Não
sei o que dizer. Aqui no caso o que escrever. O que é pior, eis que verba volant scripta manent.
Esta
citação latina não é uma gratuita demonstração de algum (parco) conhecimento da
língua mãe, que ele sim dominava (assim como o grego), o que lhe permitia uma
redação escorreita no nosso idioma. Dono de um dos textos mais puros, mais reverentes
às regras gramaticais e fieis à grafia correta das palavras.
Emérito
contador de histórias, seus personagens, reais ou ficcionais, ou reais com
nuances ficcionais, principalmente os habitantes de Itaparica, durante muitos
anos estiveram presentes em minhas leituras, a ponto de ficar familiarizado com
o pensamento e filosofia de vida de cada
um deles (pescadores, donos de bar, comunistas, jogadores de futebol, etc).
Mas
não foi somente nesta seara, a crônica, que ele teve, e sempre terá destaque, porque
imortal. Deixa-nos o legado de sua valiosa obra, composta de romances, roteiros, peças
teatrais e textos genéricos.
A imortalidade da obra, ao contrário da alma,
é indiscutível. E por falar em alma, ocorre-me o “poleiro das almas”, citado em
“Viva o Povo Brasileiro”, um de seus melhores romances. No último – “Albatroz Azul”
- voltou a temática do renascimento.
Inteligente,
culto, politizado, poliglota, baiano e vascaíno, João Ubaldo Ribeiro, hoje
falecido aos 73 anos de idade, fez muitas vezes minha alegria com seus textos,
e hoje é motivo de tristeza por sua partida física para a eternidade.
Se
não por todas as outras virtudes que tinha, duas de suas posições
político-sociais me chamavam a atenção e provocavam meu mais absoluto respeito:
ele era contra (embora da raça), estas bobagens de políticas raciais afirmativas.
Tem textos excelentes explicando suas razões, e elas são irrefutáveis se
lidas com isenção.
A
outra razão era o combate, com muita ironia e independência, às ações políticas de Lula e Dilma.
Perdemos
um dos nossos generais nesta batalha contra o socialismo caviar que o PT tenta
nos impingir.
7 comentários:
Caro Jorge, trecho final de uma crônica escrita por ele, logo após a final da Copa e o escândalo dos ingressos:
"Eu estive pensando e agora tenho certeza de que os brasileiros devem esquecer futebol e se concentrar naquilo em que nós somos bons. Você viu o inglês que dizem que faturou duzentos milhões, vendendo bilhetes desviados? Mas que pretensão, a desse inglês. Roubo de duzentos milhões aqui eu acho que nem sai do jornal, de tão fichinha. Aqui é roubo municipal no interior. Esse inglês não tem qualificação nem para uma deputança. Esqueçamos o passado,vêm aí as eleições,hora de escolher democraticamente o seu ladrão!
João Ubaldo Ribeiro é escritor
João Ubaldo é seguramente um dos personagens mais citados neste blog. Numa rápida pesquisa encontrei mais de 20 posts nos quais ele é mencionado, por uma razão ou outra.
A última coluna que seria publicada está em:
http://oglobo.globo.com/opiniao/o-correto-uso-do-papel-higienico-13297732
(selecione e cole na barra do navegador)
O trecho citado pelo Paulo Bouhid é o fechamento do excelente texto cujo link é:
http://oglobo.globo.com/opiniao/maus-perdedores-13231292
Publiquei-o também em meu Facebook, para ajudar a disseminar.
Abraço
Freddy
Sobre o papel higiênico, em tom de ironia Ubaldo aborda o crescente perigo da censura.
Antigamente você podia beber até 2 chopps ou 2 taças de vinho e dirigir, mas hoje não pode tomar nem homeopatia nem bochechar com Cepacol pois será multado com apreensão do veículo e da carteira por dirigir embriagado.
Ele fala em censura a livros, ela já existe no meio digital. Muitas pessoas (mundo afora) estão sendo presas e/ou processadas por leitura e posse de material pornográfico, ainda mais se contiver menção a adolescentes ou crianças. Não estou defendendo, apenas digo que você não pode nem ler ou assistir => é imediatamente classificado como adepto e seguidor!
Durante o período de romance, o casal faz de tudo na cama, mas na hora do divórcio aparece uma coleção de lamúrias sobre estupro, coação sexual...
Portanto, a meu ver JÁ CHEGOU o cenário que Ubaldo aborda como hipótese futura!
=8-/
Freddy
Hoje, 19 de julho, perdemos mais um escritor talentoso. Morreu aos 80 anos Rubens Alves. Sua obra, apesar de pouco divulgada, enriquece nossa literatura.
Durante parte de sua vida foi pastor presbiteriano o que influenciou seus trabalhos. Dele destaco uma pequena frase que resume o que também penso : ""Eu achava que religião não era para garantir o céu, depois da morte, mas para tornar esse mundo." melhor, enquanto estamos vivos."
Obrigado, Ana Maria, pelo comentário informativo. Confesso minha ignorância a respeito da obra de Rubens Alves.
Procurarei suprir parte desta lacuna procurando algumas coisas na rede da lavra deste autor.
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