23 de julho de 2014

Moda, se é que eu segui





Por
Carlos Frederico March
(Freddy)








Desde que comecei a tomar consciência de meu ser, ou seja, a partir de uns 6 anos para a frente, eu sempre fui gordo e usei óculos. Inicialmente, aqueles de aro de tartaruga, marrom e grosso. Não tinha consciência alguma de moda ou de apresentação pessoal.

Uma coisa da qual não me esquecerei foi minha determinação de estender a minha infância ao máximo que fosse possível, adiando minha entrada na vida social, natural nos adolescentes. Acho que foi uma reação inconsciente, fruto de minha inadequação física (até hoje gordo é discriminado). Com isso adiei ao máximo as frustrações que sabia aconteceriam, como aconteceram...

Portanto falar de aparência, moda, costumes, é muito difícil pra mim. Nos anos 50 e início dos anos 60 usava o que meus pais compravam pra mim.  Cortava o cabelo como eles queriam. Usei Gumex? Claro. Quem não usou?

Então veio a Jovem Guarda, The Beatles, hippies, e um certo liberalismo no vestir. Começaram a aparecer as calças Lee, mas lembro que custei a ter uma, eram bem caras. Apesar de procurar esticar a infância no comportamento em geral, eu já frequentava as festinhas da turma do Pé Pequeno.  Começava a tentar toscamente seguir o que a turma estava usando. Vieram as boca-de-sino, tive-a a ponto de esconder o sapato (pata de elefante)! Lembram a época do padrão pied-de-poule? Claro que tive, era de um tecido com uma espécie de elastano!



Para uso diário e na escola, meu tecido preferido passou a ser o “nycron”, que mais tarde veio a ser comercializado numa versão mais sofisticada, o tergal. Mas as minhas calças eram de “nycron” mesmo, não amarrotavam! Praticidade e conforto ainda eram o principal pra mim àquela altura de minha vida.

Usava sapato com sola de couro, um par marrom e um preto. Tênis era Bamba ou Rainha, vim a “namorar” um mais moderninho (e caro) já com meus 15 anos, talvez. Era de uma espécie de couro macio preto (sintético), com uma faixa branca. Eu o achava lindo! Acabei conseguindo comprar dois pares dele, acho que a marca era Iris.

Quando os Beatles liberaram o tamanho dos cabelos, segunda metade dos anos 60, encontrei minha praia! Sempre gostei de cabelos longos, seja para homens como para mulheres. Talvez seja o ponto mais significativo de todo esse relato. Eu não aprecio cabelo curto, muito menos raspado! Se o uso hoje cortadinho, é por já ter uma coroa calva e também por pressão de minha esposa. Mesmo assim meu barbeiro me saúda efusivamente quando eu apareço lá para cortá-lo, na média de 2 vezes por ano. Se tanto... 

O fato mais significativo envolvendo o tamanho dos cabelos se deu quando fui fazer a entrevista para meu primeiro e único emprego, na Embratel (era dezembro/1973). Meus pais estavam nervosos, querendo que eu o cortasse para me apresentar melhor. Na época ele estava quase na altura de meus mamilos.

Eu fui totalmente radical. Afirmei para eles que jamais trabalharia numa empresa onde o tamanho dos cabelos fosse mais importante que o currículo do candidato! E lá fui eu para a entrevista, de terno e cabelos pelos ombros. Fui aprovado e depois até dei uma aparada nele. Podem testemunhar pela minha primeira carteira da Embratel, que tenho até hoje.



Imagens fornecidas pelo autor 

17 comentários:

Jorge Carrano disse...

Outras reminiscências do autor são encontráveis em:
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/06/algumas-lembrancas-do-passado.html

(copy and paste)

Freddy disse...

Bom, o foco aqui foi moda, certo?
Há outros textos relacionados com costumes de minha infância e adolescência não só no post apontado acima como também na série "Memórias do Pé Pequeno", partes I a IV. Foram publicados de 9 a 12/04/2014.

A seguir, o link do primeiro deles:
http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2014/04/memorias-do-pe-pequeno-i.html
(copiar e colar no navegador)

Ao final, basta clicar "postagem mais recente" e o leitor irá acessar, um a um, os demais 3 textos da série. Encontrarão lá fatos, costumes e comentários enriquecedores sobre nosso passado.

