14 de abril de 2023

O lado esquerdista

 

Recebi, na "Sexta-feira da Paixão", de velha amiga de São Paulo, filha de meu ex-empregador, via ZAP, uma antiga crônica do Luís Fernando Veríssimo, alusiva a Páscoa.

Provavelmente lembrou de minha admiração pelos textos do  gaúcho, colorado, fã de jazz e saxofonista diletante, filho do Érico, cronista, em geral de humor inteligente e refinado.

Agradeci muito a lembrança, ao tempo em que retribui os votos que capeavam, como uma preliminar suscitada, relativos aos fatos religiosos então respeitados e  comemorados.

A resposta que ela me deu, ipsis litteris, foi: "Tb gostava dos textos dele! Mas o lado esquerdista me decepcionou muito."

Pelo sim e pelo  não, posto que poderia ter sido mera coincidência, e não a lembrança que cogitei, destaquei que ara leitor voraz de seus textos desde a época em que residi e trabalhei na cidade de São Paulo, acompanhando suas crônicas pelo "Estadão" dominical e, depois de meu retorno para Niterói, pelo "O Globo" nas edições de domingo.

Muitas destas crônicas eu recortava e guardava. Duas delas conservo até

Inofensivo lado esquerdista, digo eu, como o de tantos outros brasileiros e estrangeiros geniais.

Tantos são os cientistas, dramaturgos, escritores, políticos, chefes de Estado e pintores que respeitamos que não passam de ideólogos que nunca foram ou iriam as vias de fato.

Deixei para o final, deliberadamente, a citação dos pintores, para concluir com uma frase, irônica, mordaz, sensacional, de Salvador Dali sobre Pablo  Picasso:



Para ficar somente com latino-americanos, quantos são os intelectuais, escritores laureados, digo mais, admirados por nos, não foram membros do partido comunista.

Garcia Marques, colombiano,  premiado com Nobel, teve negado seu visto de permanência nos USA. para onde foi como correspondente, por sua vinculação ao partido comunista.

Vargas Llosa, peruano, também laureado com Nobel, também foi vinculado ao partido comunista e, não obstante, tornou-se fervoroso defensor da democracia.

Nosso querido Jorge Amado, um dos mais premiados de nossos escritores, com uma obra composta de 49 livros, muitos dos quais adaptados para cinema e televisão, foi comunista militante, eleito deputado federal pelo PCB.

Agora me diz aí, você deixou de ler "Cem Anos de Solidão"?  Não leu "Conversa na Catedral" ou "Pantaleão e as visitadoras", não se interessou por "Os pastores da noite"?

Se não leu estas ou outras obras destes premiadíssimos escritores, sua cultura literária está incompleta. Tem enorme lacuna.

E se foi porque eram (foram) comunistas então você é um tolo, concessa maxima venia.

Sim, tem outros notáveis romancistas fundamentais, que abordaram temas universais (Dostoievski, Shakespeare, Jean-Jacques Rousseau),  mas aqueles supracitados estão perto de nós, de nossa realidade.

Ranço das campanhas americanas sobre os comunistas: eles comem criancinhas; eles estatizam sua casa para transformar em moradia coletiva; eles rateiam a venda de alimentos e outras inverdades ou medidas pontuais do passado pós imperialista.

3 comentários:

Jorge Carrano disse...


Será que tem vida inteligente na direita?

RIVA disse...

Eu realmente não consigo entender como uns caras assim, super inteligentes, autores de obras maravilhosas, enxergam alguma coisa positiva para a sociedade num regime comunista.

Alguém aki no pub tem algum "case" de sucesso pra citar ?

Um dos livros mais encantadores que li na minha vida, se não o mais, foi VIVER PARA CONTAR, uma autobiografia do G G Márquez. Maravilhoso !

Em relação a esquerda, direita, centro, etc .... não vivo nesse mundo. Vivo no mundo do que é bacana/bom/próspero/saudável para o ser humano e para a natureza, qualquer que seja o projeto.

Confira a lista dos 20 países mais felizes de 2023 :

Finlândia.
Dinamarca.
Islândia.
Israel.
Holanda.
Suécia.
Noruega.
Suíça.

Por que seria ?
Algum regime comunista ?
Então porque esses gênios apoiam esse regime ?

Qual a explicação ?

FLUi






Jorge Carrano disse...


Talvez, eu escrevi talvez, as dinastias Romanov, Capetiana e outras, expliquem.

Às folhas tantas, pessoas cultas, letradas, conhecedoras da história, tenderam a se preocupar com pobres e oprimidos.

Pessoas que se orgulham (ou se orgulhavam) mais do que leram do que com o que escreveram.