21 de julho de 2013

Evocando memórias

Quando tanto se fala de Copa do Mundo de futebol, e da reinauguração do Maracanã, tento resgatar, na já desgastada memória, alguns episódios destes eventos, inauguração do Maracanã e Copa do Mundo no Brasil, ambos em 1950.

Minha memória mais remota vai me encontrar, aos dez anos de idade, sendo levado por meu pai e pelo Américo, amigo dele, para o Maracanã recém-inaugurado e ainda inacabado.

O jogo foi inesquecível, mas as circunstâncias em que o assisti são mais ainda. Sentado, alternativamente, nos “cangote” de meu pai e do Américo, pois a multidão não comportava no Estádio, em condições normais, ou seja, cada qual sentado nas arquibancadas de concreto. E eu era pequeno, uma criança.

Não sei se foi possível contabilizar o público realmente presente, pois houve invasão de torcedores que forçaram o portão de acesso e conseguiram entrar com o jogo já em  andamento. Mas seriam certamente cerca de 160.000 torcedores.

Era o Brasil e Espanha, com um coral de milhares de vozes entoando uma marchinha carnavalesca de sucesso (Touradas em Madri), se não me engano do Braguinha, que tinha um estribilho conhecidíssimo, que era pouco mais ou menos o seguinte: pararatimbum, bum, bum; pararatimbum, bum, bum.

A letra fazia alusão as touradas em Madrid : "Eu fui as touradas em Madrid (e ai entrava o pararatimbum), e quase não volto mais aquiiii, p’ra ver Ceci beijar Peri" (personagens centrais do romance  "O Guarani", de José de Alencar.

Goleamos por seis a um (6X1), resultado quase idêntico ao da partida anterior de nosso scratch nacional, que foi de sete a um (7X1) sobre a Suécia.

Estas duas pelejas já eram pelo quadrangular final. Dos quatro grupos iniciais classificavam-se os primeiros colocados que disputaram a fase decisiva num sistema que não mais existe, pois não havia um match decisivo, e sim todos enfrentando a todos dentro do quadrangular.

Na fase inicial, de grupos, com quatro participantes (deveriam ser 16 equipes divididas em 4 grupos com 4 países em cada)*, o Brasil enfrentou as seleções do México, da Iugoslávia e da Suiça.

Passamos bem pelo México, pela Iugoslávia, e empatamos com a Suiça, jogando em São Paulo. Aqui cabe um parêntesis. Se hoje resta apenas um pequeno ranço de rivalidade entre Rio e São Paulo, nas décadas de 1940 e 1950, de minha infância, esta pinimba, esta  birra, era acirrada.

Daí que, como o jogo contra a Suiça seria realizado em São Paulo, resolveram agradar aos paulistanos e o técnico Flavio Costa  escalou jogadores reservas , com alguns que atuavam em São Paulo, principalmente no São Paulo F. C.

Foto: Google
Diga-se a bem da verdade que o São Paulo tinha um ótimo time e ganhara quase todos os campeonatos regionais na segunda metade da década de 1940. Sua linha média, como se chamava então, era formada por Rui, Bauer e Noronha, tão famosa quanto à do Vasco na mesma época (fez história), formada por Eli, Danilo e Jorge.

E no ataque foi escalado o Baltazar, centerfoward do Corinthians e artilheiro do campeonato paulista.

Não, não estou dizendo que só empatamos com a Suiça (2X2) por causa dos paulistas escalados. Foi falta de entrosamento, acomodação e a inclusão de outros reservas, do Rio de Janeiro, como Maneca e Alfredo.

Ano que vem tem de novo. Copa e Maracanã. Meu receio quanto a um bom resultado para o Brasil, tem origem em declaração otimista do Zico, feita no programa “Altas Horas”, do Sergio Groisman: “o Brasil voltou a ser favorito”.

Deus meu, este cara é um pé-frio. Elogiando periga atrair coisas ruins par nós.

Leiam em http://tvg.globo.com/programas/altas-horas/O-Programa/noticia/2013/07/a-grande-mudanca-da-selecao-a-gente-deve-ao-felipao-afirma-zico.html

* Por problemas de desistência apenas 13 países disputaram a Copa, razão pela qual somente dois dos quatro grupos ficaram completos, com quatro competidores. O do Brasil foi um deles.

4 comentários:

Jorge Carrano disse...

Caro Gusmão,
Teu comentário de hoje está sendo transformado em um post e publicarei amanhã, se não se importa.
Compreendo e aceito sua decisão. Muitos outros seguidores e amigos do blog tomaram a mesma direção.
Eu tentarei resistir aqui nesta trincheira.
Recomende-me à Bernice.
Abraço
Carrano

Riva disse...

Meus caros, não acredito nessas coisas de pé-frio, falou vai dar azar, etc. Meu norte é a competência, e em futebol não existe justiça. Apenas a competência.
Nunca vou esquecer da ITALIA de 82, campeã mundial !

COPA do MUNDO é um mata-mata, com o regulamento debaixo do braço. E para tal, precisamos aguardar o sorteio das chaves, para pensar em estratégia.

Sem isso, não dá para imaginar NADA do que poderá acontecer em 2014. De qualquer forma, arrisco semifinais com Brasil, Argentina (sempre), Alemanha e mais um ......

Sds TETRAcolores, porque daqui a pouco tem estresse no pseudo Maraca.

Jorge Carrano disse...

Vejam se é implicância minha, ou se apenas constato uma realidade:

http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2014/10/elano-faz-de-falta-e-time-de-materazzi-derrota-o-de-zico-em-estreia-na-india.html

Jorge Carrano disse...

O elogio do Zico deu no que deu: 7X1,
Credo!!!