrista (Steve Vay) que estava sobre "contrato" com o coisa ruim. Bem, o garoto vence, o que liberta entao os dois das garras malditas do demo, mas o melhor de tudo neste file e' mesmo a trilha sonora "prato cheio" para os amantes do blues. Obrigado !

Ricardo disse...

Caro Gusmao :
Blues Etilicos e' uma boa banda de blues. Quanto a BB, eu que ja tinha assistido Clapton e Laila (uma de suas guitarras) 2 vezes (1990 no Rio e 2001 Charlotte) achava que ja tinha visto tudo em guitarras de blues ate que finalmente no ano passado ganhei um presentao de Natal do meu genro : 2 ingressos p BB King e Lucille (sua guitarra preferida) sendo esta performance numa arena nao muito grande...bem isso nos fez a todos os presentes praticamente ter um festinha c/ BB que sentado a beira do palco no alto de seus 90 anos, contava suas historias, piadas e aventuras e a seguir pedia que a plateia dissesse que musica queria. So' mesmo estando la' . Magistral ! Obrigado.
Meu proximo compromisso : The Who dia 10 de novembro. Outra performance imperdivel. Acho que e' a unica banda que tocou em Woodstock ainda existente... a conferir!

Jorge Carrano disse...

Rick,
Recentemente comprei um toca-discos, aparelho de reprodução sonora que não possuía há algum tempo, desde que minha velha eletrola pifou de vez.
Com isso tenho ouvido muitos LPs que já não punha para rodar faz tempo. Como curiosidade conto que em visita a minha casa, meu neto (que vai completar 10 anos no próximo mês) ficou admirando aquele aparelho fonográfico estranho para ele (era MP3,4 etc). O que ele mais estava interessado em ver é como o braço retornaria ao apoio depois de tocada a última faixa do LP.
Mas, dizia eu, com isso tenho ouvido muito blues. Tenho um acervo interessante do gênero, inclusive 6 dos 7 volumes da série que a "Atlantic" lançou no mercado entre 1966 e 1969 (albuns duplos). Estão lá todos os seus contratados, músicos, vocalistas e instrumentistas/vocalistas. Gosto em especial do volume 6, cujo título é "Atlantic Rhythm&blues", onde pontificam Wilson Picket, Aretha Franklin, Roberta Flack, Brook Benton, Otis Redding, Eddie Floyd, Joe Tex e muitos outros.
Para gostar tem que ter dispositivo especial que permiti sentir e entender.
Sobre o Robert Johnson, arrisco dizer que gosto mais do Big Joe Williams, "one of the last great delta bluesmen". O album é da "SONET".
Não confundir com o Joe Williams, vocalista mas de musica popular.
Minha discoteca inclui, ainda, Memphis Slim, Sammy Lewis, Jimmy DeBerry, Doctor Ross, Willie Nix, Rujus Thomas, John Lee Hooker, Big Joe Turner, Freddy King, Sonny Boy Williamson, Eddie Taylor. E, ainda, obviamente, BB King, Ray Charles e Dr John.
Parece, caro primo Rick, que temos gosto musical semelhante.
Abração

Ricardo disse...

Nossa Big Jorge, essa e' uma discoteca de muito respeito ate' mesmo invejavel, no bom sentido. Tem uns meses e eu estava andando pela secao de eletronicos do Walmart e descobri que estao vendendo os nossos bons e velhos toca-discos. Pra te falar a verdade (coisas que a geracao Mp3 nunca vai compreender) tenho um projeto de compar um destes + aplificador + um tape-deck (lembra) de fitas em rolo (voce nao ficaria supreso de ver existem muitos a venda por aqui, como novos com manutencao e pecas garantidas) e resgatar mossa colecao de vinil (minha e de Celia) que dorme metade na casa de minha mae outra na casa da minha sogra. Tem algumas coisas muito boas por la' tambem. Por ultimo eu achava que estava ficando ultrapassado, e pode ser que eu esteja, mas veja que tem muitos por esse mundo a fora compartilhando os mesmos gostos. Existem muitos "sebos" do bom vinil por aqui vendendo e trocando ate' mesmo on-line ! Um abracao

Freddy disse...

Pessoal, estive longe do micro por tempo suficiente para perder esse excelente debate.
Bem, não teria muito o que acrescentar, dada a minha ignorância no tema, mas deixe-me anotar:

- R. Johnson então é o "fundador" do The 27 Club!
- branco de alma negra pode, mas preto de alma branca não... ok...
- já tive um excelente toca-discos (Dual 1229, alemão), que na época custou-me o equivalente a um mês de salário; pra ter uma base, com esse dinheiro eu pagava prestação de um ap de 2q e de um carro zero, além das despesas do cotidiano (ano 1975)...
- apesar de estar longe do blues e do soul, citarei Joss Stone, a surpreendente e bela branca que canta como uma negra, além de ter nascido em berço de ouro.

Abraços
Freddy

Jorge Carrano disse...

Segundo Sérgio Martins, em sua crítica publicada em VEJA, "Joss solta o vozeirão, mas não o sentimento: fica presa à externalidade de uma música que, como diz o nome, exige que a cantora exponha a sua alma (em inglês soul)."
Não sei se você leu, Freddy, mas esta crítica ao recente lançamento de Joss Stone "The Soul Sessions Vol. 2", que ainda não ouvi, é, a meu juízo, procedente. Ela tem um timbre vocal e uma emissão que se aproxima das grandes interpretes do gênero, mas falta-lhe o sentimento que está na alma das negras americanas.

Unknown disse...

Ora,
não sabia que Celso Blues Boy havia falecido...
poxa... que chato... logo de mamnhã...
Beth

Jorge Carrano disse...

Foi em agosto de 2012, Beth.

Unknown disse...

EM 2012 EU ESTAVA CERCADA POR 28 FILHOS PELUDOS E ELES NÃO ME DISSERAM NADA.
BETH

Jorge Carrano disse...

O negócio deles não eram os blues, mas sim os sambas, por isso não sabiam (rsrsrs).

Jorge Carrano disse...

Morreu hoje uma das lendas do blues: B.B.King

Leiam em
http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/05/morre-aos-89-anos-bb-king-o-rei-do-blues.html