22 de julho de 2014

Nosso tempo, meu tempo



Por
RIVA







Para não perder o amigo, vou tentar escrever sobre costumes e moda (com muita dificuldade), mas não na minha infância, de onde tenho algumas poucas fotos ; porém lembro de coisas mais marcantes, tais como meia cabeça recada com máquina Zero e um topetinho endurecido com Gumex, bermudas com suspensórios ridículos e irmãos vestidos de forma absolutamente igual. Os uniformes das escolas por onde passei até meus 10 anos era praticamente todos iguais : bermuda azul marinho, camisa branca, e um escudo/emblema da escola.

Quando passei para o instituto ABEL em 1963, 1º ano do Ginasial, pela primeira vez tive que usar calças compridas, azul marinho também. E na camisa branca se penduravam pesadas estrelas metálicas, na quantidade que representava seu ano do Ginásio. Em pouco tempo foram substituídas por uma tira bordada, costurada no bolso da blusa.

Um detalhe que sempre chamou atenção, mais ou menos até meu 3º ano Ginasial, eram as nossas “pastas” para carregar nosso material escolar. Inúmeros modelos eram usados, pretas ou marron, e isso era de certa forma uma maneira de se exibir nas salas de aula. Lembro que o Instituto ABEL lançou sua própria “pasta”, de napa, com o escudo do colégio, e era com fecho eclair. Foi um sucesso na época, diferenciada até entre as escolas de Niterói.

E aí começo a entrar mais ou menos entre 1965 e 1969, quando começou com muita intensidade entre nós o som da Jovem Guarda, dos Beatles e dos Stones, que foi determinante para novos hábitos na tchurma inteira : calças com pestana e boca de sino, camisas banlon, japonas no inverno, bonés estilo Beatles, sapatos com salto carrapeta ou mocassins com franjinha, botas, corte de cabelo para os homens mais comprido, etc. Lembro que houve um período em que as camisas de cor verde alface e rosa shocking, bem berrantes, eram uma febre nos bailes que frequentava.

Uma coisa que não esqueço foi a minha primeira calça Lee, que meus pais compraram. Inesquecível !!! Mais tarde um pouco, acho que em 1967-1968, íamos para a Praça Mauá no Rio de Janeiro para visitar os navios de guerra americanos que atracavam por lá, mas com a única intenção de comprar calças jeans e cigarros dos marinheiros. Pagávamos com nossa moeda mesmo (nem pensar em conseguir dólares).

O uniforme escolar, pelo menos para mim, foi abandonado quando entrei para o 1º Ano Científico, em 1967. Não era mais utilizado nesse período escolar.

Surgiu o cigarro em nossas vidas também, algumas marcas mais desejadas. Chegávamos a ir até Copacabana para comprar cigarros Philip Morris, importados, em sua fantástica caixa plástica e seu filtro de carvão ..... uma onda, mora !!! Eu comecei a fumar bem cedo, com 17 anos, e meu cigarro era marca Capri (fumei até os 37 anos).

Assim, deixo meu breve relato de algumas coisas marcantes do “meu tempo” ..... e que tempo bom !!

Só para encerrar, hoje fui comer um cozido na casa de um casal português amigo em Itaipu, e lá estava mais um outro casal que não conhecíamos. Eles estão mais ou menos com 70 anos, e nós na casa dos 60.

Mas por uma coincidência, foram nascidos e criados na rua Nóbrega, bem próximo do Pé Pequeno, onde nasci e cresci. E foram tantas as coisas relembradas da década de 60 e 70, e também fiquei conhecendo muita coisa da década de 50 que não vivenciei como adolescente. 

Foi uma tarde mega agradável, de relembranças, de muita saudade daqueles NOSSOS TEMPOS , dos “tempos da ditadura”, onde tínhamos muita qualidade de vida, muita segurança, transporte público eficiente, desenvolvimento e produção, tanta coisa boa aconteceu.

Infelizmente o poder subiu à cabeça dos caras, e estragaram tudo !!



Imagens: Google 

18 comentários:

Freddy disse...

