Há anos, participante de um destes inoxidáveis congressos ou
seminários, sei lá, ouvi de um palestrante, cujo tema que abordava era
burocracia, a seguinte historinha hipotética de caráter ilustrativo:
Se um alienígena chegasse ao planeta depois do fim da humanidade
(Digo eu: estamos longe disto?) e encontrasse a fábrica da Volkswagen,
deduziria que ali existiu uma enorme biblioteca, que possuía uma grande frota
de veículos para atender sua logística.
Aludia, claro, a imensa papelada burocrática a que ficam
sujeitas as empresas. Estávamos nos anos 1970. Lembro que o Brasil chegou a ter
um ministério da desburocratização, comandado pelo Helio Beltrão (se não me
engano).
Bem, lembrei deste fato por causa do cada vez maior número de
cães que povoam as residências de ricos e pobres, mundo afora.
Sobram cães e faltam
atenção e carinho às crianças.
Aquele mesmo alienígena do exemplo do seminarista, chegando
ao planeta, pensaria haver encontrado um enorme canil universal, com cerca de dois bilhões de seres estranhos para
cuidar dos cães.
O dinheiro gasto com cães, nas petshops e nas clínicas veterinárias, com alimentação, tosa e
banho, exames clínicos, tratamentos e cirurgias, seria suficiente para
alimentar toda a população do Haiti.
E toda a atenção e carinho dos proprietários destes cães se direcionados para as crianças,
nos livraria de muitos problemas futuros com adultos.
Não falei de gatos para não pensarem que estou falando do
governo, executivo e legislativo, que nos custam incalculáveis fortunas, fora o
que gatunam.
8 comentários:
Mas qual seria o argumento? O problema da fome, por exemplo, certamente não é a escassez de alimentos. Da mesma forma, as crianças que não recebem atenção não deixam de recebê-la por compartilharem suas vidas com bichos (cães ou gatos). Você me lembra o Eduardo Dusek ("troque seu cachorro por uma criança pobre").
Um dos problemas das generalizações é que as regras ou princípios comportam exceções, situações especiais.Não falarei delas.
Estou envolvido em casos profissionais concretos que ilustram o meu discurso.
A locação de salão de festas para comemoração de aniversário do cãozinho (com bolo e filmagem) é um exagero e uma afronta. Mister se convidados trazem seus próprios "melhores amigos".
Em convenção que estou ajudando a atualizar, foi preciso limitar o número de animais de estimação (para cada morador) a dois indivíduos da espécie, pois tem gente que acha que pode criar animais em apartamentos.
O outro tem tantos em casa, que precisa de um cuidador para passear com a matilha pela manhã e a tarde.
Perturbando a paz dos demais moradores num entra e sai incessante e uso de elevadores.E gastando um dinheiro que não gastou com o filhos, que não tiveram babás.
Sim, os animais não têm culpa, o problema está nos racionais que os criam.
Para não gerar e esticar polêmica, diria que:
1) Duvido que qualquer cachorro ou gato pudesse ser mais meu amigo do que meus filhos, o que derruba a tese de que o cão é o melhor amigo, etc. Se o ser humano não consegue se fazer respeitar e amar por outros seres humanos, então o problema está nele. E o cão será "bom amigo" porque subserviente.
2) Excluo os chineses de minha apreciação, pois eles criam para comer, o que é relevante (risos por favor).
Já tive cachorro e sei o quanto é apaixonante e admirável a fidelidade, a capacidade de percepção de nossos estados de espírito, e tudo o mais que nos cativa.
Mas ainda acho que adotar uma criança e dar-lhe carinho, educação e valores éticos e morais é mais condizente com a dignidade (respeito a si próprio) humana.
Tadinha da velhinha que precisa de um cachorrinho para lhe fazer companhia. O que ela fez a vida toda para não receber a visita de filhos e netos, irmãos ou primos?
Cortar percentuais até que modestos do orçamento militar americano daria para resolver a fome na África.
O orçamento da NASA para pesquisa de Marte e outras atividades astronômicas, como o telescópio espacial James Webb ou busca de
planetas pela galáxia, é aviltante (e olha que gosto do tema).
O custo do Large Hadron Collider, tema de um de meus posts (Higgs x Venter), é um acinte!
Há, portanto, diversas maneiras de criticar o aporte de esforços e verbas, que seriam mais bem gastas na criação de crianças mundo afora, para outras atividades, sejam lúdicas como a criação de bichinhos (tema do post), sejam militares ou científicas.
Eu prefiro levantar a bandeira do controle da natalidade. E é pra já!
8-/
Freddy
Foi mordido recentemente, Carrano ? rsrs
Bem criativa e engenhosa a piada, Riva.
Mas não, não fui nem mordido e nem arranhado. O post é fruto de inúmeros problemas profissionais que enfrento por causa de cães e gatos.
E também, admito, por opinião pessoal de que não é adequado para os animais confinamentos em apertados espaços e que certos exageros direcionados aos bichos(festas, coleiras douradas, etc)são inaceitáveis num mundo com tantas carências.
A ostentação é para satisfazer caprichos dos proprietários, já que os animais são irracionais. Ou será o inverso?
Outro dia, caminhando com a Isa, vi um basset todo uniformizado, tinha até sapatinhos .....
Coitado do bicho, comentei com a Isa. Deus não os criou para isso. Têm seu pelo, sua estrutura toda criada para se proteger. E as pessoas achando uma gracinha, que lindo ...
Novos tempos ... novas manias ...
Mas a velha África continua a mesma ... morrendo de fome e de doenças ...
Matéria de revista semanal sobre pet-sitter, revela que uma psicóloga, que atuava na área de recursos humanos, largou o emprego para ser babá de cachorros, e está muito feliz, ganhando mais dinheiro.
Já tínhamos as creches, os passeadores.
Agora tem pet-sitter.
Matéria na revista VEJA edição nº 2334 nos mostra como alguém pode ser tão egoísta, tão insensível, tão vulgar. Algumas dondocas e que tais afrontam-nos com os mimos, desvelos, supérfluos e desperdícios com os quais criam seu cães.
Camas adornadas com cristais, colares de pérolas e rubis, cozinheira para preparar os pratos de preferência dos animais, páginas no Facebook e Instagram.
Uma afronta. Puro exibicionismo.
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