<;o) Freddy

Freddy disse...

Sobre o tema:
Será que alguém lembra que havia uma distinção bem definida entre camisas masculinas e femininas, relacionada com amaneira de abotoar?
Do ponto de vista da camisa vestida, os botões masculinos são colocados do lado direito, os femininos do lado esquerdo.

Hoje em dia, era do unissex e dos uniformes com blusas de gola olímpica ou V, nem se toca mais nisso. Mas antigamente os uniformes todos eram com camisas de pano, com botões de cima a baixo. Essa diferença era básica!

Mais uma: não sei se era costume, lá em casa ao menos foi assim. As calças compridas que minha mãe usava tinham todas os botões ou zíper de um dos lados, apenas as masculinas tinham braguilha. Com o advento das calças jeans, essa moda desapareceu para todos os demais modelos, ao que parece unificaram abotoamento na frente.

<:o) Freddy

Riva disse...

Bem lembradas as calças padrão pied-de-poule ... eram bonitas, e eu tive uma, com pestana ao longo das pernas. Também tive uma boina no mesmo padrão, pois estava na onda !

Esse lance de despertar para a moda, para o nosso visual, também não sei quando pintou. Até porque, na verdade, eu não sigo uma tendência há décadas. Uso o que gosto e que me faz sentir bem. Mas na adolescência, com certeza fomos influenciados pelos caras das bandas e pela Jovem Guarda.

Freddy mencionou um fato marcante para mim : nossos tênis. Era sempre o tal do Bamba.

Mas quando fui aos EUA, em 1969, o avião fez uma escala em Miami, antes do destino final, que era Baltimore. Chegamos em Miami às 10h da manhã, e nosso vôo para Baltimore só sairia às 15h. Fizemos uma incursão pela cidade, e não perdi tempo em duas coisas IMEDIATAS :
- comprar meu tênis ALL STAR que não existia no Brasil, e era objeto de desejo de 1000 em 1000 adolescentes. Ele durou exatos 4 anos !
- comprar o novo LP do Steppenwolf (The Second), que eu sabia que tinha saído nos EUA, através do programa do BIG BOY.

Quem aí ouvia o BIG BOY, todo dia na Rádio Mundial, às 18h ? rsrsrs

Obs 1 : estou chocado de saber que Freddy gosta de cabelos compridos, e não usa pelos motivos expostos ! Conheço muitos que tem uma coroinha na cabeça, e usam, e fica bem legal. E conheço muito poucos, raros, que aos 60, deixam de fazer alguma coisa que gostam, porque a esposa não gosta ! rsrsrs

Aliás, tocando nesse assunto, é um tema bem legal esse sobre Sexagenários ou mais .... sim, porque a grande maioria não consegue se tolher, deixar de fazer tudo que sempre curtiu e deixou de fazer por algum motivo. Não dá mais, né ? Tudo pode acabar num estalo ....

Freddy disse...

Minha aparência interessava a mim enquanto eu estava na fase de paquerar. A partir do momento em que me decidi a repartir minha vida com uma pessoa, minha aparência passou a ser o que ela gosta.
Não vejo motivo na Terra para usar algo que me deixe com uma aparência que desagrade a quem eu amo - a menos que eu continue querendo impressionar alguém de fora...

Decerto tudo tem limites e de vez em quando a gente flexibiliza. Nada é imutável. No meu caso, Mary me convenceu que ela ficaria ridícula com cabelo comprido depois de certa idade. Ponderei e aceitei. Só não aprovo "Joãozinho", dá-me a impressão de estar ao lado de um homem!

Da parte de gostos dela que eu radicalizei contra, lembro-me apenas de um ponto: ela gostaria que eu usasse brinco na orelha. Eu? Jamais, santa!

<:O) Freddy


Jorge Carrano disse...

O autor do post é desta fase. Confira (rsrsrs):

https://www.facebook.com/photo.php?v=535332179910004

Freddy disse...

Que nada, sou de antes disso!
Gladys e seus bichinhos, Daniel Azulay, Além da Imaginação, Topo Gigio, National Kid...