Fato interessante: a maioria das pessoas que fumavam tinham o “seu cigarro”.
- Qual você fuma?
- Minister - respondia um.
- Hollywood - dizia o segundo
- Capri - um terceiro declarava

Eu não. Sempre fui extremamente volúvel com cigarros (como sou hoje com perfume). Chegava na padaria Leda, que era geralmente onde eu os comprava, e ficava olhando.
- Hoje eu vou levar... hmmm... Carlton!
Por falar em Carlton, era um tremendo mata-rato metido a besta - e caro. Como eu sabia? Minha mãe, cega, tinha um olfato apuradíssimo. Quando eu me aproximava dela, tendo fumado o dito cujo na mesma quantidade dos demais, ela sempre me recriminava:
- Meu filho, você está fumando tanto!

=8-) Freddy

Jorge Carrano disse...

Comecei a fumar "semedão", o que implicava ter que aceitar Saratoga e Astoria, por exemplo, duas marcas reputadas muito fortes.
Quando finalmente passei a comprar, fumava Continental, pelo preço, mas aspirava poder trocar para Holywood.
Levei algum tempo, já trabalhando, para chegar ao cigarro com filtro e, nesse caso, passei a fumar o Minister.
Em 1982, aos 42 anos de idade, na Semana Santa, resolvi deixar o cigarro e o fiz de estalo, sem recaídas.

Freddy disse...

Interessante relembrar a época em que se ansiou por cigarros importados. Riva relembrou o episódio dos navios americanos, ao qual eu não fui, mas lembro que pintou um pacote de "Half and Half", aquele cigarro com fumo de cachimbo.

O Philip Morris tinha filtro de carvão ativado, mas me deixava um pigarro esquisito na garganta.
Benson & Hedges foi um dos primeiros longos de verdade. Que charme!
Dunhill e Rothmans tinham embalagens lindas (opcionais) e chegaram a ser fabricados no Brasil.
Quando (bem mais tarde) estive na Alemanha, consegui comprar JPS (John Player Special), aquele do carro preto/dourado do Emerson Fittipaldi. Cheguei a comprá-lo em interessantes potes de 50 cigarros, que serviam para guardar depois pequenos itens. Muito bonitos.

Pastas... Ainda bem que hoje se usa mochilas, algumas até com rodinhas. Não dá para esquecer o peso das malditas pastas, pois éramos obrigados diariamente a levar todo o material relacionado com todas as aulas que seriam dadas! Haja desvio de coluna!

Quanto à marcação do ano letivo no uniforme, no Liceu o ginásio era com tiras azuis na ombreira da camisa do uniforme. No clássico /científico é que eram estrelas no formato de broches. Só tive até 2, porque no que seria o 3º ano científico fui para o Instituto Gay-Lussac, para o pré-vestibular.

O uniforme das meninas, acho que na maioria dos colégios da época, era saia plissada pouco abaixo dos joelhos. Como é que passava aquilo a ferro???

=8-) Freddy

Jorge Carrano disse...

Ora vejam só. Em minha época de Liceu, reputado referência em ensino desta lado da baia (do lado de lá era o Colégio Pedro II), não havia cursinho vestibular e os liceístas eram aprovados nos vestibulares com o que aprendiam nos cursos científico ou clássico.
Os candidatos às áreas de exatas faziam o científico e os voltados para as humanas faziam o clássico.

Riva disse...

Uma errata : comecei a fumar com 15 anos,e não com 17. Parei de fumar numa daquelas gripes fortes, em que até o cheiro do cinzeiro te enjoava. Isso em 1989, com 37 anos. Foi de estalo também.

Na verdade tive uma pequena recaída, e voltei a fumar por causa do Freddy .... rsrs. Explico ...

Nós nos juntávamos, geralmente aos sábados, para fazer um som lá em casa. Na época eu tinha um órgão daqueles em que fazemos o contra-baixo com os pés, numa pedaleira. E ele apareceu, e acendeu uma nova marca de cigarro na minha frente ... Advance. Não resisti, dei uma tragada para experimentar, e experimentei por mais 9 meses, até parar definitivamente.

As marcas de cigarros importados nos enlouqueciam naquela época, devido aos anúncios em revistas, e à grande dificuldade em consegui-los.

Por aí vocês podem imaginar como fiquei, ao chegar aos EUA em 1969, com 16 anos, e me deparar com a minha 1ª máquina de venda de cigarros. E por lá optei pelo Parliement. Depois, no Brasil, passei a fumar Minister por muitos e muitos anos.

Lá nos EUA, em pouco tempo, já tinham me ensinado um jeito de tirar o maço de cigarros e a caixinha de fósforos de papelão da tal máquina, .... sem pagar ! (Freddy também tem uma estorinha interessante pra contar sobre "moedas de gelo" que brasileiros colocavam em telefones públicos, na Alemanha).

