3 de julho de 2013

Cartas perfumadas

Antigamente, muito antigamente, as namoradas,  as amantes, as namoradas amantes e as amantes enamoradas escreviam cartas aos amados utilizando papel colorido, fino e perfumado.

Hoje, acho, embora possa estar enganado, ninguém mais escreve cartas e se o fazem não é com papel perfumado.

Há toda uma literatura epistolar valiosa  constituída  de cartas de famosos personagens do mundo das artes em geral e das letras em especial, trocadas com as pessoas pelas quais eram apaixonadas ou tinham  afinidades pessoais.

Casos como o de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir são  bastante comuns entre personalidades do mundo artístico, político e científico.

Por exemplo, cartas de Karl Marx para Jenny, que viria a ser sua esposa, e de Beethoven para uma namorada não identificada.

Paro por aqui porque o ponto a que quero chegar nada tem a ver com romances célebres e/ou amores frustrados.

A questão é a seguinte: aparecem, no blog, comentários enviados por “Anônimos” que se utilizam desta possibilidade dada pelo programa.

Quando nos referimos a eles sempre os colocamos no gênero masculino, como se mulheres não pudessem assinar anônimo, desde que não há a alternativa no  feminino (anônima).

Por isso comecei falando das cartas perfumadas. Quem sabe se já tivéssemos internet com cheiro fosse possível identificar anônimos do sexo feminino pelo perfume. Talvez não!

Assim como penso não haver mais mercado para papeis de carta perfumados, penso não haver, também, para as lojas que fazem revelações fotográficas.

Havia uma grande que vendia além de filmes e álbuns, todos os apetrechos necessários, como pilhas e porta-retratos.


Quantas vezes para entregar os rolinhos, tive que enfrentar pequenas filas, principalmente às segundas-feiras.

Quando eu ficava muito tempo sem ir a Cachoeiro para namorar, enviava muitas cartas e recebia outras tantas em papel acetinado, algumas das quais com fotos mais recentes, tiradas com câmeras Xereta.

Nos tempos que correm teríamos o Skype, as redes sociais e os emails com fotos digitais.

Será que a emoção de esperar o carteiro chegar é a mesma de baixar os emails?

8 comentários:

Freddy disse...

Antigamente tínhamos as telas comuns, 2D. Depois vieram as 3D, em TVs ou computadores. Alguns acrescentam sensação de movimento, muito comum em atrações de Orlando. Em casa, conseguimos algo mais de realismo com o som 5.1 e um bom subwoofer, que pode fazer sua sala e seu corpo vibrarem. Somando à visão 3D, fica bem interessante.

Fica faltando acrescentar o cheiro, para chegar mais próximo à realidade. Já há estudos a respeito, mas o mercado tem de aprovar (custo x benefício). Aí sim, você poderia ter os e-mails e até filmes com odores (agradáveis ou desagradáveis, infelizmente), e as desejadas cartas de amor perfumadas voltariam à ordem do dia, no mundo virtual!

<:o) Freddy

Jorge Carrano disse...

Caro Freddy,
Este post foi publicado por causa de um(a)Anônimo(a), que nos provoca com comentários irreverentes.
Sempre nos referimos como sendo um homem (sexo masculino) quando muito bem pode ser uma mulher.
Aliás desconfio de duas mas não há provas, por enquanto.

Ana Maria disse...

Ainda escrevo e posto cartas nos Correios. Tenho duas amigas que não se familiarizaram com a tecnologia digital. O duro é que as respostas demoram...
Também utilizo máquina com filmes. Tenho uma Yashica fantástica.

Jorge Carrano disse...

Sinto falta deste mundo maravilhoso, Ana Maria.
Antes do Armstrong chegar à lua e os poetas poderem prometer depositar o satélite aos pés das amadas. Das mulheres de cintura fina e coxas grossas, tudo sem silicone e sem recurso de photoshop.
Agora cá para nós, há que ter paciência para fotografar com a Yashica, levar para revelar, depois levar aos Correios (provavelmente franquia) e rezar para que chegue ao destino antes de você morrer.
Beijo

Ana Maria disse...

Me desculpe, Jorge. Vivi tudo isso e ainda utilizo essas antiguidades, mas nada como a tecnologia.
Sou doida por delivery, viciada em Internet e não saio sem meu celular.
Claro que lembro das máquinas de datilografia como agente facilitador; do bonde e dos trólebus;
da goiabada em caixa e do leite de galão, mas vamos e venhamos, a vida agora é bem mais fácil.

Incógnita disse...

Por falar em cartas famosas, não podemos esquecer as trocadas entre o poeta Rainer Maria Rilke e Franz Kappus,um jovem admirador e aspirante a carreira literária, que se transformaram em um dos grandes sucessos editoriais. Aliás, recomendo a leitura das "Cartas a um jovem poeta".

Jorge Carrano disse...

Incógnita identifica o sexo, já anônimo...
Este era o tema do post, inicialmente.

Freddy disse...

Posso aceitar que o sexo dos anjos, digo, o sexo dos anônimos possa ter sido a "motivação" mas não o "tema" desse post.

Sobre câmeras com filme, não me faça chorar... Possuo várias que não tive o vislumbre de vender quando ainda valiam algo, de sorte que montei em Friburgo um pequeno "museu" no meu escritório. Jamais fotografarei novamente com filme, o formato digital veio para ficar.

Aliás, com o uso desenfreado de chips e software em tudo que nos cerca (em breve até dentro de nós), com a disseminação das redes sociais e a perda de privacidade, a sociedade que conhecemos em breve não mais existirá. Como costumo afirmar: não restará pedra sobre pedra!
=8-( Freddy