<:o) Freddy

Jorge Carrano disse...

Foi pura provocação, Freddy.

Alessandra Tappes disse...

Freddy

Lendo seu post veio minha infância toda na mente. Dos óculos inseridos na minha vida aos 4 anos de idade, da lente avermelhada que tive que usar o ginásio inteiro devido ao estrabismo, do cabelo crespo, da gordura localizada em todo o meu corpo e o apelido que tive com força total introduzido em mina vida nos anos 80, graças ao cabelo vermelho e um filme clássico da época. Que filme? Certeza que não consegue supor? rsrs

Ao longo da vida questionava todos os oftalmos possíveis sobre uma cirurgia corretiva nas vistas. Não aguentava mais o peso dos óculos de aro de tartaruga, nem os apelidos que tomavam forma quanto a minha aparência. Então foi que descobri os livros, os cadernos, a escrita. Enfiei minha cabeça esse tipo de diversão, pois naquela época, como não tinha essa palavra bullying, também não tinha o que tratar e nem como lidar com essas mazelas da vida.

Quanto ao cabelo, descobri que por mais que eu camuflasse a cor dele as sardas me condenavam e muito. Então, resolvi aceitá-lo.(os..as sardas também) O perigo dos apelidos já havia passado (hoje o filme ninguém lembra mais, nem reprisa na TV).

Então, comecei a adorar a cor influenciada pelas mulheres que frequentavam o salão e costumavam pedir a mesma cor que eu estava usando. Aí eu enchia a boca e dizia: é natural!

Hoje em dia vivo em paz com meus pares de óculos, emagreci, assumi meus cachos e mesmo já com os brancos surgindo, a “ruivez” é que domina ainda minha cabeleira.

Temos que aprender tirar proveito de tudo não é mesmo? Embora tenha passado uns maus bocados pelo excesso de timidez que a vida me causou, não mudaria uma vírgula sequer da minha vida.

Agora, concordo com sua esposa, você ficaria muito bem de brinco. Até revi sua foto, pois jurei que usava...

Beijos pra vc!

Ana Maria disse...

Vc está certo, Freddy. As camisas masculinas abriam para um lado e as blusas femininas para o outro. O mesmo acontecia com as calças compridas, que eram usadas raramente pelas mulheres. Lembro que uma ocasião, em viagem com meus pais, fomos obrigadas a trocar a calça comprida por saia, dentro do carro, na porta do Hotel em Campos dos Goitacazes, a ele pedido do gerente. Segundo ele, este modismo não era aceito na cidade.

Riva disse...

Freddy de cabelo comprido e brinco ..... será que vou viver para ver isso ? rsrs

Freddy disse...

Nem de tattoo!
<:o)
Freddy

Riva disse...

Ana Maria, vc está me lembrando um fato ocorrido em Bom Jesus do Itabapoana (lado RJ), acho que em 1974, quando fomos todos passar uns dias na "fazenda" de um parente da minha noiva (na época).
Todos na piscina do Clube Fluminense, local, quando convidaram a namorada de um amigo nosso, já falecido, a se retirar da piscina, porque ele estava de biquini.
Nessa época, nessa cidade, a missa dominical separava no interior da igreja mulheres para um lado, homens para o outro.

(pano rápido).

Riva disse...

PS : Carrano, vc não reagiu à gravíssima acusação de ser X9 da sua irmã ..... rsrsrsrs

Tomava conta dela assim mesmo ? rsrs

:o)

Jorge Carrano disse...

Caro Riva,
Minhas irmãs eram muito bonitas e cobiçadas pelos predadores da região.
Eu era inseguro quanto a capacidade de defesa delas. Mas para minha surpresa, depois, verifiquei que elas eram aptas o suficiente para fugir das "garras" dos gaviões.

Riva disse...

kkkkkkkkkkkkkk !

Uma errata sobre meu comentário anterior : ELA estava de biquini, e não ELE, como escrevi !!! kkkkkkkkkkkkkkkk

Freddy disse...

Foi em fevereiro de 1978 e eu estava lá. Não só por causa do biquíni, mas também pela liberalidade de ambos nos carinhos dentro da água. Eventualmente se beijaram. Só faltou tocar uma sirene!
<:o)
Freddy