Obs 1 : ainda vou fazer um post sobre essa minha 1ª viagem aos EUA, em 1969, no auge do Power Flower.

Obs 2 : joguei a isca dos "tempos da ditadura", mas ninguém mordeu ... rsrsrs.

Jorge Carrano disse...

Caro Riva,
Há algum tempo os posts, neste blog, terminavam sempre em futebol, lembra?
Agora você quer introduzir política nos comentários?
Não devemos, em homenagem às senhoras que estão nos visitando mais amiúde e estão rememorando as modas e costumes de antanho.
Algumas, sei bem, não gostam de discutir política.
Oportunamente, nos posts específicos sobre política, poderemos falar do "tempo da ditadura", que deixou saudades em alguns, enriqueceu outros que agora recebem gordas indenizações e pensões vitalícias, e cicatrizes em alguns que relatam torturas.
Conheço gente das três categorias.
Alias, Riva, se pesquisarmos vamos encontrar aqui no blog, aqui e ali, menção ao tempo dos governos militares, como prefiro chamar aquela época.

Alessandra Tappes disse...

Uau! Se a intenção do blogger era fazer nossas memórias brotarem a mil ele conseguiu! Cada post que leio aqui vem uma enxurrada de lembranças e todas boas...

Mas nesse caso aqui, o post de Riva, as lembranças que me surgem são em torno dos cigarros que minha mãe fumava na época. Eu tinha uns 6 anos, morava numa cidadezinha chamada Santiago e lembro que penava com minha irmã mais velha para comprarmos o tal do Dimorie. Um cigarro preto e fino da época. Em seguida, passou a fumar o LS e eu que dormia em frente a TV devido ao meu problema de vista, esperava ansiosa pelas propaganda do cigarro LS.

Obrigada pelas boas lembranças. Embora fumar seja extremamente prejudicial a saúde, gostei de lembrar da minha mãe toda poderosa, puro charme, fumando feito chaminé

Freddy disse...

Caro Carrano, bem que havia essa hipótese para alunos do Liceu - encarar o vestibular direto. No entanto, eu queria cursar engenharia elétrica na PUC. Nenhuma outra faculdade me interessava, e para entrar nela o buraco era mais embaixo...

Não cheguei ao exagero de fazer o cursinho no Rio (na época o quente era o Vetor). O Gay-Lussac era em Niterói e implementou o sistema de convênio. Cursinho mais 3º ano científico juntos, mamão com açúcar.
Foi uma opção que me garantiu melhor preparo para encarar o vestibular de engenharia do CICE, que englobava diversas faculdades entre as quais a PUC.
Para você ver, nem tentei UFF (vestibular isolado), para a qual com certeza teria passado, com Gay-Lussac ou Liceu. E na ficha de inscrição do CICE, apesar de poder fazer 16 opções de faculdade em 2 carreiras (que aumentariam minha chance de passar), marquei apenas 3.

É isso: dado o meu foco, preferi me garantir em vez de arriscar.
Abraço
Freddy

Jorge Carrano disse...

Falou!!!

Ana Maria disse...

Fumei por cerca de 30 anos e só parei "no tranco" ao entrar em mal asmático e ser internada com insuficiência respiratória. Nos últimos tempos deste vício, chegava a comprar 3 maços por dia, visto que consumia uma boa quantidade no cinzeiro. Me defumava. Comecei "escamoteando" cigarros do meu pai. O maço ficava sobre um aparador ao lado de uma luminária com as cúpulas para cima. Eu e minha irmã, retirávamos um ou dois por semana, escondendo dentro do abajur. Nas noites em que os pais iam ao cinema, acendíamos o mata rato chamado Caporal Amarelinho.
Me fixei no Minister como a maioria de vocês, substituindo pelo Carlton para tirar onda.

Jorge Carrano disse...

Ah! Se eu soubesse disso tinha dedurado vocês. Pelo furto dos cigarros e pelo vício reprovável.

Riva disse...

...meudeussssss ..... rsrsrs CAPORAL AMARELINHO ! Como fui esquecer da existência desse famoso cigarro ? Sensacional a lembrança !!!!

Daqui a pouco alguém vai falar do Fogo Paulista, para calibrar as noites de frio dos anos 60 ..... kkkkk.

LS, bem lembrado também .... meu vizinho, S. Getúlio, falecido tragicamente, só fumava LS. Era um maço meio cor de vinho, e o cigarro era todo branco.

Freddy foi me lembrar do vestibular da CICE, no Rio de Janeiro. Acho que meu querido pai nunca me perdoou essa ... explico ....

Eu tinha feito boas provas no vestibular da CICE, e estava com certeza com uma boa classificação, mas ..... Descritiva ... eu não suportava estudar Descritiva, e "matava" todas as aulas no pré-vestibular, porque sabia que a prova de Descritiva no vestibular da CICE seria "diferente de zero", ou seja, se tirar zero perde qualquer classificação para qualquer fculdade. Se tirar diferente de zero, sua classificação seria em função da nota, agregada às outras, claro.

Tirei zero !!

Obs 1 : errata ...Flower Power, e não Power Flower

Obs 2 : não falei, em posts anteriores, que ele era CDF ? rsrsrs

Obs 3 : prometo não falar mais de "tempos da ditadura" ... rs

Freddy disse...

Riva fica dizendo que eu era CDF. Bem, eu era, mas não me orgulho disso jamais! Só perdi com esse comportamento, muito da adolescência e juventude passou sem que eu percebesse por estar enfurnado em estudo - incluindo a PUC.

Uma única vez eu tirei partido dessa classificação. Foi no Liceu, numa prova de Matemática, a última do 1º científico. Quem tomava conta da sala era o mestre de Química, não me perguntem por quê.
Eu e meu colega Motta éramos os CDF daquela turma e estávamos discretamente conferindo nossa prova já terminada, e eis que o mestre nos viu! Vociferou:
- Ei, vocês dois! Entreguem já a prova! Se estiverem iguais, vão ser punidos!
Nós nos levantamos e entregamos a prova. Então eu encarei firme o mestre e disse-lhe:
- As provas ESTÃO iguais. Duas provas que vão tirar 10 necessariamente devem estar iguais!
E fui-me embora. Sim, claro, nós dois tiramos 10.
<:o)
Freddy

Ana Maria disse...

Não tenho nenhuma dúvida que você era irmão X9. Lembro que uma tarde, na saída do Colégio, me detive na esquina antes de casa, despedindo do namoradinho. Falando a uma distância de uns 90cm um do outro. Qual não foi minha surpresa, ao chegar em casa, saber que meu amado irmão havia passado, registrado a cena e relatado o fato para nossa mãe, com a recomendação de que a punição fosse exemplar. Mas eu te amo mesmo assim, tá?

Ana Maria disse...

Pois é, Riva. Além do Caporal, meu pai também fumava um tal de Tabaco Douradinho. Era uma tragada, um acesso de tosse.
Quanto as bebidas, na década de 60, fui uma razoável degustadora nos barzinhos de Icaraí. Além do Fogo Paulista, encarávamos o Traçado, Samba em Berlin, Cuba Libre e uma infinidade de combinações alquímicas. Por este motivo, acabei perdendo o ano na Faculdade de Filosofia, por faltas.Claro que eu não gostava do curso. Cursava apenas para agradar minha mãe.Também não gostava das bebidas, apenas curtia a vida boêmia.

Riva disse...

Esse blog é simplesmente incomparável !! rsrsrsrs

Carrano, Carrano ...... X-9 ? kkkkkk

Engraçado como até hoje o comportamento dos irmãos é assim, em relação à "proteção" às irmãs !

Quanto mais eu leio e sei, mais fico convencido de que NADA supera nossa vida nos anos 60 !

Freddy disse...

Se um dia um ser supremo me desse a chance de voltar ao passado, eu posso jurar que escolheria de 1976 em diante - de preferência incluindo a viagem à Alemanha, recém casado - maio a dezembro de 1977. Não sinto falta alguma do que aconteceu antes.

Desdobramento dessa colocação é que, ao contrário do que acontece com muita gente, pelo visto com a maioria absoluta dos participantes deste blog (autores ou comentaristas), me é bastante angustiante ficar a remoer e relembrar coisas de minha infância e adolescência. Se o faço, "é para não perder o amigo".

Quem ler o post de minha autoria "Algumas lembranças do passado”, encontrará essa opinião explícita nos 3 primeiros parágrafos. Conferir em (copiar e colar no navegador):

http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/06/algumas-lembrancas-do-passado.html

Abraços
Freddy

Jorge Carrano disse...

O autor do post é desta fase. Confira (rsrsrs):

https://www.facebook.com/photo.php?v=535332179910004